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9332970 | CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM SOBRE PRIMEIROS SOCORROS: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO | Autores: Larissa Bertacchini de Oliveira ; Vilanice Alves de Araújo Püschel ; Franciane Silva Luiz |
Resumo: **Introdução **Os primeiros socorros às vítimas acometidas por mal súbito ou acidentes, quando prestados de forma eficaz, influenciam diretamente no prognóstico e sobrevida do paciente.1 Conhecimentos básicos sobre como atuar diante destas situações de emergências são essenciais à todos, mas imprescindíveis aos profissionais e estudantes da área de saúde, de quem espera-se domínio e perícia.1,2 No caso de estudantes da área de saúde, a literatura tem revelado que as habilidades de intervenção em primeiros socorros ocorrem tardiamente nos currículos de graduação, impactando na qualidade das ações.2 Nessa direção, pesquisas tem demonstrado relação entre o Problem Based Learning (PBL) e o estímulo a habilidades cognitivas e metacognitivas responsáveis por fomentar o aprendizado.2,3 Dentre elas a habilidade de pensamento crítico (PC), competência essencial na avaliação clínica e tomada de decisão em saúde.4,5 Na literatura de enfermagem, PC tem sido definido como habilidade cognitiva expressa por meio da capacidade de análise, raciocínio lógico e julgamento clínico, orientado para resolução de problemas, sendo essencial em situações de primeiros socorros.3,4,5** Objetivo:** avaliar o conhecimento de estudantes de graduação em enfermagem, antes e após uma intervenção educativa, sobre primeiros socorros, utilizando a Metodologia do Ensino Ativo para o Desenvolvimento do Pensamento Crítico (MEAPC) associada ao PBL. **Descrição Metodológica:** Trata-se de um ensaio clínico, randomizado, unicego e paralelo. Participaram do estudo estudantes de graduação em enfermagem (n=102), da Universidade Federal de Viçosa, Brasil, entre o primeiro e o sétimo período de curso. A alocação das turmas, experimental e controle, ocorreu por randomização por meio do _software estatístico R_ versão 3.0.2, permitindo uma distribuição equilibrada nos grupos. Logo, compuseram o grupo experimental e controle, respectivamente, 52 e 50 estudantes. Foram incluídos no estudo estudantes que cursavam disciplinas entre o primeiro e sétimo período de graduação em enfermagem, que se inscreveram no curso. Como critério de exclusão, consideram-se aqueles que estivessem afastados do curso por atestado ou licença médica ou que estavam cursando o oitavo período de graduação (período em que é inserida a temática primeiro socorros no curso). A intervenção educativa ocorreu no mês de novembro de 2015, entre os dias 12 e 30, com duração de 25 horas, abordando-se a temática primeiros socorros para os dois grupos, de forma concomitante e em ambientes distintos. O curso foi subdividido em um encontro de cinco horas e dois encontros de dez horas, com atividades similares nos dois grupos, mediadas por tutores previamente treinados. Como hipótese do estudo estabeleceu-se que: os estudantes que participassem da intervenção educativa sobre SBV, tendo por base o PBL orientado pelo MEAPC (grupo intervenção), seriam mais estimulados para ao aprendizado quando comparados aos estudantes do grupo controle. Para análise dos dados utilizou-se média ± desvio-padrão para as variáveis quantitativas; e porcentagens, para as variáveis qualitativas. Os pressupostos de normalidade dos dados foram avaliados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. O pressuposto de igualdade de variâncias foi avaliado pelo Teste de Levene. A análise da estatística F foi feita a partir do Traço de Pillai. Quando violada a esfericidade, utilizou-se o fator de correção Épsilon de Huynh-Feldt. Quando detectadas diferenças estatisticamente significativas, foram utilizados testes t de Student. É importante ressaltar que, no teste _t_, o delta (?) se relaciona à diferença padronizada entre a média dos dois grupos. O tamanho do efeito foi calculado através do _d_ de Cohen, adotando a classificação <0,2, 0,5 e >0,8, sendo pequeno, moderado e elevado, respectivamente. Para testar diferenças entre os grupos experimental e controle em relação a possíveis variáveis qualitativas intervenientes (sexo, idade e período do curso), utilizou-se o teste do Qui-Quadrado (?²). Todas as análises foram feitas no software estatístico SPSS versão 20.0 (IBM Corp., Armonk, NY), sendo adotado o nível de significância menor ou igual a 0,05. A pesquisa foi iniciada após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa, sob Certificado de Apresentação para Apreciação Ética- CAEE n. 45536215.9.3001.5153 e Parecer n. 1.321.946. Também procedeu-se a inscrição do projeto ao Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos sob número U1111-1176-5343. **Resultados: **Participaram do estudo 102 estudantes, os quais foram divididos em dois grupos: controle (n = 50) e experimental (n = 52). A maioria dos participantes foram mulheres (n = 87; 85,3%) e estavam entre o quinto e sétimo período do curso (n = 58; 57%), sendo denominados de concluintes. A média de idade dos mesmos foi de 22,1 ± 3,7 anos. Em relação ao desempenho na prova de Suporte Básico de Vida, foi observado efeito de interação significativo (F1,100 = 22,296; p < 0,001), indicando que a melhora observada no grupo experimental (6,33 ± 1,56 _vs._ 8,12 ± 1,25; ?% = 40%) foi maior do que no grupo controle (6,32 ± 1,39_vs._ 6,54 ± 1,37; ?% = 6%). O tamanho do efeito observado no grupo experimental foi de elevada magnitude (_d_ = 1,15). Quanto aos conhecimentos de Primeiros Socorros, foi observado efeito principal para o fator medida (F1,100 = 19,246; p < 0,001). Tanto o grupo controle (11,76 ± 1,86 _vs._ 12,46 ± 1,30) quanto o grupo experimental (11,63 ± 2,04 _vs._ 12,87 ± 1,28) apresentaram maiores valores no pós-teste quando comparado ao pré-teste. Em média, os grupos melhoraram 12% o desempenho em Primeiros Socorros. No que se refere ao somatório do desempenho na prova de Suporte Básico de Vida e Primeiros Socorros (25 questões), foi observado efeito de interação significativo (F1,100 = 11,138; p = 0,001), indicando que a melhora observada no grupo experimental (17,96 ± 2,74_vs._ 20,98 ± 1,81; ?% = 20%) foi maior do que no grupo controle (17,98 ± 2,43_vs._ 19,06 ± 1,93; ?% = 8%). O tamanho do efeito observado no grupo experimental foi de elevada magnitude (_d_ = 1,10).** Conclusão: **A MEAPC associada ao PBL demonstrou efetividade no estímulo e mediação do conhecimento, com resultados significativos no teste de SBV para o grupo de estudantes que a utilizou. Dessa forma, confirmou-se a hipótese alternativa de que os estudantes do grupo experimental seriam mais estimulados para ao aprendizado de SBV quando comparados aos estudantes do grupo controle. ** Contribuições/Implicações para a Enfermagem: **De posse dos resultados, acredita-se que o grande desafio do professor é mediar um ensino significativo que mobilize o desenvolvimento intelectual crítico dos estudantes em enfermagem, considerando ser a base para o raciocínio clínico e a tomada de decisão. Dessa forma, para o ensino de primeiros socorros, métodos que propiciem atividades de interação e reflexão, podem auxiliar de forma significativa na integração das informações e aprendizado.
Referências: 1.Clayton BD, Stock YN, Cooper SE. Farmacologia na prática de enfermagem. 15.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. |