103 | Análise de big data pela enfermagem: evidências em defesa do acesso ao pré-natal | Autores: Milene Thaís Marmol (milene.marmol@healthbit.com.br) (UER - UNICAMP) ; André Covic Bastos (HEALTHBIT) ; Alline Mendes (HEALTHBIT) ; Murilo Wadt (HEALTHBIT) ; Gabriela Salim Spagnol (Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP) |
Resumo: Introdução: No mundo corporativo, os diferentes modelos de cobertura do plano de saúde para funcionários impactam na adesão ao pré-natal, em particular a coparticipação, que prevê o pagamento de parte do serviço pelo usuário. Para defender o acesso ao pré-natal com base em evidências, a enfermeira atua desde a seleção de descritores e validação de dados, até a definição estratégica de programas para gestantes. Objetivo: analisar a hipótese de que a coparticipação adia a realização e reduz o número de consultas no pré-natal, e não é eficiente em relação a custos. Metodologia: Estudo transversal exploratório realizado com dados de empresas brasileiras de 2015 a 2017, através da análise de métricas de saúde e financeiras, utilizando-se big data (400.000 pacientes e 2.000.000 eventos/ano). Resultados: Em empresas que aplicaram a coparticipação, constata-se um atraso significativo para realizar a primeira consulta de pré-natal, além da redução do número de consultas no período. Verifica-se também aumento de pré-natal incompleto, abaixo das 8 consultas recomendadas pela ANS (1,2). Financeiramente, a coparticipação de 50% reduz o custo imediato em R$280,00 por gestante, porém ao mesmo tempo desestimula a realização do pré-natal, acarretando casos de complicações que podem chegar a um custo de R$400.000,00 por caso grave a médio prazo, de maneira que se a inserção de coparticipação para 1400 gestantes causar um único caso mais grave por pré natal incompleto já representaria um prejuízo financeiro, além do evidente problema de saúde que poderia ter sido prevenido. Esse dado é um forte argumento em especial para as faixas de renda mais baixas, onde 50% de uma consulta é um valor de grande impacto na economia pessoal. Conclusão: Esse estudo contribui com evidências comprovando que a isenção de coparticipação para gestantes é positiva para a adesão ao pré-natal e reduz custos para a empresa a médio e longo prazo.
Referências: 1) Kassar, S.B. et al., 2013. Determinants of neonatal death with emphasis on health care during pregnancy, childbirth and reproductive history. Jornal de Pediatria, 89(3), pp.269-277. Available at: http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2012.11.005. 2) Victora, C.G., Aquino, E.M., et al., 2011. Maternal and child health in Brazil: Progress and challenges. The Lancet, 377(9780), pp.1863-1876. Available at: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60138-4. |