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9868764 | VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS: ESTUDO LONGITUDINAL NO MUNICÍPIO DE UBERABA - MG | Autores: Lorena Evaristo Elias ; Darlene Mara dos Santos Tavares ; Gianna Fiori Marchiori ; Mariana Mapelli de Paiva |
Resumo: Introdução: Durante o processo de envelhecimento, os idosos tem enfrentado
vulnerabilidade a diferentes formas de violência, questão que tem sido
contemplada na formulação de políticas públicas dirigidas a este grupo
etário1. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o maltrato ao idoso é
definido como: “ um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause dano ou
aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de
confiança”2, sendo adotada esta definição na presente pesquisa. Estudos
realizados no Brasil3 e de âmbito internacional4 têm identificado prevalências
elevadas de idosos submetidos à violência e diferentes fatores associados,
dentre eles: o sexo feminino, idosos com menor escolaridade, aposentados, com
maior dependência funcional3-4 e que apresentaram episódios anteriores de
violência4. Apesar do conhecimento sobre a importância de pesquisas que
realizam o acompanhamento de idoso vítimas de violência, no Brasil, de acordo
com a literatura científica, ainda há escassez de estudos3, principalmente com
delineamento longitudinal e sobre os fatores preditores. Objetivos: estimar a
prevalência de violência física; psicológica; física e psicológica entre
idosos no basal e após dois anos; descrever as características
sociodemográficas dos idosos com violência física; psicológica; física e
psicológica no basal e após dois anos e determinar os fatores preditivos de
violência física e psicológica em idosos após dois anos. Descrição
Metodológica: Estudo quantitativo e delineado como inquérito analítico,
prospectivo e longitudinal, realizado com idosos residentes no município de
Uberaba. A pesquisa teve dois momentos (_baseline_ - após dois anos).
Inicialmente utilizou-se para a definição da população da área urbana a
amostragem por conglomerado em múltiplo estágio e 353 idosos completaram o
seguimento. Foram incluídos os idosos com 60 anos ou mais de idade; que
moravam na zona urbana; sem declínio cognitivo e que participaram dos dois
momentos da pesquisa. Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes
instrumentos: formulário para dados sociodemográficos e de morbidades
desenvolvimento pelo Grupo de Saúde Coletiva da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro e para avaliar a violência o _Conflict Tactics Scales5_.
Quanto as variáveis: sexo (masculino e feminino), faixa etária, em anos
(60|-70,70|-80, 80 anos e mais), estado conjugal (sem companheiro (a); com
companheiro (a)), escolaridade, em anos de estudo (sem escolaridade; 1¦ 4;
=5), renda individual, em salários mínimos (sem renda; até 1 SM; 1¦ 3; > 3);
arranjo de moradia (sozinho (a); acompanhado (a)); número de morbidades e
tipos de violência (física, psicológica, física e psicológica). Procedeu-se à
análise descritiva, do cálculo da taxa de prevalência dos três tipos de
violência e modelo de regressão linear múltipla (_p_<0,05). Projeto aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro (parecer nº 573.833). Resultados: No basal, a maior
prevalência foi para idosos que relataram episódio de violência física e
psicológica (19,8%), seguido de violência psicológica (19,5%) e violência
física (7,4%). Após dois anos, verificou-se diminuição entre os três tipos de
violência, sendo: física (2,8%), psicológica (7,6%) e física e psicológica
(7,6%). Idosos do sexo feminino, com 60+ 70 anos de idade e morando
acompanhado apresentaram maior percentual entre os três tipos de violência no
basal e após dois anos, no entanto após dois anos houve diminuição dos
percentuais para essas características. Ainda em ambos os momentos, idosos com
companheiro (a) obtiverem percentual mais elevado para a violência física,
enquanto aqueles sem companheiro (a) para violência psicológica; e física e
psicológica. Contudo, também foi identificado diminuição dos percentuais para
os três tipos de violência após dois anos. Maior percentual foi identificado
entre idosos sem escolaridade para violência física no basal e =5 anos após
dois anos. Mudanças nos percentuais também foram identificadas de maneira
semelhante para violência psicológica; e física e psicológica em ambos os
momentos, sendo: =5 anos no basal e 1¦ 4 após dois anos. Idosos que recebiam
até 1 salário mínimo obtiveram maior percentual para violência física no basal
e >3 após dois anos. Entretanto, em ambos os momentos, para violência
psicológica; e física e psicológica a renda individual de até 1 salário mínimo
permaneceu com maiores percentuais, com diminuição desses percentuais após
dois anos. Verificou-se que a média do número de episódios de violência é
maior para o grupo que mora acompanhado (a) quando comparada com o grupo que
mora sozinho (p<0,01); e quanto maior o número de morbidades, maior é o número
de episódios de violência relatados pelo idoso (p<0,001). Conclusão:
Constatou-se diminuição da prevalência de violência ao longo do seguimento,
entretanto a violência física e psicológica predominou entre os idosos. O
arranjo de moradia e a presença de doenças apresentaram associação com o
aumento de episódio de violência após dois anos. Contribuições/implicações
para enfermagem: a identificação da prevalência e dos fatores preditores para
o aumento do número de episódios de violência resulta em possibilidade de
ações estratégicas direcionadas ao grupo de idosos que apresentam maior risco,
monitoramento, controle e prevenção, além de proporcionar melhor qualidade de
vida.
Referências: 1.Nascimento CD, Marques IR. Intervenções de enfermagem nas complicações mais frequentes durante a sessão de hemodiálise: revisão da literatura. Revista Brasileira de Enfermagem. 2005 nov-dez;58(6):719-22.
2.Costa JAC, Vieira OMN, Moysés MN. Insuficiência renal aguda. Medicina Ribeirão Preto. 2003 abr-dez;36:307-24.
3. Ribeiro RCHM, Oliveira GASA, Ribeiro DF, Bertolin DC, Cesarino CB, Lima LCEQ,et al. Caracterização e etiologia da insuficiência renal crônica em unidade de nefrologia do interior do Estado de São Paulo. Acta Paulista de Enfermagem.2008;21(1):207-11.
4. Felix NN, Rodrigues CDS, Oliveira VC. Desafios encontrados na realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em unidade de pronto atendimento. Arq. Ciênc. Saúde.2009 out-dez; 16(4):155-60.
5. Bastos MG, Bregman R, Kirsztajn GM. Doença renal crônica: frequente e grave, mas também prevenível e tratável. Rev. Asso. Med. Bras. Minas Gerais.2010;56(2):248-53. |