2157349 | O DELÍRIO E O REAL: O CUIDADO DE ENFERMAGEM ENTRE A DOR E A CULPA PSICÓTICA | Autores: Aline Porto Reis|alinenila@gmail.com|enfermeira, Mestranda, Ipub/ufrj|especialista Em Saúde Mental|enfermeira|ufrj ; Geovane Nascimento|geovane578@gmail.com|acadêmico de Enfermagem, Graduando, Ipub/ufrj, Técnico de Enfermagem.|acadêmico de Enfermagem|técnico de Enfermagem|ufrj ; Luciana Silvério Alleluia Higino da Silva|luciana.alleluia@gmail.com|enfermeira, Mestranda, Ipub/ufrj, Enfermeira.|mestranda Em Saúde Mental|enfermeira|ufrj ; Rodrigo Oliveira de Carvalho da Silva|rodrigo_rocs@hotmail.com|enfermeiro, Mestrando, Ipub/ufrj, Enfermeiro.|mestrando Em Saúde Mental|enfermeiro|ufrj |
Resumo: **O DELÍRIO E O REAL: O CUIDADO DE ENFERMAGEM ENTRE A DOR E A CULPA PSICÓTICA**
¹ Aline Porto Reis
² _Geovane do Nascimento_
³ Luciana Silvério Alleluia Higino da Silva
4Rodrigo Oliveira de Carvalho da Silva
**_Introdução_**_:_Este estudo relata a vivência da equipe de enfermagem que trabalha em uma enfermaria masculina de um hospital psiquiátrico universitário durante uma internação com histórico de heteroagressividade dirigida a alguns profissionais. **_Objetivo_**: Refletir sobre o cuidado de enfermagem psiquiátrica sob a perspectiva da heteroagressão das pessoas em crise psicótica no contexto institucional e de trabalho. **_Metodologia:_**Este estudo foi realizado em um hospital psiquiátrico na última internação psiquiátrica desta pessoa que tem diagnóstico de Esquizofrenia Paranoide (F.20.0) no período de outubro de 2018 a janeiro de 2019.**_Resultados e discussões:_**Nossa reflexão partiu do pressuposto que uma pessoa, cuja a psicose lhe é estruturante, as frequentes construções delirantes e alucinatórias evocam uma percepção diferente e única. Dessa maneira esse homem de 30 e poucos anos tem levado sua vida e construído condições que o mantenha vivo. Em dois momentos diferentes ele externou sua agudez ao tentar agredir duas pessoas da equipe de enfermagem. Tal atitude foi compreendida por alguns profissionais como inaceitável, porque ninguém o faz mal. A partir das tecnologias leves e da relação interpessoal fomos mediando e construindo possibilidades que tirassem esse homem da condição de culpa que ele dizia sentir muitas vezes. Nenhum de nós está livre deste furor delirante, mas devemos cuidar para que um delírio, não inviabilize a prática do cuidar em psiquiatria. Ao considerar que o cuidado não se resume à internação psiquiátrica, nós profissionais de enfermagem, planejamos a construção de um olhar singular sobre a psicose estabelecendo ações para o cuidar além das medicações e contenções. Os atendimentos aos familiares, a parceria com o CAPS de referência e visitas domiciliares compuseram nossa linha de cuidado no pós-alta. De certo nem todos tiveram essa compreensão, mas é importante reavaliar nosso processo de trabalho assim como superar o cuidado apenas pela via das medicações e não das relações. A possibilidade de manutenção de uma relação interpessoal produtiva conduzida pela escuta sensível, pelos laços de confiança e assegurados pela construção de vínculos exige, de nós profissionais de psiquiatria e saúde mental, um desprendimento dos modelos tradicionais e moralmente julgadores. **_Considerações Finais:_**Sabemos que o cuidado precisa ser singular e que esse modelo de cuidado ainda é incipiente nos hospitais psiquiátricos. Desta forma acreditamos que as ações de educação permanente em saúde podem garantir a possibilidade em oferecer as ferramentas mais leves que mostram bons resultados nessa clínica. É necessário que os profissionais revejam suas práticas e encontrem no trabalho a parceria multiprofissional no lidar com as pessoas que estão internadas, na condição semelhante a que descrevemos neste estudo. Consideramos relevantes deixar algumas questões: como cuidar de uma pessoa psicótica atravessada por delírios persistentes sem emitir juízos morais? Como diminuir a culpa e a dor da pessoa que em um momento agudo lançou mão da agressão como recurso? Quais são as possibilidades que esse caso nos remete a pensar, levando em consideração o sujeito, sua condição psicopatológica, sua vida e relação que ele constrói com os outros e com o mundo?
Saúde Mental, Educação Permanente em Saúde, Enfermagem psiquiátrica.
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¹ Enfermeira, Mestranda, IPUB/UFRJ, Enfermeira. E-mail:
Luciana.alleluia@gmail.com
² Enfermeiro, Mestrando, IPUB/UFRJ, Enfermeiro.
³ Enfermeira, Mestranda, IPUB/UFRJ, Enfermeira.
4Acadêmico de Enfermagem, Graduando, IPUB/UFRJ, Técnico de Enfermagem.
Referências: 1. George JB. editor. Teorias de enfermagem: os fundamentos para a prática profissional. 4ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 2000.
2. Merhy EE, Chakkour M, Stéfano E, Stéfano ME, Santos CM, Rodrigues RA. Em busca de ferramentas analisadoras das tecnologias em saúde: a informação e o dia a dia de um serviço, interrogando e gerindo trabalho em saúde. In: Merhy EE, Onocko R, organizadores. Agir em saúde: um desafio para o público. São Paulo: Hucitec; 2006. p. 113-150. |