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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 9061058

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9061058

FOMENTANDO COMPETÊNCIAS INTERPROFISSIONAIS E COLABORATIVAS NA FORMAÇÃO EM ENFERMAGEM: EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DE UM COMPONENTE CURRICULAR

Autores:
Nilza Maria Cunha ; Anna Luiza Castro Gomes ; Oriana Deyze Correia Paiva Leadebal ; Wilma Dias de Fontes Pereira ; Maria de Lourdes de Farias Pontes

Resumo:
As Diretrizes Curriculares da Graduação na área da saúde definem fundamentos, condições e procedimentos da formação de profissionais, voltados à atuação pautada nos princípios balizadores do Sistema Único de Saúde. A integralidade da atenção, um destes princípios, requer a atuação de profissionais aptos ao trabalho em equipe, numa perspectiva colaborativa e interprofissional, que considere os sujeitos/família/comunidade na centralidade das ações, reconhecendo-os como protagonistas ativos e co-produtores do cuidado em saúde. Contudo, para que as práticas interprofissional e colaborativa se expressem na produção do cuidado, devem constituir a lógica da formação profissional. Nesta perspectiva, a Educação Interprofissinal caracteriza-se por aprendizagens compartilhadas, significativas, mediadas por estratégias problematizadoras, fundamentadas metodologicamente na ação-reflexão-ação, a partir das quais profissões aprendem juntas, com e sobre as outras.  Trata-se de uma perspectiva de formação voltada não apenas a construção de competências técnicas, mas comportamentais, éticas e políticas para o trabalho em saúde; valoriza a complexidade do ser humano, a amplitude das dimensões do cuidado, o trabalho em equipe como requisito da integralidade da atenção; e considera que a atuação uniprofissional não responde plenamente as necessidades de atenção à saúde. Portanto, o Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, juntamente com outros seis cursos da área de saúde, envolvidos no projeto PET-Saúde/GraduaSUS, vigência 2016 a 2018, participou da construção/implementação de um componente curricular interprofissional, como atividade do eixo do projeto destinado à proposição de mudanças curriculares alinhadas às Diretrizes. O presente estudo objetivou relatar a experiência da construção e operacionalização de um componente curricular interprofissional, bem como descrever as contribuições da experiência para o processo de formação em Enfermagem. A experiência ocorreu no Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, de julho de 2017 até os dias atuais, e envolveu docentes, discentes e preceptores vinculados aos seguintes cursos participantes do projeto PET-Saúde/ GraduSUS na instituição: Enfermagem, Medicina, Odontologia, Farmácia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia. Após uma oficina que proporcionou a aproximação dos integrantes do projeto aos fundamentos teóricos e metodológicos da Educação Interprofissional, elencou-se como requisitos para o planejamento do componente curricular: garantia da participação de discentes e docentes dos sete cursos na turma experimental; participação colaborativa de docentes na totalidade da carga horária de ensino; utilização de estratégias de ensino problematizadoras; e conteúdos programáticos transversais à formação das sete profissões. Considerando o caráter experimental, definiu-se pela oferta de uma disciplina presencial, com carga horária total de 45h, como componente curricular complementar optativo para todos os cursos. O planejamento da disciplina ocorreu através de reuniões semanais entre docentes dos sete cursos, ocasiões nas quais foram definidos como objetivos da disciplina: discutir o cuidado em saúde na perspectiva da educação e da prática interprofissional como componentes para assegurar a qualidade da atenção à saúde; e reconhecer o trabalho em equipe interprofissional e a comunicação como eixos norteadores da educação e da prática interprofissional. Para atender aos objetivos propostos foram definidos os seguintes conteúdos programáticos: educação e prática interprofissional em saúde; cuidados em saúde na perspectiva interprofissional; processo de trabalho em equipe de saúde com foco nas necessidades dos usuários/população e na colaboração interprofissional; e comunicação interprofissional como instrumento para o trabalho em equipe. Foram definidas as seguintes competências e habilidades a serem alcançadas pelos discentes ao longo da disciplina: compreensão da educação e do trabalho interprofissional no contexto do Sistema Único de Saúde; compreensão do trabalho em equipe interprofissional  e sua importância para o cuidado em saúde; exercício da liderança para o trabalho em equipe; participação no trabalho colaborativo; reconhecimento das relações de trabalho e sua influência na saúde; utilização adequada de tecnologias de informação e de comunicação; desenvolvimento de prática reflexiva, identificação de lacunas, e busca do aprimoramento e atualização. A disciplina fundamenta-se majoritariamente no Aprendizado Baseado em Problemas a partir de casos extraídos do cotidiano dos serviços do Sistema Único de Saúde. Para tanto foram construídos pelos docentes, preceptores e colaboradores vinculados aos Programas de Residência, casos fictícios, porém, baseados em situações reais, contemplando linhas de cuidados e níveis de atenção diferentes. Cada caso é discutido em grupos tutoriais, formado por até sete discentes, sendo pelo menos um de cada curso, e um tutor (docente). Todos os casos são trabalhados através da técnica da sessão tutorial, onde em um encontro os discentes, orientados pelo tutor, realizam leitura do caso (individual silenciosa e coletiva em voz alta); identificação de palavras/termos desconhecidos; definição dos problemas apresentados pelo caso; discussão a partir dos conhecimentos prévios sobre o tema e elaboração dos objetivos do estudo individual, que ocorre como segunda etapa, denominada dispersão. A terceira etapa é um segundo encontro do grupo para discussão a partir dos objetivos da aprendizagem, apresentação das fontes de estudo, e elaboração de uma síntese do conteúdo aprendido. A avaliação do desempenho dos discentes é formativa, contínua e sistemática ao longo do semestre letivo, considerando o registro de frequência e das participações nas atividades, e os produtos gerados em cada etapa do processo de ensino. Mesmo com a disponibilização de sete vagas para discentes de cada curso, participam da disciplina, sete estudantes de Enfermagem, sete de Fisioterapia, três de odontologia, seis de fonoaudiologia, um de Farmácia, seis de Terapia Ocupacional, não havendo nenhum estudante de Medicina matriculado. A disciplina tem constituído um importante espaço de integração de saberes e superação do paradigma da formação isolada e circunscrita a uma área de atuação, da competição e fragmentação do cuidado; tem contribuído para que os discentes estejam melhor preparados para uma atuação integrada em equipe, conscientes da interdependência das áreas, sensibilizados para a prática interprofissional, que por sua vez, é reconhecida como importante componente de organização dos serviços. Reconhece- se, contudo, a necessidade de proporcionar vivências nos serviços, para que o exercício da integração perpasse os processos de trabalho em saúde, e contemplem as dificuldades, fragilidades, potencialidades e rotina dos serviços, tanto no campo da gestão quanto da atenção à saúde, contribuindo assim para o fortalecimento da interprofissionalidade na interface ensino/serviço/comunidade. O enfermeiro, profissional que tem o cuidado como objeto de trabalho, está inserido em diversas equipes na rede de atenção, e pelo vínculo com os usuários do sistema de saúde, é reconhecido como importante articulador das ações de saúde nos diferentes pontos da rede, devendo, portanto, expressar competências colaborativas, à luz da integralidade da atenção. A experiência da construção destas competências na graduação, através da educação interprofissional poderá contribuir para que os enfermeirandos se apropriem do seu conhecimento/habilidades/papel na produção do cuidado, e articulem suas ações e processos decisórios pautados, também, na compreensão do conhecimento/habilidades/papel dos outros profissionais, contribuindo positivamente para a sinergia do trabalho das equipes.


Referências:
1. Herdman TH, Kamitsuru S. NANDA International Nursing Diagnoses: Definitions & Classification, 2018-2020. New York: Thieme2018. 2. Patel SK, Surowiec SM. Venous Insufficiency. Stat Pearls Publishing 2017 Jun. Dispinível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430975/ 3. Jeanne M. Widener, Venous leg ulcers: Summary of new clinical practice guidelines published August 2014 in the Journal of Vascular Surgery. Journal of Vascular Nursing 2015; 33(2):60-67. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26025149. 4. Borges EL, Caliri MHL, & Haas VJ. Systematic review of topic treatment for venous ulcers. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 2007; 15(6):1163-1170. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692007000600017. 5. Nogueira GA, Oliveira BGRB, Santana RF, Cavalcanti ACD. Diagnósticos de enfermagem em pacientes com úlcera venosa crônica: estudo observacional. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2015 abr./jun.;17(2):333-9. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v17i2.28782.