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9391287 | PARTICIPAÇÃO DE ENFERMEIROS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA SUPERVISÃO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM. | Autores: Isabel Cristina Kowal Olm Cunha ; Elena Bohomol ; Larissa Sapucaia Ferreira Esteves |
Resumo: **Introdução:** As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) sugerem que a formação do profissional enfermeiro deverá atender às necessidades sociais de saúde, garantindo a atenção integral, com qualidade e humanização no atendimento propondo que a aproximação do estudante à prática profissional deve ser realizada por meio de aulas práticas e Estágio Curricular Supervisionado (ECS)1. O estágio tem a finalidade de proporcionar ao acadêmico, durante os dois últimos semestres do curso, a visão de sua profissão de forma ampla e concreta e permitir ao estudante desenvolver competências de questionar, investigar, divergir, argumentar, analisar, experimentar e avaliar2. Para tanto, prevê a “efetiva participação dos enfermeiros do serviço de saúde onde se desenvolve o referido estágio”1. Porém, observa-se, por meio de documentos oficiais de entidades de classe, a falta de sintonia entre os parâmetros educacionais e a legislação que rege a profissão, dificultando a participação dos profissionais enfermeiros nos processos de ensino conduzidos pelos cursos de graduação3. Esta falta de congruência prejudica a efetivação do ECS como momento em que o estudante entrará em contato com o mundo do trabalho de forma autônoma e tutorada. Sendo assim, as perguntas que nortearam esse trabalho foram: as escolas de graduação em enfermagem do estado de São Paulo tem efetivado a participação do enfermeiro dos serviços de saúde para o planejamento e implementação das atividades de ECS? Como tem sido realizada essa participação? **Objetivos:** descrever como tem se efetivado a participação dos enfermeiros dos serviços de saúde nas atividades de ECS. **Métodos:** estudo quantitativo, descritivo e exploratório, realizado no período de julho de 2015 a julho de 2017. O universo de pesquisa se constituiu dos cursos de graduação bacharelado em Enfermagem cadastrados no Ministério da Educação (MEC) na modalidade presencial alocados no estado de São Paulo, Brasil. O método de amostragem foi não probabilístico por conveniência, sendo a população composta pelos coordenadores dos 163 cursos de bacharelado em Enfermagem. O instrumento de coleta de dados foi elaborado pelos pesquisadores dispondo das DCN1 como referencial teórico. O procedimento de coleta de dados se deu por meio virtual, em que os endereços eletrônicos dos coordenadores de curso foram obtidos por meio do sistema eletrônico do MEC. Cada coordenador recebeu, via e-mail, a carta de apresentação das pesquisadoras com a apresentação da proposta do estudo e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que após assinado, dava acesso ao _site_ da pesquisa onde se encontrava o questionário. Os resultados foram organizados, tabulados e analisados no software SPSS versão 23.0. Foi utilizada a estatística descritiva e inferencial para sistematizar e resumir as informações fornecidas pelos dados, incluindo: frequências, medidas de tendência central e variabilidade. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) por meio do cadastro do projeto na Plataforma Brasil (CAAE 43875415.1.0000.5505) **Resultados:** Dos 163 cursos de Enfermagem que receberam o questionário de coleta de dados, 38 (23,31%) compuseram a amostra. Para estes, a participação dos enfermeiros que atuam nos serviços de saúde que concedem campos para realização do ECS ainda não é unanimidade, pois 44,7% afirmaram que há a participação do profissional no processo de ensino aprendizagem e 42,1% declararam que o enfermeiro participa apenas em alguns momentos. A participação do enfermeiro está atrelada aos processos avaliativos (65,8%) principalmente, embora em 52,6% dos casos o profissional opina e propõe mudanças no plano e no desenvolvimento do ECS. Em 42,1% das escolas os enfermeiros dos serviços de saúde participam de reuniões de planejamento de ECS; para 34,2% das escolas, a participação ocorre por meio de atividades específicas como fóruns, seminários, estudos de casos entre outras; em 31,6% dos casos, o enfermeiro participa da avaliação do plano de ensino do ECS; para 26.3% dos respondentes, o enfermeiro realiza pesquisas na sua área de atuação junto ao docente e ao estudante e 18,4% dos cursos de graduação em Enfermagem afirmaram que os enfermeiros participam de colegiado ensino-serviço. Em relação às estratégias empregadas pelos cursos de graduação para integrar o ensino e o serviço, preparando assim os campos de estágio para receberem os estudantes, observa-se que há um movimento neste sentido, uma vez que 47,4% dos respondentes da pesquisa declararam que realizam essa aproximação. Entretanto, há que se destacar que 13,2% das escolas afirmaram que não realizam qualquer estratégia de articulação ensino-serviço. Esta pesquisa buscou identificar também a quantidade de estudantes por docentes para o desenvolvimento do ECS e evidenciou-se que cada professor se responsabiliza por aproximadamente 5,08 estudantes, tendo em vista que a média de estudantes que cursam o ECS atualmente foi de 63,1 (dp – 126) e a média de docentes que atuam neste momento da formação foi de 12,4 (dp – 15). **Conclusão:** a participação dos enfermeiros dos serviços de saúde concedente de campos de estágio ainda é tímida nas Escolas de Enfermagem do estado de São Paulo. Acredita-se, dentre outros fatores, que tal movimento se deva às dificuldades de articulação entre ensino e serviços, entendimento insipiente acerca dos documentos oficiais do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) em que por meio da Resolução COFEN n. 441/2013, afirma ser “facultado ao enfermeiro do serviço de saúde participar da supervisão do ECS simultaneamente com as atribuições de enfermeiro de serviço” 4 e pela dificuldade de transpor os velhos paradigmas educacionais que impedem a implementação de ações pedagógicas que valorizem as competências geradas pelas reflexões que ocorrem antes, durante e depois das experiências vivenciadas pelos educandos no mundo real do trabalho5.Contribuições para a Enfermagem: Conhecer como vem sendo desenvolvido o ECS a partir do aumento dos cursos de Enfermagem no país é relevante a fim de discutir-se novas proposições que objetivem melhorias nesta fase do ensino que é essencial para a formação de enfermeiros.
Referências: 1. Giacomozzi AI, Itokasu MC, Luzardo AR, Figueiredo CDS, Vieira M. Levantamento sobre uso de álcool e outras drogas e vulnerabilidades relacionadas de estudantes de escolas públicas participantes do programa saúde do escolar/saúde e prevenção nas escolas no município de Florianópolis. Saúde e Sociedade. 2012; 21(3):612-22. Doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902012000300008
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na escola. Brasília: Ministério da Saúde, Cadernos de Atenção Básica; n. 24, 2009, p. 96.
3. Brandão Neto W, Silva MAI, Aquino JM, Lima LS, Monteiro LMLM. Violência sob o olhar de adolescentes: intervenção educativa com Círculos de Cultura. Rev Bras Enferm. 2015; 68 (4):617-25. Doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2015680407i
4. Freire P. Educação como prática de liberdade. 20. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. |