A 10ª Jornada Brasileira de Enfermagem Gerontológica (10ª JBEG), promovida pela ABEn Nacional e realizada pela ABEn Seção Paraná, acontecerá na cidade de Curitiba -Paraná, no período de 12 a 14 de agosto de 2015.
A programação científica do evento é orientada pelo tema central “Enfermagem Gerontológica e a Atenção Básica à Saúde”, traduzindo a preocupação da ABEn com a instrumentalização da equipe de enfermagem para a promoção de um cuidado técnico-científico, ético e solidário, diante da mudança do perfil epidemiológico da população brasileira e do aumento da expectativa de vida.
Dentre as novas diretrizes do Pacto em Defesa da Vida destacam-se três que têm especial relevância com relação ao planejamento de saúde para a pessoa idosa: a saúde do idoso, a promoção da saúde e o fortalecimento da atenção básica. Este novo enfoque resultou na atualização e ampliação da Política de Saúde da Pessoa Idosa, apresentada pela Portaria nº 2.528/2006 (BRASIL/MS, 2006a).
Até o ano de 2006 as ações preconizadas pelo Ministério da Saúde estavam direcionadas preponderantemente para a atenção à mulher e à criança. Ainda, nos dias atuais, os profissionais da saúde encontram dificuldades em incorporar em seu processo de trabalho, o cuidado à pessoa idosa, devido a muitos entraves enfrentados como os político-administrativos incluindo aí a falta de capacitação específica. De fato, é a Enfermagem que tem maior proximidade com a realidade das famílias, juntamente com o Agente Comunitário de Saúde (ACS), e portanto, deve estar capacitada para atuar nesta realidade, apropriando-se adequadamente de novos conhecimentos técnico-científicos para poder fazer uso das ferramentas disponíveis.
O Ministério da Saúde (MS) considera o ano de 2006 como um marco para a família e a comunidade no qual está inserida. Assim, as ações de enfermagem, no âmbito da Atenção Básica, ao idoso que adoece e/ou está fragilizado, visam um acompanhamento continuado, já que a grande maioria dos idosos é portadora de doenças crônicas e múltiplas que exigem controle e cuidados específicos, inclusive de cuidados humanísticos ao final de suas vidas e aos familiares enlutados (BRASIL,2006b).
Como facilitador da efetivação dessa política, o Caderno de Atenção Básica: Envelhecimento e saúde da pessoa idosa é o documento oficial que norteia os profissionais de saúde da Atenção Básica/Estratégia de Saúde da Família (ESF) no atendimento ao usuário idoso e sua família. Este se fundamenta nos preceitos do Pacto pela Saúde, da Política Nacional de Promoção da Saúde, da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e da Política da Atenção Básica e descreve as atribuições dos profissionais envolvidos com a saúde do idoso, recomendando a utilização de instrumentos que possibilitam a elaboração do planejamento de ações.
Em se tratando de ações profissionais, é atribuição do Enfermeiro, assim como dos demais profissionais de saúde que trabalham na Atenção Básica/Estratégia de Saúde Família, atuar nas dimensões cultural e social do idoso e sua família. Neste sentido, a atenção à saúde do idoso na Atenção Básica deve estar inserida em um processo de diagnóstico multidimensional. Esse diagnóstico avaliativo deve contemplar a influência de diversos fatores: o ambiente em que vive o idoso, a relação de profissional de saúde/pessoa idosa e do profissional de saúde/familiares, assim como sua história clínica (BRASIL/MS, 2006c).
A promoção do envelhecimento ativo e saudável enfatiza as medidas cuidativo-educacionais com ações que orientem o idoso sobre como preservar a saúde ou melhorar suas habilidades funcionais, por meio de adoção de hábitos saudáveis de vida e abolição de comportamentos nocivos à saúde. Inclui também a orientação acerca dos cuidados e riscos doméstico-ambientais que ocasionam acidentes (quedas) com consequente comprometimento da capacidade funcional. O papel da equipe de enfermagem junto ao usuário idoso e respectiva família, como potencial unidade cuidadora nesse processo é fundamental. Apesar de todo o ganho em relação às políticas públicas, sociais e de saúde, percebe-se ainda uma grande dificuldade por parte dos profissionais de enfermagem em voltar sua prática profissional para a atenção básica ao binômio idoso/família.
Já no ano de 2011 o Ministério da Saúde elaborou o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no BRASIL, 2011-2022. No Eixo II referente a Promoção da Saúde, a Estratégia 12 refere-se a Implantação de um modelo de atenção integral ao envelhecimento ativo. Para essa estratégia oito ações são previstas (BRASIL, 2011). São elas: 1) Fortalecer ações de promoção de envelhecimento ativo e saudável na Atenção Primária à Saúde; 2) Apoiar as estratégias de promoção de envelhecimento ativo na área de saúde suplementar; 3) Adequar as estruturas dos pontos de atenção da rede para melhorar a acessibilidade e o acolhimento aos usuários idosos; 4) Ampliar e garantir o acesso com qualidade à tecnologia assistiva e a serviços para pessoas idosas e com condições crônicas; 5) Promover a ampliação do grau de autonomia, da independência para o autocuidado e do uso racional de medicamentos em idosos; 6) Organizar as linhas de cuidado para as condições crônicas prioritárias e idosos frágeis, ampliando o acesso com qualidade; 7) Ampliar a formação continuada dos profissionais de saúde para o atendimento, acolhimento e cuidado da pessoa idosa e de pessoas com condições crônicas; 8) Fortalecer e expandir a formação do cuidador da pessoa idosa e com condições crônicas na comunidade.
Enfatiza-se, finalmente, o compromisso da ABEn em promover a 10ª. JBEG para discutir aspectos da realidade nacional diante dos desafios gerados pelas necessidades sociais das pessoas idosas, famílias e coletividades, do direito ao cuidado de enfermagem e do acesso aos serviços qualificados, bem como da necessidade dos usuários da saúde receberem cuidados das mãos de profissionais conscientes de suas especificidades no processo de saúde e doença. Com o evento pretende-se firmar os rumos da enfermagem para uma prática clínica competente na área do cuidado à pessoa idosa e ressaltar o grande avanço nas últimas décadas nos conhecimentos da Enfermagem Gerontológica no país.