3991973 | (CRE)SCENDO NA AUSÊNCIA DA MÃE: VIVÊNCIAS DE CRIANÇAS DURANTE O CÁRCERE MATERNO | Autores: Luciana de Lione Melo|lulione@unicamp.br|enfermeiro Associado Aben|doutor|professor Doutor|unicamp ; Circéa Amália Ribeiro|caribeiro@unifesp.br|enfermeiro Associado Aben|doutor|professor Associado|unifesp |
Resumo: Introdução: As mulheres brasileiras no cárcere são jovens mães, respondem pelo
sustento familiar, possuem baixa escolaridade, são procedentes de extratos
sociais desfavorecidos economicamente, exercem atividades de trabalho informal
em período anterior ao cárcere e possuem vinculação penal por envolvimento com
o tráfico de drogas. Após o encarceramento, os filhos ficam sob a tutela dos
avós, principalmente os maternos, porém no Brasil, não há dados específicos de
como vivem seus filhos. Objetivo: compreender as vivências de crianças durante
o cárcere materno. Método: Trata-se de um estudo fenomenológico à luz do
referencial teórico de Winnicott, realizado em um centro assistencial
filantrópico da capital paulista, com oito crianças de três a 10 anos que
participaram de entrevista mediada por sessão de brinquedo terapêutico
dramático. Resultados: Emergiram duas categorias temáticas - A criança sendo
sem a mãe: uma tempestade com raios e trovões e A criança crescendo sem a mãe:
garoa, chuva forte e alguns raios de sol. Considerações Finais: As crianças
revelaram que, mesmo na ausência da mãe, é possível continuar sendo e
crescendo. O brinquedo terapêutico permitiu que as crianças dessem voz as suas
vivências, cercada de preocupações e limitações, além de desvelar um contexto
social desconhecido. Contribuições par a enfermagem: Considerando que o
brinquedo terapêutico tem marco regulador no exercício profissional do
enfermeiro, é necessário, de fato, inseri-lo como tema teórico e prático nos
cursos de graduação em enfermagem para oferecer cuidado integral às crianças.
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