6535250 | Formação e atuação de enfermeiras obstétricas: cuidado como prática social e política | Autores: Ana Renata Moura Rabelo ; Kênia Lara Silva |
Resumo: A enfermagem tem sido reconhecida por atuar de forma humanizada, promovendo
mudanças no modelo de atenção. Porém as necessidades de saúde das mulheres
apontam a complexidade das iniquidades sociais e o cuidado é uma possibilidade
de dar voz às perspectivas subjetivas negligenciadas e oprimidas. Objetiva-se
analisar os discursos de enfermeiras obstétricas acerca da atuação e formação
para o cuidado, na dimensão política e como prática social. Trata-se de
pesquisa qualitativa, ancorada no referencial teórico de Michel Foucault. A
produção dos dados se deu por entrevistas em profundidade com 14 enfermeiras
obstétricas seguidas de analítica do discurso. As enfermeiras relatam que
valores fundamentais para o trabalho são intrínsecos à mulher-enfermeira, mas
a formação é capaz de fornecer forma e conteúdo para a atuação. Cita-se a
desmistificação do parto como forma de preparar a enfermeira para ser
protagonista de um modelo menos intervencionista. Ao (re)conhecer os
princípios do Modelo de Humanização do Parto e Nascimento se engajam para
proteger as mulheres contra a violência obstétrica e possibilitar que
vivenciem processos de subjetivação. Algumas características do perfil e da
atuação são importantes: a compreensão da integralidade das mulheres, redução
de assimetrias de poder profissional-paciente e ser um corpo disponível à
mulher cuidada. Apesar de enfatizarem a importância da enfermagem obstétrica
para mudança de modelo, as participantes consideram que, isoladamente, não são
capazes de promover grandes conquistas, devendo ser construídas em conjunto
com movimentos de mulheres e com outros profissionais. Sobre os movimentos de
mulheres, as narrativas tocam este assunto superficialmente, o que representa
uma interdição. Conclui-se que existem avanços no cuidado das enfermeiras
obstétricas, permitindo novas possibilidades de existência do ser cuidado e da
cuidadora. Entretanto é preciso o exercício de (des)cuidado, negação à forma
de cuidado historicamente realizada, para aventurar-se na perspectiva
democrática do cuidado e até mesmo aproximar-se dos movimentos sociais.
Referências: Ayres JRCM. Cuidado: trabalho, interação e saber nas Práticas de saúde. Rev baiana enferm 2017; 31(1):1-4; 2017. Disponível em: file:///C:/Users/Silvio%20Costa/Downloads/21847-74345-2-PB.pdf. Acesso em: 17 jun 2018.
Brasil. Ministério da Saúde / Universidade Estadual do Ceará. Cadernos HumanizaSUS, vol. 4: humanização do parto e nascimento. Brasília: Ministério da Saúde. 2014.
Moura FMJSP, Crizostomo CD, Nery IS, Mendonça RCM, Araújo OD, Rocha SS. A humanização e a assistência de enfermagem ao parto normal. Rev Bras Enferm 2007; 60(4): 452-5. |