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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9434131

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9434131

MANEJO DO CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA DE PACIENTES NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA: IMPLEMENTAÇÃO DAS MELHORES EVIDÊNCIAS NA PRÁTICA

Autores:
Alessandra Costa Fanulovic ; Yago Russo Fava ; Adriano Rogério Baldacin Rodrigues ; Larissa Bertacchini de Oliveira ; Fábio da Costa Carbogim

Resumo:
**Introdução:** O cateter central de inserção periférica (CCIP) é um dispositivo intravenoso, inserido nas veias basílica, cefálica ou braquial que fornece acesso vascular seguro para administração de medicamentos, hemocomponentes e nutrição parenteral1-2. O CCIP oferece uma alternativa eficiente e econômica aos cateteres venosos centrais inseridos cirurgicamente, uma vez que pode ser convenientemente inserido por enfermeiras a beira leito. Como outros dispositivos de acesso central, o CCIP está associado a diversas complicações, incluindo trombose, infecção e deslocamento acidental e estes fatores podem estar associados ao manejo do dispositivo pela equipe de enfermagem3-4. **Objetivo:** implementar as melhores evidências relativas ao manejo do CCIP, em pacientes pediátricos e adultos de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de pós-operatório de cirurgia cardíaca. **Método:** Projeto de implementação de evidências realizado com base no modelo do Instituto Joanna Briggs. A coleta de dados ocorreu em uma UTI cirúrgica de um hospital de ensino especializado em cardiopneumologia da cidade de São Paulo, no período de abril a junho de 2017. Participaram do estudo pacientes que utilizaram o CCIP no período da coleta de dados (22 pacientes na auditoria de base e 14 na de acompanhamento) e a equipe de enfermagem (180 funcionários), de todos os períodos. Para seleção das melhores práticas utilizamos o instrumento Joanna Briggs Institute Practical Application of Clinical Evidence System, que orienta a definição dos critérios de auditoria utilizados para determinar a conformidade da prática com a melhor evidência disponível5. Para seleção das barreiras para implementação utilizamos o Getting Research into Practice audit tool. Formamos um grupo de implementação constituído pela gerência da unidade e por enfermeiros facilitadores, que desenvolveram e aplicaram um programa educativo. Realizamos uma auditoria de base e de acompanhamento para avaliar a conformidade das melhores evidências com a prática de manejo do CCIP na unidade. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e apresentados em gráficos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição com o parecer nº.2.222.764 / CAAE 71676217.0.0000.0068. **Resultados:** Na auditoria de base, avaliamos 84 registros de enfermagem e realizamos 10 observações a beira leito do procedimento de administração de medicamentos. Nesta, a realização do flush no CCIP com uma seringa de 10 mL ou maior, antes e após a administração de medicamentos, foi o critério que apresentou a pior conformidade com a evidência atual (2%). Acreditamos que o mau cumprimento desse critério esteve relacionado ao método de avaliação deste nos registros realizados pela equipe de enfermagem. Os critérios que foram avaliados por observação direta a beira leito, como a realização de flush pulsátil e com pressão positiva, apresentou uma melhor conformidade na auditoria de base (20%). Ainda na auditoria de base, os resultados dos critérios relacionados à troca de dispositivos de administração de medicamentos, nutrição parenteral e hemocomponentes, apresentaram uma conformidade moderada (65%) a alta (100%). Estes critérios foram avaliados pela observação do leito. Com relação ao critério de realização do treinamento educativo sobre cuidados com o CCIP, consideramos como falta de conformidade a não participação de treinamento relacionado a esta temática, nos últimos 6 meses, sendo que nenhum dos profissionais cumpriu este critério. Na auditoria de acompanhamento foram avaliados 99 registros de enfermagem e foram realizadas 12 observações a beira leito do procedimento de administração de medicamentos. Foi observada melhora da conformidade da prática com a evidência em todos os critérios avaliados. Os critérios relacionados a realização adequada do curativo da inserção do dispositivo manteve uma alta conformidade (22%), os critérios relacionados a realização do flush com a técnica recomendada atingiram uma conformidade de 83 a 89% e os critérios relacionados a troca dos dispositivos de administração de medicamentos no CCIP alcançaram 100% de conformidade com a evidência. Além disso, foi possível implementar a intervenção educativa com 77% (139) dos funcionários de enfermagem da UTI. **Conclusão: **Obtivemos aumento da conformidade da prática com a melhor evidência em todos os critérios de auditoria avaliados. Uma barreira importante identificada, foi o registro dos procedimentos realizados com o CCIP pelos profissionais de enfermagem, tais como a realização do flush pulsátil com solução fisiológica no cateter antes e após a administração de medicamentos, dieta parenteral, hemocomponentes ou coleta de sangue e da troca dos dispositivos conectados ao cateter. Os critérios que atingiram a maior conformidade com as recomendações foram aqueles relacionados à prevenção da infecção de corrente sanguínea e à perda do CCIP por obstrução. **Contribuições para a Enfermagem: **O projeto teve sucesso em aumentar o conhecimento nesta área e fornecer orientações para sustentar a mudança de prática baseada em evidências. Planos e ideias futuras estão em vigor e foram discutidos. Serão necessárias auditorias adicionais para manter a mudança na prática e garantir que o projeto seja suportado e mantido no contexto onde foi aplicado, bem como servirá de base para outros contextos de cuidados a pacientes com CCIP. Além disso, este é um projeto de implementação de evidências pioneiro no Brasil, já que foi desenvolvido por uma equipe de enfermeiros e por ser o produto do primeiro curso Evidence-Based Clinical Fellowship Program, oferecido pelo Centro de Excelência do Instituto Joanna Briggs do Brasil, sediado na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.


Referências:
Ministério da Saúde (BR). Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: Princípios e Diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.; Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições de Educação Superior Públicas Brasileiras. Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus: [editor desconhecido]; 2012. Pereira ALF. As tendências pedagógicas e prática educativa nas ciências da saúde. Cad Saúde Pública. [periódico on-line]. 2003 set/out; [citado 2011 maio 17]; 19 (05): [aprox. 8 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo; Freire, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 23ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 2002. Acioli, S. A prática educativa como expressão do cuidado em saúde pública. Rev.Bras Enferm, Brasília 2008 jan-fev; 61(1):117-21.