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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9208970

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9208970

MUSEU DA ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM.

Autores:
Pacita Geovana Gama de Sousa Aperibense ; Maria Angélica de Almeida Peres

Resumo:
**Introdução: **O Museu da Escola de Enfermagem Anna Nery foi criado em 2017 no prédio histórico pertencente à Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua organização foi iniciada na inauguração deste prédio, denominado Pavilhão de Aulas, no ano de 1927. O acervo do museu é constituído principalmente por peças que mobiliavam o próprio Pavilhão de Aulas, bem como o prédio que serviu de internato para EEAN de 1926 até 1973. Como contribuição para a história da enfermagem brasileira, as pioneiras da enfermagem tiveram a preocupação de guardar e preservar documentos escritos e fotográficos que, no ano de 1993, foram organizados para consulta pública em espaço próprio, tornando-se o Centro de Documentação (CEDOC) da EEAN1. Diante da importância histórica da EEAN, reconhecida como a primeira escola padrão de ensino de enfermagem e berço da enfermagem moderna no país, seus monumentos foram acumulando valor nesses 95 anos de existência, tornando relevante a sua exposição ao público. Quanto ao ensino de História da Enfermagem, o mesmo é obrigatório nos cursos de graduação e de técnico de enfermagem, o que tornou o espaço do museu um local que estimula o processo de ensino-aprendizagem2. Assim, o **objetivo do estudo** foi descrever as circunstâncias que levaram a educação em museu para o Curso de Graduação em Enfermagem. **Metodologia:** relato de experiência sobre o processo educativo proporcionado pela inauguração do Museu da EEAN. No ano de 2013, por ocasião das comemorações dos 90 anos da EEAN, foi iniciada a atividade de visita guiada ao Pavilhão de Aulas e CEDOC da EEAN. O projeto, de autoria de uma docente do Departamento de Enfermagem Fundamental, visava inicialmente abrir o prédio da escola, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1986 e o CEDOC para interessados em conhecer parte da trajetória da instituição3. Essa visita ganhou espaço na disciplina de História da Enfermagem, ministrada pela referida docente, e passou a ser realizada todo semestre. Desde então, outras docentes da mesma disciplina, de outros cursos de graduação em enfermagem do Rio de Janeiro, começaram também a trazer seus alunos, fazendo a atividade de visita guiada à EEAN se tornar permanente e também direcionada ao público externo à UFRJ. Aos poucos, cursos técnicos de enfermagem também solicitaram visitas e a atividade passou a integrar os cronogramas institucionais e a se repetir semestralmente com turmas renovadas. Ao visitarem o Pavilhão de Aulas e o CEDOC os estudantes conviviam em ambiente com móveis, estátuas, quadros, fotografias e objetos da enfermagem e de enfermeiras, muitas destas reconhecidas como personalidades da profissão. Essa aproximação da história com a realidade era reforçada pela presença da guia, durante a visita, transformando a mesma em uma aula viva que abarcava temas como a Reforma Sanitária Carlos Chagas, a implantação da Enfermagem Moderna no Brasil, a Criação da Associação Brasileira de Enfermagem, do Conselho Federal de Enfermagem, do Curso de Auxiliar e de Técnico de Enfermagem e do Curso de Pós Graduação _stricto sensu_ no Brasil, dentre outros que unem a trajetória da EEAN e da enfermagem brasileira. Cabe destacar que a guia era sempre uma ex-aluna da escola, membro da Associação de Ex-alunos da Escola de Enfermagem Anna Nery (ANA), que transmitia suas impressões, curiosidades e histórias pessoais e de ex-alunas mais antigas sobre o tempo vivido naquele ambiente o que reforçava a ideia da aula viva. O prédio do Pavilhão de Aulas ganhou _status_ de museu, no entanto, como o mesmo funciona como sede administrativa da escola e de seus Cursos de Pós-Graduação, a diretora da EEAN (gestão 2014-2017), atendendo à solicitações dos docentes pertencentes ao Núcleo de Pesquisa de História da Enfermagem Brasileira (Nuphebras), estabeleceu o local da antiga biblioteca setorial da pós-graduação, que ganhou novo espaço, para ser ocupado pelo museu. Foram essas as circunstâncias que levaram os docentes e estudantes do Nuphebras, a docente coordenadora e uma funcionária do CEDOC, a direção e outros funcionários da escola, a unirem esforços para organizar o museu. Cabe destacar que a direção do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista e funcionárias do Fórum de Ciência e Cultura, ambos da UFRJ, prestaram assessoria especializada. Com a inauguração do museu, foi elaborado o Projeto de Extensão: “Caminhando na história da saúde: trajetória e memória da Escola de Enfermagem Anna Nery” e, com a sua divulgação, as visitas guiadas se ampliaram de maneira que, desde sua inauguração em 22 de maio de 2017 até dezembro do mesmo ano, recebeu-se 503 visitantes dentre os quais se destacam os estudantes de cursos de pós-graduação, graduação e técnico de enfermagem. Também houve visitantes de curso de graduação em arquitetura e de curso técnico em radiologia. Ainda cabe salientar que, em um semestre, as Visitas Guiadas ao Museu da EEAN também foram procuradas por instituições de outros municípios do Rio de Janeiro e de outros estados como São Paulo e Santa Catarina, bem como tem sido requisitada por comissões responsáveis pela parte cultural de eventos da área da saúde como Congressos, Simpósios e Conferências nacionais e internacionais que ocorrem na cidade. O museu, o CEDOC e o Pavilhão de Aulas desempenham a função social de preservação da memória da Enfermagem Brasileira. Seu acervo remete a produção de lembranças provocadas pelos vestígios do passado presentes de forma material nestes ambientes. As lembranças enquanto conteúdos da memória, estão intimamente relacionadas com os seus campos de objetivação e de transmissão, os quais são representados por imagens, monumentos, lugares, documentos diversos e, ainda, nos rituais que institucionalizam essas lembranças4. **Considerações finais:** As metodologias de ensino estão sempre necessitando de adaptações para acompanhar o desenvolvimento social. Ensinar História da Enfermagem requer não apenas conhecimento, mas também habilidades para tornar o tema interessante para estudantes da área da saúde. O ensino de História da Enfermagem no Museu da EEAN permite a integração dos estudantes com os monumentos e com outras fontes que permitem não somente aprender a história, mas compreender através dos sentidos (visão, audição, tato), que são aguçados ao se entrar em um museu, a história em seu processo de transformação. A realidade viva presente no museu é instrumento valioso para despertar o interesse dos futuros profissionais pelo passado vivido e construído por seus antecessores. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **A educação em museu é considerada uma experiência bem sucedida para a formação de profissionais de enfermagem tanto de nível médio quanto nível superior. Além disso, contribui ao permitir a preservação da memória institucional, o registro da história da Enfermagem e o reforço de uma identidade profissional através dos efeitos de simbolização e eternização conferidos a história digna de ser contada.


Referências:
1 – BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Operacionais dos pactos pela vida em defesa do SUS e da gestão. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2006 2 - FERLA, A. A. Observatório de Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde: análise e sistematização de recursos tecnológicos utilizados para apoio à gestão de sistemas e ao ensino de trabalhadores em diferentes contextos do Sistema Único de Saúde (SUS): relatório técnico de projeto de pesquisa. Porto Alegre: CNPq, 2009. Disponível em:< http://www.otics.org/otics/estante/textos/relatorios-de-pesquisa>.