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8969930 | INSERÇÃO NAS UNIVERSIDADES NA AUSTRÁLIA POR ESTUDANTES DE ENFERMAGEM DURANTE INTERCÂMBIO PELO PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS | Autores: Eleine Maestri ; Ariane Sabina Stieven ; Flávia Meneguetti Pieri ; Graciela Soares Fonseca |
Resumo: **Introdução: **As transformações tecnológicas dos últimos anos vem refletindo diretamente no mercado de trabalho, nas profissões, bem como nos itinerários formativos dos futuros profissionais. A partir da globalização o mundo tornou-se cada vez mais competitivo, sendo necessário sair do tradicional e buscar novos caminhos para uma formação diferenciada e de qualidade. Pensando nisso e em trazer mais conhecimento, tecnologia e inovação, governos de diversos países incentivam estudantes por meio de programas de bolsas de estudos internacionais, como é o caso do programa governamental Ciência sem Fronteiras (CsF). **Objetivos: **Pretende-se com este trabalho, apresentar os reflexos da inserção de ex intercambistas do programa Ciência sem Fronteiras em universidades da Austrália durante a graduação sanduíche realizada pelo Programa Ciência sem Fronteiras.** Descrição metodológica:** O presente trabalho refere-se a um recorte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de um dos autores, o qual refere-se a uma pesquisa do tipo exploratória descritiva com abordagem qualitativa. O trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e somente após sua aprovação sob CAAE: 59749516.6.0000.5564, realizou-se a coleta de dados. Para o estudo, foi utilizado o método denominado Amostragem em Bola de Neve (_Snowball_), onde foi necessário duas graduandas iniciais para que essas indicassem as próximas possíveis participantes que cumprissem devidamente os critérios de inclusão: ser graduando(a) ou já graduado(a) em curso de graduação em Enfermagem em qualquer Instituição de Ensino Superior (IES) Brasileira; já ter realizado intercâmbio internacional pelo programa governamental brasileiro Ciência sem Fronteiras na Austrália e ser maior de 18 anos. Assim sendo, obteve-se oito entrevistadas. Os contatos foram realizados através de _e-mail_, F_acebook_, _WhatsApp_ e _Skype_. Todas as entrevistas foram realizadas por _Skype_, gravadas e transcritas na íntegra, após o envio e aceite do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelas participantes. **Resultados:** Foi possível perceber que o intercâmbio proporcionou pontos positivos e negativos para as entrevistadas. Positivos pelo fato de que as intercambistas ficaram maravilhadas com os recursos e infraestrutura disponibilizados na universidade, algumas relatam que a pesar de não poderem cursar disciplinas específicas de enfermagem, a experiência valeu a pena pois puderam (re) aprender o que já haviam estudado no Brasil, porém em inglês, aumentando assim seus conhecimentos no assunto e em outro idioma. Além disso, houve a oportunidade de cursar disciplinas que não estão presentes nas grades curriculares dos cursos de enfermagem do Brasil. Outro aspecto positivo relatado foi a experiência de vivenciar uma nova metodologia de ensino, denominada Problem Based Learning (PBL), possibilitando as intercambistas uma visão diferente de universidade, o que acreditam também que os ajudou a crescer profissionalmente. No Brasil, encontramos nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de Graduação em Enfermagem pontos importantes para que haja uma transformação no ensino superior, onde cita que o curso de graduação em Enfermagem deve garantir a implementação de metodologia no processo ensino-aprendizagem que encoraje o estudante a problematizar sobre a realidade social e aprenda a aprender1. Porém, apesar do que as DCNs apontam, podemos observar que a vida universitária reflete o método utilizado no ensino fundamental e médio, em que os universitários vão para a aula diariamente, recebem informação durante horas sem haver muito estímulo à procura de mais informações além das repassadas pelo professor. Sendo assim, a metodologia de ensino é uma forma positiva das experiências vividas na universidade no exterior, onde os graduandos podem e devem ser autodidatas, vivenciam um ensino que os estimula a praticar a pró-atividade. Para Teodoro2, o aprendizado de um método de ensino diferenciado, o conhecimento de uma nova cultura de estudo, gera também nova postura profissional em ambiente universitário e em sala de aula, o que pode diferenciar o perfil dos graduandos após a realização do intercâmbio, fazendo com que ocorra um desenvolvimento do pensamento crítico e analítico e crescimento profissional. Quanto aos pontos negativos, pode-se perceber o fato de que houve dificuldade na realização de disciplinas específicas de enfermagem nas instituições de ensino superior na Austrália, uma vez que as graduandas puderam, na maioria das vezes, cursar apenas disciplinas básicas, o que acabou gerando sentimento de frustração em algumas delas. **Conclusão: **Frente aos relatos, chama atenção o quão bem avaliada foi a experiência do intercâmbio durante a graduação, que apesar de nem todas as entrevistadas conseguirem cursar disciplinas específicas do curso, foi possível conhecer e vivenciar uma nova metodologia de ensino, porém, cabe aqui a reflexão: será que se esse método de ensino fosse inserido nas universidades brasileiras seria tão bem recebido quanto foi durante o intercâmbio? Como seria o processo de mudança para uma nova cultura de estudo? Há infraestrutura para suportar um novo método de ensino, sendo este mais autodidata? Os professores estariam dispostos a mudar juntamente com os estudantes e vice-versa? Muitas vezes pensa-se em trazer os modelos utilizados no exterior para o Brasil, mas para isso é preciso parar para analisar o contexto e realidade na qual o país está inserido. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: **A partir do estudo aqui apresentado, observou-se a possibilidade de sugestões para as universidades e professores de universidades brasileiras quanto as metodologias utilizadas nos cursos de graduação em Enfermagem, visando que estes disponibilizem metodologias que permitam que o estudante torne-se mais proativo e organizado quanto aos seus horários de estudo, bem como este seja estimulado a buscar mais conhecimento por si só. É necessário dispositivos indutores de mudanças na formação em saúde, a qual inspire novas formas de cuidado, bem como novas relações para que haja uma construção de saberes e práticas do cuidado coletivo3. Pode- se perceber que a experiência da inserção nas universidades na Austrália agregou muitos conhecimentos à vida das entrevistadas, com isso também sugere-se, a partir deste estudo, que as universidade brasileiras ampliem suas redes de comunicação a fim de oportunizar um intercâmbio profissional e cultural sem necessitar sair do país. Uma vez que no Brasil algumas universidades já demonstram interesse e já trabalham com diferentes metodologias de ensino, além de proporcionar ao estudante maior conhecimento do próprio país, valorizando-o ainda mais e auxiliando na sua melhoria, tanto nos serviços de saúde quanto nas relações humanas, uma vez que intercâmbios possibilitam além do que já foi citado, melhora na comunicação interpessoal de quem o realiza.
Referências: 1. Raposo MT, Nemes MIB. Assessment of integration of the leprosy program into primary health care in Aracaju, state of Sergipe, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop 2012; 45(2):203-8.
2. Organização Mundial da Saúde. Estratégia global para hanseníase 2016-2020: aceleração rumo a um mundo sem hanseníase. Genebra: OMS; 2016.
3. Monteiro LD, Alencar CHM, Barbosa JC, Braga KP, Castro MD, Heukelbach J. Incapacidades físicas em pessoas acometidas pela hanseníase no período pós-alta da poliquimioterapia em um município no Norte do Brasil. Cad. Saúde Pública 2013; 29(5):909-920.
4. Lanza FM, Lana FCF. O processo de trabalho em hanseníase: tecnologias e atuação da equipe de saúde da família. Texto Contexto Enferm 2011; 20(esp):238-46.
5. Araújo TME. Hanseníase: Endemia persistente no Brasil com tendência hiperendêmica em regiões do Piauí. Rev Enferm UFPI 2015; 4(2):1-3. |