5098069 | MODOS DE SE NASCER: NARRATIVAS DE ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO | Autores: Ana Luiza Amancio de Farias|analuifarias@gmail.com|enfermeira|bacharel Em Enfermagem|residente de Obstetricia|iff/fiocruz ; Flavieny Letícia Barbosa||enfermeira|bacharel Em Enfermagem|enfermeira|fundação Tecnico Educacional Souza Marques ; Carlos Eduardo Pessanha Boller||enfermeiro|mestre Em Avaliação de Tecnologias Em Saúde|tecnologista Em Saúde Pública|iff/fiocruz ; Simone Carvalho Neves||enfermeira|mestre Em Ciências|professora Adjunta I|fundação Tecnico Educacional Souza Marques ; Paulo Alexandre de Souza São Bento||enfermeiro|doutor Em Ciências|tecnologista Em Saúde Pública|iff/fiocruz |
Resumo: **Introdução:** o Brasil possui elevadas taxas de cesarianas e vive-se, ainda que com muitas resistências, uma transição paradigmática relacionada aos modos de se nascer. Neste sentido, é fundamental conhecer como está a formação acadêmica dos profissionais que exercerão o ofício nesta área. **Objetivos: **discutir as narrativas de graduandos de enfermagem e medicina sobre o parto vaginal e a cirurgia cesariana; discernir nas narrativas o que é opinião (doxa) e o que é conhecimento (episteme), acerca dos modos de se nascer; e analisar os conhecimentos e opiniões dos graduandos à luz de referências sobre o parto e nascimento na ciência baseada em evidências. **Método:** foi utilizado_ Narrativas de vida_. Foram entrevistados 32 estudantes ao todo, sendo 16 de cada carreira a partir de uma única pergunta. Critério de inclusão dos participantes: estudantes de enfermagem que já haviam cursado a disciplina de _Saúde Integral da Mulher_ e estudantes de medicina que haviam cursado a disciplina de _Obstetrícia_. O material analítico é composto por 50 páginas de narrativas. Certificado de Apresentação para Apreciação Ética n. 91184318.0.0000.5239. **Resultados: **fragilidades diversas foram encontradas em ambas as carreiras, há um difícil trânsito entre as narrativas que evocavam opiniões para um posicionamento crítico embasado no saber científico. A narrativa simples sem citar fontes confiáveis foi tomada como baliza importante para delimitar a linha sútil entre a opinião e o conhecimento. Os estudantes de enfermagem e medicina defendem o parto como a _melhor_ via para se nascer. Contudo, acadêmicos de medicina ainda revelam o conflito com a dicotomia teoria/prática, adicionando adversativas para defender a cesariana, para além do que as evidências recomendam. **Conclusão: **deslocar-se da fala opinativa para a fala científica não é um exercício simples, tampouco, estimulada. Os estudantes narram seus _saberes _obstétricos, mas não os elevam para o plano do conhecimento científico.
Referências: 1. Amorim MMR, Souza ASR, Porto AMF. Indicações de cesariana baseadas em evidências: parte I. Femina. 2010;38(8).
2. Bertaux D. Narrativas de vida: a pesquisa e seus métodos. Natal: Edufrn. 2010.
3. BRASIL. Resolução n.º 466 de 12 de dezembro de 2012. In: Segurança CNd, editor. Brasília - DF2012.
4. Chaves RL. O nascimento como experiência radical de mudança. Cadernos de Saúde Pública. 2014;30:S14-S6.
5. Davis‐Floyd R. The technocratic, humanistic, and holistic paradigms of childbirth. International Journal of Gynecology & Obstetrics. 2001;75(S1).
6. Dias MAB, Deslandes SF. Cesarianas: percepção de risco e sua indicação pelo obstetra em uma maternidade pública no Município do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública. 2004;20:109-16.
7. Diniz CSG, Duarte AC. Parto Normal Ou Cesárea?: UNESP; 2004.
8. Domingues RMSM, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, Torres JA, d´Orsi E, Pereira APE, et al. Processo de decisão pelo tipo de parto no Brasil: da preferência inicial das mulheres à via de parto final. Cadernos de Saúde Pública. 2014;30:S101-S16.
9. Hall MH, Bewley S. Maternal mortality and mode of delivery. The Lancet. 1999;354(9180):776.
10. Leal MdC, Pereira APE, Domingues RMSM, Filha MMT, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, et al. Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres brasileiras de risco habitual. Cadernos de Saúde Pública. 2014;30:S17-S32.
11. Montenegro CAB, Filho JdR, Rezende Jd. Rezende, obstetrícia fundamental: Guanabara Koogan; 2017.
12. Nakano AR, Bonan C, Teixeira LA. O trabalho de parto do obstetra: estilo de pensamento e normalização do “parto cesáreo” entre obstetras. Physis: Revista de Saúde Coletiva. 2017;27:415-32.
13. Souza ASR, Amorim MMR, Porto AMF. Indicações de cesariana baseadas em evidências: parte II:[revisão]. Femina. 2010;38(9). |