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9702189 | CLASSIFICAÇÕES DIAGNÓSTICAS: RELAÇÃO ENTRE CIAP E CIPE NO USO DO PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO CIDADÃO (PEC) | Autores: Rodrigo Domingos de Souza ; Paula Matias Gotardi ; Rozenaide Aparecida Araújo de Souza ; Sandra de Souza Rodrigues ; Luana Maria Tassoni Ferro |
Resumo: A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito
individual e coletivo dentre as quais destacam-se as relacionadas ao controle
dos cânceres do colo de útero e mama. É importante que a atenção às mulheres
seja pautada na equipe multiprofissional e com prática interdisciplinar,
envolvendo intervenções na promoção da saúde, prevenção, tratamento,
reabilitação e cuidados paliativos(1). Para contribuir com esse modelo de
cuidado, enfermeiros têm estudado meios de descrever fenômenos pelos quais são
responsáveis, em especial nesse contexto, destacam-se os registros de
enfermagem como instrumento para evidenciar conceitos inerentes à sua prática.
Entre os elementos que caracterizam o processo de enfermagem (PE) é uma etapa
que direciona a tomada de decisão para o planejamento, intervenção e
avaliação qualificadas. No cotidiano dos enfermeiros, é possível localizar
termos para compor todos os elementos inerentes ao PE. A Classificação
Internacional para Prática de Enfermagem (CIPE**®**) surgiu como o marco
unificador, com a finalidade de atender à necessidade de desenvolver uma
terminologia capaz de descrever a prática de enfermagem mundialmente e dar
visibilidade à contribuição da Enfermagem nos sistemas de informação. Consiste
em um instrumento que vem sendo desenvolvido e configurado a partir de
classificações que já foram desenvolvidas ao longo do tempo, com objetivo de
estabelecer uma linguagem clara e comum para a prática de enfermagem de ordem
internacional(2). Por sua vez, a Classificação Internacional da Atenção
Primária (CIAP-2) representa-se com um código alfanumérico de uma letra e dois
numerais – tal como a Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Ela se
divide em dezessete capítulos, que abordam todos os sistemas, incluindo o
psicológico, a gravidez e o planejamento familiar, problemas sociais e um
capítulo de situações gerais e não específicas (3). Em 2013, o Ministério da
Saúde iniciou uma reestruturação das informações produzidas pelos serviços de
atenção básica, a fim de melhorar a qualidade da informação e aperfeiçoar seu
uso, com o lançamento do novo sistema de informação em saúde para a atenção
básica (SISAB) e da estratégia e-SUS/AB, por meio da portaria de nº 1412, de
10 de julho. O PEC vem com o objetivo de ampliar a capacidade de gestão do
cuidado da população, possibilitando melhor monitoramento da evolução das
condições de saúde. A metodologia de atendimento utilizada pelo PEC trabalha
sob a lógica do registro voltado ao problema subdividido em etapas, que por
sua vez dão possibilidades de fortalecer a implementação do PE na atenção
básica, em qualquer que seja a modalidade de equipe de saúde que tenha o
profissional enfermeiro(4). Nessa perspectiva, a consulta de enfermagem
ginecológica na atenção básica incide em ações que visem à melhora da
qualidade de vida e o autocuidado da mulher, que quando pautado pelo PE,
estabelece raciocínio clinico na assistência da saúde, com enfoque no controle
de câncer de mama e do colo do útero. No Brasil e no mundo, o câncer de mama é
o tipo mais comum entre as mulheres e ocupa a segunda posição, com 14.206
óbitos/ano, com estimativas de 59.700 casos/ ano em 2018. Já o câncer do colo
do útero é responsável por 265 mil óbitos/anos, e segundo o Instituto Nacional
de Câncer (INCA) estima-se que no biênio 2018/2019, surjam 16.370 novos casos
no Brasil, com risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres, ocupando
à terceira posição do ranking (5). Evidencia-se assim a importância de uma
assistência baseada em evidências cientificas que facilite um maior
planejamento e direcionamento da assistência de enfermagem. **Objetivo:
**descrever a aplicabilidade do uso da CIAP-2 correlacionada a CIPE**®** na
prática profissional do enfermeiro na consulta ginecológica. **Metodologia:
**relato de experiência dos enfermeiros residentes do Programa de Residência
Uniprofissional em Enfermagem Obstétrica do Hospital Universitário da
Universidade Federal da Grande Dourados e de acadêmicas do Curso de Graduação
em Enfermagem da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul integrantes do
PET GraduaSUS, que correlacionaram os diagnósticos da CIAP-2 com os da
CIPE**®** e alimentaram no sistema de informação PEC, durante as consultas
ginecológicas de uma Unidade Básica de Saúde da Família (ESF) na cidade de
Dourados-MS. **Resultados:** ao todo foi possível correlacionar 30
diagnósticos CIAP-2 com os identificados na CIPE**®**. Na consulta de
enfermagem ginecológica direcionada às mamas, os diagnósticos relacionados de
maior frequência foram, (X22) Preocupação com a aparência da mama feminina _e_
Imagem corporal prejudicada devido remoção da mama; (X18) Dor nas mamas _e_
Dor em Mama direita e/ou esquerda (ou mastalgia) de grau leve/moderada/alta;
(A21) Fator de risco para malignidade e (A23) Fator de risco não especificado
_e_ Potencial para risco alto de processo patológico em mama direita e/ou
esquerda. Quando direcionado ao sistema uro-genital, os diagnósticos de maior
frequência foram: (P08) Diminuição da satisfação sexual, (X04) Relação sexual
dolorosa_ e_ Dispareunia presente de grau leve/moderado/severo, (X85) Doença
do colo não especificada, (X99) Outra doença genital _e_ Célula cervical
Anormal com Presença de Atipías de Significado Indeterminado (ASCUS); (X72)
Candidíase genital _e _Descarga vaginal Anormal compatível com Candidíase;
(A98) Medicina preventiva/Manutenção da saúde, (P29) Sinais/Sintomas
psicológicos, outros _e_ Padrão de higiene vaginal
prejudicado/melhorado/eficaz. **Conclusão:** No PEC o uso concomitante do CIAP
e da CIPE**®** não está disponível, dificultando a execução do PE em todas as
suas etapas. A identificação dos principais diagnósticos de enfermagem da
CIPE**®** e seu uso no PEC/ CIAP, foi uma das alternativas encontradas pela
equipe para conseguir implementar o PE. Observou-se a qualificação da
assistência de enfermagem utilizando o raciocínio clínico e tomada de decisão
no plano de cuidados com maior segurança do enfermeiro nesta atuação. Outro
ponto observado foi a aperfeiçoamento do processo educativo nos estágios da
residência e da graduação em enfermagem, com a prática envolvendo técnica e
descrição da técnica no PEC. A experiência de contato direto e resolutivo com
a população feminina que procura este serviço, ajudou os alunos a
compreenderem, de forma prática, o PE e o seu impacto na saúde da população,
bem como a vinculação das mulheres ao serviço. Importante ressaltar que o PEC
traz o CID 10 para a mas nenhuma classificação de enfermagem. Assim, é
salutar a inclusão da CIPE**® **no e-SUS para uso da equipe de enfermagem. A
assistência de enfermagem quando realizada de forma planejada com base
cientifica, permite maior facilidade em diagnósticos direcionados, com
intervenções concisas, termos e linguagem empregados de forma universal entre
os enfermeiros, facilitando assim o processo de assistência à saúde.
Referências: Albuquerque, L. M., & Cubas, M. R.(2005) Cipescando em Curitiba: Construção e implementação da nomenclatura de diagnósticos e intervenções de enfermagem na rede básica de saúde/organizadoras (Curitiba: ABEn, 2005,pp.121).
Garcia, T. R. (2017).Classificação da Prática de Enfermagem (versão 2017, Porto Alegre: Artmed).
Nóbrega, M. M. L., & Gutiérrez, M. G. R. (2000) Equivalência semântica da classificação de fenômenos de enfermagem da CIPE (João Pessoa: Ideia).
Portaria GM N. 2.436, de 21 de setembro de 2017 (2017). Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Revista Brasileira de Enfermagem. (2010, Julho 20). Sistema de informação para apoio à Sistematização da Assistência de Enfermagem (Brasília). |