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8993643 | DEFINIÇÕES PARA OS FATORES DE RISCO DO DIAGNÓSTICO RISCO DE SUICÍDIO EM IDOSOS: ANÁLISE DOS ESPECIALISTAS | Autores: Girliani Silva de Sousa ; Jaqueline Galdino Albuquerque Perrelli ; Suzana de Oliveira Mangueira |
Resumo: Introdução: No Brasil, no ano de 2015, registrou-se um significativo aumento
nas mortes por suicídio em relação aos anos anteriores, com taxa anual de
suicídio de 5,7/100.000 habitantes. Entre os idosos, a mortalidade por
suicídio é mais prevalente na faixa etária acima de 70 anos e alcança cifras
de 8,9/100.000 habitantes1. Os enfermeiros assumem um papel crucial no
acolhimento e no cuidado às pessoas idosas em risco de suicídio e devem adotar
ferramentas que subsidiem o raciocínio clínico e a tomada de decisões, dentre
as quais tem-se a utilização de taxonomias do diagnóstico de enfermagem Risco
de suicídio da NANDA International (NANDA-I)2, definido como “vulnerabilidade
à lesão autoinfligida que ameaça a vida”. Desse modo, o conteúdo das
definições conceituais e operacionais dos fatores de risco do DE deve ser
submetido a análise por experts para verificar a fidedignidade, a magnitude e
a relevância dos fatores de risco do diagnóstico. Assim, podem ser traçadas
intervenções de enfermagem condizentes com as reais necessidades dos
indivíduos. Objetivo: Validar o conteúdo das definições conceituais e
operacionais dos fatores de risco do DE Risco de suicídio em idosos. Método:
Trata-se de uma pesquisa do tipo metodológica desenvolvida no período de
novembro de 2015 a março de 2016. Os especialistas foram selecionados de
acordo com os critérios de Fehring3, contemplando a experiência clínica,
pesquisa e ensino do enfermeiro na área de saúde mental e de idosos. As
definições conceituais e operacionais dos fatores de risco foram validadas de
acordo com os critérios recomendados pela Psicometria4. Cada critério foi
avaliado por meio de uma escala de três pontos. Posteriormente, esses
critérios foram dicotomizados para análise por meio do teste binomial. Os
fatores de risco para o DE Risco de suicídio em idosos foram classificados em
três blocos hierarquizados5: O bloco 1 ou nível distal (variáveis em relação
aos eventos da vida e aspectos comportamentais do indivíduo): abuso de álcool;
abuso infantil; abandono; agitação; ansiedade; aposentadoria; conflito
familiar; culpa; desonra; divórcio; doenças crônico-degenerativas; doenças
terminais; dor crônica; frequentes visitas ao médico com sintomas vagos;
hostilidade; incapacidade de pedir ajuda; incapacidade de expressar
sentimentos; morar só; perda de relacionamento significativo; privação social;
problemas financeiros; problemas visuais; rigidez; violência financeira,
física, psicológica ou intrafamiliar; viuvez. O bloco 2 ou nível intermediário
(variáveis de processos psicológicos complexos que formarão a ideação
suicida): apatia; apoio social insuficiente; baixa autoestima; baixa
autonomia; dependência funcional; desesperança; desvalorização social;
fracasso; frustração; infelicidade; incapacidade funcional; isolamento social;
fazer testamento; luto mal elaborado; mudança acentuada de atitude; solidão;
tristeza. O bloco 3 ou nível proximal (variáveis que incorporam a
transformação da ideação em tentativa de suicídio): autonegligência;
armazenamento de medicamentos; depressão; descuido com a medicação; história
de tentativa de suicídio; ideação suicida; plano suicida; súbita recuperação
em relação a um quadro de depressão profunda e transtorno mental. Foram
calculados os percentuais de adequabilidade das definições conceituais e
operacionais e aplicou-se o teste binomial para análise dos itens. Resultados:
A média de idade das especialistas foi de 44,60 (±10,6) anos. Quanto ao estado
em que residiam, quatro especialistas (20,0%) eram oriundas de Minas Gerais
(MG), outras três (20,0%) do Ceará (CE), duas (13,3%) de Santa Catarina (SC) e
duas (13,3%) do Rio Grande do Sul (RS). As enfermeiras tiveram média de 9,60
pontos (±2,32) nos critérios de Fehring3. Todas as participantes possuíam o
título de doutorado. A média do tempo de formação foi de 22 anos (±10,4). A
maioria (93,3%) possui mestrado em enfermagem e uma (7,1%) em gerontologia.
Quanto à análise do conteúdo das definições conceituais e operacionais,
evidenciou-se que 24 (85,7%) dos fatores de risco do nível distal (bloco 1)
foram considerados adequados e significativamente validados entre os
especialistas para o DE Risco de suicídio. A exceção ocorreu entre os fatores
de risco rigidez, dor crônica, problemas visuais e aposentadoria. Em relação
aos fatores de risco do nível intermediário (bloco 2), todos os fatores foram
adequados para o DE Risco de suicídio (p < 0,05), exceto o fator de risco
frustração, que não apresentou estatística significante no item clareza quanto
a sua definição conceitual (p= 0,013). Os resultados revelaram que sete (77%)
dos fatores de risco do nível proximal (bloco 3) tiveram avaliação
significativa entre os especialistas. Os fatores de risco descuido com a
medicação e depressão não se mostraram estatisticamente significantes em
relação à clareza de suas definições operacionais (p=0,013). O conteúdo dos
fatores de risco para o DE Risco de suicídio em idosos está bem definido e
validado, do ponto de vista dos especialistas. Foram realizadas adequações
gramaticais de acordo com as sugestões dos especialistas. Conclusão: A
validação dos fatores de risco do DE Risco de suicídio em idosos, realizada
por enfermeiros especialistas, demonstrou que as definições conceituais e
operacionais da maior parte dos fatores de risco abordados foram consideradas
claras, precisas, simples e relevantes. As definições conceituais e
operacionais dos fatores de risco aposentadoria, dor crônica, problemas
visuais e frustração sofreram ajustes, conforme recomendação dos juízes.
Sugere-se a exclusão da rigidez como fator de risco do DE Risco de suicídio.
Contribuições/Implicações para a Enfermagem: É de fundamental importância que
os enfermeiros usem as definições conceituais e operacionais no processo de
raciocínio clínico a fim de tornar a prática clínica mais acurada visando uma
coerente tomada de decisão quanto à identificação do Risco de Suicídio.
Referências: 1. Brasil. Ministério da Saúde. Caderno do Gestor do PSE. Brasília; 2015. [acesso em 18 set 2015]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_gestor_pse.pdf
2. Brasil. Ministério da Saúde; Ministério da educação. Passo a Passo Programa Saúde na Escola (PSE) Tecendo caminhos da intersetorialidade. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.
3. Triviños ANS. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas; 2013.
4. Brasil. Resolução Nº 466, de 12 de Dezembro de 2012. Aprova as normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos [resolução na internet]. Brasília; 2012. [acesso em 9 jun 2014]. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf
5. Lages MN. Sexualidade na adolescência: intervenção em contexto educativo para promoção do autocuidado [dissertação na internet]. Porto Alegre. Dissertação [Mestrado,
em Educação] - Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2009. [acesso em 07 de maio de 2016]. Disponível em: http://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/2672#preview |