13/10/2010
O profissional de Enfermagem e a visibilidade da profissão
Mesa redonda aborda como a Enfermagem é vista pela sociedade e a postura do profissional e sua presença na gestão pode conquistar a visibilidade da profissão.
A visibilidade do fazer da Enfermagem foi o tema que dominou os debates desta quarta-feira no 62º CBEn. Depois da mesa da manhã apresentar questões sobre o marketing pessoal, a mesa “Gestão do Trabalho em Saúde e Visibilidade Social” deu sequência às reflexões. A presença do profissional no SUS, a visão dos usuários, o sistema educacional e o próprio sistema sobre a Enfermagem e, também, a cisão que o próprio profissional tem da profissão foram debatidas.
O professor Wilson Aguiar Filho, da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde, falou sobre a preocupação com uma profissão que está em todos os 5.565 municípios brasileiros e que têm uma diversidade muito grande de realidades. Ele considera fundamental uma formação voltada para esta multiplicidade e para o debate do exercício profissional no Mercosul. Para o professor, um dos maiores desafios da Enfermagem na educação está em enfrentar o crescimento desordenado dos cursos.
A professora Elizabeth Bernardino, da Universidade Federal do Paraná, apresentou dados de sua tese de doutorado sobre o fazer da Enfermagem nos hospitais de ensino. Em seu estudo ela observou que os profissionais enfermeiros ocuparam mais espaço em cargos de gestão, em lugares como as assessorias, comissões, consultorias, administração e gerência intermediária, além da estrutura de Enfermagem. Entretanto, de acordo com Elizabeth, os profissionais de Enfermagem ascenderam, mas não obrigatoriamente a categoria se beneficiou ou se fortaleceu com isso. “Como parceira fundamental do SUS, a Enfermagem precisa ser reconhecida e este reconhecimento não pode ser informal”, completou. Ela acredita que o atual discurso interdisciplinar distancia a Enfermagem de sua identidade profissional e que os enfermeiros alçados à condição de gerência ou gestão devem ter as mesmas chances e status que os médicos têm em relação às suas atividades profissionais.
A reflexão sobre qual o discurso que os profissionais têm da Enfermagem, e sobre o que esses profissionais fazem em seu cotidiano que não é percebido ou ainda mais valorizado pelas pessoas foi colocada pela professora cearense Eucléa Gomes do Vale. Para a professora, os afazeres devem assegurar a visibilidade da profissão e esta deve ser uma construção auto-afirmativa: “será que nós valorizamos o que fazemos? É preciso deixar de lado a ‘síndrome de coitadinhos’ para nos mostrar, sem medo”, concluiu. Para Eucléa, os afazeres da Enfermagem se caracterizam pelas práticas de cuidado que, por sua vez, são modeladas pelas atividades de gestão. Daí a importância da presença profissional na hora de modelar o fazer voltado à atuação ética e à promoção da vida.