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9221218 | RESTRIÇÃO FÍSICA DE PACIENTES: CONSTRUÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS | Autores: Olga Benário de Melo Chaves ; Aryella Francisca Faustino da Silva ; Natana de Morais Ramos |
Resumo: **Introdução: **As restrições físicas de pacientes podem ser definidas como o uso de ações e/ou dispositivos que interferem nas habilidades individuais do paciente com o objetivo de prevenir acidentes por quedas e outras lesões(1). São os pacientes idosos, os candidatos mais propensos aos acidentes por quedas, devido aos diversos fatores existentes, quer sejam intrínsecos, ou seja, aqueles decorrentes de alterações fisiológicas relacionadas ao processo de envelhecimento, tais como, patologias e o uso de fármacos, ou ainda os extrínsecos, que são aqueles que estão relacionados aos obstáculos ambientais, nos quais o indivíduo não os pode transpor, ou então as situações sociais que ofereçam riscos, com probabilidade de ocorrência aumentada na medida em que se somam tais fatores de risco(2). Tendo em vista a susceptibilidade dos idosos aos acidentes por quedas, esse grupo acaba por ser o mais afetados pelo uso de restrições físicas. No entanto, observa-se que o uso de tal técnica nos pacientes idosos pode acarretar diversos efeitos adversos, dos quais podemos citar: desordens psiquiátricas e psicológicas; dificuldades com o equilíbrio, força e marcha; perda de massa óssea e muscular; declínio da função cognitiva; degradação da pele; infecção do trato urinário; incontinência; pneumonia, inclusive morte. Também se observa que os pacientes, após serem liberados dos meios de restrição, apresentam maior risco de acidentes por quedas e outras lesões fatais devido ao descondicionamento físico ocasionado pelo uso da tal intervenção(3). Com o intuito de reduzir as quedas no ambiente hospitalar, diversos profissionais se tornaram adeptos de tal prática. No entanto, apesar de apresentar uma conotação de medida de segurança, a restrição física de paciente é percebida como uma medida controversa, impopular, indesejável, devendo ser considerada com cautela e como medida de última instância em situações de perigo iminente para o paciente ou outrem(1-4). A literatura endossa esse caráter controverso da medida, ao apontar o aumento da agitação e/ou agressividade do paciente, ou seja, a técnica não possui respaldo científico no que tange a redução de acidentes por quedas e outras injúrias. Além da falta de respaldo científico, também deve-se ressaltar a não observância do respeito à dignidade e aos direitos do paciente(1-5). **Objetivos**: O presente estudo objetiva elaborar um instrumento de avaliação do conhecimento dos enfermeiros sobre restrição física do paciente no contexto hospitalar (IACERF). **Descrição metodológica: **Trata-se de um estudo descritivo subdividido em duas etapas. Na primeira etapa, foi realizada uma revisão da literatura cujo o objetivo era identificar, na literatura, tópicos inerentes ao uso de restrição física de pacientes no ambiente hospitalar. Para a realização da revisão de literatura foram consultadas as bases CINAHL, LILACS, MEDLINE, SCOPUS, _Web Of Science, _com idiomas em português, inglês e espanhol e com limite de tempo compreendido entre os anos de 2007 a 2017. Durante a formulação do instrumento, também foram considerados na construção do instrumento os protocolos, manuais de segurança do paciente e documentos de órgãos profissionais disponíveis para consulta online. Na segunda etapa, em posse das informações selecionadas por meio do levantamento bibliográfico, foi elaborada a primeira versão do instrumento IACERF, originalmente apresentando 40 afirmações relacionada ao tema. **Resultados: **Após a construção e avaliação da primeira versão do instrumento IACERF, obteve-se um instrumento final constituído de 24 afirmações inerentes ao tema, onde os profissionais de enfermagem deverão julgá-las de maneira afirmativa “sim”, negativa “não” ou ainda como não sabe “não sei”. Nos casos onde o profissional julgar a afirmação como negativa, o mesmo deverá tecer sugestões e/ou comentários de forma a contribuir com o aprimoramento do instrumento. **Conclusão:** A restrição física, de modo geral, é considerada uma medida controversa, inadequada e indesejada, devendo ser considerada em última instância, mas que apesar disso, persiste sendo largamente utilizada nos ambientes hospitalares. Após a realização do levantamento bibliográfico da literatura científica, constatou-se que sua utilização não encontrou respaldo científico que comprovasse sua eficiência e eficácia na prevenção dos acidentes por quedas e outras injúrias, pelo contrário, sua utilização está associada a um aumentado risco de acidentes por quedas, bem como diversos outros danos ao paciente, danos tais que podem levar o paciente a morte. A redução do uso de restrições é considerada o ideal, e traz inúmeros benefícios ao paciente e a equipe de enfermagem, dentre eles, uma melhora significativa no relacionamento enfermeiro-paciente, dentre outros. Dentre as diversas possibilidades para efetivação dessa redução, está o trabalho multidisciplinar, que promoverá tratamentos alternativos ao paciente. Para que a redução das restrições possa ocorrer de maneira efetiva e eficaz, se faz necessário que os profissionais tenham domínio do tema em questão. A aplicação do instrumento IACERF ajudará aos profissionais de enfermagem no processo de tomada de decisões por medidas de segurança respaldadas cientificamente. Em um momento futuro, o citado instrumento deverá ser validado por um grupo de juízes, de forma a se tornar um instrumento forte, confiável e com alto rigor científico, contribuindo para prevenção de eventos adversos no ambiente hospitalar, contribuindo para uma melhor capacitação do profissional de enfermagem, promovendo uma assistência segura e de qualidade, diminuindo o tempo de hospitalização do paciente, o que diminuirá, portanto, os custos financeiros para o hospital, além de manter a satisfação do cliente e de seus familiares. O presente estudo será também de grande importância para a produção nacional relacionada ao tema, uma vez que foi observada uma escassez de estudos sobre a temática da utilização de restrição física em âmbito hospitalar. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **A aplicação do instrumento IACERF proporcionará aos profissionais de enfermagem e de saúde fundamentos tais que lhes assegurem que a utilização da citada intervenção não constitui a melhor opção para prevenção de acidentes por quedas, fornecendo-lhes respaldo e impulsionando-lhes na obtenção do conhecimento necessário para que deste modo possam optar por outras intervenções preventivas que melhor contribuam para a segurança do paciente e qualidade da assistência prestada no ambiente hospitalar. O supracitado instrumento poderá ser inserido nos protocolos de quedas das instituições além de ser utilizado nos programas de educação permanente e educação continuada das mesmas, de forma a guiar as intervenções para a uma melhor e mais adequada formação dos profissionais de enfermagem.
Referências: 1. Brasil. Ministério da Educação/Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES. Diário Oficial da União 1133/2001. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem, 2001 (03/10/2001). Seção 1E, p.131.
2. Sellman, D. What makes a good nurse. London: Jessica Kingsley Publishers, 2011.
3. Erdmann, A.L.; Fernandes, J.D.; Teixeira, G.A. Panorama da educação em enfermagem no Brasil: graduação e pós-graduação. Enfermagem em Foco, v.2, 2011. pp. 89-93.
4. Koerich, M.S.; Erdmann, A.L. O Estado da Arte sobre ética em saúde no Brasil: pesquisa em banco de teses. Texto Contexto Enfermagem, v.20, n.3, 2011. pp. 376-84. |