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O 17º SENPE NA CIDADE DE NATAL

Enquanto campo de conhecimento específico e prática social, a enfermagem se consolida e se fortalece como ciência, tecnologia e inovação. A Pós-Graduação da Enfermagem Brasileira tem incrementado a formação e qualificação de recursos humanos, titulando mestres, desde o inicio da década de 70; e doutores, a partir dos anos 80. Os mestres e doutores desenvolvem pesquisas cientificas alicerçadas nas especificidades e diversidades da prática profissional nos mais variados cenários; articulando e integrando conhecimentos com outros setores determinantes da vida e da saúde, para um melhor cuidado de Enfermagem à necessidade em saúde do cidadão. Nesse sentido, os resultados de pesquisa contribuem para conferir à Enfermagem o estatuto de ciência, produzem impacto na qualidade do cuidado em saúde e na educação em Enfermagem, e geram novas investigações.

O crescimento quantitativo e qualitativo de Programas e Cursos de Pós-graduação e a sua expansão geográfica refletem-se no aumento do volume da produção de conhecimentos científicos e tecnológicos, das publicações em periódicos de impacto, e em maior número de recursos humanos qualificados. Os Programas e Cursos de Pós-graduação são organizados em áreas de concentração, linhas e projetos de pesquisas, com estruturas curriculares pertinentes, abrangentes e consonantes com o corpo de conhecimento e a especificidade da Enfermagem no campo da Saúde.

Na ultima avaliação trienal (2007-2010) os 35 programas de pós-graduação e 49 cursos (mestrado e doutorado) pela CAPES estão assim distribuídos: 32 mestrados acadêmicos, dois mestrados profissionais e treze cursos de doutorado. O resultado da avaliação indicou que nove cursos de mestrado, sendo oito acadêmicos e um profissional, receberam nota 3, sendo qualificado como detentor de um desempenho regular. Aqueles cursos que receberam nota 4 foram qualificados como possuidores de um bom desempenho, ou seja, 12 cursos foram incluídos nesse perfil, sendo 10 de mestrado e dois de doutorado. A nota 5 foi atribuída a 22 cursos, sendo 11 de mestrado e 11 de doutorado, os quais foram qualificados entre aqueles que atingiram um nível "muito bom". Para os que apresentaram notas 6, dois cursos de doutorado e dois de mestrado, pertencentes a dois programas (enfermagem de saúde pública e enfermagem fundamental), ambos da EERP/USP, foram considerados de "ao alto padrão internacional".

Até dezembro de 2010, a área da Enfermagem contava com 45 Programas de Pós-Graduação stricto sensu em Enfermagem credenciados pela CAPES, com um total de 58 cursos, sendo 22 doutorados em Enfermagem, 35 mestrados acadêmicos; e três mestrados profissionais em Enfermagem. A pesquisa em Enfermagem está institucionalmente estruturada em 444 grupos de pesquisa cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, mais de 130 pesquisadores com bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq e um CA-EF - Comitê Assessor da Área da Enfermagem no CNPq. A produção de conhecimentos avança apoiada pelo olhar da diversidade cultural, interdisciplinaridade, intersetorialidade e da complexidade, com ganhos e retornos significativos para as necessidades sociais e com impactos internos, regionais, nacional e internacional.

Na CAPES e no CNPq a Enfermagem mostra-se como uma área em franco processo de consolidação, em termos de internacionalização pela visibilidade e inserção internacional, a partir das fortalezas regionais e liderança na América Latina, buscando aproximação com os Cursos de Doutorado em Enfermagem existentes em mais de 32 países, alguns dos quais, desde a década de 60.

A Enfermagem representa, aproximadamente, 60% dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde, com mais de um milhão de profissionais de Enfermagem, mostrando-se resolutiva e contributiva na atenção à saúde da população, mediante a construção de conhecimentos que contribuem para promover o ser e viver melhor e com melhor saúde. A relevância social do conhecimento e dos saberes da Enfermagem é reconhecida por meio de competências e instrumental tecnológico frente à expansão dos cursos de graduação em Enfermagem e à demanda de cuidado qualificado na atenção à saúde.

Sua autonomia profissional vem sendo conquistada e consolidada pelo incremento de políticas que fortalecem suas especificidades e incorporam novas ações de domínio próprio. Registram-se avanços nas articulações e parcerias de esforço coletivo, apoiados pelas organizações profissionais da Enfermagem, no alcance de metas para o incremento da construção de conhecimentos relevantes e inovadores, como uma prática social desafiadora e promissora.

O cuidado ao ser humano é um bem social inalienável para promover e manter a vida e o morrer com dignidade. A competência técnico-científica de cuidar do cidadão, no seu processo saúde e doença e no contexto ambiental e social do viver humano, requer a produção de conhecimentos avançados, de natureza biológica, sócio-humanista e sóciocrítica. A abrangência da ciência da Enfermagem tem interface e interdependência com diversos campos de conhecimentos, e contribui para a formulação de políticas públicas sociais e de cuidados.

Os 16 SENPES Anteriores

O 1º Senpe foi realizado em 1979, Ribeirão Preto, Tema - situação da pesquisa em enfermagem no Brasil. 2º Senpe realizou-se em 1982, Tema - Classificação preliminar das áreas e linhas de pesquisa em enfermagem, 3º Senpe foi realizado em1984, Tematicas: reflexão sobre a construção histórica do corpo de conhecimentos de enfermagem e as implicações da adoção de diferentes abordagens teórico-metodológicas na pesquisa em enfermagem, origem e posição das teorias de enfermagem, produção científica e pós-graduação. 4º Senpe, realizado em 1985, Temas: as tendências da pesquisa nas várias especialidades da enfermagem, abordagens teóricas, metodológicas, questões éticas e práticas da pesquisa em enfermagem, o processo de orientação de dissertações/teses, relações entre os programas de pós-graduação e os órgãos de fomento e a incorporação dos resultados da pesquisa na prática da enfermagem. 5º Senpe foi realizado em Belo Horizonte em 1988, Tema - Questões da pesquisa relacionadas aos serviços de enfermagem. 6º Senpe foi realizado no Rio de Janeiro, em 1991, Tema central: Trabalho e Pesquisa em Enfermagem. 7º Senpe, realizado em Fortaleza, em 1994, Tema Central: Pesquisa-Ensino-Assistência, o desafio profissional 8º Senpe realizou-se em 1995, na cidade de Ribeirão Preto Tema central: Pesquisa no cotidiano de Enfermagem O 9º Senpe, realizado em 1997, na cidade de Vitória do Espírito SantoTema central: "Necessidades da profissão e da sociedade: Diretrizes para a Pesquisa em Enfermagem" 10º Senpe, realizado em 1999, na serra gaúcha - Gramado/RS Tema central: "A Interdependência do Cuidar e do Pesquisar na Enfermagem", 11º Senpe foi realizado em 2001, em Belém do Pará, Tema oficial: "A pesquisa no espaço da Enfermagem: multiplicidade e complexidade" 12º Senpe, realizado em 2003, na cidade histórica de Porto Seguro/BA, Tema "Interface da pesquisa em enfermagem: aproximando o ensino e o cuidado com outros campos do conhecimento", 13º Senpe, realizado em 2005, na cidade de São Luis do Maranhão, Tema central: "A pesquisa em Enfermagem e a sua expressão na atenção à saúde". O 14º Senpe foi realizado em 2007, na cidade de Florianópolis/SC. Tema oficial: "Políticas de Pesquisa em Enfermagem". O 15º Senpe, 2009, Rio de Janeiro Tema central: "Enfermagem: conhecimento, cuidado e cidadania". O 16º SENPE foi realizado em 2011 na Região Centro-Oeste - Campo Grande (MS)

O 17º SENPE, 2013, Natal-RN

O Nordeste brasileiro dispõe de 181 Cursos de Graduação em Enfermagem (Bacharelado) distribuídos nos nove estados federativos da região, sendo 12 em Alagoas, 54 na Bahia, 23 no Ceará, 16 no Maranhão, 17 na Paraíba, 24 no Pernambuco, 17 no Piauí e 12 no Rio Grande do Norte e 06 no Sergipe (MEC/INEP, 2012). No nível de Pós-graduação, existem 18 cursos, sendo onze de Mestrado Acadêmico, dois Mestrados Profissionalizantes (BA/, PI) e cinco Doutorados. Dos Doutorados, de acordo com a avaliação trienal realizado pela CAPES, um é conceito 5,0 (CE), os outros quatros com conceito 4,0 (BA, CE, PB, RN); em relação aos Cursos de Mestrado Acadêmico quatro são conceito 4,0 (BA, CE, PB, RN) e cinco são conceito 3,0 (BA, MA, PE, PI, AL); com relação aos Cursos de Mestrado Profissionalizante dois são conceito 3,0 (BA, PI).

Nesta perspectiva, o Nordeste desponta no cenário nacional da pós-graduação em enfermagem com cinco cursos, do total de 17, com conceito 4,0 o que representa 26%. Estes cursos têm envidado esforços para elevação deste conceito por meio de incentivo a várias atividades, incluindo a internacionalização. Reconhece-se as limitações e desafios enfrentados pelos programas de pós-graduação do nordeste brasileiro por sua diversidade geo-política e cultural, configurando-se como um espaço da heterogeneidade ética e humana, cabendo à enfermagem o compromisso e responsabilidade social com a pactuação da vida. (CAPES, 2012).

Os três SENPE realizados no Nordeste brasileiro (Fortaleza-CE, 1994; Porto Seguro-BA, 2003; São Luís-MA, 2005) demonstraram preocupação com o impacto da pesquisa nas práticas e saberes do cotidiano profissional da enfermagem em seus temas centrais. Dessa forma, chama a atenção para o aspecto multidisciplinar dos processos de cuidados e de trabalho e dos mecanismos de enfrentamento e superação das dificuldades. De um lado, demonstra uma articulação, compromisso e responsabilidade com a agenda de prioridades do Sistema Único de Saúde (SUS). Do outro o reconhecimento que a atenção à saúde se insere na dimensão dos direitos humanos, portanto, indicando uma ousada interlocução com a pesquisa multicêntrica nacional e internacional, na formação de redes, priorizando a atenção primária a saúde em consonância com as diretrizes do Plano Nacional da Pós-Graduação (PNPG) no país.

Análise recente das temáticas dos grupos de pesquisa do Brasil* revela que a despeito de forte investimento intelectual no desenvolvimento de tecnologias nas diversas áreas do cuidar em saúde, há lacunas na produção de conhecimentos teórico-metodológicos e éticos que devem embasar a produção de enfermagem. Acompanha isto, a forte tendência na cobrança de produção quantitativa, em detrimento da qualidade, como critério de qualificação tanto dos pesquisadores como dos Programas, trazendo como conseqüências produtos que pouco ou nada se articulam com a melhoria da prática alem de processos deletérios aos produtores das pesquisas, incluindo agravos ao seu processo saúde-doença. O 17º SENPE constitui, portanto, uma oportunidade para discutir estas questões e assim influenciar a produção de enfermagem, fortalecendo os aspectos e méritos já alcançados e perspsectivando transformações necessárias tanto em relação aos produtos como ao processo de trabalho de produção do conhecimento.

TEMA CENTRAL: O CLÁSSICO E O EMERGENTE: DESAFIOS DA PESQUISA EM ENFERMAGEM

EIXOS TEMÁTICOS

1. Os desafios da ética e bioética na produção do conhecimento em enfermagem

2. Questões antigas e novas da pesquisa em enfermagem

3. O que e para que pesquisar: limites e possibilidades das linhas e grupos de pesquisa em enfermagem

OBJETIVOS

  • Debater a responsabilidade social e o impacto da pesquisa em enfermagem na produção, disseminação e utilização do conhecimento.
  • Discutir as implicações do conhecimento produzido pela Enfermagem na formulação de políticas públicas (sociais e de saúde) de cuidado (em Saúde e Enfermagem), de formação de pesquisadores e de redes de pesquisa.
  • Promover intercâmbio interinstitucional e socialização do conhecimento de enfermagem produzido pelas instituições de pesquisa, ensino e assistência à saúde, nos âmbitos nacional e internacional.
  • Refletir sobre limites e potencialidades das linhas e dos grupos de pesquisa em enfermagem e sua contribuição para a transformação das práticas em saúde e em enfermagem.

AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

  • Materiais reciclados em brindes/folhetos/ambientação;
  • Minimizar o uso de papel na divulgação de materiais. Todo processo de divulgação e inscrição será virtual. Não haverá produção de mídia impressa ou digital. O programa será disponibilizados na pagina do evento para download dos participantes; os Anais serão disponibilizados em ambiente virtual, no site da Associação Brasileira de Enfermagem;
  • Utilização de Pôster Eletrônico com economia de papel e gastos com suporte, menor quantidade de lixo e material descartável;
  • Incentivo ao trabalho voluntário com a participação de monitores.


* Comunicação oral da Coordenadora da Área de Enfermagem na CAPES, Carmen Gracinda Silvan Scochi na mesa redonda "O que e para que pesquisar: repensando as linhas de pesquisa em enfermagem. Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem, 17, Natal (RN), 5 de junho de 2013.