ISSN: 2319-0086

Discursos

 

 

Discurso proferido na Sessão Solene em Homenagem aos 90 anos da Associação Brasileira de Enfermagem – Câmara do Deputados - Brasília

Angela Maria Alvarez
Presidente da ABEn Nacional

Celebramos os 90 anos da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), organização matriz da enfermagem brasileira, protagonista de grandes lutas por uma saúde de qualidade à população, assim como propulsora do estabelecimento da enfermagem no país.  No decorrer de sua existência vem articulando-se, com as demais organizações da Enfermagem brasileira, para promover o desenvolvimento político, social e científico das categorias que a compõem. A entidade mantém o voluntariado como princípio e a democracia como fundamento vital e defende como eixos políticos a consolidação da educação em Enfermagem, da pesquisa científica, e do trabalho da Enfermagem como prática social, essencial à assistência social e à saúde, à organização e ao funcionamento dos serviços de saúde.

Desde sua criação tem se dedicado à defesa da educação em enfermagem em todos os níveis, à regulamentação da profissão e, ao exercício da defesa dos usuários dos serviços de saúde na condição de representante dos associados de enfermagem nas instâncias do controle social, em comissões e comitês formuladores de políticas públicas nas áreas de saúde, de educação e de direitos humanos.

A constituição atual da ABEn é formada por suas Seccionais e Regionais e sua contextura vive da dinâmica de cada uma de suas partes, que resulta no potencial da ABEn Nacional para receber o reconhecimento das escolas, órgãos governamentais nacionais e internacionais, serviços de saúde, da organização de usuários, e de outras organizações profissionais com destacada liderança por sua história de luta.

A entidade criou a primeira revista científica de enfermagem do Brasil, a Revista Brasileira de Enfermagem, trazendo luz para a produção do conhecimento e a constituição do que é a enfermagem no Brasil de hoje.

Em comemoração aos 90 anos da ABEn, publicamos um número temático com pesquisas sobre o cuidado e seus fundamentos, porque acreditamos na essência do cuidado de enfermagem e acreditamos na enfermagem que protagoniza o cuidado, como meio para promover a saúde e um viver digno. Pois, o processo de viver saudável pressupõe promoção do ser humano e acreditar no outro. Acreditar em seu potencial e em suas possibilidades para seu continuo desenvolvimento pessoal. No entanto, precisamos fortalecer o nosso potencial de liderança como enfermeiros, estudantes, professores, pesquisadores no cuidado com a vida do outro, e no cuidado com as nossas vidas.

A importância do cuidado como instrumento de promoção implica em o enfermeiro exercer o papel de mediador, facilitador, guia e vigilante, mas com atitude propositiva e decisiva para ser capaz de promover um cuidado acessível, sistemático, contínuo, justo e valoroso.

Para isso necessitamos sim, de condições dignas de trabalho, precisamos de uma jornada de trabalho adequada, piso salarial, precisamos de um plano de carreira no serviço público, precisamos de uma relação de número de profissionais de enfermagem por habitante, que favoreça o acesso e cobertura de enfermagem e saúde. Além de tudo, necessitamos que a essencialidade da Enfermagem, na atenção à saúde seja reconhecida; e que suas reivindicações de condições de trabalho e formação adequada e permanente sejam compreendidas como indispensáveis para a prestação de cuidados à população, que sejam seguros e de qualidade.

A saúde é um bem inalienável da pessoa humana e um direito de cidadania. Entendê-la desta forma, é defender o acesso universal à saúde como prioridade para transformar as condições de vida de uma população. E, a Constituição Brasileira aprovada em 1988 estipula:  “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, Entretanto o que se configura atualmente é um processo crescente de desconstrução do Sistema Único de Saúde (SUS), vinculando a saúde cada vez mais ao mercado, ao ponto de o atual governo interino dizer ser preciso que o Brasil repactue o acesso da população à saúde, pois o orçamento não sustentará as obrigações do Estado.

Os problemas relacionados à promoção da saúde, no âmbito da realidade brasileira, devem ser reconhecidos e enfrentados diuturnamente como objeto de políticas públicas e sociais, de forma que o acesso à saúde possa indicar transformações nas condições de vida de uma população.

O cuidado com a saúde requer esforços de todos os profissionais de saúde, de forma que a manutenção da saúde, a prevenção e a recuperação de agravos devam ocorrer com alto nível de resolutividade baseado nos princípios de universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde, fundamentais para melhora das condições de vida do cidadão brasileiro. Dentre estes profissionais, entendemos o papel fundamental da enfermagem no enfrentamento dos grandes desafios para a atenção integral à saúde, de forma segura e com qualidade para todos. Constitui o grupo profissional preponderante no cotidiano do atendimento aos milhões de brasileiros usuários do SUS. Somos responsáveis por 60 a 80% do total das ações na Atenção Básica e aproximadamente 90% das ações de saúde em geral.

O SUS é o espaço da formação, da pesquisa e da prática profissional em

enfermagem. Assim, é preciso considerar que tudo que afeta o SUS, afeta diretamente a enfermagem. Portanto, na atual conjuntura do sistema político

brasileiro, os ataques ao SUS, que se encontrava em franco processo de consolidação, representam uma ameaça à saúde como direito de cidadania.

Devemos protestar e reafirmar a nossa luta contra quaisquer subterfúgios com a finalidade de privatização da saúde e redução de direitos. Neste contexto, ameaças vem de todos os lados, o que implica reforçar o SUS como política de Estado e garantir seus princípios de universalidade, integralidade e equidade. Individual e coletivamente, havemos que defendê-lo incondicionalmente, exercendo um enfrentamento político consistente e eticamente comprometido, como parte dos princípios e valores intrínsecos da nossa profissão.

Para isto, a enfermagem brasileira, precisa refletir sobre a relevância de sua participação histórica na construção e manutenção de um sistema de saúde universal, encarar os desafios do presente e lançar - se para um futuro mesmo que ainda incerto. Desta forma convocamos a Enfermagem e a sociedade em geral para defender o preceito constitucional de saúde como direito e o SUS com o patrimônio inalienável do povo brasileiro.

Frente a esta contextualização as Entidades Representativas da Enfermagem Brasileira repudiam com veemência o projeto de desconstrução do SUS e no documento “Enfermagem em defesa da saúde como direito constitucional” destacam as principais e atuais ameaças:

  • Repúdio à ideia de que o país não tem condições para arcar com o tamanho do SUS, demonstrando que os direitos sociais não são uma prioridade e estão subordinados aos interesses econômicos;
  • Somos contrários à ampliação da privatização na gestão da saúde e da precarização do trabalho;
  •   Somos contrários aos cortes ou deslocamento do dinheiro público que venha lesar o financiamento do SUS;
  • Posicionamos nos contra a Portaria 1482/2016 ,  pois esta proposta não trará solução para os problemas do Sistema Único de Saúde (SUS), não atendendo as necessidades de pessoas em condições crônicas e idosos, resultando em planos limitados a consultas ambulatoriais e a exames subsidiários de menor complexidade;
  • Tão pouco compartilhado da nefasta ideia de regulamentação de cobrança diferenciada de procedimentos do Sistema Único de Saúde por faixa de renda, pois entendemos ser mais um mecanismo de enfraquecimento do SUS;
  • Somos contrários à PEC 241/16, que propõe congelar gastos públicos por 20 anos para pagar dívida pública, considerando que a medida recairá principalmente sobre os trabalhadores, os servidores e os serviços públicos e, especialmente, em áreas essenciais à população brasileira como a Educação, Saúde e Segurança;
  • Reforçamos posição contrária à ampliação da desvinculação do orçamento da União, estados e municípios;
  • Somos contrários ao Projeto de Lei do Senado 259/2009, que permite a participação de empresa e de capital estrangeiro na assistência à saúde;
  • Defendemos o respeito à constituição cidadã de 1988 e as deliberações das Conferências Municipais, Estaduais e Nacionais de Saúde;
  • Somos contrários ao Projeto de Lei da Câmara 30 de 2015 que trata sobre a terceirização de atividades fins, inclusive afetando a Enfermagem;
  • Continuaremos defendendo mais investimentos nos profissionais de saúde e a valorização dos servidores públicos, em especial a jornada de 30 horas garantida pela constituição;
  • Defendemos a regulação, acompanhamento e controle da reestruturação curricular da Enfermagem articulada com a regulação e a fiscalização da qualidade de criação de novos cursos, em acordo com as necessidades de saúde da população e do SUS, com ampla participação de todas as Entidades representativas da categoria;
  • Somos contrários à formação de profissionais de enfermagem na Modalidade de ensino à distância (EAD) e alertamos as autoridades sobre o risco desta formação à qualidade do cuidado prestado;
  • Denunciamos a falta de Cobertura Universal de Saúde, que não produz atendimento a todos e sim pacotes limitados de serviços que não atendem às necessidades de saúde da população;
  • Defendemos o fortalecimento da região de saúde como elemento para a integralidade da assistência à saúde em razão das interdependências federativas;
  • Reforçamos posição contrária a Projetos de Lei, que venham a discutir atividades privativas ao médico, pois entendemos que esta proposta de alteração descaracteriza um dos princípios do SUS, que é a integralidade, bem como esta proposta se colocar contra a multidisciplinaridade nas ações de saúde, como conquistado na Lei 8080/90 e previsto em outros dispositivos legais;
  • Acreditamos ser necessário fortalecer a articulação entre os espaços de participação social em todas as políticas públicas, com vistas ao desenvolvimento de ações Intersetoriais;

Por fim agradeço a iniciativa da Deputada Carmen Zannotto em conceder à ABEn tão honrosa homenagem, assim como aos demais deputados, as autoridades e, a todos os abenistas aqui presentes. Obrigada!


 

Boa noite a todos e todas

Como sabido, este é um Congresso histórico, pois aqui estamos celebrando os 90 anos de vida associativa da enfermagem brasileira – 90 anos da ABEn. A primeira entidade da nossa categoria, espaço no qual se originaram os demais processos políticos que hoje configuram nossa organização política.

Assim, com a satisfação de ser o Coordenador da Comissão Executiva do 68º CBEn, como  representante de toda comunidade abenista do distrito federal, como também, do gênero masculino, nesta profissão formada essencialmente por mulheres, eu início minha fala dando boas vindas e prestando minha homenagem a cada enfermeiro (a), técnico (a), estudante, autoridade e convidado presentes em nome das nossas atual e ex presidentas da ABEn Nacional. Presidentas estas que aqui representam a memória viva daquelas que ousaram enfrentar a todo tipo de opressão e mesmo antes de a mulher em nosso país ter conquistado o direito a votar e ser votada, no ano de 1926 fundaram a Associação Brasileira de Enfermagem.

Luta essa que, embora todo o percurso histórico de conquistas, hoje se vê desafiada em meio à sociedade machista e desigual na qual vivemos, explicitamente expressa em nosso meio político e espaços de representação social.

Para tanto, convido as Diretoras da ABEn DF a subirem ao palco para fazermos nossa homenagem às  queridas Maria José Rossi, Eucléia Vale, Maria Auxiliadora Cristóforo, Goreti David Lopes, Ivone Cabral, e Ângela Alvarez.

Diferentemente do tradicional, nosso Congresso nos foi encomendado há dois anos atrás. Todos sabemos o significado disto em meio a conjuntura móvel por passamos neste período. Nos foi demandada muita habilidade no sentido de fortalecermos nossas parcerias frente à transitoriedade de cargos e dirigentes do poder público, para citar uma destas múltiplas dimensões dos nossos desafios. A título de exemplo, expomos que no DF dialogamos com mais de 6 secretários de saúde neste período. Importante também mencionar o quanto foi importante a parceria e compromisso dos enfermeiros da SES DF, em especial Leila Gotems, Mônica, Marcus Quito, Arindelita Arruda e Rosalina Sudo, dentre outros.

Para termos êxito, tanto os membros da nossa Comissão Organizadora, destes muitos da diretoria da ABEn df, como a Diretoria da ABEn Nacional, aqui representada por nossa Presidenta, envidamos todos esforços para que construíssemos esse Evento à altura da responsabilidade com a memória e história da nossa Entidade,  como também, frente aos desafios apresentados ao presente da ABEn.

Assim, eu quero fazer o meu agradecimento público aos e as integrantes da nossa Comissão, pedindo que fiquem em pé para serem saudados por nosso plenário.

I. Presidente do 68º CBEn – Ângela Maria Alvarez
II. Coordenadora da Comissão Executiva – Osvaldo Peralta Bonetti
III. Vice coordenadora da Comissão Executiva – Maria Arindelita Neves de Arruda
IV. Coordenador da Subcomissão de Secretaria – Ana Maria Costa
V. Coordenador da Subcomissão de Tesouraria – Américo Yuiti Mori
VI. Coordenador da Subcomissão de Temas – Maria Fátima Sousa
VII. Coordenador da Subcomissão de Monitoria e apoio ao estudante – Gabriela Jacarandá
VIII. Coordenador da Subcomissão de Infraestrutura – Zulmira Maria Barroso Costa
IX. Coordenador da Subcomissão de Divulgação e Imprensa – Jacinta de Fátima Senna da Silva
X. Coordenador da Subcomissão de Recepção, Transporte, Hospedagem: Idenise Vieira Cavalcante Carvalho
XI. Coordenador da Subcomissão Sócio cultural – Suderlan Sabino Leandro
XII. Coordenador da Subcomissão de Saúde e Bem-estar – Rosalina Aratani Sudo
XIII. Coordenador da Tenda Paulo Freire – Daniela Martins Machado

Em relação ao conjunto de intencionalidades e simbologias depositadas em nosso Congresso, vale destacar o nosso Temário democraticamente consensuado em Assembleia Nacional de delegados “A construção Histórica da Enfermagem no Cuidado em Saúde: Saberes e práticas no SUS”, o qual, por si só, provoca a fazermos deste grande evento, o espaço de celebração da nossa história de forma afetuosa, mas também crítica, comprometida e propositiva. Tanto por isso, que entendemos que este celebrar não demanda só olharmos para o passado, mas refletirmos sobre o presente, denunciarmos nossas inquietações, demandas, mas também anunciarmos novos caminhos, nossas propostas, nossa contribuição para a Enfermagem e para a saúde da população brasileira. Enfim, exercitarmos o verbo esperançar na linguagem do nosso inspirador Paulo Freire.

É neste sentido, que este temário também explicita o compromisso da Enfermagem brasileira, configurada como a maior força de trabalho do setor saúde em nosso País, com o Sistema Único de Saúde, que para nós é mais do que uma rede de cuidados assistências, é sim um dos pilares do projeto da sociedade justa, democrática e equânime que queremos construir.

Nossa programação foi cuidadosamente pensada e além buscamos da programação geral, estaremos realizando mais três eventos de relevada importância. Sendo o 1º Colóquio de Enfermagem em Saúde Mental, o 3º Fórum de Enfermagem Militar e o 1º Colóquio de Enfermagem do Judiciário. Além da já tradicional Tenda Paulo Freire, que neste congresso de 90 anos, homenageamos a Ex Presidenta da ABEn daqui do DF, a batizando de Tenda Maria José Rossi.

Quero também convidá-los a vivenciarem o DF, a nossa querida Brasília que retrata o cenário das contradições brasileiras. Pois além de ser o palco das mais importantes decisões políticas, de possuir um dos céu mais belos do país, já chamado de braço do arquiteto, ter a mais primorosa arquitetura moderna que espelha nosso país para mundo, possui também a força e a beleza do cerrado que espelha o espírito da resistência, um lugar povoado por cachoeiras, parques, bosques. Brasília é também, cenário representativo da diversidade cultural do Brasil, além da abundância e riqueza é o palco explícito da desigualdade social, que nos leva não só a resgatar a memória candanga, mas também, a denunciar a situação de abandono e precariedade social em que vive nossa periferia.

Senhoras e Senhores, queremos que este Congresso fortaleça o projeto político da nossa Entidade. Assim, algumas provocações se evidenciam. Como a questão de nossa visibilidade perante à sociedade, público do nosso cuidado. Quem ganha com nossa invisibilidade? Visibilidade significa a conquista de direitos, da nossa historicamente desejada redução de jornada? Do nosso necessário piso salarial? Aqueles aquém cuidamos conhecem as opressões por que passamos?

Para nós é urgente fortalecermos ou construirmos um sujeito coletivo da Enfermagem, termos consciência de nós mesmos, da nossa importância e nos orgulharmos de quem somos e o que significamos.

Inspirado no movimento participação, responsável pelo divisor de aguas na história da ABEn, envidamos nossos 90 anos de história em defesa da democracia e dos direitos sociais constitucionalmente conquistados e manifestarmos nosso repúdio às propostas em pauta hoje naquela que deveria ser a casa do povo, o Congresso Nacional:

A Proposta de Emenda Constitucional 241 – A PEC 241,  para nós significa mais que uma ameaça, um atentado ao direito à saúde garantido por meio do SUS. A PEC 241 é mais perigosa do que a gravidade daquilo que tem sido noticiado, pois não só congela o investimento em saúde, retira recursos do historicamente subfinanciado sistema público de saúde dos brasileiros e brasileiras. Assim, nós que compartilhamos do sofrimento dos brasileiros e brasileiras no cotidiano da busca por mais saúde, pedimos piedade aos nossos governantes. Digam não à PEC 241!!!!

A proposta de instituição e financiamento público de plano privado de saúde, contraditoriamente chamando de popular e acessível.

Como Entidade fundada na educação e na formação como instrumentos da conquista de cidadania, também explicitamos nossa contrariedade ao Projeto de Lei da Escola Sem Partido. Inconveniente desde sua nomenclatura.

A precarização das relações de trabalho e a onda de privatizações pela qual o sistema público de saúde enfrenta.

Não admitiremos que a Enfermagem, que a classe trabalhadora pague pela crise política instalada e explicitamos que independente das diversidade de posições sobre o que tenhamos vivenciado no abril passado, se tenha sido golpe ou impeachment, entendemos que o a população brasileira nas eleições de 2014 se posicionou contra a retomada do projeto do estado mínimo e da onda neoliberal em nosso país.

Ainda, me sinto compromissado em agradecer ás instituições que nos apoiaram. Dentre estas destacamos a ESCS, na pessoa de sua Diretora Lindalva, aqui presente.

Faculdade de Saúde da UNB, aqui representada pela querida amiga Enfermeira Fátima Souza.

Nossa convidada internacional Angelike Namaika e seus acompanhantes.

As secretarias de turismo e de saúde do DF.

A grande equipe de Monitores que mais que apoiadores fazem parte deste congresso.

Participes do movimento da reforma sanitária, colocamos que assim como a saúde, enfermagem também é democracia. Assim, convocamos a todos e todas congressistas, a construirmos de forma coletiva e democrática o 68º CBEn conosco, pois, somente com o protagonismos de cada um e uma de vocês, a participação ativa em nossas, debates e rodas de conversa é que construiremos o nosso sujeito coletivo. Pois, assim como a mensagem dos poetas da música brasileira, para nós paz sem voz é medo.

Desejamos um ótimo Congresso a todos e todas!


 

68º Congresso Brasileiro de Enfermagem

Conferência Magna

“O cuidado como instrumento de cidadania” por Angélique Namaika

“Sou Irmã Angélique Namaika Nako, filha de papai Adrien Kango e de mãe Béatrice Nazigumba, todos os dois estão vivos. Nasci em Kembisa, na província oriental da República Democrática do Congo, sou a quarta criança de uma família de seis filhos: três meninas e três meninos e ainda três sobrinhos e uma sobrinha. Meus pais são casados no religioso, e têm 48 anos de matrimônio. Tenho atualmente 49 anos.”

Quanto a minha vocação religiosa, desde minha infância, no terceiro ano primário, já havia me decidido a me tornar religiosa, por causa do exemplo de uma religiosa alemã, a reverenda Irmã Tone. Ela vinha cuidar dos doentes da nossa vila. Ela estava sempre só entre muitos doentes, ela não tinha descanso, nem tempo de comer. Por que ela estava sozinha, eu decidi fazer tudo para me tornar como ela e ajudá-la, de modo que ela encontrasse tempo para comer e descansar. Então, Deus que sempre leva em consideração nossos pedidos, me ajudou a me tornar religiosa, mas não enfermeira. No entanto, tornei-me cuidadora por vontade e fundadora de uma policlínica pediátrica para crianças vulneráveis.

Foi em 1992 que eu fiz meu primeiro compromisso na Congregação das Irmãs Agostinianas da Diocese Dungu - Doruma e no ano 2000, fiz meu voto perpétuo.

Quanto a minha motivação para o serviço com as crianças e pessoas vulneráveis, esta começou com a leitura de uma passagem do evangelho durante minha formação na vida religiosa em que Jesus nos diz “Em verdade eu vos declaro, toda vez que o fizestes a um destes pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes”. (Mt. 25: 31-46). O Evangelho nos diz mais: JESUS PASSAVA EM TODA PARTE FAZENDO O BEM, ELE NÃO TINHA TEMPO PARA DESCANSAR. Foram estes dois versículos que me deram motivação para imitar nosso senhor Jesus e servi-lo através das pessoas sofredoras.

Quanto aos meus estudos, cursei escola primária em Mazugbu. O primeiro ano, perto dos pais, à cinco quilômetros de casa. Do segundo ao sexto ano primário em Mangoro, onde eu ficava na casa de minha avó paterna, à doze quilômetros dos pais, pois morávamos longe do centro.

Estudei Humanidades em Poko, Pedagogia do terceiro ano ao sexto, à 180 quilômetros da casa dos pais. Eu, então, morava no internato de Irmãs, era o início da formação à vida religiosa. Eu obtive meu diploma em 1990. De 1997 a 2000 a Congregação me enviou ao Instituto Superior da Espiritualidade Africana que fora futuras religiosas.

Quanto aos trabalhos realizados por mim, fui professora no Instituto Bakengai em Poko, no Instituto Ndolomo à Doruma, no Instituto técnico Bangadi, no Instituto Abbé Kosa em Dungu. Fui formadora de postulantes e noviças; Supervisora Disciplinária das crianças do grupo Kizito e Anuarite; estive Encarregada dos pobres e pessoas vulneráveis, em trabalhos assistenciais; Diretora da “Dinâmica Mulher pela Paz” - Grupo feminino da Comissão Diocesana Justiça e Paz; Professora de corte e costura, alfabetização, arte culinária, confeitaria para mulheres e moças traumatizadas; Fundadora do Centro de Reintegração e Desenvolvimento Social; Fundadora do complexo escolar Anuarite; Fundadora da Policlínica Saint Daniel Comboni e Fundadora do Orfanato Bien Heureuse Anuarite.

Quanto a minha motivação para a criação da Clínica Pediátrica, ela tem início com a história do Primeiro Órfão. Isto foi em 2009 quando eu fazia a ronda no Hospital Geral para visitar os doentes. Eu encontrei uma moça que se declarava portadora de HIV e ela não tinha ninguém a quem entregar seu bebê que tinha três semanas de vida. Esta moça, quando me viu, me pediu para pegar seu bebê e ajudar a criá-lo, pois ela dizia que não lhe restava muito tempo para morrer.

Como eu não tinha autorização da superiora, não podia me responsabilizar sozinha. Eu a tinha prometido levar comida (sopa) todo dia e comprar medicamentos descritos nas prescrições dos enfermeiros. Mas, apesar da minha promessa, ela não ficou satisfeita. Um domingo de sacramento, quando eu saía para a missa, eu cruzei com ela e seu bebê no colo e eu parei para saber onde ela iria daquele jeito. Ela respondeu: eu vou para o outro lado do rio procurar uma pessoa de boa vontade para criar meu filho, pois não sei se vou morrer nesta próxima semana que começa amanhã. Com estas palavras, eu então decidi tomar a criança, mesmo sem experiência, sem leite e sem permissão. Eu a disse para ir ao hospital depois da homilia do Bispo que eu passaria lá pra pegar a criança e foi o que eu fiz... Uma pena, após três dias, ela faleceu.

No dia seguinte ao enterro, levaram-me outro bebê, mas eu tinha lhes pedido para deixar com outra mãe da família deles que já estava amamentando outra criança e que poderia ajudar também esta que queriam me entregar, pois eu não tinha alimentação
apropriada. Eu me comprometi a ajudar esta mãe com soja, açúcar, leite de adultos e outros alimentos para que ela ficasse forte e pudesse amamentar as duas crianças.

Mas com a chegada da segunda criança, eu entendi que o Senhor queria que eu o ajudasse através das crianças órfãs. Esta reflexão me levou a escrever uma carta abrindo mão dos votos de enclausuramento para cuidar melhor dos órfãos. E então foi o início do orfanato, que após sua fundação alojou 83 crianças.

Eu não tinha a ideia inicial de criar um orfanato, mas isto acontecia dia a dia de acordo com a demanda. Eram demandas que se repetiam, vindas da comunidade e do Hospital Geral. O primeiro órfão, João Paulo Toniko Maika, foi acolhido no seio do escritório da “Dinâmica Mulher pela Paz”, onde eu era diretora desde 2005, ele ficava no Centro da cidade de Dungu. Nós fizemos o escritório em dois meses, e estávamos construindo uma casa no terreno que eu havia comprado na margem do rio Kabali que media 20/25 metros. Não era grande para nós e a casa era perigosa por causa do rio.

A partir de 26 de março de 2012, constituía-se o segundo grupo de órfãos com mil dificuldades e 13 pessoas. Um ano depois, neste lugar, nós nos mudamos numa segunda-feira de páscoa, com o terceiro grupo para o bairro UYE onde estamos atualmente. Lá o espaço é de 80 metros. À partir daí, foi que as pessoas, espontaneamente, começaram a chamar de orfanato e nós também pois há uma estrutura organizada, graças aos doadores que construíram para nós o dormitório.

Quanto à pediatria, esta foi aberta para dar solução aos problemas de adoecimento dos órfãos. Tendo em vista a quantidade deles, eu não podia levar as crianças ao hospital por falta de dinheiro para os cuidados e nem podia ficar no hospital, necessitando ao mesmo tempo estar em casa a cuidar dos outros. Dadas estas dificuldades com dinheiro, eu disse “alguém nos ajuda com dinheiro e eu vou abrir a pediatria para as crianças”. Depois de um curto período, os “Pais Comboniens”, por meio da revista MUNDO NEGRO, nos deram o prêmio que resultou na abertura da pediatria que ajuda a população. Desde a abertura da pediatria, em outubro de 2014, nós já cuidamos de 7393 crianças.

Quanto à importância de Cuidar das pessoas, eu gostaria de apresentar uma definição de cuidado. Cuidado significa preocupação, delicada atenção, velar por, ocupar-se de, pensar em. Importante também dar uma definição de pessoa. Pessoa quer dizer ser semelhante, ser humano, um mortal, semelhante a Deus. Então, pessoa é a imagem de Deus, e Deus ele mesmo.

Qual a importância do cuidado na vida do homem. Para mim, cuidar das pessoas tem uma grande importância, pois o cuidado é igual a vida. O contrário de cuidado é a morte.
A doença enfraquece as pessoas, torna-as incapazes e infelizes pois elas não podem mais trabalhar, elas dependem das outras pessoas para viver (comerem, vestirem-se, deslocarem-se). A doença leva as pessoas à morte. Ela pode fazer desaparecer uma cidadezinha. (Obs.: é o caso de epidemias como ebola, disenteria, malária, febre tifoide, o HIV/AIDS e a doença do sono). As pessoas doentes não podem desenvolver nem seu meio, nem seu país. Uma criança doente não pode ter um bom crescimento.

E é graças aos cuidados dos enfermeiros que as crianças tem um bom crescimento e desenvolvimento intelectual e físico. Sem o trabalho dos enfermeiros, por meu conhecimento, o mundo desapareceria pois Deus cura os homens através dos enfermeiros.

Eu darei um exemplo para testemunhar a importância do trabalho dos enfermeiros. Tenho 35 crianças órfãs, cuja maioria chega a nossa casa com nem uma semana de nascimento; alguns chegam com idade de seis anos, já na escola primária e outros na escola maternal como todas as crianças que estão com seus pais. E é graças aos cuidados das enfermeiras que estas crianças são hoje úteis à sociedade e beneficiam-se do dom da vida, pois Deus usa os enfermeiros para fazer o milagre da vida.

Vejamos, uma mulher cujo parto tem problemas, sem a intervenção de enfermeiros, ela e seu bebê podem morrer. Sem os cuidados dos enfermeiros não se pode perpetuar os povos em um país, pois estes últimos serão exterminados pelas doenças.

E em que medida os cuidados podem trazer mais oportunidade e dignidade a vida, e mais cidadania às pessoas que recebem cuidados? Eu avalio que o trabalho dos enfermeiros tem um grande valor na vida de um cidadão. E, assim, nós devemos valorizar este trabalho encorajando estes profissionais para os estudos, para que estudem suficientemente, já que a vida do homem depende de sua expertise. Eu insisto ainda, Deus cura o homem através do trabalho deles.

O governo e os homens de boa vontade devem igualmente financiar sua formação, até os estudos superiores dos enfermeiros, pois a saúde e a vida são uma questão de todos. Sem o trabalhos dos enfermeiros a cidadania não existirá, nem a cultura de um povo, nem o desenvolvimento de um país.

Uma pessoa que recebe cuidados, sempre que adoece, tem sempre saúde e faz seu trabalho como convém e não depende dos outros para seus cuidados, estudos, alimentação ou
viagem. Ele é ainda capaz de ajudar outras pessoas tais como idosos ou crianças órfãs, com o que tem. Esta pessoa participa ativamente do desenvolvimento do seu país e, assim, os vilarejos e as culturas não desaparecerão.

Dado que a vida humana depende dos cuidados dos enfermeiros, eles devem levar a sério sua formação e não negligenciá-la; devem conhecer o corpo humano bem como os medicamentos e suas dosagens; gostar dos doentes e ter compaixão, como Jesus que curava os doentes, como exemplificado no Evangelho (Cura de um leproso em Mt. 1: 1- 4 e outros exemplos).

Devem os enfermeiros não trabalhar apenas por dinheiro, quer dizer “sem dinheiro, sem cuidado” ou então nosso trabalho se torna apenas comércio e os pobres morrem, pois estes não têm dinheiro em casa ou para o hospital; devem buscar seu aprimoramento sempre, estudando sobre cuidados em enfermagem; ser honestos no trabalho e não pedir benefícios que não lhe são devidos pelo cuidado; estar prontos a todo momento para servir, como Jesus que não tinha tempo para descansar (Mc.1: 32-34); satisfazerem-se com seu salário, sem se deixarem levar pela ganância, pois se desejamos sempre mais, trabalhamos mal; lembrar todo o tempo do juramento que fizeram na colação de grau.

Minha experiência na vida e no serviço comunitário, com o Centro de Reintegração e Desenvolvimento Social promoveu cuidados às mulheres e às crianças de quem cuidamos. Quero falar de quais são as medidas tomadas por mim e minha equipe que inclui enfermeiros e médicos.

Dada a importância do cuidado na vida das pessoas, nós do Centro de Reintegração e Desenvolvimento Social abrimos a Policlínica Pediátrica Saint Daniel Comboni para cuidar de crianças sobreviventes das guerras, crianças deslocadas ou refugiadas, órfãs, crianças com HIV e vulneráveis da comunidade cujos pais são pobres (mulheres chefes de família e meninas mães), além de crianças abandonadas.

Os trabalhos na Policlínica Pediátrica iniciaram em 2014. E, num período de dois anos, nós cuidamos e salvamos a vida de 7393 crianças, no espaço de uma pequena sala com capacidade para 10 leitos. Lá, nós temos duas enfermeiras, dois enfermeiros, um médico, uma atendente, uma farmacêutica, um vigia, um secretário e uma administradora.

Durante os dois anos de trabalho, nós constatamos uma coisa surpreendente, Deus não nos abandona no serviço e por isso até hoje nós não registramos caso de morte. Tudo se deve aos cuidados sistemáticos de minha parte como iniciadora do centro, das reuniões com os staffs, dos benefícios que eles recebem e principalmente dos cuidados que os enfermeiros tem para com as crianças doentes.

Quanto aos cuidados de saúde dirigido às mulheres, nós não organizamos ainda, pois ainda não temos financiamento, mas nós pretendemos abrir uma Maternidade e uma Clínica Interna para elas ao lado da Pediatria. Neste momento, nós levamos as mulheres vulneráveis, chefes de família e meninas mães com problemas de doenças ou no parto para o hospital geral, onde pagamos por seus cuidados. E nós as fazemos felizes cuidando de suas crianças na pediatria.

Quanto aos cuidados de saúde na Policlínica, há aquelas crianças que são beneficiárias diretas, ou seja, recebem cuidados gratuitamente, são elas as crianças sobreviventes de conflitos, refugiadas, órfãs, deslocadas e crianças abandonadas. E há as beneficiárias indiretas, aquelas crianças da comunidade, cujos pais pagam a metade do preço do hospital geral.

Para estes cuidados, falta-nos muitos materiais que eu apresento a vocês nas páginas que se seguem com os preços em nosso país, os quais não temos financiamentos e especialistas para o manejo. Faltam-nos também uma sala devidamente equipada e mais enfermeiros que possam realizar a estimulação neuromotora de crianças que têm problemas neurológicos. Faltam-nos médicos especializados para as cirurgias de malformações de membros inferiores das crianças ao nível do joelho. Muitas crianças de nossa região, abrigadas no orfanato Abule Jean, muito inteligentes, crescem desta forma (com problemas motores), por falta de dinheiro, quando não podemos leva-las a Ouganda ou mais longe de nossa região.

Na nossa pediatria, as doenças dominantes são paludismo, infecções respiratórias agudas, parasitoses intestinais, gastroenterites agudas, desnutrição aguda e severa e contaminação por HIV/AIDS. Como medidas, nós queremos ampliar a sala da pediatria, para uma capacidade de 20 leitos, construir e equipar a maternidade, a sala de fisioterapia, o laboratório, a cirurgia, a farmácia para nossos vulneráveis, pois essas vítimas das guerras não têm possibilidades de pagar seus tratamentos.

Precisamos comprar materiais pediátricos, enviar nossos enfermeiros e médicos para estudarem e se especializarem em ginecologia, fisioterapia, pediatria, parto. Precisamos a todo momento de doações para financiarem os pagamentos de nosso pessoal, para que eles tenham condições de cuidar dos doentes com sucesso.

Quanto à organização do Sistema de Saúde da República Democrática do Congo, podemos dizer que ela é organizada por níveis: o Nível Central - estratégico e de normatização que orienta a política sanitária nacional, com seus departamentos. O nível intermediário é composto pelo nível provincial (estadual) e do distrito, com suas zonas de saúde. Por fim, o Nível Periférico que é o nível operacional - composto de um escritório central de zona de saúde dirigido por um médico chefe de zona. Atualmente há no país 393 hospitais gerais de referência e 8.628 centros de saúde organizados.

Quanto à formação dos enfermeiros em nosso país, está organizada da seguinte maneira: Formação Básica e Pós Básica. A Formação Básica forma enfermeiros Tipo A1 (ajudantes, com formação escolar fundamental); Tipo A2 (técnicos em enfermagem, com escolaridade média) e Tipo A3 (enfermeiros com formação superior, podendo especializarem-se pediatras, obstetras, generalistas e anestesistas). Mestrado e doutorado não estão disponíveis em nosso país, e são obtidos, em geral, na Europa ou Canadá.

Há em nosso país uma legislação que regulamenta a profissão de enfermeiro e uma instância por ela responsável. Os enfermeiros atuam em todos os campos de cuidados, os mais qualificados ocupam postos de ensino ou de gestão nos hospitais públicos ou privados. Para que se tenha maior harmonia na profissão dos enfermeiros, eles estão organizados em uma Associação Nacional dos Enfermeiros do Congo: ANIC objetivo é despertar a consciência dos enfermeiros quanto aos seus compromissos sociais, reivindicar seus direitos frente ao governo e organizar o dia mundial dos enfermeiros.

Quanto às pesquisas no campo da enfermagem, poucas pesquisas são realizadas na RDC. Algumas são feitas no Instituto Superior de Técnicas Médicas de Kinshasa, por meio dos estudantes que validam sua dissertação de segundo ciclo. As temáticas das pesquisas são em geral sobre formação em enfermagem, epidemiologia, sistematização do cuidado de enfermagem, saúde pública, educação em saúde para a comunidade.

Cada pesquisador escolhe seu tema em função dos interesses, mas também da literatura disponível, o acesso à internet é frequentemente difícil e oneroso para os estudantes. Os conceitos mais trabalhados são saúde e relação de ajuda, cuidados básicos de saúde, saúde comunitária, financiamentos para intervenção na epidemia de HIV. Os métodos de pesquisa mais frequentes são as pesquisas descritivas e quantitativas.

Não é fácil estudar enfermagem na RDC, por causa do investimento muito alto, da distância dos centros de exames e dificuldades com alojamento e a alimentação. É preciso
enfatizar as grandes dificuldades que os enfermeiros encontram na RDC. Tanto no exercício da profissão quanto pela falta de dinheiro, medicamentos e material de trabalho. Na formação dos enfermeiros, há dificuldades para acesso à internet e obtenção de documentação específica.

Nós parabenizamos os enfermeiros pela sua coragem em enfrentar todas as dificuldades para seus estudos e nós os encorajamos a ir em frente pois o mundo precisa de seus serviços. Nós reconhecemos a importância dos cuidados em enfermagem pois cuidado é igual a saúde, e saúde é vida.

Visto que o trabalho nos foi dado por nosso senhor Jesus e que ele nos confiou isto, devemos dar-lhe mais valor, colocando - nos a serviço dos outros, da nação e do mundo com todo nosso coração, energia, inteligência, vontade para manter a obra da criação, segundo a vontade do nosso Deus que nos criou não para sofrer, mas para sermos felizes neste mundo, não para morrer mas para viver.

Eu agradeço a vocês a atenção

Kinshasa, 28 de outubro de 2016, Irmã Angélique Namaika Nako

 

 

68ème CONGRES DES SOINS INFIRMIERS BRESILIENS AU BRASILIA

PLAN DE L’EXPOSEE

Texto: Angélique Nako Namaika 
Tradução: Narciza Brito Damaceno
Adaptação Técnica: Daniela Martins Machado

I. INTRODUCTION

A.PRESENTATION *QUI SUIS-JE*

1°Naissance
2*Vocation à la vie religieuse
3*Motivation pour le travail des malades, personnes vulnérables : enfants orphelins (de guerre de VIH/Sida le l’accouchement), et abandonnés, femmes traumatisées, les vieillards, les enfants victimes de violences.
4*Etude faite
5*Travaux exercés.

B.MOTIVATION POUR OUVRIR LA POLYCLINIQUE SAINT DANIEL COMBONI

1*Histoire de premier orphelin
2*Décisions de créer l’orphelinat
3*Ouverture de la polyclinique pédiatrique.

II. MA PERCEPTION DE L’IMPORTANCE DE PRENDRE SOIN DES PERSONNES

a) Définition de soin
b) Définition de la personne
c) Importance des soins dans la vie de l’homme

III. DANS QUELLE MESURE LE SOIN PEUT APORTE PLUS DE DIGNITE ET D’OPPORTUNITE DANS LA VIE ET LA CITOYENNETE A DES PERSONNES QUI RECOIVENT DES SOINS

IV. MON EXPERIENCE DANS LA VIE ET DANS LE CENTRE DE REINSERTION SOCIAL, COMMENT CELA A FOURNI DES SOINS AUX FEMMES ET AUX ENFANTS QUE NOUS AVONS ET QUELLES SONT LES MESURES PRISES PAR MOI ET MON EQUIPE

1*Soins aux femmes
2*Soins aux enfants
3*Les mesures prises.

V. CONCLUSION

I. PRESENTATION

1*La naissance

  1. Je suis sœur Angélique NAMANIKA NAKO fille de papa Adrien KANGO et de la mère Béatrice NAZIGUMBA. Tous ces derniers sont en vie. Je suis né à Kembisa dans la province orientale /RD du CONGO  la 4ème de la famille de six enfants : trois filles et trois garçons puis trois neveux et une nièce.

Mes parents sont mariés religieusement ils ont 48 ans de mariage religieux.

J’ai actuellement 49 ans.

2*La vocation religieuse.

C’est depuis mon enfance à troisième primaire que j’ai décidé de devenir religieuse à travers une religieuse Allemande la révérende sœur TONE une Auxiliaire qui venait soigner les malades dans notre village. Elle était toujours seule devant les multiples malades elle n’avait pas de repos ni le temps de manger le fait qu’elle était seule je m’étais décidée pour tout faire afin de devenir comme elle pour l’aider de façon qu’elle trouve le temps de manger et se reposer. Alors Dieu qui prend toujours en considération nos demandes m’a aidé à devenir religieuse mais pas infirmière au contraire ; infirmière par désire et fondatrice d’une polyclinique pédiatrique pour les enfants vulnérables.

C’est en 1992 que j’avais fais mon premier engagement dans la congrégation des sœurs augustines de diocèse Dungu- Doruma et en l’an 2000, j’avais fais le vœu perpétuelle.

3*Motivation pour le service des enfants, (personnes vulnérables).

Cette motivation a commencé avec le passage de l’évangile pendant ma formation à la vie religieuse où Jésus nous dit dans Mt. 25,40« EN VERITE JE VOUS LE DECLARE, CHAQUE FOIS QUE VOUS AVEZ FAIT A L’UN DE CES PLUS PETITS ,QUI SONT MES FRERES,C’EST A MOI QUE VOUS AVEZ FAIT ».(Cfr. le jugement dernier Mt.25 ,31-46).

L’évangile nous dit encore, ‘’JESUS EST PASSE PARTOUT EN FAISANT LE BIEN IL N’AVAIT PAS LE TEMPS DE SE REPOSER’’.

Ce sont les deux versets qui m’ont donné la motivation d’imiter notre Seigneur Jésus et de le servir à travers des personnes souffrantes.

4*Etudes faites.

A°J’avais fais l’école primaire à Mazugbu : première année proche des parents cinq km de la maison.

B°Deuxième jusque sixième primaire  à Mangoro où je logeais chez la grand-mère paternel à douze km des parents car nous étions très loin de centre.

Le secondaire, à Amadi première et deuxième à l’internant où la Sœur TONE était à 140 km des parents.

Les humanités, à Poko troisième pédagogie jusque sixième distance de 180 km des parents je logeais au juvénat chez les sœurs début de formation à la vie religieuse.

J’avais obtenu le diplôme à 1990.

En 1997 – 2000, la congrégation m’avait envoyé pour faire l’institut supérieur de la spiritualité africaine pour former les futures religieuses.

5*Les travaux réaliser.

-je fus professeure à l’institut Bakengai à Poko, à l’institut Ndolomo à Doruma, à l’institut  technique Bangadi, à l’institut Abbé Kosa à Dungu.
-J’étais formatrice des postulantes et des novices.
-Encadreuse des enfants de groupe Kizito et Anuarite,
-Chargée des pauvres (personnes vulnérables),
-Directrice de la Dynamique Femme pour la Paix (branche féminine de la commission Diocésaine Justice et Paix)
-Formatrice de la coupe et couture, de l’alphabétisation, art culinaire, pâtisserie aux femmes et jeunes fillestraumatisés
-Initiatrice du centre de réinsertion et d’appui au développement,
-Initiatrice de  complexe scolaire Anuarite,
-Initiatrice de la polyclinique Saint Daniel Comboni,
-Initiatrice de l’orphelinat Bien heureuse Anuarite.

B*MOTIVATION POUR LA CREATION DE LA PEDIATRIE

1°Histoire de premier orphelin.

C’est à 2009, que je faisais le tour à l’hôpitalgénéral pour visiter le malade et j’avais trouvé une jeune fille qui selon sa déclaration soufrait de VIH/Sida et elle n’avait pas quelqu’un pour lui donner à manger, acheter les médicaments et transporter son bébé qui avait trois semaines. Cette jeune fille en me voyant m’avait demandé de prendre son bébé pour l’aider à grandir car elle disait qu’il ne me reste plus beaucoup des temps pour mourir.

Comme je n’avais pas l’autorisation de la supérieure je ne pouvais pas prendre cet engagement seule. Je lui avais rassuré d’amener la nourriture la bouillie chaque jour et  achat des médicaments à chaque inscription des infirmiers. Malgré mon argument, elle n’était pas satisfaite.

Un dimanche de l’ordination,  quand je partais à la messe je l’avais croisée avec son bébé au dos je m’étais arrêté pour savoir où elle partait à son état. Elle m’avait répondu je pars au-delà de la rivière chercher une personne de bonne volonté pour élever mon enfant car je ne sais pas si je vais finir cette semaine que nous allons commencer demain.

Avec ces mots, j’avais décidé de prendre l’enfant sans expérience, sans lait infantile sans permission. Je lui avais dis de rentre à l’hôpital, après l’homélie de l’Évêque, je passerais pour prendre l’enfant et c’est ce que j’avais fait. Dommage après trois jours elle était décédée.

Cette nouvelle expérience n’était pas facile c’est chaque semaine que j’étais à l’hôpital avec lui. Mais malheureusement après  huit mois de lutte, l’enfant était décédé.

Le lendemain de l’enterrement  on m’avait amené un autre bébé mais je leur avais demandé de confier l’enfant à une maman de leur famille qui allaitait  afin d’aider l’enfant car je n’ai pas de nourritures appropriées et moi je veux aider la maman avec le soja, sucre, lait des adultes et autre biens pour qu’elle soit forte pour allaiter deux enfants.

Avec le deuxième enfant, j’ai compris que le Seigneur veut que je puisse l’aider à travers les enfants orphelins. Cette réflexion m’avait poussé à adresser une lettre d’ex claustration pour mieux m’occuper d’eux. Et voila le début de l’orphelinat qui depuis sa fondation  a hébergé 83 enfants.

2*Décision pour créer l’orphelinat.

Je n’avais pas l’idée de créer l’orphelinat mais cela se créait du jour au jour suite à  la demande

 Répétitive de la communauté et de l’hôpitalgénéral.

Le premier orphelin Jean-Paul TONIKO MAIKA a été accueilli au sein du bureau de la dynamique femme pour la paix où j’étais la première directrice de la commission depuis 2005 à Dungu Centre. Nous avons fait dans ce bureau deux mois tout en construisant la maison dans la parcelle que j’avais acheté au bord de la rivière Kibali qui se mesurait 20m/25m.Cela n’était pas large pour nous et elle était dangereuse à cause de la rivière à Dungu Centre 2ème Avenue

A partir du 26/O3/2012 que nous étions entrés dans la deuxième parcelle des orphelins avec mille difficultés déjà 13 personnes.

Après une année dans cet endroit, nous nous sommes déménagés encore le 21/04/2014 Lundi de Pâque, dans la troisième parcelle au quartier UYE où nous sommes actuellement. Elle a l’étendu de 80/60m.  C’est ici que le gens spontanément ont commencé à parler de l’orphelinat et nous aussi parce qu’Ilya une structure organisée grâce aux donateurs qui nous ont construit le dortoir.

4*Ouverture de la pédiatre.

La pédiatrie à été ouverte pour donner solution au problème de la maladie des orphelins vu leur nombres, je ne pouvais pas transporter deux soit quatre enfants au même moment à l’hôpital général faute des moyens pour les soins et personnelles pour rester à l’hôpital soit à la maison avec les autres. Vu ces difficultés, des moyens j’avais dit si quelqu’un nous aide avec l’argent, je vais ouvrir la pédiatrie pour les enfants. Après une courte période, les pères Comboniens à travers leur revue Mundo négro nous avait donné le prix qui a occasionné l’ouverture de la pédiatrie qui nous aide et la population.

Depuis l’ouverture de la pédiatrie le 25/10/2014, jusqu’à présent, nous avons soigné 7393 enfants.

 

II. MA PERCEPTION DE L’IMPORTANCE DE PRENDRE SOIN DES PERSONNES.

a)Définition de soin

Soin signifie, préoccupations, souci, attentions délicates, veillé.

Prendre soin de, s’occuper de, penser à.

b) Définition de la personne

Personne veut dire : être semblable, être humain, un mortel, semblable à Dieu (cfr. La sainte trinité : Trois personnes à Dieu.

Donc personne c’est l’image de Dieu, c’est Dieu lui-même.

c) Importance de soin dans la vie de l’homme.

Pour moi, prendre soin des personnes a une grande importance car le soin égal la vie. Le contraire de soin c’est la mort.

Parce que la maladie * affaiblie les personnes, *rend les personnes inaptes et malheureux  car ils ne peuvent plus travailler, ils dépendent des autres personnes pour vivre :(mangé, se vêtir, se déplacer)…

La maladie amène les personnes à la mort. Elle peut faire disparaitre un village (cfr. Le cas de la peste tel que : Ebola, la dysenterie, la malaria, la typhoïde, le VIH/Sida, maladie du sommeille…)

Les personnes malades ne peuvent pas développer leur milieux ni leur pays.

Un enfant malade ne peut pas avoir une bonne croissance.

C’est grâce aux soins des infirmiers que l’enfant à une bonne croissance, développement intellectuel et physique.

Sans le travail des infirmiers, à ma connaissance, le monde disparaitra car Dieu guérit les hommes à travers les infirmiers.

Je vous donne un exemple pour témoigner de l’importance de travail des infirmiers :

-J’ai 35 enfants orphelins dons la majorité viennent à zéro  semaine et certains sont aujourd’hui à l’âge de six ans déjà à l’école primaire d’autres à l’école maternelle comme tout les enfants qui sont avec leur parents. C’est grâce aux soins des infirmiers que ces enfants sont aujourd’hui utiles pour la société et bénéficient de don de la vie  car Dieu utilise les infirmiers pour faire son miracle de vie.

-Une femme dont son accouchement pose problème, sans l’intervention des  infirmiers, elle et son bébé peuvent mourir.

-Sans les soins infirmiers, on ne peut pasparlé des peuples, dans un pays car ces derniers seront exterminés par les maladies.

III. DANS QUELLE MESURE LES SOINS PEUVENT APORTER PLUS DE DIGNITE ET D’OPPORTUNITES DANS LA VIE ET LA CITOYENNETE A DES PERSONNES QUI RECOIVENT DES SOINS ?

Moi je trouve que le travail des infirmiers a une grande Valeur dans la vie d’un citoyen. C’est ainsi nous devons valoriser ce travail en les encourageant pour les études c'est-à-dire étudier suffisamment, puisque  la vie de l’homme dépend de leur expertise.

J’insiste encore, Dieu guérit l’homme à travers leur service. Le gouvernement et les hommes de bonne volonté doivent également prendre en charge le paiement même les études supérieures desinfirmiers car la santé c’est la vie et affaire de tous.   Sans le travail des infirmiers, la citoyenneté n’existera pas ni la culture d’un peuple et ni le développement d’un pays.

Une personne qui reçoit le soin à tout moment quand il est malade, est toujours en bonne santé il fait son travail convenablement et ne dépendpas des autres pour ses soins, études, restauration, voyage,… Il est capable d’aiderles personnes telles que les vieillards ou les enfants orphelins avec son avoir. Cette personne participe pleinement au développement de son pays. Les villages et cultures nedisparaîtront pas.

Etat donné que la vie de l’homme dépend des soins infirmiers, l’infirmier ou infirmière doit :

  1. prendre au sérieux sa formation(ne pas tricher les points),
  2. connaitre le corps humain, médicaments et dosages,
  3. aimer les malades et avoir de la compassion pour eux comme Jésus dans l’Evangile qui guérit les malades (cfr. :*Mt.8, 1-4 : Guérison d’un lépreux.

*Mt.8, 14-15 : Guérison de la belle mère de Pierre.
*Mt.8, 16-17 : Guérison et exorcisme.
*Mt. 9,1-8 : Guérison d’un paralysé.
*Mt. 9,18-25 : Guérison d’une femme et résurrection de la fille d’un notable.
*Mt.9, 27-31 : Guérison de deux aveugles.
*Mt. 9, 32-34: Guérison d’un possédé muet.
*Mt. 15, 39-41 : Guérison près du lac.
*Mt.17, 14-21 : Guérison d’une lunatique.
*Mc. 1, 32-34 : Guérison après le sabbat.
*Mc. 2, 3-12 Pardon et guérison d’un paralysé à Capharnaüm.
*Mc. 6, 53-56 : Guérison à Génésareth.
*Luc.17, 11-19 : Guérison des dix lépreux.
*Lc. 18, 35-42 : Guérison d’un aveugle à Jéricho…

  1. ne pas travailler uniquement pour l’argent c'est-à-dire « pas d’argent pas de soin » si non notre travail devient du commerce et les pauvres meurent parce qu’ils n’ont pas d’argent à la maison ou à l’hôpital,
  2. se cultiver chaque jour en lisant des ouvrages sur les soins infirmiers,
  3. être honnête dans son travail « ne pas demander d’argent de plus au malade que ce qui est fixé par l’hôpital ou centre de santé »,
  4. être prêt à tout moment pour rendre service : la nuit, pendant le repos  comme Jésus qui n’avait pas le temps de se reposer. (Mc. 1,32-34) guérisons après le sabbat.
  5. Etre content(e) de son salaire ou prime car si on désir plus, on travail mal.
  6. Se rappeler à tout moment de serment fait le jour de collation de grade.

 

IV. MON EXPERIENCE DANS LA VIE ET DANS LE SERVICE COMMUNAUTAIRE AVEC LE CENTRE DE REINSERTION SOCIALE ET DU DEVELOPPEMENT SOCIAL COMMENT CELA A FOURNI DES SOINS AUX FEMMES ET AUX ENFANTS QUE NOUS REGARDONS ET QUELLES SONT LES MESSURES PRISES PAR MOI ET MON EQUIPE.

Vu  l’importance  des soins dans la vie des personnes, nous Association Centre de réinsertion et d’appui au développement  avons ouvert une polyclinique pédiatrique Saint Daniel Comboni pour soigner les enfants rescapés des guerres, enfants déplacés ou réfugiés,orphelins, enfants atteints de VIH/SIDA et  vulnérables de la communauté dont les parents sont pauvres (femmes chef de ménage et filles mères) enfants abandonnés.

C’est depuis le 25 /10/2014 que nous avions commencé les soins dans notre polyclinique pédiatrique.

Durant ces deux années, nous avons soigné et sauvé la vie aux 7393 enfants avec une petite salle de capacité de dix lits.

Nous avons : deux infirmières, deux infirmiers, un docteur, une fille de salle, une pharmacienne, un gardien, un secrétaire et uneintendante.

N.B  Durant les deux années des soins, nous avons constatéune chose surprenante, Dieu ne nous abandonne pas dans le service pour cela jusqu’aujourd’hui, nous n’avons pas enregistré un cas de décès. C’est grâce à des suivis systématiques de ma pars comme initiatrice du centre, à des réunions avec les staffs, aux primes qu’ils reçoivent et surtout aux soucis que les infirmiers ont pour les enfants malades.

1°Soins aux femmes.

Concernant les soins des femmes, nous n’avons pas organisé car nous n’avons pas de financements mais nous envisagions ouvrir la maternité et la médecine interne pour elles à côté de la pédiatrie.

Pour ce moment, nous payons les soins à l’hôpital général pour les femmes vulnérables, chef de ménage et filles mères problème de la maladie ou accouchement.

Nous les rendons heureuses en soignant leurs enfants à la pédiatrie.

2°Soins aux enfants

Nous soignons les enfants bénéficiaires directes : rescapés réfugiés, orphelins, déplacés, enfants abandonnés gratuitement. Tandis que bénéficiaires indirectes enfants de la communauté, les parents payent  la moitié du prix de l’hôpital général.

Pour ce soin, nous manquons beaucoup des matériels que je vous présente dans les pages qui suivent avec les prix de chez nous que nous n’avons pas encore les financements pour cela et les spécialistes pour la manipulation.

Nous manquons aussi la salle et les infirmiers  pour les massages des enfants qui ont les problèmes des nerfs.

Nous manquons les docteurs spécialisés pour les opérations des males formations des membres inférieures des enfants au niveau de genou.

Beaucoup d’enfants comme celui qui est chez nous à l’orphelinat ABULE Jean très intelligent grandissent avec cet état faute d’argent pour l’amener en Ouganda où loin de notre milieu.

Dans notre pédiatrie, nous avons des maladies dominantes :

* La paludisme,
* Infection respiratoire aigue,
* Parasitose intestinale,
*Gastro entérite aigue
*Malnutrition aigue sévère.
*Le VIH/Sida.

3°Les mesures prises.

Comme mesures, nous voulons prolonger la salle de la pédiatrie, pour la capacité des 20 lits, construire et équiper la maternité, la salle de kinésithérapie, le laboratoire, la chirurgie, la pharmacie pour nos vulnérables car ces victimes des guerres n’ont pas des possibilités de payer leurs soins.

Acheter des matériels pédiatriques.

Envoyer aux études nos infirmiers et docteurs pour la spécialisation : tel que la gynécologie, la kinésithérapie, la pédiatrie,l’accouchement.

Nous voulons organiser des formations de recyclages pour les infirmiers  sur toutes les maladies.

Nous cherchons à tout moment les donateurs pour prendre en charge les payements de nos personnels pour que ceux-ci aient le temps de soigner les malades avec succès.

Nous souhaitons aussi que les donateurs nous facilitent la réalisation soit la mise en œuvre de ce que nous venons de proposer ci-haut.

V.ORGANISATION DU SYSTEME DE SANTE EN RDC

Le système de santé de la RDC est organisé par NIVEAU

LE NIVEAU CENTRAL

C’est le niveau stratégique et de normalisation qui définit les grandes orientations de lapolitique sanitaire nationale

Les différentes structuresque l’on retrouve ici sont :

1 .le cabinet du Ministère de la Santé Publique
2 .le secrétariatgénéral à la santé dirigé par un secrétairegénéral responsable de L’administration
3. directions centrales 

Ilya treize directions centrales :

D1 : direction des services généraux et ressources humaines
D2 : direction des établissements des soins
D3 : direction de la pharmacie et du médicament
D4 : direction de lutte contre la maladie
D5 : direction de développement des soins de santé primaires
D6 : direction de l’enseignement des sciences de santé
D7 : direction d’études et planification
D8 : direction de laboratoire et santé
D9 : direction nationale de l’hygiène
D10 : direction de santé de la famille et des groupes spécifiques
D11 : direction de formation continue
D12 : direction de la gestion du partenariat pour la santé
D13 : direction de l’équipement, matérielsmédicaux – sanitaires

4 .Programmes et services spécialisés

Il existe 52 programmes et services spécialisés.

2. LE NIVEAU INTERMEDIAIRE

Le niveau intermédiaire est composé du niveau provincial et du district

Le niveau provincial

Le niveau provincial comprend le bureau du médecin inspecteur provincial et les 13 bureaux qui sont les répondants de 13directions centrales. On y trouve aussi les coordinations provinciales des programmes spécialisés.

Au total il existe 11 divisions provinciales de la santé. A ce niveau on trouve des laboratoires provinciaux à (Lubumbashi, Mbandaka ; Kisangani, Matadi, Bukavu et Kananga) et des centrales de distributions des médicaments.

Le niveau de district

Le niveau de district est situé entre la division provinciale de la santé et les zones de santé. Ce district sanitaire est dirigé par un médecin chef de district sanitaire regroupant plusieurs zones de santé.

Il existe au total 65 bureaux de district sanitaire ; chaque district est composé de 3 cellules à savoir :

Cellules de services et études

Cellules de l’inspection des services médicaux et pharmaceutique

Cellules de service de l’hygiène

Toujours à ce niveau on retrouve les antennes qui sont de sous coordinations des programmes spécialisés (PEV, PNLS….)

3. LE NIVEAU PERIPHERIQUE

Le niveau périphérique est le niveau opérationnel. Il est composé d’un bureau central de zone de santé dirigé par un médecin chef de zone. Il est composé des centres de santé et un hôpitalgénéral de référence.

Une zone de santé est un espace variant de 100.000 habitant pour les zones de santé rurales à 150 .000 habitant pour les zones de santé urbaines.

Actuellement on dénombre 393 hôpitauxgénéraux de référence et 8.628 centres de santé planifiés.

VI.ORGANISATION DES SOINS INFIRMIERS

A° LES FORMATIONS.

Dans notre pays la formation des soins infirmiers se présente de la manière suivante :

  1. Formation basique (formation de base)
  2. Formation post basique (second cycle)

1 .Formation basique

Cette formation prépare les infirmiers du niveau A3, A2 et A1

Les infirmiers A3

Ils sont en réalité des aides infirmiers. C’est le niveau le plus bas, c'est-à-dire qu’ils sont détenteurs d’un brevet de 2 ans post primaires.

Les infirmiers A2

Ceux dont le niveau correspond à celui de bachelier en sciences infirmières. Ils sont formés dans les écoles médicales ou les instituts publics ou privés.

Les infirmiers A1

Ils sont formés en 3 ans post baccalauréat c'est-à-dire premier cycle d’étude supérieure en sciences infirmières. Ils sont formés dans les instituts supérieurs des techniques médicales publics ou privés. On y forme des infirmiers pédiatres, accoucheurs, généralistes et des anesthésistes.

2. Formation post basique

Il existe maintenant des infirmiers L2 dont le niveau est la licence en  sciencesinfirmières. C’est un niveau de 2eme cycle d’étude supérieure en sciences infirmières qui dure deux années.

Le doctorat et le master se font exclusivement en Europe ou au Canada.

Ils sont chargés de la formation scientifique des infirmiers au niveau des instituts supérieurs.

B° LE SERMENT DES INFIRMIERS AVANT L’ENGAGEMENT AUX SOINS DES PERSONNES.

Ce serment vient de Florence NIGHTINGALE qui se traduit par :

« Je m’engage solennellement devant Dieu et en présence de cette assemblée, à mener une vie intègre et à remplir fidèlement les devoirs de ma profession.

Je m’abstiendrai de toute pratique délictueuseou  malfaisante.

Je ne prendrai ou n’administreraivolontairement aucun remède dangereux.

Je ferai tout pour élever le niveau de ma profession et je garderai avec totale discrétion, les choses privées qui me seront confiées et tout le secret de famille que la pratique de mon service me ferait éventuellement connaitre.

J’aiderai de mon mieux le médecin dans son travail, et je me dévouerai au bien être de ceux qui sont laissés à ma garde ».

C°  EXERCICE PROFESSIONNEL

Constitution du 18 /02/2006 art 202 ; qui relève de la compétence du pouvoir central régit la profession d’infirmier. Les infirmiers exercent dans tous les domaines de soins. Les plus qualifiés occupent des postes d’enseignant ou de directeur de nursing dans les hôpitaux publics ou privés.

Pour qu’il ait une harmonie dans la profession des infirmiers, ceux-ci se sont regroupés en association qui se nome « Association Nationale des Infirmiers du CONGO : ANIC ».

L’objectif est de réveiller la conscience des infirmiers vis-à-vis de serment prêter, revendiquer ses droits auprès du gouvernement, organiser la journée mondiale des infirmiers.

D° RECHERCHE EN SCIENCES INFIERES

Il y a très peu de recherches réalisées en RDC. Quelques-unes sont menées à l’institut supérieur des techniques médicales de Kinshasa par des étudiants qui valident un mémoire de 2eme cycle.

E° THEMES, NATURE ET METHODE DE RECHERCHE

Les thèmes sont dans le domaine de la pédagogie (amélioration de l’enseignement), épidémiologie, organisation des soins. Mais depuis cinq ans ils sont davantage centrés sur la santé publique, l’éducation des patients et quelque fois sur la clinique.

Chaque chercheur choisit son thème en fonction de ses intérêts mais aussi de la littérature disponible, l’accès à l’internet est souvent difficile et onéreux pour les étudiants.

Les concepts les plus travaillés sont : Salubrité, Relation d’aide, Soins de santé primaire, Santé communautaire, Prise en charge du VIH /SIDA.

Les méthodes utilisées sont les plus souvent des recherches descriptives quantitatives.

I n’est pas facile de faire les études des infirmiers en république Démocratique du Congo

A cause des frais très élevé, la distance du centre des examens, le logement et restauration. 

Il faut souligner les difficultés importantes que rencontrent les infirmiers en RDC, tant dans leur exercice professionnel par manque de moyens, médicaments,matériels. Pour la formation : manque de documentation et d’accès à l’internet.           

          VII.CONCLUSION.

Nous félicitons les infirmiers pour leur courage d’affronter toutes les difficultés des études infirmières et nous les encourageons d’aller de l’avant car le monde a besoin de leur service.

Nous sommes très reconnaissants de l’importance des soins infirmiers car les soins égal la santé et la santé c’est la vie. Etant donné que ce service à été réalisé par notre Seigneur Jésus, et qu’il nous a confié cela, nous devons lui accordé plus de valeur en nous mettant au service des  autres, de la nation et du monde de tout notre cœur, énergie, intelligence, volonté pour maintenir l’œuvre de la création selon la volonté de notre Dieu qui nous a créé pas pour souffrir mais pour être heureux dans ce monde , pas pour mourir mais pour vivre. Je vous remercie pour votre attention.

Fait à Kinshasa, le 19/10/2016.
Par Sœur Angélique NAMAIKA NAKO.





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