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9605351 | PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO DO CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA EM UNIDADES NEONATAIS E PEDIÁTRICAS: IMPORTÂNCIA DE UM CUIDADO SISTEMATIZADO | Autores: Danielle Lemos Querido ; Marialda Moreira Christoffel ; Camilla da Silva Dias ; Viviane Saraiva de Almeida ; Elisa da Conceição Rodrigues |
Resumo: Introdução: Este estudo trata-se de um recorte da Dissertação de Mestrado
intitulada: Práticas de Manutenção do Cateter Central de Inserção Periférica
(PICC) em Unidades Neonatais e Pediátricas. As práticas de manutenção do PICC
são procedimentos que englobam desde cuidados referentes à permeabilização dos
cateteres utilizando solução salina a 0,9% para infusão através de flushing
pelo lúmen do cateter; troca do curativo e coberturas, além da avaliação
diária do sítio de inserção afim de identificar as intervenções de enfermagem
necessárias para o cuidado com o cateter. Podem ser definidas como um
procedimento macro, pois depende de outros procedimentos para garantir o
funcionamento adequado do dispositivo venoso central, os quais podem ser
definidos, como: a estabilização do cateter ou fixação do cateter, lavagem
(flushing); utilização de solução salina ou solução heparina, para a sua
permeabilidade, ativação e desativação do cateter; curativos, trocas de
intermediários (equipos, conexões, ou sistemas de infusão) e a remoção do
dispositivo1. Cabe ao enfermeiro que atua com estas faixas etárias do recém-
nascido e da criança possuir conhecimentos específicos, pois devido as
características peculiares tanto do recém-nascido quanto da criança,
apresentam anatomia e fisiologia diferenciada, o que demanda uma assistência
de enfermagem especializada. Além disso com o avanço tecnológico e o constante
desenvolvimento científico dos recursos materiais utilizados na terapia
infusional, os profissionais de enfermagem, precisam estar sempre em busca de
novos conhecimentos para garantir a tomada de decisão na escolha dos
dispositivos e das práticas adequadas para os procedimentos de manutenção do
PICC2. Objetivos: Descrever as dificuldades encontradas para realizar as
práticas de manutenção dos cateteres centrais de inserção periférica nas
unidades neonatais e pediátricas; e analisar as implicações das práticas de
manutenção dos cateteres centrais de inserção periférica para o cuidado
neonatal e pediátrico. Descrição Metodológica: Estudo survey descritivo com
abordagem quantitativa. A população do estudo foi composta por Enfermeiros que
atuavam em unidades neonatais e pediátricas e que realizavam o procedimento de
manutenção do PICC no cotidiano assistencial. Para a seleção dos participantes
foi utilizada a amostragem não probabilística por conveniência. Esse tipo de
amostragem pode ser aplicado quando os respondentes são pessoas difíceis de
identificar ou grupos específicos. Os participantes foram divididos
inicialmente em dois grupos: Enfermeiros que atuavam com a clientela
pediátrica e Enfermeiros que atuavam com a clientela de neonatologia. Foi
realizado em quatro instituições de saúde, públicas, de ensino e de referência
para o atendimento de recém-nascidos e crianças, todos situados no município
do Rio de Janeiro, Brasil. A coleta dos dados ocorreu durante os meses de
janeiro à julho do ano de 2015. O instrumento utilizado para a coleta de dados
foi um questionário auto-administrado construído através de um software para
programação de questionários eletrônicos online. A análise dos dados
quantitativos foi descritiva e estatística através do _Statistical Package for
Social Sciences for Windows_ (pacote estatístico SPSS) versão 17.0, Este
estudo está de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde
(CNS) do Brasil, no que tange os aspectos éticos, após a aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa, sob parecer n.816.499. Resultados: A população total de
enfermeiros atuantes nas unidades neonatais e pediátricas das quatro
instituições, cenários do estudo, corresponderam ao quantitativo total de 174
enfermeiros. Após a aplicação dos critérios de inclusão a amostra foi composta
por 142 enfermeiros, sendo 86 de unidades neonatais, e 56 de unidades
pediátricas. No entanto, da amostra de 142 enfermeiros, 74 (44 de unidades
neonatais e 30 de unidades pediátricas) participaram do estudo, responderam o
questionário online. Nas unidades neonatais, as categorias que mais se
destacaram foram: a falta de recursos materiais, sendo especificado o curativo
filme transparente, com 15 (34,09%), das respostas; a necessidade de
treinamento e atualização da equipe de enfermagem, com 9 (20,45%), e
inexistência de um Procedimento Operacional Padrão – POP específico para
realizar a manutenção do PICC, com 6 (13,64%). E, 15 (34,09%), dos enfermeiros
responderam não ter dificuldades para realizar os procedimentos de manutenção
nessas unidades. Nas unidades pediátricas, apenas 03 (10,00%) enfermeiros,
descreveram que não tinham dificuldades para realizar os procedimentos de
manutenção do PICC. Dentre as dificuldades mais respondida pelos enfermeiros,
12 destacaram (40,00%) a inexistência de um POP específico para realizar a
manutenção do PICC; 9 (30,00%) a falta de recursos materiais; 6 (20,00%) a
necessidade de treinamento e atualização da equipe de enfermagem e 6 (20,00%)
a conscientização da equipe de enfermagem sobre a importância de realizar tal
procedimento sobre o funcionamento adequado do PICC. As unidades neonatais
quando comparadas com as unidades pediátricas apresentaram dificuldades
distintas para realizar as práticas de manutenção do PICC. Nas unidades
neonatais, 15 (34,09%) descreveram a falta de recursos materiais e 9 (20,45%)
a necessidade de treinamento e atualização da equipe de enfermagem, enquanto
que nas unidades pediátricas, 12 (40,00%) descreveram a inexistência de um
POP, específico para realizar a manutenção do PICC e 9 (30,00%) também
descreveram a falta de recursos materiais, com umas das principais
dificuldades destacadas pela maioria dos participantes do estudo. Para
minimizar as dificuldades encontradas para a realização do procedimento de
manutenção, o enfermeiro tem como os principais desafios dessa atuação com o
PICC: centralizar suas ações no papel de educador, enfatizando a importância
desse procedimento, além de treinar a equipe sobre esta prática, pois muitas
vezes a falha desses procedimentos, implica em grandes complicações para o
recém-nascido e criança, podendo ocasionar a retirada precoce do dispositivo.
Os procedimentos de manutenção do PICC demandam que a equipe de enfermagem
esteja sempre atualizada e essa atualização deve ser oferecida pelas
instituições de saúde. Pois algumas complicações são oriundas das práticas
realizadas sem evidências científicas, para desenvolver a melhor prática são
necessários que estes treinamentos sejam frequentes, anuais, devido os avanços
tecnológicos e achados dos estudos mediante as práticas do PICC. Os protocolos
devem ser específicos para a manutenção do PICC, além de ser de grande
importância para o profissional enfermeiro. Nos protocolos devem estar bem
descrito todo o passo-a-passo, detalhado de como deverá ser realizado todos os
procedimentos sobre o uso do PICC, pois são instrumentos essenciais para
garantir o respaldo e a autonomia profissional. Conclusão: O enfermeiro possui
o respaldo legal para o manuseio do PICC, desde que se aproprie do
conhecimento científico que respalde a sua tomada de decisão referente aos
procedimentos de manutenção desse dispositivo intravenoso. Afim que todos os
envolvidos no processo sejam beneficiados, planejando medidas para que possam
diminuir as dificuldades e os desafios encontrados nas práticas de manutenção
do PICC, propondo soluções com base nas melhores evidências científicas, para
uma maior qualidade da terapia intravenosa em recém-nascidos e crianças.
Sobretudo, existe a necessidade de se desenvolver o processo de enfermagem
para o cuidado referente a manutenção do PICC de forma sistematizada, a partir
de protocolos e POPs bem definidos, associado a um número adequado de recursos
humanos e materiais. Contribuições e Implicações para Enfermagem: Destaca-se a
importância da promoção de cursos de atualização para que os enfermeiros
possam criar, revisar e atualizar as práticas e protocolos sobre a manutenção
do PICC favorecendo a sistematização da sua assistência e a criação de grupos
de terapia infusional, com a responsabilidade de elaboração e atualização
desses protocolos.
Referências: 1. HERDMAN, Tracy Heather; KAMITSURU, Shigemi (Org.). Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificações 2015-2017. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. 468p.
2. MOORHEAD, Sue et al. Nursing Outcomes Classification (NOC). 5. ed. St. Louis: Elsevier, 2016. 760p.
3. CARVALHO, Emilia Campos de; CRUZ, Dina de Almeida Lopes Monteiro da; HERDMAN, T. Heather. Contribuição das linguagens padronizadas para a produção do conhecimento, raciocínio clínico e prática clínica da Enfermagem. Rev.bras. enferm. 2013(set); Brasília, v. esp, n. 66, p.134-141.
4. MOCELLIN, Duane et al. Protocolo de atendimento de enfermagem para pacientes em uso de anticoagulação oral baseado nas taxonomias NANDA-I, NOC e NIC. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, 2015, Gramado. Resumo... Rio de Janeiro: SBC, 2015. p. 35. Disponível em: ;. Acesso em: 26 de janeiro de 2018.
5. LUCENA, Amália de Fátima; ALMEIDA, Miriam de Abreu. Classificações de Enfermagem NANDA-I, NIC e NOC no processo de enfermagem. In: SILVA, Eneida Rejane Rabelo da; LUCENA, Amália de Fátima. Diagnósticos de Enfermagem com base em sinais e sintomas. Porto Alegre: Artmed, 2011. p. 35-53. |