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8722878 | PREVALÊNCIA DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADO AO ESTRESSE OCUPACIONAL DOS AGENTES PENITENCIÁRIOS E A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DO TRABALHO | Autores: Márcia Maria de Souza ; Andressa Cunha de Paula ; Carla de Almeida Silva ; Camila Canhete Ferreira |
Resumo: **Introdução. **A Saúde do trabalhador, e o trabalho, é entendido como um duplo sentido que relaciona o prazer e o sofrimento, onde o prazer é um sentimento utilizado como estímulo que impulsiona, e o sofrimento desestabiliza a atividade laboral. Estudos mostram que trabalhar no sistema penitenciário é referido por uma atividade arriscada e estressante. O agente penitenciário é um trabalhador que desempenha um serviço público de alto risco, que envolvem serviços de vigilância, custódia e segurança de infratores reclusos em estabelecimentos prisionais. Estas exposições frequentes geram diversas situações de tensão e sofrimento psíquico, como ameaças, agressões e cargas de trabalho exaustivas. A perspectiva da profissão dentro das penitenciárias visa em reduzir os riscos ocupacionais dos agentes de forma a permitir que o trabalhador esteja satisfeito e saudável para contribuir para o serviço. A atuação do enfermeiro do trabalho nos serviços de penitenciárias proporcionaria uma melhor qualidade de vida no trabalhado para os agentes prisionais, reduzindo os riscos ocupacionais e psicológicos desses trabalhadores. Contudo, até o momento, não há evidências do serviço do profissional enfermeiro do trabalho nos sistemas carcerários, representando uma importante lacuna no serviço. **Objetivo** foi avaliar os riscos ocupacionais entre os agentes penitenciários lotados em um complexo prisional na Região Central do Brasil. Metodologia foi um estudo descritivo transversal, realizado no período de novembro a dezembro de 2017 com os agentes penitenciários lotados na Central de Triagem de um complexo prisional na Região Brasil Central. No período em que foi efetuada a coleta de dados a unidade possuía 40 servidores. Destes, um estava afastado por motivo de doença e 10 não aceitaram participar da pesquisa. Foram utilizados como critério de inclusão serem trabalhadores do sistema penitenciário lotados na central de triagem, assinatura do TCLE.A coleta foi realizada por meio de questionário auto-aplicável, não identificado, contendo itens referentes a informações sócio-demográficas (sexo, escolaridade e situação conjugal), informação sobre o horário de trabalho, o que preocupa no trabalho e o que melhoraria o trabalho. Os questionários foram entregues aos trabalhadores por um dos pesquisadores durante uma capacitação ofertada aos mesmos no local de trabalho.A construção do banco de dados foi realizada utilizando o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 25.0, com checagem e reavaliação para garantir o controle da qualidade dos dados inseridos. As repostas foram tabuladas de acordo com as características sócio-demográficas e com as características do trabalho indagadas na pesquisa. Como contribuição aos trabalhadores foi realizada educação em saúde relacionado prevenção de Infecções sexualmente transmissíveis, promoção a saúde, avaliação da saúde com execução do Teste Rápido (TR) HIV, hepatite B e C, sífilis, com entrega dos resultados no mesmo dia, e ainda aplicação de vacinas do calendário vacinal do adulto. **Resultados e Discussão** do total, 89,7 eram do sexo masculino, 48,7% são casados ou mantém uma união estável e 44,8% são solteiros.A maioria relatou escolaridade de 17 a 18 anos (65,5%). Quanto à renda mensal, 41,3% relataram receber de 2 a 4 salários mínimos por mês. A predominância do sexo masculino no serviço estudado (89,7%) converge com os resultados de outros estudos com agentes prisionais realizados no Brasil. Diversos estudos de gênero vêm sendo produzidos nos últimos anos, promovendo reflexões sobre as relações que se estabelecem entre homens e mulheres, entre as mulheres e entre os homens. A inferioridade física da mulher, que foi construída discursivamente e aprendida gradualmente no decorrer da história, trazendo como consequência o subdesenvolvimento de sua capacidade física, bem como da força e de seu conhecimento corporal como um todo. Observa-se uma grande maioria ou uma porcentagem maior de homens em instituições, onde a força física prevalece. A maior parte dos agentes penitenciários são casados (48,3%) ou vivem em união estável e 44,8% são solteiros. Embora o cargo de agente penitenciário exija como critério mínimo de formação o Ensino Médio completo maioria relatou escolaridade de 17 a 18 anos de estudo (65,5%) mostram que os agentes prisionais que têm um nível de escolaridade mais alto são mais tolerantes com os detentos, são menos punitivos e são mais dispostos a ter relações de maior proximidade com os aprisionados do que os que têm menos escolaridade. Em relação à carga horária realizada, a maioria (55,1%) no regime de 8 horas diárias, de segunda a sexta, e apenas 13,7% no regime de 6 horas diárias, de segunda a sábado. O trabalho de 24h/72 se fez relevante com (31%). O agente penitenciário convive com uma sobrecarga de trabalho, tendo em vista o número pequeno de profissionais por unidade, cada vez mais superlotadas, e sua carga horária, que normalmente é de 24 horas seguidas, contribuindo para seu desgaste físico. A maioria dos agentes desenvolvem atividades de segurança e disciplina das unidades, trabalhando em contato direto com os apenados e em regime de plantão, sendo 24h de trabalho por 72h de descanso. Em relação ao que preocupa no trabalho a maioria se preocupa com a própria segurança seguido da segurança dos familiares e medo de fuga dos presos. O sentimento de insegurança e medo da violência permeia o trabalho dos agentes penitenciários, relatado como sentimento que faz parte do cotidiano dos trabalhadores. Esse medo além de estressor ao ambiente de trabalho, influencia na privação de horas de lazer, os trabalhadores alegam falta de segurança e por isso nos momentos de folgas preferem ficam em casa, essa postura contribui para o adoecimento físico e mental do agente penitenciário. A possibilidade de fuga e o medo em relação às falhas na segurança decorrente da frágil estrutura do local de trabalho também são preocupações diárias no trabalho do agente penitenciário, alguns estudos demostraram que além da preocupação com a sua própria segurança, nesses episódios, eles sofrem com pressões dos dirigentes e da mídia o que aumenta a pressão para alcançar o objetivo de evitar fuga gerando ainda mais tensão no trabalho. Quando indagados quanto a percepção do que melhoraria o trabalho a maioria respondeu que melhorar a estrutura do ambiente ajudaria no trabalho, muitos também responderam que o reconhecimento profissional seguido do aumento salarial também melhoraria o trabalho. **Considerações finais.** Neste estudo verificou-se as características dos agentes penitenciários e fatores estressores e intrínsecos a esta função, como sofrimento e adoecimento, em especial pela exposição aos riscos psicossociais, e biológicos pela proximidade com doenças transmissíveis visto a aproximação e o contato direto com uma população vulnerável. Destaca também a necessidade de um olhar dos profissionais da saúde para esse ‘novo fator adoecedor´, que é o fenômeno do estresse, já que as consequências dele trazem impacto negativo direto no ambiente de trabalho, na vida dos trabalhadores e na sua rede de apoio. Uma vez que o trabalho interdisciplinar é fundamental para assegurar a prestação de programas e cuidados mais eficazes em saúde e segurança do trabalho, de modo que a opinião dos profissionais qualificados possa reger a prevenção e o controle de eventos perigosos relacionados ao trabalho, acredita-se que o enfermeiro do trabalho, por meio de ações de educação em saúde, possa ser agente de transformação para uma vida mais saudável dos agentes penitenciários, atuando na prevenção de agravos decorrentes da exposição aos riscos ocupacionais e na promoção da saúde, minimizando o sofrimento destes trabalhadores e sensibilizando os gestores, a fim de promover meios para a saúde e segurança dos trabalhadores.
Referências: 1. BARROS, D.G. , CHIESA, A.M. Autonomia e necessidades de saúde na sistematização da assistência de enfermagem no olhar da saúde coletiva 2008
2. CARVALHO, Silvia C.; Silva,.; FERREIRA, Leonardo S.; Correa, Sheila A. Reflexo da Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) na consulta de enfermagem. Revista Rede de Cuidados em saúde,vol.2 no.2. 2008. |