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Resumo: 9662571

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9662571

A IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM NO PARTO NATURAL HUMANIZADO HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Daniela Ratico de Quadros ; Tatiana Raquel Stumm ; Franciely de Mello Silva

Resumo:
**INTRODUÇÃO: **O nascimento é um acontecimento natural, de maneira pessoal. “Historicamente, mulheres cuidavam de mulheres na hora do parto, trocavam conhecimentos sobre a gravidez, o parto e o pós-parto, assim como sempre fizeram com outros aspectos de sua vida cotidiana”.1 No entanto, com o passar dos séculos e com a evolução da medicina a parturiente, que deveria ser o astro do parto, distanciou-se cada vez mais de seu protagonismo, sentindo-se insegura, perdendo sua privacidade, muitas vezes, por não se sentir habilitada para escolher e fazer valer seus desejos frente às questões técnicas levantadas pelos profissionais, que a separaram de sua família e substituíram o paradigma não intervencionista por uma assistência aparentemente mais segurança que as práticas das parteiras.2 Com a construção de ideias holísticas sobre o ser humano, foi visto que a melhoria da saúde materna e neonatal pode ser alcançada por meio de ações voltadas para promoção, respeito e proteção dos direitos das mulheres e das crianças1, surgindo nesse momento o conceito de Parto Humanizado, que visa promover assistência integral, respeitando e atendendo a parturiente nas dimensões espiritual, psicológica, biológica, e tornando o parto mais fisiológico, através da diminuição de intervenções desnecessárias e na inserção de práticas que reduzem o desconforto emocional e físico.3 Pensando nisso, em 2003, foi criada a Política Nacional de Humanização da atenção e da gestão no SUS (PNH) com o objetivo de produzir mudanças de práticas de saúde, qualificando modos de cuidado e modos de gerir no SUS. Esse Parto Humanizado “pode ser descrito como um conjunto de condutas e procedimentos que têm por finalidade a promoção do parto e nascimento saudáveis e a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal” e que façam a mulher reencontrar sua autonomia, requerendo, portanto, uma nova postura dos profissionais que a assistem.4,1 Para tanto, é inegável o papel do profissional que assiste as gestantes durante o pré-parto, parto, parto e puerpério, sobretudo o enfermeiro, enfermeiro obstetra e demais profissionais da classe respaldados pela Lei no 7.498/86, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87, que dispõe sobre o exercício da enfermagem e dá outras providências.2 **OBJETIVOS: **Nestas perspectivas surge o interesse em relatar a experiência vivenciada durante estágio curricular em Saúde da Mulher do curso de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, campus Itajaí, com o objetivo de descrever a importância da enfermagem no parto natural humanizado hospitalar. **METODOLOGIA:** A metodologia empregada é descritiva, reflexiva. Consiste em um relato de experiência, resultado de reflexão que integra a construção teórica e as experiências vivenciadas ao longo do estágio curricular no Centro Obstétrico integrante da Rede Cegonha, de um hospital da região da Foz do Rio Itajaí, com atendimento exclusivamente público. **RESULTADOS: **Durante a realização do estágio, foi possível perceber o quão é essencial o profissional de enfermagem em toda a evolução do parto, proporcionando a mulher uma maior segurança e conforto através da escuta ativa e do vínculo entre profissional-paciente. Sobretudo, as funções do profissional de enfermagem obstetra, bem como sua equipe, enquanto profissional do cuidar, principalmente na cena do parto, não se restringe apenas ao atendimento às mães, mas também aos familiares e comunidades sempre que solicitarem auxílio até o acompanhamento das mudanças científicas e tecnológicas afim de promover a educação e o ensino dessa população quando em situações de insegurança, oferecendo apoio físico e empático, realizando abordagem não farmacológica para alívio da dor, colocando o seu conhecimento à disposição da manutenção do equilíbrio físico/psíquico da gestante e do recém-nascido, reconhecendo os momentos críticos em que suas intervenções são necessárias para assegurar o bem-estar de ambos.2-4 É importante destacar que as além do conhecimento sobre técnicas de parto, estes profissionais, principalmente a equipe de enfermagem por estarem presentes em todos os momentos da parturição, devem ser capacitados a reconhecer que cada mulher é portadora de uma cultura própria, que muitas vezes atribui significados diferentes à vivência do parto, ou seja, a humanização requer uma visão humanística e a necessidade de compreender o outro. Nesse processo faz-se necessário o uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem, uma vez que, planejando e organizando, as ações se tornam efetivas e de maior qualidade, facilitando a adaptação da puérpera, uma maior adesão e sucesso no processo, diminuindo as complicações e gerando economia para os setores de assistências à saúde da mulher e da criança.1-2 Além das práticas assistenciais, os enfermeiros obstétricos têm funções importantes quando se trata da parte administrativa  necessários para o andamento da unidade para que assim toda assistência prestada seja efetiva, mas que é muito priorizada por instituições de saúde, fazendo com que o enfermeiro deixe muitas vezes de lado a realização das práticas humanizadas, pois essa atribuição requer uma demanda de tempo e dedicação para o serviço. O enfermeiro obstétrico também encontra muitas dificuldades pelos limites impostos pelas estruturas físicas encontradas nas maternidades atualmente e pelas rotinas hospitalares, seja pela cultura centrada nos médicos que ainda prevalece, sendo necessária uma postura reflexiva para agir da melhor forma frente às situações.3 Outra questão são as educações permanentes em saúde com a equipe de enfermagem, uma vez que, para muitos profissionais, o parto ainda é algo mecanizado fazendo com que este seja um processo caótico para mulher e repleto de violência e julgamentos. Vale ressaltar aqui que para um parto humanizado faz-se necessária a presença da integralidade a todo momento, dando autonomia a mulher durante todo o processo e respeitando seus direitos de ter um acompanhante de sua escolha, de serem informadas sobre todos os procedimentos a que serão submetidas e de saberem o que é melhor para si.1 **CONSIDERAÇÕES FINAIS:** O enfermeiro tem sido reconhecido pelo Ministério da Saúde e outros órgãos não governamentais, como o profissional que possui formação holística e procura atuar de forma humanizada no cuidado à parturiente tanto nas casas de parto, como nas maternidades. Vale ressaltar que a humanização na atenção a nascimentos e partos, e o papel dos movimentos sociais, defende essas mudanças de paradigma que exigem firmeza e constância do gestor, pois sempre haverá oposição dos setores interessados pela manutenção do modelo hegemônico, uma vez que este é dotado de protocolos médicos que limitam o empoderamento da mulher.1,2,4 **CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: **Ao longo do estágio pôde-se deduzir que, não só as questões técnicas e teóricas devem ser consideradas na atuação do enfermeiro durante o parto, mas a garantia do vínculo, o empoderamento da mulher e familiares, são estratégias fundamentais para o enfermeiro atuar com autonomia e humanização. Mas para isso, é preciso que encontrar profissionais qualificados especializados em obstetrícia e comprometidos de forma pessoal e profissional, para que se receba a mulher com respeito, ética e dignidade, além de serem incentivadas a exercerem a sua autonomia no resgate do papel ativo da mulher no processo de parturição bem como protagonistas de suas vidas e repudiarem qualquer tipo de discriminação e violência, que possam comprometer os direitos de mulher e cidadã.4


Referências:
Referências: 1. Backes DS, Grando MK, Gracioli MSA, Pereira AD, Colomé JS, Gehlen MH. Vivência teórico-prática inovadora no ensino de enfermagem. Esc Anna Nery [Internet]. 2012 July-Sept [cited 2016 Feb 11];16(3):597-602. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v16n3/24.pdf 2. Abreu TO, Spindola T, Pimentel RAR, Xavier ML, Clos AC, Barros AS. A monitoria acadêmica na percepção dos graduandos de enfermagem. Rev enferm UERJ [Internet], Rio de Janeiro (RJ). 2014 July-Aug [cited 2016 Aug 16];22(4):507-12. Available from: http://www.facenf.uerj.br/v22n4/v22n4a12.pdf 3. Fernandes NC, Cunha RR, Brandão AF, Cunha LL, Barbosa PD, Silva CO, et al. Academic mentoring and care for a person with a stoma: experience report. Rev Min Enferm [Internet]. 2015 Apr-June [cited 2016 Aug 16];19(2):242-5. Available from: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/1018 4. Universidade do Estado do Pará. Conselho Universitário. Resolução nº 2.808/15 – CONSUN, 18 de março de 2015; 2015. 15 p. Fixa normas complementares para execução do programa de monitoria no âmbito da Universidade do Estado do Pará. 5. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES nº 3, de 7 de novembro de 2001 [Internet]; 2001 [cited 2016 Mar 29]. 6 p. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Available from: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf