COMUNICAÇÃO COORDENADA
1228 | O tema aborto no ensino da graduação: A perspectiva das enfermeiras recém-graduadas. | Autores: Mariana Santana Schroeter () |
Resumo: Introdução: A graduação de enfermagem é pautada nas Diretrizes Curriculares Nacionais¹. Ainda que elas recomende uma formação crítica ainda há uma tendência de se trabalhar o tema aborto sob uma perspectiva biologicista². Objetivo: Identificar como o tema abortamento foi abordado na graduação de enfermagem segundo as enfermeiras recém-graduadas. Metodologia: Pesquisa descritiva de abordagem qualitativa. Os participantes foram enfermeiras residentes, que concluíram o curso de graduação no ano de 215 ou 216, que estão cursando o primeiro ano do programa de residência, independentemente da especialidade. O cenário foi a Faculdade de Enfermagem da UERJ onde são realizadas as aulas teóricas de quatorze programas de residência. Foram realizadas vinte e seis entrevistas individuais com apoio de roteiro semiestruturado. Estas entrevistas foram transcritas e analisadas através da análise temática³. A pesquisa respeitou os procedimentos éticos e obteve aprovação do COEP da UERJ, nº 1.533.584. Resultados: As categorias temáticas que emergiram desta análise foram: 1) O ensino do abortamento descontextualizado dos direitos sexuais e reprodutivos: Este ensino é realizado com ênfase no processo fisiopatológico da gestação, não tendo enfoque como problema de saúde pública e sem correlação com as questões de gênero e dos direitos sexuais e reprodutivos; e 2) O debate centrado no juízo de valor sobre o aborto: favorável versus desfavorável: Quando havia discussão sobre o tema em sala de aula, esta foi centrada no debate entre o ser favorável e o ser desfavorável ao aborto. Em relação à problemática da ilegalidade, alguns acadêmicos tinham posições contrárias ao abortamento e fundamentadas em valores morais e religiosos. Os estudantes ficavam reativos, incomodados e receosos em discutir o tema. Destaca-se que os profissionais de saúde devem prestar uma assistência humanizada baseada na ética profissional e garantir o respeito aos direitos humanos das mulheres, independentemente de seus preceitos morais e religiosos4. Conclusão: A abordagem do ensino de enfermagem sobre o tema aborto permanece centrada na perspectiva biológica e com ênfase no processo fisiopatológico do aborto, descontextualizado dos direitos sexuais e reprodutivos e da saúde pública. O ensino requer avanços para o tema não ser tratado com superficialidade.
1. BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES nº.3, de 7/11/21. Institui Diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em enfermagem. Diário Oficial da União 9 nov. 21;Seção 1.
2. LEMOS, A. Aborto: (des)velando o (des)cuidado. Rev. Enf. Profissional. n.1 v.1 jan/abr. 214. p. 16-116.
3. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 33 ed. Petrópolis: Vozes, 213.
4. MAYORGA, C.; MAGALHÃES, M.. Feminismo e as lutas pelo aborto legal ou por que a autonomia das mulheres incomoda tanto? Direito de Decidir: Multiplos olhares sobre Aborto. MAIA, Monica [org]. Belo Horizonte. |