E-Pôster
9654517 | PROCESSOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM CONSULTAS DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO TRABALHADOR | Autores: Claudia Capellari ; Diva Juliana Aguiar da Silva ; Edna Thais Jeremias Martins ; Vilma Constancia Fioravante dos Santos ; Gímerson Erick Ferreira |
Resumo: Introdução: A Consulta de Enfermagem é uma ferramenta fundamental ao
enfermeiro em todos os seus contextos de atuação, inclusive no ambiente
laboral¹. Neste aspecto, destaca-se a CE utilizando o referencial teórico da
Psicodinâmica do Trabalho (PdT), de Christophe Dejours, que tem no processo de
fala e escuta, um caminho de mediação que permite compreender as vivência de
prazer e sofrimento dos trabalhadores². Considerando que a atenção do
enfermeiro em saúde do trabalhador visa, fundamentalmente, o esclarecimento e
orientação de pessoas no processo de saúde e adoecimento no trabalho, tem-se
na PdT uma importante estratégia na articulação de valores, crenças, ideias e
representações no trabalho, possibilitando assim, o acesso às vivências dos
trabalhadores³. Desse modo, a utilização da PdT favorece o diagnóstico
situacional em determinados contextos de trabalho, pois permite visualizar
elementos da organização e condições do trabalho e das relações sociais, sendo
de extrema relevância no processo do cuidar, visto a necessidade de elaboração
de intervenções que venham a tornar o ambiente de trabalho mais propício e
articulador à prática da assistência de enfermagem4. Objetivo: Relatar a
experiência de ensino e aprendizagem no desenvolvimento de atividades práticas
de enfermagem em atenção à saúde do trabalhador, mediadas pela CE, em
diferentes cenários institucionais e municípios da região do Vale do Paranhana
e Vale das Hortênsias do Rio Grande do Sul. Descrição metodológica: A proposta
foi desenvolvida durante a disciplina de Saúde do Trabalhador, do Curso de
Enfermagem de uma Instituição de Ensino Superior situada na região sul do
Brasil, durante o segundo semestre de 2017. Este componente curricular é
composto por carga horária de 60 horas teórico-práticas. Foram realizadas
seis práticas em cada um dos sete campos escolhidos por cada grupo de alunos,
que foi composto por até quatro acadêmicos. Nas duas primeiras práticas foram
realizadas observações sistemáticas, com registros individuais em diários de
campo, e entrevistas informais com os trabalhadores dos setores observados,
realizando um diagnóstico situacional no cenário de trabalho que permitiu
vislumbrar a organização do trabalho, a partir do reconhecimento e avaliação
das condições laborais e relações de trabalho. Nas práticas subsequentes foram
realizadas CE ao trabalhador, fundamentados em pressupostos da PdT,
especialmente na escuta clínica. A partir destas CE, e com base nas
necessidades identificadas no diagnóstico situacional construído, os
acadêmicos propuseram intervenções focadas na melhoria da saúde dos
trabalhadores. Em todas as atividades práticas, os estudantes foram
acompanhados por um professor e uma monitora da disciplina. O acompanhamento
da monitora tinha por objetivo contribuir com a visão acadêmica e auxiliar no
desenvolvimento de atividades, ao passo em que a aprendizagem por pares
fortalecia o processo de ensino e construção do conhecimento. Resultados: Com
as atividades realizadas pelos acadêmicos, foi possível conhecer as vivências
de prazer e sofrimento provenientes das situações laborais do trabalhador,
propiciando espaços de fala-escuta, e ainda um ambiente mais prazeroso no
trabalho com as intervenções propostas. Além disso, os trabalhadores atestaram
a necessidade e importância de algum tipo de acompanhamento de profissional da
área da saúde para conversar no ambiente de trabalho. No decorrer das
atividades, os alunos analisaram as principais necessidades do grupo de
trabalhadores a qual desenvolviam suas intervenções e assim com a ferramenta
de gestão utilizada, o diagnóstico situacional foi essencial para atingir a
imprescindibilidade da elaboração do melhor plano de cuidado para aquele grupo
de pessoas. Assim, em seus primeiros encontros os alunos conseguiram ter uma
real percepção de atividades a qual iriam recomendar aos trabalhadores, com
promoção e prevenção em saúde as ações contemplaram os assuntos como: saúde da
mulher, em grupos compostos por mulheres, a prevenção dos cânceres de colo do
útero e mamas foi utilizado em mais de um grupo de trabalhadoras de diferentes
empresas, englobando a importância da prevenção precoce, com a vivência de
cada mulher sobre a temática, o desenvolvimento de dinâmicas alusivas a
proposta da temática, proporcionou a essas trabalhadoras além acesso a
informações importantes a saúde, interação com as colegas de trabalho, que por
vezes não era possível, pela rotina de atividades laborais. Em diferentes
grupos a temática de interação coletiva, trabalho em grupo e compreender o
outro, foi desenvolvida com intuito de aproximação daqueles que dividem suas
atividades diárias. A promoção em saúde abrange as propostas elaboradas, outro
grupo de alunos optou-se em integrar trabalhadores e comunidade, com
desenvolvimento de uma ação de saúde, reunindo a atividade física e ação
coletiva, onde esses trabalhadores dispuseram de informação de cuidado em
saúde como: a prática da atividade física, alívio do estresse, alimentação
saudável, como também tarefas distribuídas entre colegas, com propósito de
aproximação entre grupos de colegas. Conclusão: Por meio das atividades
realizadas foi possível entender a organização do trabalho nos contextos
institucionais analisados, favorecendo o preparo dos discentes para a formação
generalista, crítica e reflexiva necessária ao profissional enfermeiro. Do
mesmo modo, a experiência permitiu encorajá-los a pensar em diferentes
propostas de intervenções, priorizando o cuidado adequado naqueles ambientes
de trabalho aos grupos de trabalhadores. Assim, o processo de ensino e
aprendizagem na atenção à saúde do trabalhador mostrou-se enriquecedor, pois
permitiu maior articulação entre teoria e prática, bem como a necessidade de
investimentos interdisciplinares e de pesquisas científicas em enfermagem, a
partir deste embasamento teórico. Contribuições para Enfermagem: A vivência da
prática propicia ao acadêmico de enfermagem o desenvolvimento de diferentes
habilidades e competências necessárias à sua formação. Assim, é possível ao
estudante a aproximação com a prática do enfermeiro no ambiente laboral,
mesmo antes do estágio curricular obrigatório, em uma imersão no mundo do
trabalho. Dessa forma, se estabelece um pensamento crítico-reflexivo frente ao
plano de cuidado proposto à saúde daquele trabalhador, o qual se propôs a
compartilhar de suas necessidades e aflições. Esta interação é potencialmente
valiosa à medida em que ambos, trabalhador e estudante, pensam conjuntamente
sobre o melhor e mais apropriado plano terapêutico a ser estabelecido, em
relação à saúde daquele. Ao mesmo tempo, se estabelece um vínculo de confiança
e corresponsabilização pelos resultados esperados, a partir de intervenções a
serem realizadas por este binômio. Para o estudante, se fortalecem e
consolidam a busca por estratégias terapêuticas, a habilidade de comunicação,
o vínculo, a investigação e intervenção, possibilitando articulação com
diferentes componentes curriculares trabalhados/vivenciados ao longo da
formação acadêmica. Entende-se que, além dos aspectos positivos alcançados a
partir dessas atividades, o modo de fazer aqui apresentado fortalece a prática
cotidiana da Enfermagem, consoante aos princípios doutrinários do Sistema
Único de Saúde: universalidade, integralidade e equidade.
Referências: 1) Brasil. Resolução COFEN N. 0459 de 21 de agosto de 2104: estabelece os requisitos mínimos para o registro de Enfermeiro Especialista, na modalidade de Residência em enfermagem. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 22 Ago 2014. Seção 1. 2) Trabalho apresentado em congresso Pinto DM; Busanello J. O papel do enfermeiro em uma residência multiprofissional em urgência e emergência. In Anais do 7° Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão Universidade Federal do Pampa, 2015 Nov 24- 26; Alegrete, Brasil. Alegrete (RS): Universidade Federal do Pampa; 2015. 3) Uchôa Figueiredo LR, Rodrigues TF, Dias IMÁV, organizadores. Percursos Interprofissionais: formação em serviços no Programa Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde. 1ª ed. Porto Alegre (RS): Rede Unida Editora; 2016.4) Silva DS, Bernardes A, Gabriel CS, Rocha FLR, Caldala GA. Liderança do enfermeiro no contexto dos serviços de urgência e emergência. Eletrônica Enferm. [Internet]. 2014 [2014 jan/mar 2014]; 16(1): 211-9. Disponível em: https://www.fen.ufg.br/fen_revista. 5) Sapatini F T, Gasparino CR, Polli L, Oliveira AS. Avaliação de um programa admissional para a equipe de enfermagem. Escola Anna Nery [Internet]. 2016 [2016Jul-Set]; 20(3): 2016006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? pid=S1414-81452016000300210&script=sci_abstract&tlng=pt. |