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9694336 | UTILIZAÇÃO DE INFOGRÁFICO COMO FERRAMENTA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO ENSINO DE ENFERMAGEM | Autores: Denise Maria de Almeida ; Valéria Marli Leonello |
Resumo: Um dos inúmeros desafios do processo de formação em enfermagem, em especial,
nos anos iniciais do curso, é aproximar o estudante da prática profissional,
especificamente, da compreensão do trabalho de enfermagem enquanto prática
social, inserida no processo de trabalho em saúde (Peduzzi, Silva e Lima,
2013). Igualmente desafiador é promover a articulação entre o conhecimento
teórico abordado por meio de referenciais teóricos sobre processo de trabalho
em saúde e a prática de enfermagem realizada por enfermeiras que atuam em
diferentes serviços que compõem a rede de atenção em saúde. Para os estudantes
de enfermagem do primeiro ano, esses desafios são evidentes, pois em sua
maioria, tem um conhecimento da enfermagem baseado no imaginário social e
também são egressos de um ensino médio ou de cursinhos pré-vestibulares, com
ênfase na transmissão de conteúdos. Por isso, é necessário pensar em
estratégias e ferramentas que possam apoiar professores a promover um
aprendizado que possibilite ao estudante o exercício dessa articulação
teórico-prática. **Objetivo:** descrever a experiência de utilização da
ferramenta infográfico como estratégia de ensino e de avaliação,
simultaneamente, em disciplina que aborda o tema “processo de trabalho em
enfermagem” para ingressantes do curso de graduação em enfermagem de uma
universidade pública do estado de São Paulo. **Descrição metodológica: **o
infográfico, uma ferramenta que objetiva sintetizar uma informação de forma
didática, por meio do uso de imagens, desenhos, gráficos e outros elementos
visuais (Caetano e Ribeiro, 2014), foi utilizado como estratégia de ensino e
de avaliação para promover a articulação entre o conteúdo abordado e a prática
profissional de enfermagem, por meio da reflexão e a síntese dos principais
elementos do processo de trabalho de enfermagem em diferentes dimensões:
gerencial, assistencial e educativa. Os oitenta estudantes do primeiro ano do
curso de bacharelado foram orientados, com relação ao uso da ferramenta, por
uma enfermeira educadora, com experiência no uso de infográfico. Essa
orientação durou cerca de duas horas, com a apresentação dos principais
objetivos do infográfico e sua forma de construção. Foram disponibilizados
alguns links para a construção o infográfico de maneira gratuita e on-line.
Após conhecerem os principais aspectos da ferramenta, os alunos participaram
de uma mesa redonda com enfermeiras de seis diferentes serviços que compõem a
rede de atenção em saúde (estratégia saúde da família, centro de atenção
psicossocial, programa de atenção domiciliaria hospitalar da rede secundária,
unidade de terapia intensiva de hospital de nível secundário, Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência, hospital oncológico de nível terciário e,
centro de ensino e formação profissional em enfermagem). A mesa foi realizada
com o objetivo dos estudantes ingressantes se apropriarem do trabalho de
enfermeiras em diferentes serviços, discutindo e esclarecendo dúvidas sobre o
trabalho realizado. Além disso, a disciplina trabalha com o referencial de
Trabalho em saúde e processo de trabalho , considerando a enfermagem como uma
prática social e como parte do processo de trabalho em saúde, com elementos,
agentes, instrumentos e finalidades que podem ser distintos a partir da
dimensão do trabalho analisada: assistencial, gerencial e educativa (Peduzzi,
Silva e Lima, 2013). Desta forma, os estudantes tem a oportunidade de
relacionar o referencial estudado com o trabalho realizado e apresentado pelas
enfermeiras durante a mesa redonda. Após a mesa redonda e a aproximação com o
referencial adotado, a professora responsável pela disciplina, orientou os
estudantes a construir o infográfico, em duplas, com o objetivo de fazer uma
síntese dos principais elementos do processo de trabalho de enfermeiras em
diferentes serviços de compõem a rede de atenção em saúde. Cada dupla
trabalhou somente com um dos processos de trabalho apresentados, ou seja, em
média, treze duplas para cada um dos seis processos de trabalho apresentado
pelas enfermeiras. As duplas também receberam os critérios de avaliação que
seriam utilizados pela professora e educadora para avaliar o infográfico, com
o objetivo de tornar claro o processo de avaliação e também nortear o trabalho
realizado pelos estudantes. A construção do infográfico em duplas teve como
objetivo promover a discussão entre os estudantes e, ao mesmo tempo,
possibilitar que ambos pudessem experimentar o uso da ferramenta, o que seria
inviável, em grupos maiores. Para viabilizar a construção do infográfico,
também foi reservada uma sala de computadores conectados à internet, com a
presença da professora e enfermeira educadora. O período proposto para
construção do infográfico foi estipulado em quatro horas e realizado dentro da
carga horaria da disciplina. Ao final do processo, cada dupla fez o envio de
seu infográfico via ambiente virtual de aprendizagem, utilizado pela
disciplina. **Resultados:** A utilização do infográfico como estratégia de
ensino e de avaliação dos estudantes mostrou-se muito satisfatória na
percepção da professora, da educadora e dos estudantes. Por meio dessa
ferramenta é possível exercitar a síntese sobre o assunto abordado, o que
implica em retomar os conteúdos, articulando com o que foi apresentado pelas
enfermeiras na mesa redonda e, por fim, a reflexão, no momento de planejamento
e construção do infográfico. A orientação sobre o uso da estratégia e suas
principais características também foram fundamentais para o processo, embora
os estudantes, em sua maioria jovens, tiveram muita facilidade no uso da
ferramenta on-line. Muitas duplas exploraram de maneira criativa o uso das
ferramentas disponíveis, utilizando materiais on-line, vídeos, notícias de
jornais e imagens, além de construírem esquemas e fluxogramas pertinentes ao
conteúdo abordado. O tempo de duração, estipulado em quatro horas, mostrou-se
insuficiente, pois muitas duplas, precisaram estender o período para conclusão
da atividade. Desta forma, pela experiência relatada, é necessário um tempo
médio de seis horas para a construção. O instrumento de avaliação facilitou a
atividade e deixou o processo avaliativo mais claro. Ao final do processo,
cada dupla teve a oportunidade de discutir a nota referente ao infográfico com
a professora e educadora. Também foi oportunizado que os estudantes falassem
abertamente sobre o uso da ferramenta, sendo destacado a necessidade de tempo
maior, como já destacado e a sugestão de socializar os infográficos entre os
estudantes. **Considerações e contribuições para o ensino de enfermagem:** o
uso do infográfico mostrou-se favorável como estratégia de ensino e de
avaliação dos estudantes, contribuindo para a articulação do conhecimento
teórico-prático e também o exercício da reflexão e da síntese pelos
estudantes. Destaca-se que para sua utilização, é imprescindível o
planejamento, com uma sequencia de ações (orientação para o uso da
ferramenta, articulação com os conteúdos abordados na disciplina, definição
clara dos critérios de avaliação, devolutiva da atividade com os estudantes e
avaliação final referente ao uso da estratégia), bem como infraestrutura
física e tecnológica (sala com computadores, conectados à internet) adequadas
para realização da atividade.
Referências: 1. Associação Brasileira de Transplante de órgãos. Dimensionamento dos transplantes no Brasil e em cada estado. Registro Brasileiro de Transplantes. 2017; 23(4): 1-99. Disponível em: . Acesso em: 5 mar. 2018
2. International Registry in Organ Donation and Transplantation. International Registry in Organ Donation and Transplantation: final numbers 2016. International Registry in Organ Donation and Transplantation. 2017. Disponível em: . Acesso em: 5 mar. 2018
3. Siqueira MM et al. Indicadores de eficiência no processo de doação e transplante de órgãos: revisão sistemática da literatura. Rev. Panam. Salud Publica. 2016; 40(2): 90–97.
4. Cooper HM. Scientific guidelines for conducting integrative research reviews. Review of Educational Research. 1982; 52(2): 291-302. |