E-Pôster
9037057 | PROFESSORES DE ENFERMAGEM DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS BRASILEIRAS POR SUBÁREAS DE CONHECIMENTO | Autores: Jouhanna do Carmo Menegaz ; Elaine Priscila Angelo Zagalo ; José Luis Medina Moya ; Vania Marli Schubert Backes ; Suzayne Naiara Leal |
Resumo: **Introdução:** O desafio da formação profissional configura-se não somente pelas constantes mudanças nas políticas e organizações, mas pela profusão de áreas do conhecimento e seus distintos _habitus_ e _métiers1_. Infere-se que, dentre as áreas, a ação e raciocínio pedagógico2 dos professores seja diversa, justificando a relevância de investigação sobre as peculiaridades em termos de fontes de conhecimento e conhecimento base para o exercício da docência. De acordo com a proposta de Oliveira3, proposta alternativa a vigente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a área de enfermagem possui sete subáreas de conhecimento: enfermagem fundamental (EF); saúde do adulto e do idoso (SAI); saúde da mulher (SMu); gestão e gerenciamento (GG); saúde da criança e adolescente (SCA); saúde mental (SMe); saúde coletiva (SC)3. Destarte, investigar a ação e raciocínio dos professores de cada uma das subáreas produziria compreensão sobre o ensino e a produção de conhecimento da enfermagem no Brasil, contribuindo para a reflexão da categoria. Para que isso seja possível, primeiramente é necessário identificar e mapear seus agentes. **Objetivo:** relacionar professores de ensino superior em enfermagem de instituições públicas brasileiras por região e subárea de conhecimento de enfermagem. **Descrição metodológica: **Recorte de macroprojeto de pesquisa qualitativo amparado pelo método Delphi, intitulado “Ação e raciocínio pedagógico de professores de universidades públicas em áreas do conhecimento de enfermagem”, CAAE nº 66725117.4.0000.5172. Os dados para este resumo foram obtidos através da realização da identificação de professores especialistas nas sete subáreas, conduzida em três etapas, de abril a dezembro de 2017: 1. Construção de lista de instituições públicas que ofertam cursos de graduação em enfermagem a partir do e-MEC; 2. Pesquisa nas páginas institucionais de cada curso, onde foram excluídos os cursos que não disponibilizavam online ou por e-mail, mediante solicitação, a listagem de professores; 3. Identificação da subárea do professor a partir da listagem ou através do Currículo Lattes. Nesta etapa foram critérios de inclusão: ser enfermeiro, professor efetivo, vinculado no momento da coleta de dados à disciplina de uma das sete subáreas e de exclusão, ser enfermeiro que ministra aulas em disciplinas bases da saúde (biologia, anatomia, parasitologia, etc). **Resultados: **Do total de cursos de enfermagem (n=108) identificados no e-MEC, 61,1% (n=66) foram incluídos, destes, 24,2% (n=16) na região Sul, 25,7% (n= 17) na região Sudeste, 25,7% (n=17) na região Centro Oeste, 15,1% (n=10) na região Nordeste e 9% (n=6) na região Norte. A partir dos cursos, mil novecentos e quarenta e seis professores foram incluídos (n=1946), sendo estes divididos nas sete subáreas. Durante a checagem no currículo Lattes criou-se a oitava subárea, denominada multidisciplinar, para professores que atuavam em diversas subáreas ao mesmo tempo. Como atuação foram consideradas as atividades de ensino na graduação e pós-graduação, as atividades de extensão, os projetos de pesquisa e a produção científica. Do total de professores incluídos (n=1946), 23,5% (n=458) são professores da região Sul, nas subáreas, SAI: 29,6% (n=136), SC: 16,1% (n=74), SCA: 11,3% (n=52), SMu: 11,3% (n=52), GG: 11,3% (n=52), SM: 9,8% (n=45), EF: 8,9% (n=41), Multi: 1,3% (n=6); 38,6% (n=753) são professores da região Sudeste, nas subáreas, SAI: 26,9% (n=203), SC: 20,5% (n=163), SCA: 13,9% (n=105), SMu: 12,8% (n=97), GG: 9,2% (n=70), SM: 8,3% (n=63), EF: 5,9% (n=45), Multi: 0,9% (n=7); 19,1% (n=372) são professores da região Centro Oeste, nas subáreas, SC: 22,5% (n=84), SAI: 21,7% (n=81), EF: 13,3% (n=50), SMu: 10,7% (n=40), SCA: 9,9% (n=37), GG: 8,6% (n=32), SM: 6,7% (n=25), Multi: 3,7% (n=14); 11,5% são professores da região Nordeste (n=225), nas subáreas: SAI: 27,1% (n=61), SC: 23,5% (n=53), SMu: 16,4% (n=37), SCA: 11,1% (n=25), EF: 8,4% (n=19), GG: 7,5% (n=17), SM: 5,7% (n=13) e 7% (n=138) são professores da região Norte, sendo das subáreas, SC: 25,3% (n=35), SAI: 21,7% (n=30), EF: 17,3% (n=24), SMu: 9,4% (n=13), Multi: 7,9% (n=11), SCA: 7,2% (n=10), GG:7,2% (n=10), SM: 3,6% (n=5). **Conclusão: **As subáreas de saúde do adulto e do idoso (SAI) e saúde coletiva (SC) são as que possuem maior número de professores relacionadas, somando juntas 47,27% da amostra. É possível que isto se justifique pela diversidade intrínseca das áreas. A saúde do adulto do idoso engloba desde disciplinas relacionadas a atenção ao adulto e ao idoso nos diferentes níveis de cuidado do Sistema Único de Saúde a especialidades, como as clínicas médica e cirúrgica, terapia intensiva, geriatria; já a saúde coletiva engloba desde a epidemiologia, ciências sociais em saúde, às políticas públicas, envolvendo disciplinas relacionadas a atenção primária, estratégia saúde da família, educação em saúde, geralmente presentes de forma importante na formação do enfermeiro. Chama a atenção a alternância entre elas em algumas regiões do país, predominando os professores da área de saúde do adulto e idoso no sul, sudeste e nordeste e os da área de saúde coletiva no centro-oeste e norte, fato que poderia ser explicado pelo perfil epidemiológico das regiões com a predominância de doenças crônicas não transmissíveis nas primeiras e de doenças transmissíveis nas demais. As subáreas de saúde da criança e do adolescente e da saúde da mulher mantém certa equivalência entre as regiões, considerados os diferentes quantitativos de professores. Chama atenção maior contingente de professores da subárea de gestão e gerenciamento e saúde mental nas regiões Sul e Sudeste, que pode sugerir possível maior desenvolvimento da subárea, em termos de produção de conhecimento, nestas regiões. Sobre o número de professores na subárea enfermagem fundamental, é importante destacar que é pouco expressivo na maioria das regiões, o que pode ser explicado pelo movimento de especialização dos professores que migrariam sua atuação para outras subáreas. Uma vez que a enfermagem fundamental contém o núcleo profissional, em disciplinas como ética em enfermagem, história da enfermagem, fundamentos de enfermagem, semiologia e semiotécnica de enfermagem, é relevante atentar-se para este movimento, de modo a analisar mais detidamente o que significa. **Contribuições/implicações para enfermagem: **Se parte da consolidação da enfermagem como profissão passa pela constituição de corpo de conhecimento próprio e pela formação de novos enfermeiros por pares, compreender a ação e raciocínio pedagógico dos professores de universidades públicas, atores sociais ímpares nesse processo, é uma contribuição. Ainda que neste momento do estudo tenhamos apenas mapeado a configuração espacial, que nos indica onde e de que forma estão organizados por subárea e se há subáreas que se destacam, já é possível tecer algumas reflexões sobre as implicações desta configuração para a formação e produção do conhecimento. Nas próximas etapas esperamos elucidar dentro de cada subárea a ação e raciocínio pedagógico dos professores em termos de fontes e categorias de conhecimento base utilizadas.
Referências: 1. Brasil. Ministério da Saúde; Fundação Oswaldo Cruz, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília; 2014.
2. Brasil. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES nº 3. Em 7 de novembro/2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União, Brasília, 7 nov. 2001. Seção 1, p. 17.
3. Steven A, et al. Patient safety in nursing education: contexts, tensions and feeling safe to learn. Nurse Education Today. 2014; 34(2): 277-284.
4. World Health Organization. The multi-professional patient safety curriculum guide. Geneva. 2011.
5. Minayo, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 13ª ed. São Paulo: Hucitec; 2013. |