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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9868764

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9868764

VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS: ESTUDO LONGITUDINAL NO MUNICÍPIO DE UBERABA - MG

Autores:
Lorena Evaristo Elias ; Darlene Mara dos Santos Tavares ; Gianna Fiori Marchiori ; Mariana Mapelli de Paiva

Resumo:
Introdução: Durante o processo de envelhecimento, os idosos tem enfrentado vulnerabilidade a diferentes formas de violência, questão que tem sido contemplada na formulação de políticas públicas dirigidas a este grupo etário1. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o maltrato ao idoso é definido como: “ um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança”2, sendo adotada esta definição na presente pesquisa. Estudos realizados no Brasil3 e de âmbito internacional4 têm identificado prevalências elevadas de idosos submetidos à violência e diferentes fatores associados, dentre eles: o sexo feminino, idosos com menor escolaridade, aposentados, com maior dependência funcional3-4 e que apresentaram episódios anteriores de violência4. Apesar do conhecimento sobre a importância de pesquisas que realizam o acompanhamento de idoso vítimas de violência, no Brasil, de acordo com a literatura científica, ainda há escassez de estudos3, principalmente com delineamento longitudinal e sobre os fatores preditores. Objetivos: estimar a prevalência de violência física; psicológica; física e psicológica entre idosos no basal e após dois anos; descrever as características sociodemográficas dos idosos com violência física; psicológica; física e psicológica no basal e após dois anos e determinar os fatores preditivos de violência física e psicológica em idosos após dois anos. Descrição Metodológica: Estudo quantitativo e delineado como inquérito analítico, prospectivo e longitudinal, realizado com  idosos residentes no município de Uberaba. A pesquisa teve dois momentos (_baseline_ - após dois anos). Inicialmente utilizou-se para a definição da população da área urbana a amostragem por conglomerado em múltiplo estágio e 353 idosos completaram o seguimento. Foram incluídos os idosos com 60 anos ou mais de idade; que moravam na zona urbana; sem declínio cognitivo e que participaram dos dois momentos da pesquisa. Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: formulário para dados sociodemográficos e de morbidades desenvolvimento pelo Grupo de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e para avaliar a violência o _Conflict Tactics Scales5_. Quanto as variáveis: sexo (masculino e feminino), faixa etária, em anos (60|-70,70|-80, 80 anos e mais), estado conjugal (sem companheiro (a); com companheiro (a)), escolaridade, em anos de estudo (sem escolaridade; 1¦ 4; =5), renda individual, em salários mínimos (sem renda; até 1 SM; 1¦ 3; > 3); arranjo de moradia (sozinho (a); acompanhado (a)); número de morbidades e tipos de violência (física, psicológica, física e psicológica). Procedeu-se à análise descritiva, do cálculo da taxa de prevalência dos três tipos de violência e modelo de regressão linear múltipla (_p_<0,05). Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (parecer nº 573.833). Resultados: No basal, a maior prevalência foi para idosos que relataram episódio de violência física e psicológica (19,8%), seguido de violência psicológica (19,5%) e violência física (7,4%). Após dois anos, verificou-se diminuição entre os três tipos de violência, sendo: física (2,8%), psicológica (7,6%) e física e psicológica (7,6%). Idosos do sexo feminino, com 60+ 70 anos de idade e morando acompanhado apresentaram maior percentual entre os três tipos de violência no basal e após dois anos, no entanto após dois anos houve diminuição dos percentuais para essas características. Ainda em ambos os momentos, idosos com companheiro (a) obtiverem percentual mais elevado para a violência física, enquanto aqueles sem companheiro (a) para violência psicológica; e física e psicológica. Contudo, também foi identificado diminuição dos percentuais para os três tipos de violência após dois anos. Maior percentual foi identificado entre idosos sem escolaridade para violência física no basal e  =5 anos após dois anos. Mudanças nos percentuais também foram identificadas de maneira semelhante para violência psicológica; e física e psicológica em ambos os momentos, sendo: =5 anos no basal e 1¦ 4 após dois anos. Idosos que recebiam até 1 salário mínimo obtiveram maior percentual para violência física no basal e >3 após dois anos. Entretanto, em ambos os momentos, para violência psicológica; e física e psicológica a renda individual de até 1 salário mínimo permaneceu com maiores percentuais, com diminuição desses percentuais após dois anos. Verificou-se que a média do número de episódios de violência é maior para o grupo que mora acompanhado (a) quando comparada com o grupo que mora sozinho (p<0,01); e quanto maior o número de morbidades, maior é o número de episódios de violência relatados pelo idoso (p<0,001). Conclusão: Constatou-se diminuição da prevalência de violência ao longo do seguimento, entretanto a violência física e psicológica predominou entre os idosos. O arranjo de moradia e a presença de doenças apresentaram associação com o aumento de episódio de violência após dois anos. Contribuições/implicações para enfermagem: a identificação da prevalência e dos fatores preditores para o aumento do número de episódios de violência resulta em possibilidade de ações estratégicas direcionadas ao grupo de idosos que apresentam maior risco, monitoramento, controle e prevenção, além de proporcionar melhor qualidade de vida.


Referências:
1.Nascimento CD, Marques IR. Intervenções de enfermagem nas complicações mais frequentes durante a sessão de hemodiálise: revisão da literatura. Revista Brasileira de Enfermagem. 2005 nov-dez;58(6):719-22. 2.Costa JAC, Vieira OMN, Moysés MN. Insuficiência renal aguda. Medicina Ribeirão Preto. 2003 abr-dez;36:307-24. 3. Ribeiro RCHM, Oliveira GASA, Ribeiro DF, Bertolin DC, Cesarino CB, Lima LCEQ,et al. Caracterização e etiologia da insuficiência renal crônica em unidade de nefrologia do interior do Estado de São Paulo. Acta Paulista de Enfermagem.2008;21(1):207-11. 4. Felix NN, Rodrigues CDS, Oliveira VC. Desafios encontrados na realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em unidade de pronto atendimento. Arq. Ciênc. Saúde.2009 out-dez; 16(4):155-60. 5. Bastos MG, Bregman R, Kirsztajn GM. Doença renal crônica: frequente e grave, mas também prevenível e tratável. Rev. Asso. Med. Bras. Minas Gerais.2010;56(2):248-53.