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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9285958

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9285958

PROCESSO DE ENFERMAGEM COM UMA GESTANTE COLECIONADORA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

Autores:
Guilherme dos Santos Lopes ; Lenise Dutra ; Aline Medianeira Gomes Correa ; Mara Caino Teixeira Marchiori

Resumo:
A Resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes públicos e privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem. A SAE contempla cinco passos inter- relacionados, quais sejam: coleta de dados, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de enfermagem1. Considerando que a SAE é uma forma de organizar metodologicamente, otimizar e qualificar o cuidado na enfermagem2. A sistematização da assistência de enfermagem na perspectiva da equipe de um hospital de ensino. Rev. Eletr. Enf., Santa Maria, v. 12, n. 4, p. 655-9, 2010., o presente estudo objetivou desenvolver a Sistematização da Assistência de Enfermagem com uma gestante, colecionadora de materiais recicláveis, à luz da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta. Trata-se de um estudo de caso realizado, a partir do histórico, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de Enfermagem com base nas intervenções propostas. Foram realizadas seis visitas na Associação de Reciclagem, localizada na região central do Rio Grande do Sul. O estudo foi realizado com uma gestante colecionadora de materiais recicláveis, no período entre agosto e novembro de 2017, por meio de seis visitas regulares e sistematizadas, ocorridas na Associação de Reciclagem, com duração de duas horas cada. O projeto seguiu as normas da resolução do Conselho de Saúde número 466/2012 e foi aprovado pelo Comitê de Ética, sob o número 2.270.982. Resultados: A SAE foi sistematizada com a gestante em cinco fases: histórico de enfermagem, que consistiu em coletar o máximo de informações sobre as condições de vida e saúde da gestante; o diagnóstico de enfermagem que se baseou no levantamento das necessidades da gestante; o planejamento de enfermagem, que se traduziu em um plano de cuidados, discutido com base no levantamento de dados e diagnósticos de enfermagem; a implementação, que consistiu nas intervenções previamente discutidas com a gestante e família e a avaliação que consistiu em avaliar os resultados alcançados. Em seu jeito de olhar e falar notou-se profunda desesperança em relação ao seu futuro, devido às condições de vida. Enquanto conversava, a gestante se mostrava triste, o que permitiu diagnosticar a sua baixa autoestima crônica, além de sua ansiedade e nervosismo. Falava muito bem de seu marido e de sua relação com os filhos, por isso, o diagnóstico de “disposição para relacionamento melhorado”. Constatou-se risco de infecção pelo esgoto a céu aberto, defronte à casa, bem como o risco de contaminação. Por fim, constatou-se, também, o isolamento social, devido à localização de sua casa e a exclusão social, como característica da extrema pobreza. Considerando a sua baixa autoestima, a desesperança em relação ao seu futuro e o desinteresse pelo seu autocuidado, foi planejado coletivamente um plano de cuidados singular e multidimensional que considerou desta as orientações básicas às reflexões sobre à importância da promoção da saúde em âmbito pessoal e familiar, além de orientações direcionadas ao pré-parto, parto normal, puerpério, amamentação, dentre outros. Ao final da SAE realizou-se uma avaliação coletiva com todos os envolvidos no processo e se contatou que os resultados foram alcançados. Tal resultado pode ser atribuído à participação ativa e responsável da gestante nas diferentes etapas da SAE, como também à sua iniciativa e autonomia na construção do conhecimento e transformá-lo para a sua prática. Concluiu-se, que a Sistematização da Assistência de Enfermagem foi de fundamental importância para reconhecer o perfil da gestante e família e, a partir deste, traçar um plano de cuidados individualizado voltado às orientações singularizadas e à emancipação da gestante como protagonista de sua história. Percebeu-se que não basta dominar o conhecimento técnico em saúde, mas que é preciso conhecer a realidade de cada indivíduo e família e, a partir de então, discutir coletivamente formas alterativas de promoção da saúde e do autocuidado, sobretudo, em comunidades socialmente vulneráveis. Além disso, é preciso que se apreenda a realidade de forma ampliada e contextualizada e se projete ações de cuidado em saúde que sejam complementadas pelos profissionais das diversas áreas. Contribuições/implicações para a Enfermagem: A resolução 358 do COFEN prevê a implementação da SAE como estratégia teórica e metodológica para a otimização e qualificação do cuidado de Enfermagem. Apesar do avanço com a inserção deste assunto nos cursos de graduação, a implantação desta metodologia, no campo assistencial de enfermagem, ainda carece de visão contextualizada por parte dos profissionais, bem como vontade e motivação para transcender as práticas pontuais e lineares do fazer tradicional.


Referências:
1. Sauthier J, Carvalho MTC, Santos NMP. Centro de documentação da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) – uma contribuição à história da enfermagem. Rev.latino-Am. Enfermagem [internet]. 2000 [citado 2018 fev. 09];8(5):81-84. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692000000500012 2. Padilha MICS. O ensino de história da enfermagem nos cursos de graduação de Santa Catarina. Trab. educ. saúde [internet]. 2006 [citado 2018 fev. 09]; 4(2):325-336. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1981-77462006000200006. 3. Dias NL, Carvalho MS, Paim L, Aperibense PGGS, Peres MAA. Monumentos e personagens históricos: preservação da identidade profissional da enfermagem em espaço acadêmico. Hist enferm Rev eletronica [Internet]. 2016 [citado 2018 fev. 09];7(2):423-39. Disponível em: http://here.abennacional.org.br/here/2a05.pdf 4. Santos TCF, Barreira IA, Gomes ML, Baptista SS, Peres MAA, Almeida Filho AJ. A memória, o controle das lembranças e a pesquisa em história da enfermagem. Esc. Anna Nery [internet]. 2011 [citado 2018 fev. 09];15(3):616-625. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1414-81452011000300025.