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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9993328

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9993328

A SAÚDE DAS MULHERES: DESAFIOS PARA A INTEGRALIDADE COM EQUIDADE NA PRÁXIS DO ENFERMEIRO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores:
Amanda Priscila de Souza Pereira ; Jéssica Bussioli Ribeiro ; Simone Aparecida Daniel Raulino ; Neura Mello Berka ; Keila Maura de Souza

Resumo:
**INTRODUÇÃO: **Recebemos na Atenção Primária à Saúde (APS), mulheres nas mais diversas situações de pobreza, sofrimento, violência, maus tratos, injustiça, etc. Historicamente, em virtude de suas propriedades biológicas de menstruação, gravidez, procriação e amamentação, a mulher foi discriminada, desprestigiada e subjugada ao mundo doméstico, experiência que só mudou com as grandes guerras no século XX.1 É a maioria da população brasileira, ocupando mais da metade das internações hospitalares (proporção que se eleva na idade reprodutiva), principal consumidora de medicamentos, cuidadora (muitas vezes sem a menor orientação), o maior contingente dos servidores de saúde em quase todas as categorias de profissionais de saúde (portanto, um papel estratégico dentro do SUS)2,3, traz as crianças, os idosos, os enfermos da família e da comunidade, os parceiros e parceiras para atendimento em saúde. Sua situação de saúde envolve diversos aspectos da vida (relação com o meio ambiente, lazer, alimentação, condições de trabalho, moradia e renda), podendo ser agravada pelo simples fato de serem mulheres, quer pela discriminação nas relações de trabalho, sobrecarga com as responsabilidades domésticas, variáveis como raça, etnia e situação de pobreza realçando ainda mais suas desigualdades. Vivem mais do que os homens, porém, adoecem mais frequentemente, sendo que a sua vulnerabilidade frente a certas doenças e causas de morte está mais relacionada com a situação de discriminação na sociedade do que com fatores biológicos.2 Em relação às Políticas Públicas de Atenção à Saúde da Mulher, o marcador foi o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), criado em 1983 pelo Ministério da Saúde a partir da demanda dos movimentos sociais femininos e dos movimentos sanitaristas: promovendo ações para todos os ciclos de vida da mulher, reprodução, doenças crônicas ou agudas, ampliando o atendimento para casos de câncer, obesidade, drogas e também violência doméstica e sexual.4 Em 2003, deixa de ser um Programa e passa a ser uma Política de Estado: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher - Princípios e Diretrizes. A partir desse marco foi sendo criado: em 2004, o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal; em 2005, a Política Nacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos; em 2006, a Política de Atenção Integral à Reprodução Humana Assistida; 2007, a Política Nacional de Planejamento Familiar e o Plano Integrado de Enfrentamento da Feminização da Epidemia de AIDS e, em 2008, a Política Nacional pelo Parto Natural e contra as cesáreas desnecessárias em parceria com a Agência Nacional de Saúde (ANS)2, porém, a PAISM não durou mais do que 10 anos e não chegou a ser implementada em todo o país, sendo assim, a abordagem predominante, na assistência à saúde da mulher, continuou e continua sendo a materno-infantil (com inclusão do planejamento familiar) e a partir de 2010 com o evento da Rede Cegonha, ficou ainda pior, pois, o foco volta a ser a redução da morte materna no Brasil, desmontando a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher.4  Em relação à práxis do enfermeiro, a mesma é norteada pela Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), determinada pela resolução COFEN 358/2009, ferramenta legal que legitima e transforma o cuidado empírico em ciência do cuidado.5 **OBJETIVO**: Identificar nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde, as temáticas relacionadas à saúde da mulher, envolvendo a violência doméstica, violência institucional, a autoridade médica, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero; relacionadas a ações e estratégia aplicadas pelos enfermeiros de APS, capazes de promover equidade, empoderamento feminino frente às Políticas Públicas, às carências humanas, as desigualdades de gênero, promovendo melhoria do acesso e da assistência de enfermagem, em todo o ciclo vital da mulher. **DESCRIÇÃO METODOLÓGICA:** Realizamos um levantamento bibliográfico na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), selecionando as bases de dados: LILACS– Literatura Latinoamericana e do Caribe e MEDLINE, no período de cobertura de 2013 até 2017, balizado pelo processo estruturado denominado: Design de busca, nos idiomas português e inglês. **RESULTADOS: **Essa pesquisa retornou 129 documentos, que depois de aplicados os critérios de exclusão (artigos duplicados, publicados anteriormente há 2013, artigos sem texto completo ou divergentes com a temática), resultaram em 11 documentos, aos quais foi realizada a análise dos títulos, leitura dos resumos e leitura na íntegra, assim, os documentos considerados relevantes foram separados para compor o corpus de análise dessa pesquisa. Constatou-se que em relação à assistência à saúde da mulher levando em conta a abordagem de gênero, pouco se tem investido em artigos no campo da enfermagem, quanto ao ano de publicação, em 2014 foram publicados o maior número de artigos envolvendo as temáticas:** violência doméstica, violência** **institucional e autoridade médica;** o periódico que possui o maior número de artigos publicados sobre os temas foi o _Journal_ _Clinical Nursing_. **CONCLUSÃO:** Tornam-se evidentes que as principais causas de adoecimento e morte das mulheres brasileiras estão relacionadas à pobreza, o preconceito, a discriminação, a medicalização do corpo e a precariedade da assistência que é intensificada e agravada por políticas públicas desfocadas (ainda ligadas ao ciclo gravídico-puerperal e climatério). Dentre as ações e estratégias descritas pelos enfermeiros na APS, nos diversos trabalhos avaliados, destacamos como prioritárias no atendimento à saúde da mulher: reorganização de oferta de serviços, vencer as barreiras que dificultam a adesão, planejamento e adequação das informações de prevenção, agenda flexível, detecção de situações de violência, prevenção de agravos decorrentes da violência vivida e de futuras ocorrências, desnaturalização da violência, atendimento às mulheres em situação de rua, as mulheres das águas, dos campos, as mulheres transexuais, etc. **IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM:** A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é de uma abrangência infinita, porém enfrentamos o desafio diário da sua implementação, ainda com dificuldade de transportá-la para a realidade vivenciada na APS. Assim, a integração entre ensino-serviço-comunidade possibilitará uma aproximação com a realidade humana, instrumento maior do nosso trabalho. É nessa temática que acreditamos poder contribuir com nosso trabalho, trazendo ao enfermeiro um olhar crítico em relação ao contexto histórico que envolve as mulheres; despertar o interesse para as Políticas Públicas de Saúde que as atendem, o seu real alcance e interesse de tais políticas, trazendo esses debates e enfrentamentos para dentro da SAE.


Referências:
1. Everett-Thomas Ruth. et al. An assessment of CPR skills using simulation: Are first responders prepared to save lives? Nurse education in practice 19 2016: 58-62. 2. Marques MD, Bomfim EDO, Lopes Júnior LC. Gomes CPML, Pavelqueires S. O ensino de primeiros socorros sob a ótica de um currículo de orientação problematizadora. Revista de Pesquisa: Cuidado e Fundamental, 2014, 6:4. 3. Oliveira LB. et al. "Effectiveness of teaching strategies on the development of critical thinking in undergraduate nursing students: a meta-analysis." Revista da Escola de Enfermagem da USP 50.2 (2016): 355-364. 4. Carvalho, DPSRP, Azevedo IC, Cruz GKP, Mafra GAC, Rego ALC, Vitor AF, et al. Strategies Used for the Promotion of Critical Thinking in Nursing Undergraduate Education: A Systematic Review, Nurse Education Today, 2017. 5. Carbogim FC, Oliveira LB, Araújo Püschel VA. Pensamento crítico: análise do conceito sob a ótica evolucionista de Rodgers. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2016; 24, e2785.