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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9920537

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9920537

CARTILHA EDUCATIVA COMO INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM PARA ADULTOS COM HIPERTENSÃO E EXCESSO PONDERAL

Autores:
Raquel Sampaio Florêncio ; Jênifa Cavalcante dos Santos Santiago ; Thereza Maria Magalhães Moreira

Resumo:
**Introdução. **A hipertensão arterial é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo e envolve complicações cardiovasculares que impactam diretamente sobre os custos sociais e públicos. É uma doença silenciosa incluída no grupo de doenças crônicas não transmissíveis e que, associada a outras condições clínicas como a obesidade, pode levar a comorbidades e complicações por vezes fatais. Sabendo que a hipertensão tem complexo manejo, por envolver fatores genéticos, fisiopatológicos e o estilo de vida e que coloca o paciente na condição de alto risco cardiovascular, sobretudo quando somada à condição de excesso ponderal. É necessário que o enfermeiro foque continuamente em ações de prevenção de complicações e promoção da saúde dessa clientela. Entretanto, quando se trata de adoção de comportamentos saudáveis, sabe-se que a mudança não acontece instantaneamente, mas envolve estágios: pré-contemplação, contemplação, preparação, ação e manutenção, descritas a partir do modelo transteorético1. Portanto, o enfermeiro, ao realizar educação em saúde junto à população adulta hipertensa, tem o desafio de não somente informar em saúde, mas sensibilizar a clientela da necessidade de mudança, objetivando proporcionar avanço no estágio de mudança de comportamento. Neste ínterim, surgiu o interesse em desenvolver e implementar uma cartilha educativa sobre excesso ponderal no adulto com hipertensão como intervenção de enfermagem visando à promoção da saúde e prevenção de complicações a partir do avanço nos estágios de mudança de comportamento. **Objetivo.** Averiguar o efeito da aplicação de uma cartilha educativa sobre excesso ponderal no adulto com hipertensão como intervenção de enfermagem. **Método.** Trata-se de um quase experimento, em que foi utilizada como intervenção de enfermagem aplicações sucessivas de uma cartilha educativa sobre excesso ponderal no adulto hipertenso. A amostra, composta inicialmente por 36 pacientes, deu-se por conveniência, considerando aqueles devidamente cadastrados e acompanhados no serviço especializado lócus do estudo e que estavam aguardando atendimento nos dias de coleta, tinham o diagnóstico de hipertensão arterial há, pelo menos, um ano e excesso ponderal identificado por meio do cálculo do índice de massa corpórea (IMC _>_ 25 kg/m²) e com idade entre 20 e 59 anos. Foram excluídos aqueles com déficit cognitivo que inviabilizasse a compreensão do material, bem como os que possuíam condições clínicas que interferissem no excesso ponderal, tais como distúrbios endócrinos (síndrome de Cushing, hipotireoidismo, obesidade hipotalâmica) e gestação, conforme menciona o Caderno de Atenção Básica da Obesidade2. Os critérios de descontinuidade incluíram: adoecimento ou falecimento, não localização de endereço e número de telefone inexistente ou que não atende. Ao final de todas as etapas do estudo foi possível compor uma amostra de 33 participantes, considerando que dois participantes não atenderam as ligações e um desistiu de continuar. Inicialmente, a pesquisadora realizou a abordagem para identificar se o paciente tinha perfil para a pesquisa e explicar como ela seria realizada. Ao obter o aceite, o participante respondia ao questionário sociodemográfico e a Stage of Change Scale (SOC Scale), por meio de preenchimento de formulário conduzido pela pesquisadora (momento 0). Posteriormente a cartilha foi oferecida para leitura pelo participante, deixando-lhe à vontade quanto ao tempo disponibilizado. Depois de lida a cartilha, o participante novamente respondia a SOC Scale, aplicado em formulário (momento 1). O participante foi esclarecido de que receberia visita domiciliar previamente agendada para receber um exemplar da cartilha e novamente responder a SOC Scale, após um mês do primeiro encontro (momento 2) e, após, dois meses, receberia uma ligação para última aplicação do instrumento de avaliação do estágio de mudança de comportamento (momento 4).  A SOC Scale é um questionário validado no Brasil3 baseado nos estágios de mudança de comportamento. Utiliza a escala likert que varia de 1 a 5 e contém 38 questões divididas em quatro domínios, envolvendo hábitos alimentares e atividade física. Os dados coletados foram apresentados em tabelas e, para as variáveis contínuas utilizou-se média e desvio padrão; para as variáveis categóricas utilizou-se frequência simples e percentual. Os resultados pré e pós-teste foram comparados utilizando o teste t de Student e considerando p<0,05. O estudo respeitou os aspectos éticos e legais sendo aprovado em comitê de ética sob o CAAE Nº 38645414.4.0000.5534. **Resultados.** Verificou-se predominância de homens (72,2%), com idade entre 41 e 50 anos (38,9%) e média 49,3(_+_7,6), com ensino fundamental (27,8%), tempo de acompanhamento no ambulatório de 6 a 10 anos (58,3%) e média de 9,36(_+_4,9), não brancos (61,1%), casados (72,2%), com renda de 1 a 3 salários mínimos (80,6%) e média de 2.345 reais (_+_1971,5), morando com companheiro (a) e filhos (52,8%). Na investigação do excesso ponderal merece destaque a predominância de afirmações sobre excesso ponderal de irmãos (61,1%). Sobre o tratamento a maioria toma anti-hipertensivos (97,2%), tem dieta hipossódica (83,3%), hipocalórica (72,2%), não faz caminhada (58,3%), não reduz ou evita o consumo de álcool (72,2%) ou tabaco (63,9%), não tentou perder peso (63,9%) e não pratica atividade física (58,3%). Quanto à presença de complicações, a minoria afirmou ter (30,6%), sendo retinopatia, nefropatia e neuropatia. Destaca-se que 75% dos participantes tinham diabetes associado. Na verificação do IMC, este variou de 25,7 a 51 kg/m², com média de 31,7(_+_5,1). Quanto ao estágio de mudança de comportamento evidenciado nos quatro momentos do estudo, verificou-se predominância de indivíduos na ação no momento 0 (44,4%), momento 1 (58,3%), momento 2 (48,6%) e momento 3 (57,6%). Na comparação dos momentos utilizando teste estatístico verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre momento 0 – momento 1, momento 0 – momento 2, momento 0 e momento 3, evidenciando que a intervenção proporcionou pensamentos de mudança duradouros a partir da avaliação prévia, possibilitando, ainda, o avanço no estágio de prontidão para mudança de hábitos alimentares e atividade física.  **Conclusão**. Conclui-se que a cartilha educativa sobre excesso ponderal no adulto com hipertensão promove avanço nos estágios de prontidão para mudança de comportamento.  **Contribuições/implicações para a enfermagem**. A utilização de uma cartilha educativa como intervenção de enfermagem voltada à orientação em saúde de adultos com hipertensão e excesso ponderal é útil na promoção e prevenção da saúde dessa clientela.


Referências:
1. Reis GS, Reppetto MA, Santos LSC, Devezas AMLO. Sistematização da assistência de enfermagem: vantagens e dificuldades na implantação Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2016;61:128-32. Acesso em 01/03/18. 2. Brito CGA, Barcelos VM. Os Desafios do Enfermeiro para a Realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem na Atenção Básica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 2, Vol. 13. pp 129-143., janeiro de 2017. ISSN: 2448-0959. Acesso em 11/03/18. 3. Trindade LR, Ferreira AM, Silveira A, Rocha EN. Processo de Enfermagem: desafios e estratégias para sua implementação sob a ótica de enfermeiros. Santa Maria, v. 42, n.1, p. 75-82, jan./jun. 2016. Acesso em 11/03/18. 4. Garcia TR, Nóbrega MML. Sistematização da assistência de enfermagem: há acordo sobre o conceito? Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2009;11(2):233. Acesso em 11/03/18.