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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9971772

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9971772

IMPLANTAÇÃO DA CONSULTA DE ENFERMAGEM NO AMBULATÓRIO DE CIRURGIA PEDIÁTRICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Leyd Laiane Santos Cabral ; Rosane Maria dos Santos ; Silviane Hoepers Naka

Resumo:
**Introdução: **A enfermagem tem um papel importante durante a hospitalização da criança e do adolescente, para promover ou proporcionar segurança e conforto, elementos necessários diante dos riscos que ela poderá sofrer em virtude de sua vulnerabilidade física e psicológica, ocasionada pela enfermidade (1). A avaliação facilita a identificação dos problemas e a prevenção de futuras complicações, devendo ser centrada não apenas na criança, mas também na sua família, tendo em vista a importância que esta representa no processo de cuidado, considerando o contexto físico, sociocultural, econômico e espiritual. A enfermagem apoia as famílias em seus papéis naturais de cuidadores e tomadores de decisões, baseando-se em suas forças singulares e reconhecendo sua experiência em cuidar dos filhos tanto dentro quanto fora do contexto hospitalar (2). Dessa forma, a Sistematização da Assistência de Enfermagem que contempla essa avaliação holística é fundamental para o sucesso do cuidado de enfermagem à criança hospitalizada que necessita de intervenções e/ou procedimentos cirúrgicos (2). A resolução COFEN 358/2009 considera que a Sistematização da Assistência de Enfermagem organiza o trabalho profissional do enfermeiro (a) quanto ao método, pessoal e instrumentos tornando possível a operacionalização do Processo de Enfermagem (PE). O PE é conceituado como um instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de enfermagem e sistematiza a assistência, (re) definindo seu espaço de atuação aumentando a visibilidade e o reconhecimento profissional (3). O PE desenvolve-se em um processo de cinco fases sequenciais e inter-relacionadas (histórico, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação), coerentes com a evolução da profissão (4). A consulta de enfermagem é primordial para a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem, em ambulatório, promovendo melhor assistência aos clientes, redução de suspensão de cirurgias e de complicações trans e pós-operatórias. Contribui, também, para a redução das ansiedades vivenciadas pelo paciente pediátrico e sua família. A assistência de enfermagem à uma criança que se submete a uma cirurgia implica muito mais do que a realização de procedimentos e técnicas. É importante assegurar à criança e sua família, o direito de ser bem orientada quanto aos procedimentos, proporcionando um cuidado individualizado, uma recuperação mais rápida e consequentemente uma permanência mais curta na unidade hospitalar (2,5). **Objetivo:** descrever a experiência da enfermeira na consulta de enfermagem realizada ao paciente pediátrico e sua família no ambulatório de cirurgia pediátrica. **Metodologia: **Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência. O cenário foi o Ambulatório de Cirurgia Pediátrica de um Hospital Universitário do Paraná pertencente ao Serviço de Cirurgia Pediátrica. Este abrange diversas cirurgias e procedimentos cirúrgicos, realizando em média 40 cirurgias eletivas semanalmente, dentre as quais consideradas de pequeno, médio e grande porte. Atualmente no hospital em estudo, a participação do enfermeiro nos ambulatórios concentra-se na assistência direta, porém não de modo sistemático. O atendimento de enfermagem realizado às crianças e suas famílias era realizado pela enfermeira responsável pelo serviço de cirurgia pediátrica, a qual intercalava as atividades no ambulatório em horários pré-definidos com a assistência da unidade de cirurgia pediátrica. Um dos fatores impeditivos para a melhoria do atendimento e qualidade dos registros foi o déficit no quadro de profissionais enfermeiros (as) do serviço de cirurgia pediátrica. Com a readequação do dimensionamento de profissionais de enfermagem, houve a possibilidade de ter uma enfermeira exclusiva para atendimento no ambulatório. Dentre as atividades na atuação da profissional no ambulatório destaca-se a participação nas consultas de preparação pré-operatória: promoção do acolhimento da criança/adolescente e família; realização de entrevista inicial, com ênfase nos aspetos emocionais; realização de procedimentos no ambulatório e orientações para a família em domicílio. Inerente a todos estes processos do cuidar está a comunicação com a criança e família, competência fundamental no cuidar de enfermagem e parte integrante da humanização nos serviços de saúde, constituindo um fator determinante na relação de ajuda e enquanto instrumento terapêutico, tanto na dimensão cognitiva como na afetivo/emocional. Nessa atuação direta, emergiu a necessidade da elaboração de um instrumento que auxiliasse na entrevista com a criança e sua família, no intuito de melhorar a qualidade da comunicação entre profissionais e famílias, assim como sistematizar o processo de trabalho do enfermeiro no âmbito ambulatorial. O uso de roteiro teve como objetivo nortear e organizar os dados coletados, ampliando o olhar do processo saúde-doença, facilitando a atuação da enfermeira na abordagem e plano assistencial. A elaboração do instrumento teve a iniciativa das enfermeiras do serviço de cirurgia pediátrica em conjunto com enfermeiras da Comissão de Sistematização da Assistência de Enfermagem, a qual tem como objetivo a implantação do processo de enfermagem nas unidades de internação e ambulatórios da instituição. O processo de elaboração do instrumento iniciou-se por meio da formulação dos tópicos e itens embasados na Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta, contemplando dados gerais de identificação da criança e seus responsáveis, informações de saúde da criança pregressa e atual, assim como espaços específicos para registro do contato com a família e orientações fornecidas sobre os procedimentos cirúrgicos. Foram consideradas as especificidades da criança e do adolescente assim como os contextos da família, ampliando as possibilidades de disponibilizar um instrumento que se adequa tanto às especificidades do ambulatório, como ao processo de cuidado em saúde, reduzindo as possibilidades de insucesso na implantação do processo de enfermagem. **Resultados:** a experiência da implantação da consulta de enfermagem no ambulatório de cirurgia pediátrica permitiu a visualização da atuação da enfermeira por meio da interação entre as crianças e/ou adolescentes e suas famílias, do acolhimento social e acompanhamento das cirurgias pré-agendadas e/ou suspensas. Nessa vivência percebeu-se que a consulta de enfermagem tem papel determinante, tornando-se uma prática essencial no gerenciamento das filas cirúrgicas, minimizando ou mesmo evitando a suspensão de procedimentos cirúrgicos ambulatoriais. Deste modo, pode-se concluir que a utilização da sistematização da assistência de enfermagem, tarefa privativa do enfermeiro, proporcionou vínculo com a criança e sua família, garantindo oportunidades de oferecer uma melhor assistência e, consequentemente, a efetividade das orientações. **Conclusão:** a implantação da consulta de enfermagem no ambulatório de cirurgia pediátrica possibilitou avanços na organização, planejamento do processo de cuidado e na qualificação dos registros de enfermagem. Esta prática garante a organização e realização de uma assistência com excelência, possibilitando autonomia e valorização profissional ao utilizar um processo de enfermagem como metodologia assistencial para o planejamento e implementação dos cuidados de enfermagem, visando melhorar a assistência de enfermagem a esse paciente que poderá ser submetido a um procedimento cirúrgico. **Contribuições para a enfermagem:**  Enfatiza-se que o processo proativo assumido pela profissional enfermeira do serviço de cirurgia pediátrica e das enfermeiras da Comissão de Sistematização da Assistência de Enfermagem permitiu trocas de experiências, reflexões e contribuições importantes para a implantação do mesmo no cotidiano das práticas assistenciais. O sucesso da experiência com a implantação da consulta de enfermagem poderá ser expandido para os demais ambulatórios da instituição.


Referências:
Soares MI, Resck ZMR, Terra FDS, CameloSHH. Sistematização da assistência de enfermagem: facilidades e desafios do enfermeiro na gerência da assistência. Esc. Anna Nery [Internet]. 2015 Mar [citado 14 fev 2018] ; 19( 1 ): 47-53. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452015000100047&lng=en Brasil. Lei nº. 7498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências. Diário Oficial da União 26 junho 1986. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução nº 358 do Conselho Federal de Enfermagem, de 15 de outubro de 2009 (BR). 2012. [citado 22 jan 2017]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html Luiz FF, Mello SMM, Neves ET, Ribeiro AC, Tronco CS. A sistematização da assistência de enfermagem na perspectiva da equipe de um hospital de ensino. Rev Eletr Enf 2010 out/dez;12(4):655-9.