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9061058 | FOMENTANDO COMPETÊNCIAS INTERPROFISSIONAIS E COLABORATIVAS NA FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM: EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE UM COMPONENTE CURRICULAR | Autores: Nilza Maria Cunha ; Anna Luiza Castro Gomes ; Oriana Deyze Correia Paiva Leadebal ; Wilma Dias de Fontes Pereira ; Maria de Lourdes de Farias Pontes |
Resumo: As Diretrizes Curriculares da Graduação na área da saúde definem fundamentos,
condições e procedimentos da formação de profissionais, voltados à atuação
pautada nos princípios balizadores do Sistema Único de Saúde. A integralidade
da atenção, um destes princípios, requer a atuação de profissionais aptos ao
trabalho em equipe, numa perspectiva colaborativa e interprofissional, que
considere os sujeitos/família/comunidade na centralidade das ações,
reconhecendo-os como protagonistas ativos e co-produtores do cuidado em saúde.
Contudo, para que as práticas interprofissional e colaborativa se expressem na
produção do cuidado, devem constituir a lógica da formação profissional. Nesta
perspectiva, a Educação Interprofissinal caracteriza-se por aprendizagens
compartilhadas, significativas, mediadas por estratégias problematizadoras,
fundamentadas metodologicamente na ação-reflexão-ação, a partir das quais
profissões aprendem juntas, com e sobre as outras. Trata-se de uma
perspectiva de formação voltada não apenas a construção de competências
técnicas, mas comportamentais, éticas e políticas para o trabalho em saúde;
valoriza a complexidade do ser humano, a amplitude das dimensões do cuidado, o
trabalho em equipe como requisito da integralidade da atenção; e considera que
a atuação uniprofissional não responde plenamente as necessidades de atenção à
saúde. Portanto, o Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da
Paraíba, juntamente com outros seis cursos da área de saúde, envolvidos no
projeto PET-Saúde/GraduaSUS, vigência 2016 a 2018, participou da
construção/implementação de um componente curricular interprofissional, como
atividade do eixo do projeto destinado à proposição de mudanças curriculares
alinhadas às Diretrizes. O presente estudo objetivou relatar a experiência da
construção e operacionalização de um componente curricular interprofissional,
bem como descrever as contribuições da experiência para o processo de formação
em Enfermagem. A experiência ocorreu no Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal da Paraíba, de julho de 2017 até os dias atuais, e
envolveu docentes, discentes e preceptores vinculados aos seguintes cursos
participantes do projeto PET-Saúde/ GraduSUS na instituição: Enfermagem,
Medicina, Odontologia, Farmácia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e
Fonoaudiologia. Após uma oficina que proporcionou a aproximação dos
integrantes do projeto aos fundamentos teóricos e metodológicos da Educação
Interprofissional, elencou-se como requisitos para o planejamento do
componente curricular: garantia da participação de discentes e docentes dos
sete cursos na turma experimental; participação colaborativa de docentes na
totalidade da carga horária de ensino; utilização de estratégias de ensino
problematizadoras; e conteúdos programáticos transversais à formação das sete
profissões. Considerando o caráter experimental, definiu-se pela oferta de uma
disciplina presencial, com carga horária total de 45h, como componente
curricular complementar optativo para todos os cursos. O planejamento da
disciplina ocorreu através de reuniões semanais entre docentes dos sete
cursos, ocasiões nas quais foram definidos como objetivos da disciplina:
discutir o cuidado em saúde na perspectiva da educação e da prática
interprofissional como componentes para assegurar a qualidade da atenção à
saúde; e reconhecer o trabalho em equipe interprofissional e a comunicação
como eixos norteadores da educação e da prática interprofissional. Para
atender aos objetivos propostos foram definidos os seguintes conteúdos
programáticos: educação e prática interprofissional em saúde; cuidados em
saúde na perspectiva interprofissional; processo de trabalho em equipe de
saúde com foco nas necessidades dos usuários/população e na colaboração
interprofissional; e comunicação interprofissional como instrumento para o
trabalho em equipe. Foram definidas as seguintes competências e habilidades a
serem alcançadas pelos discentes ao longo da disciplina: compreensão da
educação e do trabalho interprofissional no contexto do Sistema Único de
Saúde; compreensão do trabalho em equipe interprofissional e sua importância
para o cuidado em saúde; exercício da liderança para o trabalho em equipe;
participação no trabalho colaborativo; reconhecimento das relações de trabalho
e sua influência na saúde; utilização adequada de tecnologias de informação e
de comunicação; desenvolvimento de prática reflexiva, identificação de
lacunas, e busca do aprimoramento e atualização. A disciplina fundamenta-se
majoritariamente no Aprendizado Baseado em Problemas a partir de casos
extraídos do cotidiano dos serviços do Sistema Único de Saúde. Para tanto
foram construídos pelos docentes, preceptores e colaboradores vinculados aos
Programas de Residência, casos fictícios, porém, baseados em situações reais,
contemplando linhas de cuidados e níveis de atenção diferentes. Cada caso é
discutido em grupos tutoriais, formado por até sete discentes, sendo pelo
menos um de cada curso, e um tutor (docente). Todos os casos são trabalhados
através da técnica da sessão tutorial, onde em um encontro os discentes,
orientados pelo tutor, realizam leitura do caso (individual silenciosa e
coletiva em voz alta); identificação de palavras/termos desconhecidos;
definição dos problemas apresentados pelo caso; discussão a partir dos
conhecimentos prévios sobre o tema e elaboração dos objetivos do estudo
individual, que ocorre como segunda etapa, denominada dispersão. A terceira
etapa é um segundo encontro do grupo para discussão a partir dos objetivos da
aprendizagem, apresentação das fontes de estudo, e elaboração de uma síntese
do conteúdo aprendido. A avaliação do desempenho dos discentes é formativa,
contínua e sistemática ao longo do semestre letivo, considerando o registro de
frequência e das participações nas atividades, e os produtos gerados em cada
etapa do processo de ensino. Mesmo com a disponibilização de sete vagas para
discentes de cada curso, participam da disciplina, sete estudantes de
Enfermagem, sete de Fisioterapia, três de odontologia, seis de fonoaudiologia,
um de Farmácia, seis de Terapia Ocupacional, não havendo nenhum estudante de
Medicina matriculado. A disciplina tem constituído um importante espaço de
integração de saberes e superação do paradigma da formação isolada e
circunscrita a uma área de atuação, da competição e fragmentação do cuidado;
tem contribuído para que os discentes estejam melhor preparados para uma
atuação integrada em equipe, conscientes da interdependência das áreas,
sensibilizados para a prática interprofissional, que por sua vez, é
reconhecida como importante componente de organização dos serviços. Reconhece-
se, contudo, a necessidade de proporcionar vivências nos serviços, para que o
exercício da integração perpasse os processos de trabalho em saúde, e
contemplem as dificuldades, fragilidades, potencialidades e rotina dos
serviços, tanto no campo da gestão quanto da atenção à saúde, contribuindo
assim para o fortalecimento da interprofissionalidade na interface
ensino/serviço/comunidade. O enfermeiro, profissional que tem o cuidado como
objeto de trabalho, está inserido em diversas equipes na rede de atenção, e
pelo vínculo com os usuários do sistema de saúde, é reconhecido como
importante articulador das ações de saúde nos diferentes pontos da rede,
devendo, portanto, expressar competências colaborativas, à luz da
integralidade da atenção. A experiência da construção destas competências na
graduação, através da educação interprofissional poderá contribuir para que os
enfermeirandos se apropriem do seu conhecimento/habilidades/papel na produção
do cuidado, e articulem suas ações e processos decisórios pautados, também, na
compreensão do conhecimento/habilidades/papel dos outros profissionais,
contribuindo positivamente para a sinergia do trabalho das equipes.
Referências: 1. Herdman TH, Kamitsuru S. NANDA International Nursing Diagnoses: Definitions & Classification, 2018-2020. New York: Thieme2018.
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4. Borges EL, Caliri MHL, & Haas VJ. Systematic review of topic treatment for venous ulcers. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 2007; 15(6):1163-1170. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692007000600017.
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