12/10/2010
Congresso discute meios de melhorar a segurança do paciente
Humanizar a relação enfermeiro-paciente e organizar o ambiente de trabalho são maneiras de diminuir a ocorrência de eventos adversos no hospital.
O 62º Congresso Brasileiro de Enfermagem (CBEn) é também espaço para discutir a profissão do ponto de vista do paciente. Os convidados para mesa redonda “Segurança do Paciente” analisaram o quadro atual dos chamados eventos adversos ocorridos no hospital e trouxeram experiências próprias, enriquecendo o debate.
“Com mudanças simples na área de trabalho, é possível diminuir os eventos adversos”, começa a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Lolita Dopico da Silva. A primeira palestrante analisa os principais estudos de Segurança do Paciente, e aponta na prática como alcançar estas metas. “Melhorar a identificação do paciente com pulseiras nominais, elevar a cabeceira da cama em 30 graus e organizar o ambiente de preparo do medicamento são maneiras simples e efetivas”, diz Lolita.
A segunda palestrante divertiu e emocionou os participantes do Congresso. Maria Lurdemiler Sabóia Mota, professora da Universidade de Fortaleza, afirma que a visão da família do paciente, em frente a um evento adverso, é a busca por litígio, enquanto a visão do profissional, é de que houve uma fatalidade. “Vou dar uma sugestão para vocês: não adoeçam. Não adianta colocar uma venda, temos que melhorar a segurança do paciente”, diz Lurdemiler. “A mídia se choca se cai um avião, mas não diz quantos pacientes estão morrendo nos hospitais por erro nosso”, finaliza.
Aplaudida de pé pelo público presente, Lurdemiler confessou que nesta madrugada, antes da palestra, seu irmão falecera em Pernambuco por erro de diagnóstico. “Só consegui vir aqui fazer a palestra porque por acaso o tema era este”, desabafou.
O último palestrante da mesa, Cláudio Fortes Garcia Lorenzo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, complementou a idéia das professoras e adicionou: “A dimensão da segurança do paciente não pode ser vista apenas como a diminuição de eventos adversos, mas sentir-se seguro”. Cláudio pede aos enfermeiros que restabeleçam a confiança do paciente nele, e conclui: “Ela está localizada na relação humana, não nos protocolos”.
