11/10/2010
Mesa aponta necessidade de conhecer a história da Enfermagem e lutar por novas conquistas dos profissionais
Na primeira tarde do 62º CBEn, mesa de debate apresenta reflexões sobre o trabalho e os modos de fazer da Enfermagem
A História da Enfermagem, as mudanças ocorridas no exercício da profissão até os dias de hoje e as condições de trabalho dos profissionais foram os assuntos de destaque na Mesa Redonda "Enfermagem: condições de trabalho para um fazer responsável", realizado no período da tarde, no 62º CBEn.
Maria Henriqueta Krüse, professora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), fez um resgate da história da enfermagem, iniciando pela importante contribuição de Florence Nightingale até chegar a Maria Cecília Puntel de Almeida, autora de dois livros que, segundo Henriqueta, "contam muitas coisas sobre o saber de enfermagem".
A palestrante destacou a importância de Florence para as mudanças ocorridas na Enfermagem. "O auge do sucesso de Florence foi quando ela levou os conhecimentos da modernidade (1850/1860) para dentro do hospital de guerra", contou, explicando que a partir daí, mudou o aspecto de privacidade das pessoas nas enfermarias. "Ainda estamos construindo um processo moderno, construindo classificações, que vão sendo produzidas indefinidamente" disse a professora da UFRGS. Ela falou, também, sobre as características do trabalho na enfermagem e os desafios para o trabalho em tempos modernos, tais como a coexistência de transformações e deslocamentos; o trabalho em equipe multiprofissional ou em rede; a organização de serviços por linha de cuidado; o esgotamento da organização profissional; o mundo do trabalho como escola; e a efetivação das práticas seguras.
Para Henriqueta, é preciso conhecer onde começa a história para saber onde se quer chegar. "É preciso pensar como nos tornamos aquilo que somos", disse.
Valorização do Trabalho
A segunda palestra foi proferida pela presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina, Denise Elvira Pires de Pires, que iniciou afirmando: "é importante estabelecer lutas e fortalecê-las para garantir conquistas". Ela destacou a importância de fazer uma análise sobre as condições de trabalho. Explicou que para isso é necessário, primeiramente, conhecer quem realiza o trabalho, a forma contratual e os direitos trabalhistas, os instrumentos de trabalho – quantidade, qualidade e conhecimento para operá-los, o ambiente de trabalho, além da organização, divisão e gerenciamento do trabalho.
"Nós, profissionais, é quem temos que dizer quais devem ser as condições de trabalho – a qualificação necessária, a jornada de trabalho, quantos profissionais são necessários etc.", afirmou a palestrante. Isso, levando em consideração as necessidades dos "cuidadores" e de quem recebe os cuidados.
De acordo com Denise, o governo pode investir mais em saúde. "O Brasil gasta pouco em saúde, se comparar com outros países desenvolvidos", afirmou. Ela destacou, ainda, a importância da jornada de trabalho de 30 horas e falou sobre o projeto que estabelece salário para enfermagem e tempo de aposentadoria. "A gente tem que estudar e se qualificar para poder atender a demanda com qualidade", observou, contando que os problemas de saúde do trabalhador têm levado à evasão profissional.
A palestrante enfatizou que a Enfermagem é parte do trabalho em saúde e, predominantemente, coletivo. Ela encerrou sua apresentação, expondo a agenda da Valorização do Trabalho. "Essa valorização só vai ser possível através do esforço coletivo", finalizou.