Discurso de abertura da Presidente da ABEn Nacional proferido pela Vice-Presidente Ilma Pastana Ferreira
Excelentíssima Senhora Professora Doutora Mágada Tessmann Schwalm, Vice Presidente deste evento, na pessoa de quem cumprimento todas as autoridades desta mesa e do plenário.
Excelentíssima Senhora Professora Doutora Edlamar Katia Adamy, coordenadora nacional do evento e, para a nossa alegria, atual Diretora de Educação em Enfermagem da ABEn Nacional, na pessoa de quem abraço toda a Comissão Organizadora do 16o SENADEn e 13º SINADEn
Caros Mailson, Pedro e demais componentes da grande equipe de colaboradores do nosso evento
Caríssimas e caríssimos abenistas, participantes do nosso evento. Senhoras e senhores.
Antes de mais nada, devo dizer que a ausência da Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem neste ato se deve a que ela se encontra em viagem para Brasília para que a ABEn seja empossada como membro titular da Câmara Técnica de Atenção Básica Conselho Nacional de Saúde. Esta Câmara foi constituída para aprofundar os debates sobre a Política Nacional de Atenção Básica no país. Como é amplamente sabido, no final de 2017, o Ministério da Saúde publicou Portaria alterando significativamente o texto dessa política, mesmo com sérias críticas de movimentos sociais, instituições e outros representantes da sociedade interessados em políticas de saúde justas e dignas para a população. As mudanças foram feitas sem debate suficiente com a sociedade. A Câmara Técnica deverá então aprofundar a discussão sobre a Atenção Básica e com isto, subsidiar as mudanças necessárias. A ABEn foi uma das instituições selecionadas, por sua trajetória em prol das políticas de saúde no país. Por isso, em nome da Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem, Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca e em meu próprio nome, dou as boas vindas a vocês.
A Associação Brasileira de Enfermagem existe há quase 92 anos e desde a sua fundação, em 1926, luta pela educação em enfermagem tendo em vista formar profissionais para exercer uma assistência de enfermagem digna e à altura da sempre melhor qualidade de vida e saúde da população. Me compraz informar a este plenário que no dia 4 de junho tivemos aprovado por unanimidade um novo Estatuto, atualizado para acompanhar as mudanças necessárias ao bom funcionamento da Associação, incrementando a qualidade da vida associativa dos seus associados. Além disto, o Estatuto regula as ações da ABEn para além dos muros da entidade, com representação em praticamente todas as instâncias de formulação e implementação das políticas públicas no país.
Pela primeira vez, a ABEn realiza dois eventos importantíssimos da sua agenda nacional de eventos, o SENADEn e o SINADEn, em um mesmo espaço e com uma programação articulada entre si. Estamos aplicando o princípio de otimização do tempo e dos recursos para discutir questões vinculadas à formação profissional e à Sistematização da Assistência de Enfermagem. Por isto, o tema central destes dois eventos em um: Diretrizes Curriculares Nacionais, formação profissional e Sistematização da Assistência de Enfermagem.
Temos pela frente o desafio de compartilhar conhecimentos e experiências que permeiam a formação profissional em Enfermagem, a integração ensino-serviço-comunidade como estratégia para a formação profissional e a consolidação da Sistematização da Assistência de Enfermagem.
Muita coisa para pouco tempo, dirão alguns. Estão querendo imitar Deus e sua obra, dirão outros. Será?
A despeito da grandeza das questões e da enormidade de conhecimentos que dizem “presente” quando se faz este chamamento, creio que o entusiasmo dos que aqui se encontram - atendendo ao convite da ABEn Nacional e da ABEn Santa Catarina - somado aos esforços imensuráveis da Comissão Organizadora para nos proporcionar momentos inesquecíveis, darão conta do recado.
O mais importante num evento científico, bem o sabemos, não é esgotar as questões científicas e muito menos responder a todas elas. Para além do debate científico, o que importa nestes dias é o encontro, a vivência conjunta, os fatos, os relatos, as trocas e, finalmente, a energia que nos esquenta a alma e nos anima a continuar lutando por uma enfermagem melhor e – por que não? – por um mundo melhor.
Se aqui dentro, tudo isto pode nos animar e acender a nossa esperança, lá fora, como diz o velho ditado, “o mar não está prá peixe”. A cada dia recebemos mais e mais pancadas que podem arrefecer as nossas vontades e até mesmo nos contaminar com o derrotismo que costuma ser vigente em tempos de crise – econômica, social, ética, de valores, dos costumes...
Só para exemplificar, cito a pancada econômico-social mais recente que levamos. Na quinta feira, 31 de maio, há menos de uma semana, o Sistema Único de Saúde e, consequentemente, a saúde dos brasileiros foram mais uma vez agravados pelos cortes feitos pelo governo para tentar acomodar o gasto extra de R$ 9,58 bilhões para bancar o subsídio ao diesel. Acredito que não haja nesta sala uma pessoa sequer que não tenha sido afetada pelo chamado “movimento dos caminhoneiros”. Mais que a motivação ou a justeza do movimento, importa aqui, dar destaque para a resposta dos dirigentes do país a ele, recorrendo a cortes nos gastos públicos com saúde, educação e outras áreas para solucionar o problema. Seria essa a única saída para esta crise dentro da crise? É justa, necessária e imprescindível essa medida? Há controvérsias!!!
Conforme uma publicação da ABRASCO, “os cortes na saúde são para subsidiar a política de preços da Petrobrás que privilegia os interesses dos acionistas minoritários, a maioria estrangeiros. A população vai sofrer para garantir os dividendos de poucos”. Segundo o jornal Folha de São Paulo, será feito um corte de 135 milhões destinados ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Na pasta da Educação, o corte será de 55,1 milhões de reais, destinados inicialmente para a concessão de bolsas do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (PROIES). Além dessa área, políticas públicas voltadas para a juventude, repressão e prevenção ao tráfico de drogas e enfrentamento à violência contra as mulheres também sofrerão cortes em seus orçamentos”. E as más notícias não param...
Mas o que isto tem a ver com a enfermagem e com este evento? Pois é, aí é que mora o perigo. Essa realidade tem tudo a ver com o que pretendemos discutir aqui, a formação e a assistência de enfermagem. Por que? Porque enquanto prática social, a enfermagem se constrói e acontece dentro de uma dada realidade, da qual não podemos nos esquecer nem por um átimo, quando discutimos mesmo os seus aspectos mais técnicos. Estes cortes agravarão em muito a já existente crise da saúde que se materializa na precariedade não só da assistência mas das condições de trabalho e da formação profissional, com destaque para a enfermagem, já que constitui o maior percentual de pessoal da área da saúde. Ou seja, se a coisa já está ruim, pode ficar ainda pior...
O que quero ressaltar com essa desgraceira toda? Que temos motivos e mais motivos para ficar desmotivados e afetados pelo monstro do derrotismo? Sim, é óbvio! Cada má notícia para a saúde e para a enfermagem, afeta, sem dúvida, cada um e cada uma de nós. Por mais que tenhamos dentro de nós o fogo da esperança em dias melhores, não há fogo quem resista a tanto gelo. Às vezes chegamos a ter a sensação de que a cada alvorecer seremos brindados com mais uma desgraça. Será? Será que a vida é assim tão cartesiana e previsível que nada pode ser mudado? Fosse assim, já não existiria mais realidade...
Pois eu lhes digo que, ao contrário de nos deixar levar pela onda derrotista que propala a destruição de tudo o que nos resta, podemos e vamos acreditar que no verso da crise, sempre existe uma semente da transformação. A crise em si, por mais destrutiva que seja, contém o germe da transformação. O que precisamos é encontrar esta semente na seara do nosso discernimento, plantá-la na terra fértil da nossa força, para que ela cresça e provoque o surgimento da nova realidade que tanto desejamos. O adubo e a água podemos buscar no conhecimento e nas experiências que trazemos na bagagem, no nosso matulão, como canta o baiano Gilberto Gil.
Porém, não basta a água e a terra fértil para que a semente germine e libere a planta que há nela. É preciso o sol, a luz, o calor. Por isso, para germinar a semente da transformação que há na crise, precisamos proporcionar encontros, precisamos da energia que é gerada nos encontros para que a transformação germine e aconteça. A própria física nos ensina o poder da energia.
É isto que quero ressaltar aqui nesta abertura. Que este evento seja pleno de bons e profícuos encontros, que gerem muita energia para fazer florescer a tão sonhada realidade diferente da que temos hoje. Que a força desta energia nos mova para acumular esperança e crença na possibilidade de construção de um mundo melhor. E, tenho certeza, a tudo isto, nenhuma crise, desmando, despautério, desesperança resistirá.
Desejo um bom e feliz evento a todos nós.
Discurso da Presidente da ABEn Santa Catarina – Mágada Tessmann
No nome da professora Dra. Ilma Pastana Ferreira, vice presidente da ABEn Nacional cumprimentamos a todas as demais autoridades deste dispositivo de honra.
Cumprimentamos a todas e a todos nossos visitantes e participantes do 16º SENADEn e 13º SINADEn, temos muito prazer em recebê-los em nosso Estado e sede da ABEn SC.
O evento foi pensado de forma coletiva no sentido de fomentar discussões acerca da educação na enfermagem em nível técnico, graduação, pós-graduação e na formação em serviço e da sistematização da assistência de enfermagem a partir e em direção as novas diretrizes curriculares da educação.
Hoje iniciamos o evento oficialmente mas, no dia de ontem já tivemos cursos, discussões e reuniões temáticas relacionadas e salientamos como marco histórico que o 16º SENADEn inclui a discussão sobre a educação no ensino médio técnico de enfermagem.
Após a abertura solene teremos a conferência com a Dra. Kênia Lara Silva da Universidade Federal de Minas Gerais com o tema Diretrizes Curriculares Nacionais e sistematização da assistência de enfermagem: a confluência necessária.
Teremos ainda sessões pôster que permite o compartilhar da pesquisa e de experiências da enfermagem nas suas múltiplas dimensões, premiações de trabalhos Wilma de Carvalho e Isabel dos Santos, lançamento de livros, talk shows e organização de documento dos encaminhamentos construídos e propostos a partir do evento.
Agradecemos a parceria e apoio da UFSC, UDESC, UNESC, CAPES, SENAC, Assembléia Legislativa do Estado de SC, COREN, FAPESC e FECOMÉRCIO que tem buscado contribuir com o avanço da ciência e investindo na construção do conhecimento da enfermagem.
Agradeço a todas as universidades e instituições de saúde, que tem liberado seus profissionais para participarem da ABEn SC e do evento. Com certeza, terão retorno positivo refletido na qualidade do ensino e do serviço.
Agradeço também a confiança da ABEn Nacional e nossos colegas da AND, depositada na ABEn SC que apoiaram e incentivaram a realização do evento em Florianópolis, agradecemos a WIN e de forma especial a comissão organizadora, as pessoas que trabalham nos bastidores para que o evento seja um sucesso e sobretudo a brilhante condução da coordenadora nacional e local do evento respectivamente realizada pela Dra. Edlamar Kátia Adamy e doutoranda Helen Bruggmann Brum Schmidt.
A enfermagem tem sua centralidade na assistência, na gestão, na educação e na pesquisa permeados pela dimensão da política que permite posicionamentos técnico-científicos éticos, presenciais e insubstituíveis construídos a partir do ensino da enfermagem e desenvolvimento de sua prática profissional na efetivação do Processo de Enfermagem. Por ser o cuidado insubstituível, nossas discussões, compartilhamentos e construções coletivas são indispensáveis.
Encerro parafraseado Paulo Freire que diz que“educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante”. Desejo a todos um profícuo evento cheio de sentido.
Cumprimento a Excelentíssima Profa Dra Ilma Pastana Ferreira, vice presidente da ABEn Nacional, e em seu nome os demais membros da mesa de honra, autoridade presentes ou aqui representadas. Meu cumprimento especial e caloroso aos prezados colegas profissionais de enfermagem, convidados, professores e estudantes de enfermagem que muito nos honram com sua presença, dando um significado ainda maior a esse evento.
A ABEn, desde a sua criação, tem desenvolvido ações em defesa da formação de profissionais comprometidos com a qualidade da atenção à saúde da população, com a justiça social e com a garantia da cidadania, assumindo um papel importante nos avanços e conquistas do processo de formação de profissionais de enfermagem. Sua trajetória histórica é permeada por movimentos e conquistas em favor da melhoria da formação profissional, tendo sido a primeira instituição de enfermagem nacional a preocupar-se com isto, tornando-a primordial.
Sempre preocupada e dedicada à formação em enfermagem, a ABEn teve papel fundamental na construção das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem em 2001. E atualmente, estamos vivenciando um momento muito importante na Educação em Enfermagem no nosso país, na iminência da aprovação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais, em que a ABEn teve um papel propositivo, definidor, ao liderar a discussão nacional e proporcionar a construção coletiva da minuta das novas DCN que se encontram em análise no Conselho Nacional de Educação.
Em suas 16 edições, o SENADEn sempre privilegiou as discussões sobre a formação e educação em enfermagem, e neste ano, em especial, com a proposição confluente com o 13º SINADEn programando atividades paralelas e que se complementam durante os quatro dias de evento.
Para agregar valor aos processos formativos e de sistematização da assistência de enfermagem, embora estejamos em um momento impar e delicado no cenário brasileiro, que muitas vezes nos limitam a previsibilidade em nosso sistema politico, objetivamos que este evento oportunize à reflexão, análise, troca de experiência e avaliação da formação e educação na área da enfermagem, com vistas a pensar horizontes de possibilidades, e saídas coletivas para os impasses e desafios na formação em enfermagem no Brasil.
Investir na formação produz reflexo direto e imediato na qualidade do cuidado à saúde e na satisfação da população com os serviços ofertados por estes profissionais que hoje representam o maior contigente de trabalho no sistema de saúde.
O desejo é de que os trabalhos durante o 16º SENANDEn e 13º SINADEn, possam estimulá-los a semear e excitar novos plantios. Que possamos renovar o conhecimento em nosso meio, e enaltecer a formação e o cuidado de enfermagem como o princípio fundamental da nossa profissão.
Neste sentido, para acolher os 1208 inscritos no evento, 938 trabalhos submetidos na modalidade e-pôster e 54 trabalhos concorrendo aos prêmios, pensamos detalhadamente em cada momento deste evento. Foram muitas mãos, muitas ideias, muitas horas e aqui estamos. E é por isso que em nome da ABEn Nacional, dirijo minha palavra a excelentissima Profa Dra Magada Tessman, presidente da ABEn SC, agradecendo a todos os integrantes da comissão organizadora, uma equipe maravilhosa que organizou cuidadosamente cada detalhe para que este evento se concretizasse. Nossa gratidão a seção SC e a todos os apoiadores já mencionados pelo protocolo.
Sejam todas e todos bem-vindos ao 16º SENADEn e 13º SINADEn.
Desejo a todos um ótimo evento.
A Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem - ENEEnf vem, por meio dessa nota, se posicionar publicamente sobre os graves ataques desferidos pelo governo Temer contra a Saúde e a Educação que tem como objetivo precarizar tais áreas para entregá-las ao capital privado.
É inadmissível que um governo que tem como slogan "ponte para o futuro" esteja promovendo há tempos o sucateamento dessas áreas.
Sofremos um duro golpe com a PEC, onde esse governo congelou por 20 anos os investimentos em Saúde e Educação e agora sofremos mais um duro golpe, em que se retiram verbas destinadas a essas duas áreas para contornar a crise na área dos combustíveis gerada por má administração e incompetência desse governo que só tem compromisso com o empresariado.
Não haverá futuro sem Saúde e Educação de qualidade. Saiba, Sr. Presidente, que cada falta de vaga, falta de leito, agravamento de quadros e óbitos decorrentes da precarização promovida pelo seu governo, terá em suas mãos o sangue de cada usuário que teve o acesso e o tratamento negado.
Também recairá sobre Vossa Excelência o adoecimento dos profissionais que está cada dia mais evidenciado por não terem mais como exercer seus ofícios por falta de condições mínimas de trabalho e de verem a população literalmente morrendo por consequência dos atos da sua gestão.
Como futuros profissionais de saúde e vendo o cenário caótico de desmonte do SUS, dizemos que não aceitamos tais medidas e convocamos todos os profissionais da Saúde e Educação a lutarem contra esses ataques e convidamos toda a população a somar conosco nessa luta.
A ENEEnf diz não e repudia tais medidas. Não há futuro possível sem que se dê condições mínimas aos cidadãos. No momento, a sua ponte só leva ao retrocesso. E nós não aceitamos essa vergonha. Fora Temer!
Ao se falar de saúde e educação, não podemos nos esquecer daqueles que irão prestar assistência dentro do sistema de saúde. Pautar sobre qualidade na formação é pautar como o futuro profissional se posicionará diante das várias nuances que o cuidado demanda.
Por isso não podemos esquecer de um debate que parece vencido, mas é algo que avança casa dia mais no nosso cenário.
Em um momento em que Educação e Saúde viram mercadorias, não podemos aceitar que a proposta do curso de EAD em Enfermagem avance. As Universidades Privadas, que serão as provedoras em maior escala, se organizam e incentivam demandas para que a pauta seja votada e entre em vigor.
Nós repudiamos e dizemos que acompanharemos cada caso, até que estas propostas sejam arquivadas, pois jamais aceitaremos o ensino de nossa profissão que demanda prática e contato com o paciente, seja ministrada na modalidade a distancia, fazendo com que se fragilize cada vez mais nossa atuação e capacitação.
Nós estudantes queremos a valorização e o reconhecimento de nossa profissão e para isso percorremos um longo caminho, pautado pela relação teórica-prática que permite a concretização da assistência em enfermagem. Todavia, o EaD pode ser o divisor desta relação, que resultará em enfermeiros despreparados e consequentemente a desvalorização da classe.
Querem promover exame de suficiência sem impedir o ensino de Enfermagem na modalidade EaD? O exame de suficiência é a melhor forma de melhorar a assistência em enfermagem? Não seria mesmo uma transferência de responsabilidade, para suprimir as falhas? Onde está a coerência disso?
É lastimável que o debate em pleno século XXI ainda seja negado aos estudantes, tendo em vista a força estudantil para mobilizações da categoria. Queremos que haja posicionamento de acordo com o que a maioria do corpo estudantil pleiteia, como a não aceitação do exame de suficiência que vem sendo discutido há algum tempo com amplo apoio do sistema COFEN/COREN. Um conselho que tem como prioridade a fiscalização da prática profissional, com tantas demandas a serem atendidas vide as várias denúncias das péssimas condições de trabalho da nossa categoria, volta todo o seu esforço e braços a defender um exame para recém formados sem que em momento algum esta Executiva como representação máxima dos estudantes de enfermagem tenha sido convidada para o diálogo sobre o assunto.
Implementar uma medida com tantas consequências para a vida dos futuros profissionais de Enfermagem sem dialogar e discutir ponto a ponto tal medida, é nos levar a fazer questionamentos dos reais interesses por trás dessa iniciativa.
Ter o Conselho a favor dessa medida é corroborar em atacar diretamente os estudantes, é se eximir da sua função de fiscalizar a profissão, é descartar todos os meses e meses de preparação que as nossas instituições nos obrigam a fazer para nos sairmos bem no Enade (que é mais uma medida de maquiar os problemas das instituições e da educação), é jogar fora anos e anos de dedicação, carinho, saúde, tempo, lazer dentre outras coisas das pessoas que almejam por um futuro melhor, é se eximir da responsabilidades e castigar profissionais que ainda estão por vir, é tirar proveito vantajoso financeiramente dessa situação, com a criação de cursinhos preparatórios e que não provam nada além de que você pode decorar um conteúdo e fazer uma prova, que em nenhum momento foi divulgado qual será o método de aplicação (teórica ou prática?) e a qual (ais) categorias elas atingirão. Temos a categoria dos técnicos como 80% de uma equipe de enfermagem (eles serão incluídos?). Nos dizem sobre manter o equilíbrio entre conhecimento e psicológico: que psicológico é esse depois de anos sob pressão? Será que ainda está sadio? Vocês precisam saber que a universidade também nos adoece e esse tipo de medida não agrega quem é de classe baixa, quem é preto, quem é da periferia, porque essas pessoas precisam fazer escolhas diárias.
Estamos aqui para dizer que não vamos pagar pela falta de planejamento, pela falta de coragem de enfrentar os grandes poderios econômicos que abrem cursos sem qualificação para lucrar com a vida dos usuários e profissionais do Sistema Único de Saúde e nem pela falta organização de vocês, que permitiram que a situação chegasse a esse ponto.
Nós queremos que a nossa educação seja qualificada, que se tenha professores à altura das demandas e que saibamos o tão falado diagnóstico de enfermagem. É preciso incluir a Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn nesse debate, uma vez que é uma entidade histórica que zela pela qualidade do ensino e da Educação na Enfermagem, e também para junto dos estudantes, visto que este órgão já vem promovendo o debate a respeito do tema.
Precisamos nos aliar e estar na frente das trincheiras das lutas contra os ataques à Educação e a Saúde, sendo necessário o fortalecimento de vínculos desta entidade com as Instituições de que sediam cursos técnicos e superiores no Brasil. Quanto mais forças e pessoas estiverem unidas nesta frente, mais longe chegaremos.
Portanto, a Executiva Nacional de Estudantes de Enfermagem (ENEEnf) vem por meio desta nota solicitar que as IES, os estudantes juntamente com a ABEn façam parte de uma comissão junto ao COFEN para a discussão do exame de suficiência. Enquanto este processo não for transparente, os estudantes dizem não ao exame de suficiência.