Imprimir Resumo


SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9491886

E-Pôster


9491886

Perfil clínico e epidemiológico da saúde infantil durante o primeiro ano de vida em uma Estratégia Saúde da Família no município de Belém

Autores:
Maria Daiane Santos Nunes ; Juliana Conceição Dias Garcez ; Eimar Neri de Oliveira Junior ; Lígia Silva Pinto ; Laura Maria Vidal Nogueira

Resumo:
A saúde da criança deve ter atenção prioritária das ações de cuidado para a prevenção, promoção e redução de riscos e agravos, através de ações de imunização, incentivo ao aleitamento materno exclusivo, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e o rastreio das doenças e manifestações clínicas1. Buscou-se conhecer o perfil clínico e epidemiológico da saúde infantil durante o primeiro ano de vida, através das principais ocorrências da criança em uma estratégia saúde da família (ESF) no município de Belém. O interesse pelo tema foi construído no decorrer da graduação, nos Estágios Supervisionados na Atenção Básica e pela participação no programa de ensino pelo trabalho no SUS (PET-graduaSus) onde foi possível vivenciar a intensa busca dos usuários pelo serviço de saúde na faixa etária. Estudo de método descritivo, transversal e analítico com abordagem quantitativa. A coleta de dados ocorreu durante os meses de setembro a outubro de 2017, com inclusão de amostra pontual dos prontuários de sessenta e seis crianças e exclusão de cinco prontuários por dados insuficientes e/ou critérios de exclusão da pesquisa. Foram considerados os dados dos menores de um ano de idade atendidos na ESF, localizada no bairro Parque Verde, pertencente ao distrito sanitário DABEN, no município de Belém. Foram incluídos os prontuários de crianças que realizaram ao menos uma consulta durante o primeiro ano de vida, de ambos os sexos, residentes em micro áreas cobertas e acompanhadas por Agente Comunitário de Saúde (ACS), atendidas entre janeiro de 2015 a setembro de 2016, totalizando 294 consultas realizadas. Buscando traçar o perfil da saúde infantil foram sistematizadas as características da população estudada e na sequência, apresentados os resultados referentes as ocorrências na saúde e a comparação entre as variáveis previamente estabelecidas. Os dados coletados apontam que foram realizadas 294 consultas, sendo 124 consultas médicas e 170 consultas de enfermagem. A média por criança foi de 5 consultas. Houve casos de crianças que tiveram 9 consultas e casos de crianças com apenas 1 consulta (consulta de enfermagem). A grande maioria das ocorrências registradas foram consultas de rotina (puericultura) e tosse. Também foram comuns as ocorrências de febre, escabiose, diarreia, dermatite e vômitos. Analisado os prontuários da amostra, constatou-se que 53% das crianças atendidas foram do sexo feminino, 39 % do sexo masculino e 8% foram retirados por critérios de exclusão. No estudo das relações entre as manifestações clínicas e a média do peso ao nascer, a média do peso das crianças do sexo feminino foi de 3.226 g, enquanto que a do sexo masculino foi 3.083 g. O maior peso observado foi de 4.750 g (uma criança do sexo feminino), enquanto o menor foi de 2.270 g (uma criança do sexo masculino). Nenhuma criança nasceu com peso inferior a 2.000 g e apenas duas crianças (3% do total) nasceram com peso superior à 4.000 g. Considerando a data da primeira consulta, observou-se que 12,12% das crianças realizaram a primeira consulta até quinze dias, com 33,34%, entre 16 e 30 dias, 21% entre 31 e 60 dias, 9,09% entre 61 e 120 dias. Nenhuma criança analisada teve a primeira consulta após 120 dias.  Observou se que 31% das crianças realizaram a primeira consulta entre 31 e 120 dias para acompanhamento do programa de crescimento e desenvolvimento, porém duas crianças neste mesmo intervalo temporal foram diagnosticadas com sintomas de diarreia, dermatite, influenza e escabiose. Verificou se a falta de registro em 24% das crianças sobre a data da 1ª consulta. Quando avaliado à variável Índice de Massa Corporal (IMC), percebeu se que 51% da amostra representou peso adequado, sendo que 9% estava com baixo peso, seguidos de 5% com muito baixo peso, alternando se em 3% para o sobrepeso infantil. Porém 32% da amostra teve dados insuficientes para cálculo. Em relação às estatísticas, apenas 24% das crianças realizaram AME, enquanto 29% incluíram alimentação suplementar antes do 6º mês de vida. Não foi possível obter informações de 47% das crianças. Descreve que na faixa etária menor de um ano2, independente do sexo, as causas mais comuns de procura dos serviços de saúde, ocorrem dentro do período perinatal, seguido de doenças respiratórias ocasionadas por poluição de matérias na atmosfera3. Este artigo evidenciou que a população pesquisada, em especial a do sexo feminino teve maior procura para tratamento de influenza e sinais e sintomas associados, porém contrapondo esta realidade mesmo sobre forte influência dos determinantes, uma parcela significativa de crianças não apresentou queixas e procuraram a unidade para acompanhamento do programa de puericultura.    Discorre que apesar dos avanços nos cuidados à saúde e programas de intervenção precoce, a prevalência de crianças com deficiência de peso por causas multifatoriais atrelados a gestação continua alta, gerando transtornos no desenvolvimento neurológico, mental e infantil4. Portanto as causas das disparidades na saúde infantil podem ser associadas às consequências de exposições a eventos estressantes da vida no período pré e pós-concepção ou oriundos de gestações em idade avançada que corroboram para aumento do risco de nascidos com baixo peso5. Percebe-se através do estudo que apenas 8% da população teve incidência de BP o que contribui para qualidade da vida infantil, porém quando observado o padrão das manifestações clínicas que afligem a população lactente, percebeu-se ligeira predominância de doenças de contato como dermatite de fraldas, popularmente conhecida por “assadura” e escabiose, o que remete a uma característica do bairro como o estado econômico.  A consulta do recém-nascido durante a primeira semana de vida é fundamental para o rastreio de manifestações clínicas do período perinatal, precoce e tardio, e constitui um momento propício para estimular e auxiliar a família nas dificuldades como AME, orientação para imunizações, triagem neonatal e no estabelecimento da rede de apoio à família e da avaliação da saúde puerperal2. Quando analisando o número e a data da primeira consulta, orienta se que primeira consulta do recém-nascido ocorra no ambiente domiciliar em até quinze dia de vida, podendo ser realizada pela equipe de saúde multidisciplinar e acompanhado na ESF nas consultas subsequentes, portanto o calendário orienta que sejam realizadas sete consultas no primeiro ano de vida6. O  estudo evidenciou que o número de consultas ficou abaixo do recomendado, sem nenhuma visita na primeira semana de vida, porém 11% das crianças realizaram a primeira consulta até o décimo quinto dia de vida. A amamentação pode proteger contra a desnutrição e à mortalidade infantil por enfermidades comuns da infância, o excesso de peso e diabetes mais adiante na vida. A OMS e o MS recomendam o AME até os seis meses de vida da criança e, complementado com outros alimentos até os dois anos de idade ou mais7. A morbimortalidade é menor em crianças que receberam o leite materno por mais tempo. Uma criança em AME apresentou diarreia, e 19% que iniciaram suplementação precoce não houve casos de anemia, IRA e IVA em crianças em AME. O estudo destaca a importância os aspectos sociodemográficos e ambientais como contribuintes para um possível direcionamento do planejamento estratégico, para a redução dos casos de influenza e sintomas associados, diarreia, dermatite e escabiose, além do incentivo a procura pelos serviços oferecidos pela ESF.  Mostrou ausência de registro em grande parte nos prontuários. Que o estudo seja incentivador para o planejamento e reflexão a respeito da grande falta de registro.


Referências:
1. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. AC Farmacêutica LTDA. 2016; 2. Malaquias T da SM, Marques CDC, de Paula Faria AC, Pupulim JSL, Marcon SS, Higarashi IH. A criança e o adolescente com diabetes mellitus tipo 1: desdobrar do cuidado familiar. CogitareEnferm. 2016;21(1). 3. Internacional Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas [Internet]. 6a ed. Brussels: Internacional Diabetes Federation; 2013. 4. Garcia TR (org). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE)®: aplicação à realidade brasileira. Porto Alegre: Artmed; 2015.