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9496480 | INTERCONSULTA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UMA FERRAMENTA DE FORTALECIMENTO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM | Autores: Izabel Cristina Martendal Conrat ; Simone Aparecida Daniel Raulino ; Amanda Priscila de Souza Pereira ; Francimar Furukawa Barreto ; Renata Campani Pereira |
Resumo: **Introdução:** A Atenção Primária em Saúde (APS) é considerada a porta de entrada preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o primeiro contato do usuário com os profissionais de saúde, buscando ampliar o acesso, aumentar a capacidade resolutiva e articular ações de saúde pública e assistência. É a coordenadora do cuidado e o centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Dessa forma, considerando a diversidade e complexidade dos atendimentos na APS há necessidade da presença de diferentes formações profissionais realizando ações compartilhadas, assim como, processos interdisciplinares centrados no usuário, incorporando práticas de vigilância, promoção e assistência à saúde, bem como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É possível integrar também profissionais de outros níveis de atenção.1 O Processo de Enfermagem (PE) é um instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documentação da prática profissional, é parte integrante da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), determinada pela Resolução COFEN 358/2009, que operacionaliza não só o processo, mas organiza o trabalho de enfermagem quanto ao método, pessoal e instrumento, tornando possível o processo de enfermagem, evidenciando a contribuição da Enfermagem na atenção à saúde da população, aumentando a visibilidade e o reconhecimento profissional.2,3 Após implantação dos Protocolos de Enfermagem, no ano de 2015, as atribuições do enfermeiro na rede municipal de saúde de Florianópolis foram ampliadas. Tal ampliação visou dinamizar o acesso ao atendimento do usuário nas Unidades de Saúde da Família, favorecendo o trabalho em equipe e racionalizando e valorizando as competências técnicas de cada profissional. A interconsulta é uma ação de saúde interprofissional e interdisciplinar que tem por objetivo integrar e promover a troca de saberes de diferentes atores que atuam nos serviços de saúde, visando o aprimoramento da tarefa assistencial. Faz-se por meio de pedido de parecer, discussão de caso e consulta conjunta.2 Sendo assim, a interconsulta atualmente se traduz como uma ferramenta de extrema importância no cotidiano das Equipes de Saúde da Família, a qual além do aspecto de aprendizado conjunto serve para promover uma maior integração das equipes, contribuindo de maneira sistemática na ampliação do acesso e melhoria do cuidado continuado da população do território.3 A interconsulta faz parte de muitos esforços pensados para o estabelecimento de iniciativas que garantam a ampliação e qualidade no acesso ofertado aos usuários, principal protagonista do cuidado. **Objetivo:** Este estudo tem como objetivo destacar a importância da interconsulta entre profissionais da Atenção Primária à Saúde. **Descrição Metodológica:** Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, com coleta na base de dados do Sistema de Informações da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, INFO-SAÚDE (prontuário eletrônico). A variável considerada foi número de todos os atendimentos dos enfermeiros de um Centro de Saúde, composto por 6 equipes de Saúde da Família, pertencente ao Distrito Norte do Município de Florianópolis. Foram tabulados os dados referentes ao número de consultas realizadas por enfermeiros nos anos de 2014 à 2017. O desenvolvimento desta pesquisa ocorreu nos meses de fevereiro e março do ano de 2018. **Resultados: **As interconsultas são realizadas em discussão de caso juntamente com os médicos, profissionais do Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF), equipe de enfermagem; também utilizamos meios facilitadores e práticos, com aplicativos de comunicação (Whatsapp e Hangout). A estrutura física no Centro de Saúde proporciona aproximação entre os profissionais, já que os consultórios de enfermeiros e médicos são próximos. Horários reservados mensalmente nas agendas para o matriciamentos com profissionais do NASF. Um outro meio de comunicação também utilizado, o e- mail, pelos profissionais da APS e atenção secundária, para discussão de casos. Conforme os dados analisados de janeiro de 2014 a dezembro de 2015, foram realizadas 23.034 consultas e de janeiro de 2016 a dezembro de 2017 foram realizadas 23.725 consultas representando um aumento de 13,93%. Ressalta-se que em julho de 2015 foi publicado o primeiro volume dos Protocolos de Enfermagem no município, Hipertensão, Diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares4. A partir desses dados, percebeu-se ao longo do período citado, que a interconsulta contribui de forma positiva, permitindo um fortalecimento do Processo de Enfermagem, com aumento do acesso à população ao serviço de saúde, uma vez que permite aos profissionais enfermeiros terem uma visão ampliada dos casos atendidos pelas Equipes de Saúde da Família, através da discussão de caso entre diversos profissionais, saberes e disciplinas. Além disso, houve a possibilidade de outros profissionais da Equipe Saúde da Família conhecerem com mais profundidade o raciocínio clínico do enfermeiro mediante a operacionalização do Processo de Enfermagem, possibilitando maior integração das Equipes de Saúde da Família.** Conclusão: **A experiência da interconsulta tem se mostrado uma importante ferramenta na Unidade de Saúde da Família. Podemos identificar que há benefícios tanto para os profissionais envolvidos, decorrente da troca de saberes e que possibilita aperfeiçoar a forma de pensar e agir em suas práticas; como também aos usuários, facilitando o acesso e promovendo uma visão ampliada sobre o sujeito e viabilizando o cuidado integral. A partir dessa experiência, acredita-se que a interconsulta é uma prática que deve ser encorajada nas Unidades de Saúde, fortalecendo cada vez mais o Processo de Enfermagem e acima de tudo valorizando o trabalho em equipe. Com isso, sugerimos novos estudos sobre esta ferramenta na APS e, ainda, atividade de educação permanente sobre o tema para as Equipes de Saúde da Família se apropriarem deste cada vez mais. **Contribuições/implicações para Enfermagem:** A experiência vem demonstrando que a interconsulta no âmbito das Unidades de Saúde da Família é uma ferramenta imprescindível na busca pelo acesso e que auxilia na autonomia do profissional Enfermeiro, uma vez que dá visibilidade através da contribuição do mesmo nas discussões de casos em espaços multiprofissionais, embora este profissional continue pautando suas ações a partir da utilização do Processo de Enfermagem. Tal ferramenta favorece o trabalho em equipe, racionalizando e valorizando as competências técnicas de cada profissional. Por meio desta, torna-se possível elaborar em conjunto com outros profissionais um plano terapêutico, o qual promoverá o crescimento e a troca de saberes, sempre em benefício da figura central, que é a pessoa.
Referências: 1- Resolução n. 358 de 23 de outubro de 2009 (BR).Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Conselho Federal de Enfermagem.
2- Johnson KD, Mueller L, Winkelman C. The nurse response to abnormal vital sign recording in the emergency department.Journal of Clinical Nursing.2016; 26; 148-156.
3- Rosen MA, Chima AM, Sampson JB, Jackson EV, Koka R, Marx MK, et al. Engaging staff to improve quality and safety in an austere medical environment: a case-control study in two Sierra Leonean hospitals. InternationalJournal for Quality in Health Care. 2015; 27(4), 320-327. |