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9297332 | DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM DO DOMÍNIO CRESCIMENTO/DESENVOLVIMENTO SEGUNDO NANDA-I ENTRE PRÉ-ESCOLARES | Autores: Emilia Soares Chaves Rouberte ; Maria do Socorro Távora de Aquino ; Francisca Bertilia Chaves Costa ; Flávia Paula Magalhães Monteiro |
Resumo: NANDA-I é um dos tipos de classificações de Enfermagem internacionalmente
conhecida organizada em: diagnóstico de enfermagem, compreendido como o
julgamento clínico das resposta do indivíduo, família ou comunidade a
problemas de saúde e/ou processos vitais reais ou potenciais; características
definidoras, entendidas como pistas/inferências passíveis de observação que se
formam a partir de manifestações de um diagnóstico; e fatores relacionados,
componentes que integram todos os diagnósticos de enfermagem com foco no
problema[1]. Objetivou-se levantar o perfil de diagnósticos de enfermagem, as
características definidoras e fatores relacionados do domínio
crescimento/desenvolvimento segundo NANDA-I entre pré-escolares. Estudo
transversal, descritivo-exploratório com abordagem quantitativa, realizado no
Centro de Educação Infantil de um município do Ceará. Inicialmente realizou-se
uma reunião com os responsáveis pelos pré-escolares para a apresentação da
proposta de estudo, bem como o esclarecimento de seus objetivos com vistas à
solicitação da anuência do estudo com as crianças na escola. O consentimento
dos responsáveis foi adquirido mediante assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. A coleta de dados ocorreu de outubro de 2015 a abril de
2016, com a aplicação de um instrumento previamente estruturado para o
levantamento dos diagnósticos de enfermagem, características definidoras e
fatores relacionados, com a realização de exame físico e posterior avaliação
do desenvolvimento motor, cognitivo, pessoal-social. Atendendo ao disposto na
Resolução CNS nº 466/2012[2], por se tratar de pesquisa envolvendo seres
humanos, a presente pesquisa obteve aprovação mediante o parecer de número
1.363.863 emitido por Comitê de Ética em Pesquisa. Foram avaliados 110 pré-
escolares e identificado um total de 18 diagnósticos de enfermagem, 20
características definidoras e 40 fatores relacionados. Em média, foram
encontrados 4,5 diagnósticos de enfermagem por criança; 3,4 características
definidoras/criança e 6,5 fatores relacionados/criança. Desses, os
diagnósticos mais prevalentes foram: risco de queda (n=110;100%) e atividade
de recreação deficiente (n=110;100%). Dois diagnósticos estavam presentes em
mais da metade das crianças, déficit no autocuidado para banho (n=71;64,5%) e
dentição prejudicada (n=51;46,4%), diante da referência NANDA-I. Outros
diagnósticos que merecem destaque são os que pertencem ao domínio 13: risco de
desenvolvimento atrasado (n=10;9,1%) e atraso no crescimento e desenvolvimento
(n=1;0,9%). Cabe salientar que para verificar a existência desses diagnósticos
foi oferecido testes de acordo com cada faixa etária, referentes ao
desenvolvimento motor (habilidades motoras grossas e finas), cognitivo
(linguagem) e pessoal-social. Dessa forma, para considerar risco de
desenvolvimento, a criança deveria fazer no mínimo 25% em cada área do
desenvolvimento social, cognitivo e motor[1]. Portanto, apesar desses
diagnósticos não terem sido muito prevalente entre os pré-escolares, os que
apresentaram devem ser constantemente estimuladas, tanto em domicilio pela
família, como na própria escola, para que esse risco seja eliminado e esse
atraso seja revertido, para que a criança não atinja a vida adulta com
influências desfavoráveis trazidas da infância. Verificou-se, também, o risco
de crescimento desproporcional em 18 crianças (16,4%). Os diagnósticos, tais
como: obesidade (n=20;18,8%) e sobrepeso (n=7;6,36%) são fatores bastante
preocupantes entre os pré-escolares, pois tais condições podem perdurar ao
longo da vida e as crianças podem atingir a vida adulta ainda com esse
problema. Diante da detecção das características definidoras, as mais
prevalentes foram: local atual não possibilita envolvimento em atividades
(n=110;100%), este está relacionado com o diagnóstico de atividade de
recreação deficiente, que também esteve presente em todas as crianças. Isso
ocorreu devido ao local de estudo não propiciar atividades rotineiramente que
envolvam arte, cultura e esporte, especialmente, fora da sala de aula das
crianças; Outra característica definidora presente foi capacidade prejudicada
de lavar o corpo (n=68;61,8%). Outro problema identificado foi cárie nos
dentes (n=44;40%), dentes desgastados (n=13;11,8%), descoloração do esmalte
(n=8;7,3%) e halitose (n=6;4,5%) que estão relacionados ao mesmo diagnóstico
de dentição prejudicada. As características definidoras, índice de massa
corporal maior percentil 95 para idade e sexo (n=21;19,1%) e maior percentil
85, mas menor que 25 kg/m² conforme idade e gênero (n=7;6,4%) estão
relacionadas aos diagnósticos obesidade e sobrepeso, respectivamente. Os
fatores relacionados são componentes que integram todos os diagnósticos de
enfermagem com foco no problema[1]. Incluem etiologia, circunstâncias, fatos
ou influências com certo tipo de relação com o diagnóstico de enfermagem,
como, por exemplo, a sua causa. Geralmente, as intervenções de enfermagem são
voltadas para esses fatores relacionados, para remover a causa subjacente do
diagnóstico. Dessa forma, foram identificados 40 fatores relacionados, com
média de 6,5 por criança. Sendo os mais presentes em todos os pré-escolares:
atividade de recreação insuficiente (n=110;100%), que está relacionado ao
diagnóstico de atividade de recreação deficiente; ambiente cheio de objetos
(n=110;100%) e ausência de proteção em janelas (n=110;100%). A alteração da
função cognitiva esteve presente em quase todas as crianças (n=82;74,5%),
devido ela está inserida em três diagnósticos que se repetiram muito entre as
crianças e tinham o mesmo fator relacionado, sendo estes: déficit no
autocuidado para banho, para vestir-se e para alimentação. Portanto, foi
considerada essa alteração na função cognitiva entre os pré-escolares, pois
eles não possuem plenamente a capacidade de raciocinar sobre os seus atos,
mesmo que seja simplesmente o ato de vestir uma roupa, alimentar-se de forma
saudável ou cuidar da sua higiene. O fator relacionado, economicamente
desfavorecido (n=70;63,6%) também está inserido em três diagnósticos, sendo
estes: dentição prejudicada, risco de atraso no desenvolvimento e risco de
crescimento desproporcional. Conhecimento insuficiente sobre saúde dental
(n=29;26,4%) e higiene oral inadequada (n=33;30%) são fatores relacionados que
merecem destaque e estão inseridos no diagnóstico de dentição prejudicada,
pois as crianças que o apresentaram não sabem da importância que o simples ato
de escovar os dentes pode evitar diversas complicações, dores e sofrimentos.
Comportamentos alimentares inadequados (n=20;18,2%), hábitos de "beliscar"
alimentos com frequência (n=6;5,50%), comportamento alimentares mal adaptados
(n=10;9,10%), hábitos alimentares inadequados (n=1;0,9%) e comportamentos
alimentares inadequados desordenados (n=6;5,50%). Todos esses fatores
relacionados se referem a mesma situação de má alimentação que levará a algum
problema, porém estão referenciados de forma separada, por ser um fator
relacionado de diagnósticos diferentes. Dentro desse contexto, foi observado
que a maioria das crianças estudadas, estão consumindo muitos alimentos
industrializados, com alto teor de calorias e, dessa forma, contribui para
esses fatores estarem relacionados a má nutrição. Um estudo realizado com 54
pré-escolares em uma creche do Rio Grande do Sul, pode comprovar a associação
do consumo de alimentos industrializados com o excesso de peso, em que o risco
de sobrepeso foi de 27,8% e o sobrepeso e obesidade chegaram a 11,1%[3].
Conclui-se que os principais diagnósticos apresentados pelos pré-escolares
foram relacionados ao ambiente escolar, como questões de segurança e problemas
higiênicos relacionados a própria criança. Como contribuições/implicações para
a Enfermagem pode-se identificar o fato de que esse trabalho contribuir para
proporcionar um melhor conhecimento dessa população pela enfermagem e assim
poder proporcionar uma melhor assistência de cuidado prestado.
Referências: 1. Chaves VLJ, Amaral NS. A educação superior no Brasil: os desafios da expansão e do financiamento e comparações com outros países. Revista Educação em Questão, Natal. 2015; 51(37): 95-120, jan./abr.
2. Paula ASN, Lima KRR, Costa FJF, Ferreira, EL. O empresariamento educacional brasileiro: expansão privado-mercantil do ensino superior. Impulso, Piracicaba, 2017; 27(68), 65-84, jan.-abr.
3. Mancebo D, Vale AA, Martins TB. Políticas de expansão da educação superior no Brasil 1995-2010. Revista Brasileira de Educação 2015; 20(60): 31-50.
4. Inep. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Dados sobre a graduação em enfermagem de 1991 a 2004. Acessados através do Sistema de Informação ao Cidadão do Governo Federal em março de 2017. Brasília, 2017.
5. Teixeira E, Fernandes JD, Andrade AC, Silva KL, Rocha MEMO, Lima RJO. Panorama dos cursos de Graduação em Enfermagem no Brasil na década das Diretrizes Curriculares Nacionais. Rev Bras Enferm, 2013; 66(esp):102-10. |