1900421 | A percepção de profissionais da APS sobre a adolescência e a violência entre parceiros íntimos adolescentes: uma análise de gênero | Autores: Rafaela Gessner ; Rosa Maria Godoy Serpa da Fonseca |
Resumo: **Introdução**: A violência entre parceiros íntimos (VPI) afeta a população adolescente. Contudo, as práticas de saúde direcionadas aos adolescentes não são priorizadas e demonstram pouca resolutividade no que tange o enfrentamento da VPI adolescente na Atenção Primária à Saúde (APS)(1,2). **Objetivos**: Conhecer, analisar e compreender as percepções de profissionais da saúde a respeito da adolescência e da VPI adolescentes, à luz da categoria gênero. **Método**: Estudo exploratório e descritivo, de abordagem qualitativa, ancorado na categoria gênero e na teoria da Intervenção Práxica da Enfermagem em Saúde Coletiva (TIPESC)(3). Os dados foram coletados em duas sessões de uma Oficina de Trabalho Crítico-emancipatória (OTC) com profissionais da APS de Curitiba e São Paulo. Os dados foram analisados segundo Bardin com apoio do Software WebQDA. **Resultados**: Participaram 35 profissionais, 25 do município de Curitiba e 10 de São Paulo. Os relatos convergiram para a estigmatização do adolescente. Destacaram características consideradas negativas, como o consumo de álcool.Esses entendimentos podem determinar o distanciamento das práticas voltadas para as necessidades do adolescente. A vivência de relacionamentos afetivos e sexuais foi descrita sob um viés de gênero que reserva, sobretudo às adolescentes mulheres, o espaço de idealização do amor romântico e aos homens a exacerbação do vigor sexual. A VPI adolescente é marca dos territórios investigados e há a tentativa de justificar tal fenômeno a partir de conceitos como “fatores” e “riscos”, que mostram-se insuficientes para explicar a complexidade do fenômeno. **Considerações Finais**: as percepções dos sujeitos sobre a adolescência, a vivência de relacionamentos e a VPI adolescente são construídas a partir de estereótipos do senso comum, pautados em normas de gênero determinadas pelo território de vulnerabilidade em que profissional e adolescentes estão inseridos. **Contribuição para a Enfermagem**: Os achados podem orientar a construção de propostas multidisciplinares pautadas nos referenciais de gênero, com contribuições da enfermagem.
Referências: 1. Fonseca RMGS, Santos DLA, Gessner R, Fornari LF, Oliveira RNG, Schoenmaker MC. Gender, sexuality and violence: perception of mobilized adolescents in an online game. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018;71(Suppl 1): 607-14 [Thematic Issue: contributions and challenges of nursing practices in collective health] DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0561
2. World Health Organization. Preventing Intimate partner and sexual violence against women: talking action and generating evidence. World Health Organization: Geneve; 2012.
3. Egry EY. Saúde coletiva: construindo um novo método em enfermagem. São Paulo: Ícone; 1996. |