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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9870295

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9870295

A SIMULAÇÃO REALÍSTICA NA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Patrícia Toscani Bitencourt Greco ; Tânia Solange Bosi de Souza Magnago ; Juliana Dal Ongaro ; Emanuelli Mancio Ferreira da Luz ; Jaqueline Scalabrin da Silva

Resumo:
**Introdução: **O uso de simulações no âmbito de saúde, para aperfeiçoamento profissional, tem sido um potencializador método de ensino, os quais promovem e redirecionam o aprendizado nas instituições formadoras, especialmente na área da saúde. Apesar do avanço tecnológico e da atual repercussão, a realização da simulação realística (SR) se faz presente desde a década de 60, com a utilização de manequim para o treinamento de reanimação cardiopulmonar. A posteriori, novas tecnologias foram sendo utilizadas para a ampliação do ensino com práticas de cirurgias, procedimentos e administração de medicamentos1. Nessa perspectiva, estudos2,3 evidenciam que estratégias de ensino, como a SR, além de proporcionar ao estudante a autoconfiança e a segurança na realização dos procedimentos, também diminuem a ansiedade. A SR contribui para tornar o cenário real em um campo menos tenso, melhorando a segurança do paciente (SP). Neste intuito, instituições de ensino superior tem investido em inovações no método de ensino para o aperfeiçoamento de práticas, de forma a aproximar as atividades de laboratório o mais próximo do cenário real da assistência. Para isso, a partir do conhecimento prévio, utiliza-se da SR para a elaboração de casos. Estudo sobre a SR evidenciou que nos Estados Unidos e Canadá, a utilização de simulações se fazem presentes em diversas Instituições de Ensino Superior; no Brasil, no entanto, está em fase de expansão4. **Objetivos:** Relatar a experiência do uso da SR com estudantes do curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade Federal do Sul do Brasil. **Metodologia**: Trata-se de um relato de experiência, desenvolvido a partir de atividades teórico-práticas, com estudantes do terceiro semestre da disciplina “A Enfermagem e a Segurança do Paciente na Atenção à Saúde”, do Curso de Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rio Grande do Sul, Brasil. As aulas com utilização da SR foram realizadas durante o segundo semestre de 2017, no Laboratório de Habilidades do Curso supracitado. Com o intuito de proporcionar maior aproximação da realidade às cenas, os mestrandos, doutorandos e enfermeiros participaram como atores no papel de paciente ou familiar, de modo que estes podiam interagir com os estudantes durante a atividade programada. Os estudantes interpretavam o papel do profissional da saúde. No decorrer do semestre, a disciplina abrangeu os conteúdos teóricos desde o contexto histórico e mundial, a taxonomia e conteúdos relacionados aos protocolos de SP. Esta proposta de utilização da SR, como estratégia para abordar os assuntos relacionados à SP, foi utilizada pela primeira vez no curso de Graduação em Enfermagem da UFSM. Dos seis protocolos de SP existentes no hospital universitário, três foram trabalhados com SR: identificação correta do paciente, cirurgia segura e higienização das mãos para evitar infecções. Tangencialmente, também foram abordados temas como: comunicação efetiva entre os profissionais e uso seguro de dispositivos intravenosos, cateteres e sondas. Estes protocolos e temas foram enviados, à turma, com antecedência de uma semana para leitura, proporcionando um arcabouço teórico prévio do que seria trabalhado nas SR. A elaboração dos casos para a prática da SR se deu por meio de encontros, realizados com a professora responsável pela disciplina, resultando na confecção dos casos e planejamento dos cenários a serem utilizados. Elaborou-se dois casos, que foram colocados em prática em SR distintas. A testagem e ensaio dos casos foram realizados com antecedência pela professora, pós-graduandos e enfermeiros. Para o dia da SR, foram sorteados dois estudantes, que ficavam sabendo de seus respectivos papeis e funções na hora da SR. Os demais, recebiam um _checklist _com o passo a passo do que era necessário ser desempenhado pelos colegas atuantes. Para isso, eles foram orientados a observar e anotar o desempenho dos colegas na SR. Essas anotações enriqueceriam as discussões posteriores. Além do _checklist,_ também foi utilizado a filmagem como uma estratégia para enriquecer as discussões nas etapas posteriores (_debriefing_ e _feedback). _Etapas estas tem por finalidades a adequação dos erros, a reflexão com esclarecimentos relacionados às atividades realizadas nas simulações, bem como a possibilidade de reforço dos conteúdos pelo docente, melhorando a aprendizagem, aliando teoria e prática, de modo a oportunizar a reflexão dos estudantes5. A SR foi finalizada com a repetição da cena. **Resultados: **Para o primeiro caso, abordaram-se os protocolos de identificação correta do paciente e de higienização das mãos para evitar infecções (com as indicações e as técnicas da mesma). Foi criado um único cenário no qual possuíam duas pacientes, com nomes semelhantes, o que exigia do estudante atenção na identificação do paciente correto para a execução dos procedimentos. Nesse momento, também foi avaliado os cinco momentos da higienização de mãos, preconizados pelo Ministério da Saúde, bem como a técnica correta da mesma. Já no segundo caso, contemplou-se o protocolo de cirurgia segura juntamente com o uso seguro de dispositivos intravenosos, cateteres e sondas. Para este último, foram criados dois cenários de atuação: a unidade de internação (UI) e o centro cirúrgico (CC). No cenário da UI, o desempenho do estudante tinha ênfase no preenchimento do _checklist_ de cirurgia segura com os dados do pré-operatório e atentar ao uso seguro dos dispositivos, retirada dos adornos e próteses, alergias, jejum, etc. No ambiente do CC, ele tinha que atentar para identificação do paciente, do procedimento a ser realizado, da marcação de lateralidade, da conferência dos instrumentais e das compressas, entre outros. Nos dois casos, foi evidenciado a importância da comunicação, entre os profissionais da saúde, para que haja uma efetiva segurança no cuidado do paciente. Observa-se que a estratégia da SR oportunizou que o discente, após o conhecimento teórico prévio e baseado em evidências científicas, sobre os protocolo abordados, obtivesse maior engajamento e aquisição de um conhecimento mais robusto3. **Conclusão**: A elaboração dos casos proporcionou um pensamento reflexivo quanto a abordagem da utilização da SR como método de ensino-aprendizagem. Os estudantes demonstraram grande interesse pela estratégia metodológica utilizada, referindo uma maior compreensão dos conteúdos. Eles sugeriram o uso de SR em outras disciplinas, evidenciando sua consistência no processo de aprendizado dos mesmos. Isso se deve ao fato de que a SR proporciona a vivência em casos que trazem um cenário fidedigno e similar ao real e que após a atuação, proporcionam a elaboração da teorização com a prática. Essa metodologia contribuiu para elevar o pensamento crítico-reflexivo dos estudantes, quanto aos protocolos de SP. **Contribuições/implicações**: Destaca-se que a utilização da SR constitui-se como uma metodologia efetiva de ensino-aprendizagem, com caráter inovador. A utilização dessa estratégia constitui-se como um desafio para a formação profissional em Enfermagem, ao possibilitar uma melhora entre o conhecimento teórico e prático, bem como subsidiar uma prática segura.


Referências:
1 Lima V.V. Espiral construtivista: uma metodologia de ensino-aprendizagem. Interface (Botucatu). 2017; [citado em 12 fev 2018]; 21(61): 421-34. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832017000200421&lng=en. Epub Out 27, 2016. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622016.0316. 2 BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES n.º 3, de 7 nov. 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União, seção 1, p. 37, 9 nov. 2001. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf>. Acesso em: 12 fev 2018. 3 Bethony M.F.G., Souza V., Soares N.A., Franco E.C.D., Souza R.S., Oliveira V.A.C. Avaliação do currículo de Enfermagem: travessia em direção ao projeto pedagógico. REME – Rev Min Enferm. 2016; [citado em 12 fev 2018]; 20:e962. Disponível em: < http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/1097> DOI: 10.5935/1415-2762.20160032 4 Santiago E. S. Currículo da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – USP: inovações de Porfa Glete de Alcântara (1953-1963). Tese de Doutorado, Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem, 2015. 5 Kaiser, D. E., Serbim A.K. Diretrizes Curriculares Nacionais: percepções de acadêmicos sobre a sua formação em enfermagem. Rev. Gaúcha Enferm. 2009. [citado em 12 fev 2018]. 30(4): 633-40. Disponível em: