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9285958 | PROCESSO DE ENFERMAGEM COM UMA GESTANTE COLECIONADORA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS | Autores: Guilherme dos Santos Lopes ; Lenise Dutra ; Aline Medianeira Gomes Correa ; Mara Caino Teixeira Marchiori |
Resumo: A Resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) dispõe sobre a
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a implementação do
Processo de Enfermagem em ambientes públicos e privados, em que ocorre o
cuidado profissional de Enfermagem. A SAE contempla cinco passos inter-
relacionados, quais sejam: coleta de dados, diagnóstico, planejamento,
implementação e avaliação de enfermagem1. Considerando que a SAE é uma forma
de organizar metodologicamente, otimizar e qualificar o cuidado na
enfermagem2. A sistematização da assistência de enfermagem na perspectiva da
equipe de um hospital de ensino. Rev. Eletr. Enf., Santa Maria, v. 12, n. 4,
p. 655-9, 2010., o presente estudo objetivou desenvolver a Sistematização da
Assistência de Enfermagem com uma gestante, colecionadora de materiais
recicláveis, à luz da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de
Aguiar Horta. Trata-se de um estudo de caso realizado, a partir do histórico,
diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de Enfermagem com base
nas intervenções propostas. Foram realizadas seis visitas na Associação de
Reciclagem, localizada na região central do Rio Grande do Sul. O estudo foi
realizado com uma gestante colecionadora de materiais recicláveis, no período
entre agosto e novembro de 2017, por meio de seis visitas regulares e
sistematizadas, ocorridas na Associação de Reciclagem, com duração de duas
horas cada. O projeto seguiu as normas da resolução do Conselho de Saúde
número 466/2012 e foi aprovado pelo Comitê de Ética, sob o número 2.270.982.
Resultados: A SAE foi sistematizada com a gestante em cinco fases: histórico
de enfermagem, que consistiu em coletar o máximo de informações sobre as
condições de vida e saúde da gestante; o diagnóstico de enfermagem que se
baseou no levantamento das necessidades da gestante; o planejamento de
enfermagem, que se traduziu em um plano de cuidados, discutido com base no
levantamento de dados e diagnósticos de enfermagem; a implementação, que
consistiu nas intervenções previamente discutidas com a gestante e família e a
avaliação que consistiu em avaliar os resultados alcançados. Em seu jeito de
olhar e falar notou-se profunda desesperança em relação ao seu futuro, devido
às condições de vida. Enquanto conversava, a gestante se mostrava triste, o
que permitiu diagnosticar a sua baixa autoestima crônica, além de sua
ansiedade e nervosismo. Falava muito bem de seu marido e de sua relação com os
filhos, por isso, o diagnóstico de “disposição para relacionamento melhorado”.
Constatou-se risco de infecção pelo esgoto a céu aberto, defronte à casa, bem
como o risco de contaminação. Por fim, constatou-se, também, o isolamento
social, devido à localização de sua casa e a exclusão social, como
característica da extrema pobreza. Considerando a sua baixa autoestima, a
desesperança em relação ao seu futuro e o desinteresse pelo seu autocuidado,
foi planejado coletivamente um plano de cuidados singular e multidimensional
que considerou desta as orientações básicas às reflexões sobre à importância
da promoção da saúde em âmbito pessoal e familiar, além de orientações
direcionadas ao pré-parto, parto normal, puerpério, amamentação, dentre
outros. Ao final da SAE realizou-se uma avaliação coletiva com todos os
envolvidos no processo e se contatou que os resultados foram alcançados. Tal
resultado pode ser atribuído à participação ativa e responsável da gestante
nas diferentes etapas da SAE, como também à sua iniciativa e autonomia na
construção do conhecimento e transformá-lo para a sua prática. Concluiu-se,
que a Sistematização da Assistência de Enfermagem foi de fundamental
importância para reconhecer o perfil da gestante e família e, a partir deste,
traçar um plano de cuidados individualizado voltado às orientações
singularizadas e à emancipação da gestante como protagonista de sua história.
Percebeu-se que não basta dominar o conhecimento técnico em saúde, mas que é
preciso conhecer a realidade de cada indivíduo e família e, a partir de então,
discutir coletivamente formas alterativas de promoção da saúde e do
autocuidado, sobretudo, em comunidades socialmente vulneráveis. Além disso, é
preciso que se apreenda a realidade de forma ampliada e contextualizada e se
projete ações de cuidado em saúde que sejam complementadas pelos profissionais
das diversas áreas. Contribuições/implicações para a Enfermagem: A resolução
358 do COFEN prevê a implementação da SAE como estratégia teórica e
metodológica para a otimização e qualificação do cuidado de Enfermagem. Apesar
do avanço com a inserção deste assunto nos cursos de graduação, a implantação
desta metodologia, no campo assistencial de enfermagem, ainda carece de visão
contextualizada por parte dos profissionais, bem como vontade e motivação para
transcender as práticas pontuais e lineares do fazer tradicional.
Referências: 1. Sauthier J, Carvalho MTC, Santos NMP. Centro de documentação da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) – uma contribuição à história da enfermagem. Rev.latino-Am. Enfermagem [internet]. 2000 [citado 2018 fev. 09];8(5):81-84. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692000000500012
2. Padilha MICS. O ensino de história da enfermagem nos cursos de graduação de Santa Catarina. Trab. educ. saúde [internet]. 2006 [citado 2018 fev. 09]; 4(2):325-336. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1981-77462006000200006.
3. Dias NL, Carvalho MS, Paim L, Aperibense PGGS, Peres MAA. Monumentos e personagens históricos: preservação da identidade profissional da enfermagem em espaço acadêmico. Hist enferm Rev eletronica [Internet]. 2016 [citado 2018 fev. 09];7(2):423-39. Disponível em: http://here.abennacional.org.br/here/2a05.pdf
4. Santos TCF, Barreira IA, Gomes ML, Baptista SS, Peres MAA, Almeida Filho AJ. A memória, o controle das lembranças e a pesquisa em história da enfermagem. Esc. Anna Nery [internet]. 2011 [citado 2018 fev. 09];15(3):616-625. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452011000300025. |