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9614393 | A PRESENÇA DAS METODOLOGIAS ATIVAS NOS CURRÍCULOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM | Autores: Jéssica Hegedus Camargo ; Laura de Fátima Lobato Silva ; Jully Greyce Freitas de Paula ; Suzana Rosa André ; Ingrid Fabiane Santos da Silva |
Resumo: **Introdução:** O paradigma educacional no ensino superior da sociedade pós-moderna exige uma nova visão de formação profissional que favoreça o desenvolvimento ético e humanístico, bem como, a capacidade de reflexão crítica e a atenção às necessidades da população¹. Os cursos de graduação, em especial os da área da saúde, têm sido estimulados a incluírem em suas propostas curriculares metodologias de ensino que acompanhem essa tendência pedagógica contemporânea. É nesse contexto que as metodologias ativas de ensino emergem, com o objetivo de motivar e promover autonomia aos alunos a partir do desenvolvimento do processo de aprendizagem baseado em experiências, visando à solução de problemas², capaz de aproximar o mundo do ensino com o do trabalho, superando a fragmentação e o tecnicismo apontados como um desafio para a prática docente dos cursos de enfermagem³. Sendo assim, as metodologias ativas podem ser descritas como o processo em que os estudantes realizam atividades que exigem raciocínio crítico-reflexivo e o desenvolvimento de ações para aplicar em sua realidade4. Esse processo descrito é observado na Resolução CNE/CES nº 3 de 7 de novembro de 2001, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem, para a formação de um profissional generalista, humanista, crítico-reflexivo, qualificado a exercer a profissão baseada em evidências científicas, pautado em princípios éticos, capaz de conhecer e intervir no problema². **Objetivos:** Traçar o perfil dos cursos de bacharelado em enfermagem presenciais com Conceitos de Cursos (CC) 5 que explicitam a adoção de metodologias ativas em seus Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) e levantar quais metodologias ativas são explicitamente mencionadas nos PPPs. **Descrição metodológica:** Trata-se de um levantamento do tipo Estado da arte realizado por meio da técnica de pesquisa documental. Os dados produzidos foram obtidos por meio de busca e análise dos PPPs oferecidos pelas Instituições de Ensino Superior (IES) descritas no contexto nacional. Este estudo obedeceu as seguintes etapas: estabelecimento dos critérios de seleção da amostra; construção do instrumento de coleta de dados; busca das IES e seleção dos PPPs; tabulação dos dados em planilha eletrônica para análise e discussão dos resultados. Estabeleceu-se como critérios de inclusão: Cursos de graduação em Enfermagem na modalidade presencial, grau de bacharelado, com CC cinco e que tivessem os PPPs disponível em busca online. Como critérios de exclusão foram definidos: os PPPs que não citavam o uso de metodologias ativas. A busca, coleta e análise dos dados aconteceram de janeiro a fevereiro de 2018. Os dados foram coletados por meio de instrumento elaborado pelos autores composto por duas partes: a primeira versava sobre a caracterização da IES e a segunda sobre a importância das metodologias ativas nos PPPs. **Resultados:** Da busca realizada obteve-se um total de 57 cursos com CC nota 5, destes, 37 estavam com seu PPPs indisponíveis para consulta online e 5 foram excluídos por não citarem o emprego de metodologias ativas em seus PPPs, totalizando 15 como amostra final para análise. Quanto a região, 5 ( 33,33%) estavam localizados na Região Nordeste, 4 (26,66%) na região Centro-Oeste, 4 (26,66%) na região Sudeste e 2 (13,33%) na região Sul; Quanto ao tipo de vinculação institucional, 9 (60%) são de natureza pública e 6 (40%) de natureza privada; Quanto aos objetivos dos PPPs foi unânime o desígnio de formar profissionais enfermeiros capacitados de conhecimento científico e técnico para atuar de forma generalista, humanizada e integral no cuidado ao paciente; quanto a vigência dos PPPs 1 (6,7%) tinha vigência para 2007, 1 (6,7%) para 2008, 2 (13,3%) para 2009, 2 (13,3%) para 2010, 1 (6,7%) para 2012, 4 (26,6%) para 2015, 3 (20%) para 2017 e 1 (6,7%) não deixou explicito a vigência do PPP. Com relação a adesão de metodologias ativas, pode se perceber que 7 (46,66%) dos PPPs analisados demonstraram esclarecimento sobre o assunto; quanto a menção do tipo de metodologia ativa utilizada apenas 11 (73,33%), do total de 15 cursos selecionados para amostra, descriminaram quais métodos utilizavam, dentre elas, a Metodologia da Problematização foi o tipo encontrado com maior frequência, citada em 7 (63,6%) dos 11 PPPs, seguida por Seminários 5 (45,4%) Grupo interdisciplinar 4 (36,4%), Estudo de Caso 3 (27,3%), Simulação 2 (18,2%), Projetos de Pesquisa 2 (18,2%). **Conclusão:** Dentre os resultados, foi observado que a metodologia da problematização é o método de ensino mais prevalente nos PPPs pesquisados. Alguns destes PPPs destacaram a necessidade de problematizar a realidade para que o graduando desenvolva habilidades para a solução de problemas cotidianos que farão parte da sua prática profissional. Admite-se que houve limitações da pesquisa quanto à amostragem, posto que algumas IES não disponibilizaram seus PPPs em plataforma online, demandando novas estratégias para o acesso aos documentos, bem como outros estudos sobre classificação dos modelos de aplicação das metodologias ativas. Mediante a limitação do estudo e considerando que há o interesse acadêmico local e inter-regional entre as universidades em explorar um novo universo de ensino e aprendizagem à enfermagem, sugere-se que os PPPs possam ser disponibilizados nos sistemas das IES, seja para o conhecimento de novas estratégias de ensino e aprendizagem, seja para o desenvolvimento de novas pesquisas. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **Por fim, mediante os achados deste estudo, percebe-se que as metodologias ativas ainda são uma realidade pouco presente nos planos e projetos políticos e pedagógicos dos cursos de bacharelado em Enfermagem analisados, foi evidenciado o uso dos métodos: projeto de pesquisa, estudo de caso, seminários, simulação, porém os demais métodos de ensino como o Ensino Baseado em Problemas (PBL), grupos operativos e simulação realística, não apareceram na amostra estudada, desta maneira sugerimos que o debate destas metodologias esteja presentes no âmbito da formação do profissional enfermeiro, para o estímulo do senso crítico-reflexivo, bem como do emprego de outras e novas metodologias ativas de aprendizagem. O ensino de Enfermagem precisa seguir as novas tendências de aprendizagem, para cada vez mais consolidar-se como ciência que produz e compartilha conhecimento científico e profissão autônoma que articula suas práticas baseada no caráter reflexivo e científico, o uso de metodologias ativas no processo ensino - aprendizagem mostra-se como um meio para chegarmos a este caminho.
Referências: 1.Hill AM, McPhail SM, Francis-Coad J, Waldron N, Etherton-Beer C, Flicker L, et al. Perspectives about how older hospital patients can engage in a falls prevention education programme: qualitative process evaluation. BMJ Open 2015;5:e009780. doi:10.1136/bmjopen-2015-009780
2.Lee DCA, McDermott F, Hoffmann T, HainesTP. “They will tell me if there is a problem”: limited discussion between health professionals, older adults and their caregivers on falls prevention during and after hospitalization. Health Educ Res [Internet]. 2013 [cited 2016 Jun 06]; 28(6): 1051–1066. Acesso em: http://her.oxfordjournals.org/content/early/2013/09/17/her.cyt091.full.pdf+html
3.Cameron ID, Gillespie LD, Robertson MC, Murray GR, Hill KD, Cumming RG, et al. Interventions for preventing falls in older people in care facilities and hospitals. Cochrane Database Syst Rev.2013;Dec 12;12.doi: 10.1002.
4.Moorhead S, Johnson M, Maas M, Swanson E. Classificação dos Resultados de Enfermagem: Mensuração dos resultados em saúde. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016. |