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9286906 | CAPACITAÇÃO DO ENFERMEIRO DOCENTE GESTOR EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR | Autores: Gabriela Marcellino de Melo Lanzoni ; Giovana Dorneles Callegaro Higashi ; Alacoque Lorenzini Erdmann ; Rafael Marcelo Soder ; Jose Luís Guedes dos Santos |
Resumo: INTRODUÇÃO
A gestão educacional universitária pode ser estudada como fenômeno social, uma
vez que ela age, interage com o meio, influencia e é influenciada por ele. A
universidade, nas últimas décadas vivencia um momento de resgate da
valorização do ensino superior na área, caracterizado, principalmente, pela
ampliação do número de instituições, aumento da oferta de vagas e do número de
docentes e técnicos administrativos, assim como pelo maior investimento no que
se refere à infraestrutura organizacional1.
Desse modo, o déficit no preparo e capacitação docente para assumir cargos e
funções gerenciais influencia diretamente nos processos e contraprocessos
gerenciais, assim como, requer interlocução e dinamicidade por parte dos
representantes e representados.
OBJETIVOS
Analisar como ocorre capacitação do enfermeiro gestor em uma instituição
universitária de ensino superior.
DESCRIÇÃO METODOLÓGICA
Estudo qualitativo, com suporte metodológico da Teoria Fundamentada nos Dados
(TFD) de Corbin e Strauss (2015). O cenário do estudo foi uma universidade
federal da Região Sul do país. Realizado no período de janeiro a julho de
2015, por meio de seleção intencional dos participantes, entrevista individual
e semiestruturada. Para preservar a confidencialidade das informações, os
participantes foram identificados pela letra G referente à participação no
grupo amostral (1°, 2°, 3°) e a letra E que remete ao participante
entrevistado foi utilizada para identificar os participantes discentes e
docentes-gestores.
RESULTADOS
Na categoria _capacitação docente para assumir cargos e funções gerenciais,
os_ docentes sinalizaram que a capacitação e preparo para o exercício das
funções gerenciais, é estimulado pela discussão coletiva entre os docentes,
subsidiada pela troca de conhecimentos, dúvidas e dificuldades, bem como
direcionando e fortalecendo os processos avaliativos no âmbito universitário
e, consequentemente, seus encaminhamentos e demandas:
Tivemos muitas das discussões, falo isso porque eu acho que me subsidiou em
muitas coisas. Nós tínhamos discussões específicas, por exemplo, sobre
processo de avaliação na universidade, como encaminhar melhor, é assim
discutindo mais essa questão da avaliação formativa e tal, e nós, como
coordenadores pedagógicos, nós tínhamos que estar preparados pra trabalhar com
todo o corpo de professores a respeito disso, então, cada tema que ia
surgindo, a gente era capacitado pra trabalhar junto aos professores, e isso
era muito, acho que foi muito interessante pra mim, me deu muita bagagem nessa
questão pedagógica (G1 E-02).
Tem que se preparar para isso, eu acho que tem que ser um docente um pouco
mais experiente, não pode ser um docente muito jovem, que conhece, para
conhecer, não pela juventude, mas para conhecer toda a dinâmica da
universidade, a dinâmica do departamento, conhecer os pares, conhecer os
colegas, enfim, quando eu falo colegas, não só do próprio departamento ou do
próprio PPG, mas do próprio Centro de Ciências da Saúde. Acho que tem que ter
um pouco de trajetória nesse sentido, para poder saber circular neste meio e
poder representar, mas eu penso que precisa e é necessário (G1 E-01).
A falta de conhecimento e o pouco envolvimento dos docentes são aspectos
dificultadores para o adequado desenvolvimento dos processos gerenciais. O
pouco conhecimento das legislações, das normatizações, dos fluxos e
contrafluxos acadêmicos inviabilizam a dinamicidade dos acontecimentos
relacionais, políticos e institucionais.
Um aspecto dificultador são as pessoas que estão envolvidas também não
conhecerem bem como funciona, e você viu os próprios professores, às vezes do
PPG, ou a dificuldade que têm de conhecer todos os trâmites legais, e isso
atravanca um pouco (...) outra questão são as pessoas, às vezes, ou não estão
envolvidas, ou têm dificuldade de entender, e isso atrapalha um pouco o
serviço de quem tá coordenando, essa falta, acho que mais essas coisas assim,
essas coisas do dia a dia e a questão financeira (G1 E-09).
A passagem de plantão pode ser uma estratégia para os docentes que estão
iniciando funções e atividades gerenciais, assim como para os mais
experientes, pois cada experiência frente ao cargo de gestão é diferente, com
suas peculiaridades e especificidades. Contar com a ajuda de outro
profissional que se disponibilize para orientar, explicar, informar, dar
direcionamentos e encaminhamentos de práticas cotidianas já adotadas e
implementadas pode efetivar e consolidar a nova gestão. Acho que, a gestão tem
muitas nuances, então, por mais que você já tenha sido gestora de algum
serviço ou, é sempre uma experiência nova, acho importante, eu sempre
considerei importante isso, essa, como a gente chama, de “passagem de
plantão”, alguém te orientar com relação a aqueles processos (G3 E-25).
Acho que isso facilita, não que, a gente também pode descobrir, a gente também
pode estudar, a gente pode buscar, mas certas orientações, eu acho, certas
práticas, aquelas rotinas, isso é importante (G2 E-13).
É o que nós fazemos sempre, é quando trocam esses cargos, sempre o coordenador
que sai fica um tempo com o coordenador que entra passando as informações e
orientando, isso a gente faz, sempre o coordenador que tá saindo orienta o
coordenador que está chegando, a gente fica junto um, dois meses trabalhando
junto pra poder pegar o ritmo das atividades (G2 E-21).
Tem coisas que estão às vezes... quando você pega um processo que tá em
andamento, eu acho que, essa passagem de certas informações, é importante pra
continuidade do trabalho, pra que essa continuidade seja com qualidade (G3 E-
32).
CONCLUSÃO
A gestão universitária pode ser estudada como fenômeno social, uma vez que ela
age, interage com o meio, influencia e é influenciada por ele. Os docentes, em
sua maioria, não estão preparados para atuarem na gestão, pois, muitas vezes,
não possuem uma formação específica, ou capacitação no campo da administração
universitária, focalizando, principalmente, em atividades basilares da
instituição, como o ensino, pesquisa e extensão.
CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM
Comumente, os docentes-gestores das universidades assumem a responsabilidade
por fomentar, incentivar e criar mecanismos de manutenção para atividades de
desenvolvimento no âmbito local, regional e nacional, sustentadas pelo “tripé”
ensino, pesquisa e extensão. Ainda, além da característica técnica e de
especialistas que desenvolveram no decorrer de sua formação, como professores
e pesquisadores, esses profissionais necessitam incluir em seu repertório as
competências gerenciais que ajudam a articular o conhecimento técnico ao
administrativo, sobretudo com base na construção de habilidades de negociação
e análise do contexto econômico, político e social.
Referências: 1. Santana FR, Gaspar CC, Costa RA, Paiva VG, Rodrigues MCS, Alvez ED. Educação à distância nas instituições federais de ensino superior: a situação da enfermagem brasileira. Revista Eletrônica de Enfermagem, 2005; 7(1):45-53.
2. Mancebo D, Vale AA, Martins TB. Políticas de expansão da educação superior no Brasil 1995-2010. Revista Brasileira de Educação, 2015; 20(60): 31-50.
3. Mancebo D, Martins TB. Expansão do ensino à distância: pressupostos para sua análise e marcos regulatórios. In: Mancebo D, Silva Júnior JR. Trabalho docente e expansão da educação superior brasileira. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012, p. 117-146.
4. Inep. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Dados sobre a graduação em enfermagem de 1991 a 2004. Acessados através do Sistema de Informação ao Cidadão do Governo Federal em março de 2017. Brasília, 2017.
5. Cofen. Conselho Federal de Enfermagem. Cofen propõe projeto de lei proibindo EaD na Enfermagem [Internet] 2015 [citado em 2017 ago 31]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/cofen-propoe-projeto-de-lei-proibindo-ead-na-enfermagem_34001.html |