E-Pôster
9491886 | Perfil clínico e epidemiológico da saúde infantil durante o primeiro ano de vida em uma Estratégia Saúde da Família no município de Belém | Autores: Maria Daiane Santos Nunes ; Juliana Conceição Dias Garcez ; Eimar Neri de Oliveira Junior ; Lígia Silva Pinto ; Laura Maria Vidal Nogueira |
Resumo: A saúde da criança deve ter atenção prioritária das ações de cuidado para a
prevenção, promoção e redução de riscos e agravos, através de ações de
imunização, incentivo ao aleitamento materno exclusivo, o acompanhamento do
crescimento e desenvolvimento e o rastreio das doenças e manifestações
clínicas1. Buscou-se conhecer o perfil clínico e epidemiológico da saúde
infantil durante o primeiro ano de vida, através das principais ocorrências da
criança em uma estratégia saúde da família (ESF) no município de Belém. O
interesse pelo tema foi construído no decorrer da graduação, nos Estágios
Supervisionados na Atenção Básica e pela participação no programa de ensino
pelo trabalho no SUS (PET-graduaSus) onde foi possível vivenciar a intensa
busca dos usuários pelo serviço de saúde na faixa etária. Estudo de método
descritivo, transversal e analítico com abordagem quantitativa. A coleta de
dados ocorreu durante os meses de setembro a outubro de 2017, com inclusão de
amostra pontual dos prontuários de sessenta e seis crianças e exclusão de
cinco prontuários por dados insuficientes e/ou critérios de exclusão da
pesquisa. Foram considerados os dados dos menores de um ano de idade atendidos
na ESF, localizada no bairro Parque Verde, pertencente ao distrito sanitário
DABEN, no município de Belém. Foram incluídos os prontuários de crianças que
realizaram ao menos uma consulta durante o primeiro ano de vida, de ambos os
sexos, residentes em micro áreas cobertas e acompanhadas por Agente
Comunitário de Saúde (ACS), atendidas entre janeiro de 2015 a setembro de
2016, totalizando 294 consultas realizadas. Buscando traçar o perfil da saúde
infantil foram sistematizadas as características da população estudada e na
sequência, apresentados os resultados referentes as ocorrências na saúde e a
comparação entre as variáveis previamente estabelecidas. Os dados coletados
apontam que foram realizadas 294 consultas, sendo 124 consultas médicas e 170
consultas de enfermagem. A média por criança foi de 5 consultas. Houve casos
de crianças que tiveram 9 consultas e casos de crianças com apenas 1 consulta
(consulta de enfermagem). A grande maioria das ocorrências registradas foram
consultas de rotina (puericultura) e tosse. Também foram comuns as ocorrências
de febre, escabiose, diarreia, dermatite e vômitos. Analisado os prontuários
da amostra, constatou-se que 53% das crianças atendidas foram do sexo
feminino, 39 % do sexo masculino e 8% foram retirados por critérios de
exclusão. No estudo das relações entre as manifestações clínicas e a média do
peso ao nascer, a média do peso das crianças do sexo feminino foi de 3.226 g,
enquanto que a do sexo masculino foi 3.083 g. O maior peso observado foi de
4.750 g (uma criança do sexo feminino), enquanto o menor foi de 2.270 g (uma
criança do sexo masculino). Nenhuma criança nasceu com peso inferior a 2.000 g
e apenas duas crianças (3% do total) nasceram com peso superior à 4.000 g.
Considerando a data da primeira consulta, observou-se que 12,12% das crianças
realizaram a primeira consulta até quinze dias, com 33,34%, entre 16 e 30
dias, 21% entre 31 e 60 dias, 9,09% entre 61 e 120 dias. Nenhuma criança
analisada teve a primeira consulta após 120 dias. Observou se que 31% das
crianças realizaram a primeira consulta entre 31 e 120 dias para
acompanhamento do programa de crescimento e desenvolvimento, porém duas
crianças neste mesmo intervalo temporal foram diagnosticadas com sintomas de
diarreia, dermatite, influenza e escabiose. Verificou se a falta de registro
em 24% das crianças sobre a data da 1ª consulta. Quando avaliado à variável
Índice de Massa Corporal (IMC), percebeu se que 51% da amostra representou
peso adequado, sendo que 9% estava com baixo peso, seguidos de 5% com muito
baixo peso, alternando se em 3% para o sobrepeso infantil. Porém 32% da
amostra teve dados insuficientes para cálculo. Em relação às estatísticas,
apenas 24% das crianças realizaram AME, enquanto 29% incluíram alimentação
suplementar antes do 6º mês de vida. Não foi possível obter informações de 47%
das crianças. Descreve que na faixa etária menor de um ano2, independente do
sexo, as causas mais comuns de procura dos serviços de saúde, ocorrem dentro
do período perinatal, seguido de doenças respiratórias ocasionadas por
poluição de matérias na atmosfera3. Este artigo evidenciou que a população
pesquisada, em especial a do sexo feminino teve maior procura para tratamento
de influenza e sinais e sintomas associados, porém contrapondo esta realidade
mesmo sobre forte influência dos determinantes, uma parcela significativa de
crianças não apresentou queixas e procuraram a unidade para acompanhamento do
programa de puericultura. Discorre que apesar dos avanços nos cuidados à
saúde e programas de intervenção precoce, a prevalência de crianças com
deficiência de peso por causas multifatoriais atrelados a gestação continua
alta, gerando transtornos no desenvolvimento neurológico, mental e infantil4.
Portanto as causas das disparidades na saúde infantil podem ser associadas às
consequências de exposições a eventos estressantes da vida no período pré e
pós-concepção ou oriundos de gestações em idade avançada que corroboram para
aumento do risco de nascidos com baixo peso5. Percebe-se através do estudo que
apenas 8% da população teve incidência de BP o que contribui para qualidade da
vida infantil, porém quando observado o padrão das manifestações clínicas que
afligem a população lactente, percebeu-se ligeira predominância de doenças de
contato como dermatite de fraldas, popularmente conhecida por “assadura” e
escabiose, o que remete a uma característica do bairro como o estado
econômico. A consulta do recém-nascido durante a primeira semana de vida é
fundamental para o rastreio de manifestações clínicas do período perinatal,
precoce e tardio, e constitui um momento propício para estimular e auxiliar a
família nas dificuldades como AME, orientação para imunizações, triagem
neonatal e no estabelecimento da rede de apoio à família e da avaliação da
saúde puerperal2. Quando analisando o número e a data da primeira consulta,
orienta se que primeira consulta do recém-nascido ocorra no ambiente
domiciliar em até quinze dia de vida, podendo ser realizada pela equipe de
saúde multidisciplinar e acompanhado na ESF nas consultas subsequentes,
portanto o calendário orienta que sejam realizadas sete consultas no primeiro
ano de vida6. O estudo evidenciou que o número de consultas ficou abaixo do
recomendado, sem nenhuma visita na primeira semana de vida, porém 11% das
crianças realizaram a primeira consulta até o décimo quinto dia de vida. A
amamentação pode proteger contra a desnutrição e à mortalidade infantil por
enfermidades comuns da infância, o excesso de peso e diabetes mais adiante na
vida. A OMS e o MS recomendam o AME até os seis meses de vida da criança e,
complementado com outros alimentos até os dois anos de idade ou mais7. A
morbimortalidade é menor em crianças que receberam o leite materno por mais
tempo. Uma criança em AME apresentou diarreia, e 19% que iniciaram
suplementação precoce não houve casos de anemia, IRA e IVA em crianças em AME.
O estudo destaca a importância os aspectos sociodemográficos e ambientais como
contribuintes para um possível direcionamento do planejamento estratégico,
para a redução dos casos de influenza e sintomas associados, diarreia,
dermatite e escabiose, além do incentivo a procura pelos serviços oferecidos
pela ESF. Mostrou ausência de registro em grande parte nos prontuários. Que o
estudo seja incentivador para o planejamento e reflexão a respeito da grande
falta de registro.
Referências: 1. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. AC Farmacêutica LTDA. 2016; 2. Malaquias T da SM, Marques CDC, de Paula Faria AC, Pupulim JSL, Marcon SS, Higarashi IH. A criança e o adolescente com diabetes mellitus tipo 1: desdobrar do cuidado familiar. CogitareEnferm. 2016;21(1). 3. Internacional Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas [Internet]. 6a ed. Brussels: Internacional Diabetes Federation; 2013. 4. Garcia TR (org). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE)®: aplicação à realidade brasileira. Porto Alegre: Artmed; 2015. |