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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9964637

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9964637

INFLUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA NO PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM EM AMBIENTE HOSPITALAR

Autores:
Daiana Brancalione ; Manoela Marciane Calderan ; Suellen Taina Ribeiro ; Daiane Dal Pai ; Leticia de Lima Trindade

Resumo:
**Introdução**: Atualmente, o desdobramento do risco psicossocial com maior evidência epidemiológica é a violência.1 A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera violência no trabalho como o uso da força ou do poder, real ou ameaças, contra si próprio, outras pessoas ou grupos, ocasionando lesão, morte, danos psicológicos ou privação2, essa violência pode ser expressada de diversas formas, tais como: física, psicológica, verbal, sexual, social e moral.1 Além disso, a OMS2 afirma que a violência no trabalho atinge milhões de trabalhadores em todo o mundo, tornando-se cada vez mais uma questão de direitos humanos e atingindo de forma significativa a eficiência e qualidade da assistência prestada pelas organizações. Os trabalhadores de enfermagem, diariamente ficam expostos a situações de violência3, o que repercute de forma complexa na saúde do trabalhador e na assistência por ele prestada. A violência no processo de trabalho da enfermagem pode ser feita pelo usuário do serviço de saúde, por outros servidores, pela equipe em que mantém maior proximidade, como também pela chefia. A violência é de maior frequência a esses trabalhadores por estarem mais próximos às atividades de cuidados diários, mantendo contato direto com o paciente, portanto a insatisfação do usuário para com o serviço é colocada principalmente sobre o profissional de enfermagem.1 A violência no ambiente do trabalho é toda ação que incide ou comportamento de uma pessoa contra outra que leve à agressão, ofensa, prejuízo ou humilhação em seu trabalho ou como consequência do mesmo2. Neste propósito o trabalhador da saúde é considerado como um dos que estão sob alto risco em todos os espaços de trabalho. **Objetivos**: Analisar as implicações da violência no processo de trabalho da Enfermagem no ambiente hospitalar e para a saúde destes trabalhadores. Ainda, identificar as características sociodemográficas e laborais dos trabalhadores de enfermagem e diferentes tipos de violência sofrida. **Descrição metodológica: **Estudo com abordagem quanti-qualitativa. O local da pesquisa foi um hospital público no Sul do Brasil. Os participantes foram 198 trabalhadores de enfermagem, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, selecionados por sorteio aleatório. Na coleta de dados foi utilizado um instrumento para levantamento da violência, _Survey Questionaire Workplace Violence in the Health Sector_ e uma entrevista com 15 profisionais que participantes da primeira etapa e que sinalizaram ter vivido um ou mais episódios de violência nos últimos 12 meses. A coleta ocorreu de outubro de 2014 a novembro de 2017. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica. As variáveis categóricas foram descritas por frequências absolutas e relativas. Para comparar médias. O teste t_-student_ para amostras independentes foi aplicado. Em caso de assimetria, o teste de Mann-Whitney foi utilizado. Para avaliar a associação entre as variáveis categóricas, os testes qui-quadrado de Person ou exato de Fisher foram utilizados. Para controle de fatores confundídores, a análise de Regressão de Poisson foi aplicada. O nível de significância adotado foi de 5% (p=0,05) e as análises foram realizadas no programa  SPSS versão 21.0.  O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da HCPA (parecer n° 933.725) e o estudo contemplado com financiamento da Fundação de Amparo a Pesquisa de Santa Catarina (FAPESC), integrando também uma macropesquisa desenvolvida em outros hospitais do Sul do país. **Resultados**: Entre os participantes do estudo 25,8% da amostra da etapa quantitativa eram ![Caixa de Texto: 1 Profa Dra na Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC 2 Professora Adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRG 3 Acadêmica de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Email: daianaudesc20151@gmail.com 4 Acadêmica de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC 5 Acadêmica de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC ](file:///C:/Users/User/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image001.gif) enfermeiros, 71,2% técnicos de enfermagem e 3,0% auxiliares de enfermagem, sendo 84,2% do sexo feminino. Foram identificados como fatores associadas com a violência: contato físico frequente com os pacientes, número de filhos, preocupação com os episódios e posição de chefia. Profissionais que têm contato físico com os pacientes e estão em cargo de chefia apresentam uma probabilidade de sofrer violência no ambiente de trabalho, sendo o profissional médico o perpetrador mais frequente. Na etapa qualitativa aspectos singulares do fenômeno estão sendo desvelados, especialmente a relação com a segurança do paciente.  Em análise, a maioria dos profissionais relatou após ter sofrido alguma violência se sente desmotivado e por muitas vezes a demanda de trabalha compromete a segurança do paciente. Além disso, o colega de trabalho foi o perpetrador mais comum, sendo medidas de prevenção e punitivas não emergiram nas duas etapas de pesquisa, revelando a banalização do fenômeno na realidade pesquisada. O conjunto dos achados permitiu também identificar que os sentimentos gerados a partir dessas experiências com a violência, além de gerarem consequências para a vítima interferem diretamente em sua relação com o ambiente e a equipe de trabalho, podendo ser um fator tanto de fortalecimento para a equipe, que busca formas para o enfrentamento dessas situações, como também, pode influenciar para uma relação fragilizada, dificultando a comunicação e o desenvolvimento das atividades laborais. Assim, tem repercussão no processo de trabalho, na condição de física e psíquica da forma de trabalho, no modo de cuidar e, consequentemente interfaces na assistência prestada aos usuários. **Conclusão: **O estudo revelou a existência de violência no ambiente hospitalar e sua influência negativa sobre os trabalhadores. O fenômeno se destaca como problema de saúde pública que pouco tem sido identificado, mensurado e prevenido. A escassez de trabalhadores para exercer as atividades no setor de saúde é uma das causas que gera a violência, pois o estresse causado pelo excesso de trabalho interfere nas relações interpessoais, muitas vezes fragilizando o trabalho em equipe, o que acaba diminuindo a qualidade da assistência prestada ao paciente, podendo gerar situações de conflito também com familiares e acompanhantes. Para a redução do estresse gerado no ambiente de trabalho é indispensável à implementação de estratégias de combate da violência, incluindo as ferramentas que qualificam o processo de trabalho da enfermagem **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **a violência repercute no desgaste dos trabalhadores de enfermagem, ocasionando muitas vezes absenteísmo e afastamentos em decorrência ao surgimento de doenças somatizadas. O melhor planejamento do processo de trabalho e a garantia de recursos necessários para o bom funcionamento do serviço podem ser considerados fatores associados a proteção destes trabalhadores e promotores da Cultura de Segurança dos usuários. Nesse sentido, retoma-se que ferramentas como o Processo de Enfermagem, Protocolos, Resoluções devem fazer parte da rotina diária da equipe de enfermagem, garantindo aos mesmos a autonomia necessária para desenvolvimento do cuidado focado no melhor atendimento ao paciente garantindo uma assistência segura e humanizada.


Referências:
1. Prochaska JO, Velicer WF. The transtheoretical model of health behavior change. Am J Health Promot. 1997;12:38-48. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: obesidade / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 3. Cattai GB, Hintze LJ, Nardo Junior N. Validação interna do questionário de estagio de prontidão para mudança do comportamento alimentar e da atividade física. Rev. paul. pediatr. [Internet]. 2010 June [cited 2018 Mar 16]; 28(2):194-199. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-05822010000200011&lng=en.