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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9514803

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9514803

ESPIRITUALIDADE, ENSINO E FORMAÇÃO NA GRADUAÇÃO E PRÁTICA PROFISSIONAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Autores:
Isadora Pinto Flores ; Angelo Braga Mendonça

Resumo:
**Introdução:** A espiritualidade é umas das fontes primordiais no ser humano, levando à inspiração para o novo e à presença de esperança, favorecendo o sentimento de sentido pleno e de capacidade de autotranscedência, na transposição da imanência terrena. Essa, inerente à essência humana, diz, assim, respeito a algo que supera o plano físico e finito. A conexão com o si mesmo, os outros do meio circundante, a própria natureza e o transcendente e sagrado são realizáveis por meio dela. Cabe ressaltar que não é sinônima à religião: esta é uma de suas muitas possibilidades e, a espiritualidade, um campo maior que a engloba. Com sua capacidade motivadora, a espiritualidade leva ao encontro de significado e propósito na vida. A relevância da dimensão espiritual fora reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, que incluiu o bem-estar espiritual como um dos fatores causadores da saúde, em alteração do seu conceito multidimensional. Ainda, essa dimensão foi incluída como domínio de avaliação de qualidade de vida no instrumento _World Health Organization´s Quality of Life Measure_ – WHOQOL (Medida de Qualidade de Vida pela OMS). Há estudos que correlacionam e comprovam que a prática da espiritualidade reduz os níveis de cortisol e melhora a aderência a tratamentos medicamentosos. E, a consideração do corpo subjetivo, aquele que está para além do biológico e quantificável, dá voz ao simbolismo habitante nos indivíduos. O ensino acerca de espiritualidade – sua conceituação, como deve ser acolhida, na adoção critérios éticos, a empatia e sensibilidade necessárias, dentre outras questões – é pouco ou não discutido durante a formação na graduação de profissionais da saúde de diversas áreas. Destarte, ao adentrarem o campo profissional, os recém-graduados sentem-se desamparados e sem o conhecimento e ferramentas necessárias para a ação. A graduação, então, como momento de aprendizado e descobertas, torna-se um ambiente propício para que tal tema seja discutido e, possivelmente, praticado. **Objetivos:** Discutir acerca da espiritualidade no ensino e na formação da graduação como uma possível ferramenta para a prática profissional em saúde, realizando um rastreamento das publicações científicas existentes. **Descrição metodológica:** Foi realizada uma revisão integrativa de literatura, seguindo seis etapas: elaboração da questão norteadora; busca da literatura; coleta de dados e definição de critérios para extração de informações; avaliação crítica dos estudos incluídos; discussão dos resultados e, por último, apresentação da revisão integrativa. A questão norteadora aplicada fora: questão norteadora: "quais são as produções científicas sobre a espiritualidade e o ensino de graduação para a formação do profissional em saúde?". As bases de dados consultadas por meio de acesso remoto via CAFe, na Plataforma dos Periódicos CAPES foram Scopus, PUBMED e CINAHL; também, foi consultado o portal _online _da BVS, no período de janeiro a março de 2016. Oito artigos foram selecionados (seis internacionais e dois nacionais), publicados entre os anos de 2011 e 2016, respeitando o recorte temporal pré-estabelecido de cinco anos. Os critérios de inclusão utilizados foram artigos de classificação Qualis CAPES A1, A2, B1 e B2; como critérios excludentes, artigos de revistas não avaliadas pelo Qualis CAPES e aqueles duplicados. Na sequência fidedigna dos critérios citados, foram lidos os resumos de cada artigo encontrado, para verificação da aproximação com a temática. Em seguida, buscou-se encontrá-los na íntegra. Desta forma, mais artigos puderam ser excluídos por não terem uma aproximação com a proposta de pesquisa. **Resultados:** Emergiram três categorias temáticas: o reconhecimento da importância da espiritualidade para os pacientes; a falta do ensino espiritual nas universidades e a universidade como causadora do afastamento da espiritualidade. Embora a religiosidade esteja inserida no campo maior da espiritualidade, é importante demarcar as diferenças entre ambas: a segunda é multidimensional e interpretada de distintas formas em estudos diversos. Destarte, sugere-se que se deva focar em um único aspecto para serem traçadas conexões com a saúde, como apontado em pesquisa realizada com estudantes de profissões afins da área de saúde. Não obstante a falta de um consenso sobre sua conceituação, estudos com universitários de Medicina revelaram que estes acreditam que as crenças espirituais e religiosas dos pacientes influenciam a saúde e a relação com o profissional e há, por parte deles, o desejo de abordá-las na prática clínica; contudo, há uma sensação de despreparo, pois, na graduação, não é realizado o devido treinamento. Ainda, há o conflito de sentimentos na presença da morte iminente do paciente, pois estão envolvidas, além da espiritualidade deles e de seus familiares e os cuidados espirituais relativos a eles, a própria espiritualidade dos estagiários. Inversamente, há estudantes de Enfermagem e Obstetrícia que se sentem preparados e capazes para realizar o cuidado espiritual, reflexo este de seus elevados níveis de espiritualidade, evidenciando que, quando a espiritualidade pessoal é bem desenvolvida, entender esse aspecto no outro torna-se uma tarefa mais simples. Em uma comparação realizada entre currículos de Enfermagem, sendo um tradicional, sem ensino sobre espiritualidade e, o outro, com o ensino sobre o tema, sendo ministrado durante todo o curso, constatou-se que há melhora no entendimento e na prática do cuidado espiritual, mas que, ainda assim, essa foi considerada uma ação insuficiente. Já para estudantes de anos iniciais de Psicologia, foi comprovada a existência da espiritualidade; apesar disso, ao longo do curso de graduação, diminuem-se, consideravelmente, os níveis de bem-estar religioso e espiritual; os calouros possuem índices mais altos do que os dos formandos, o que pode ser um indicador de que a formação universitária acaba por afastar o indivíduo da espiritualidade. Ainda, na discussão universitária, os corpos discente e docente de Medicina reconhecem a importância da dimensão espiritual para os pacientes, mas a parte majoritária acredita que o cuidado espiritual deva ser realizado por capelães ou indivíduos ligados à área espiritual. Entretanto, há predominante concordância de que devam ser ministradas disciplinas a respeito da espiritualidade no curso, mas não há consenso sobre o fato destas serem optativas ou obrigatórias. **Conclusão:** Evidenciou-se que a espiritualidade tem sua importância reconhecida por profissionais e por aqueles que adentraram a vida laboral, mas não há um consenso sobre conceitos e de como incluí-la na prática, o que poderia ser interpretado como reflexos de uma formação acadêmica que não aborda tais questões. Destarte, pesquisas sobre espiritualidade justificam-se pela lacuna existente no conhecimento produzido para que, assim, a práxis na área da saúde se torne mais integrativa. **Contribuições/implicações para a Enfermagem:** A espiritualidade é considerada e vivenciada por muitos indivíduos e, com sua característica de embasar a visão de mundo daquele que a pratica, traz significado para diversas questões ocorridas na vida. Diante disto, muitos estudantes e profissionais reconhecem a importância da espiritualidade para os pacientes, mas há dificuldade para lidar com ela, pois não há um consenso de como deva ser a prática do cuidado espiritual. A dificuldade está presente na Psicologia, na Enfermagem, na Medicina e em áreas afins das Ciências da Saúde. O cuidado da Enfermagem – atento e sensível a tudo o que compõem o indivíduo-paciente, complementa-se com o olhar para a espiritualidade, levando a um atendimento mais satisfatório para ambos os lados da relação profissional que se estabelece.


Referências:
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