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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 8714291

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8714291

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM DA CIPE® PARA IDOSOS COM FRATURA DE MEMBROS INFERIORES

Autores:
Maria Célia de Freitas ; Daisy Terezinha Reis Coutinho ; Samia Mara Barros de Queiroz ; Solange Alexandre Gurgel ; Jorge Wilker Bezerra Clares

Resumo:
**Introdução:** O processo de envelhecimento resulta em inúmeras alterações de ordem fisiológica, morfológica, bioquímica e funcional que aumentam a vulnerabilidade do organismo às agressões intrínsecas e extrínsecas, com destaque para as fraturas de membros inferiores, sendo responsáveis por elevada morbimortalidade e pelo elevado custo do tratamento e da hospitalização na população idosa. Para a efetividade do cuidado de enfermagem, o enfermeiro deve lançar mão do processo de enfermagem, instrumento metodológico desenvolvido em cinco fases, dentre as quais se destaca o diagnóstico de enfermagem. Este deve ser elaborado por meio do raciocínio clínico e apoiado em um referencial teórico e em um sistema classificatório que embase intervenções. Dentre as diversas teorias de enfermagem desenvolvidas, o modelo  escolhido foi o de cuidados de Virginia Henderson. Como apoio ao processo, a Enfermagem também conta, com a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®), que possibilita a elaboração de enunciados de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem e favorece a tomada de decisão clínica. **Objetivo:** Construir enunciados de diagnósticos de enfermagem a partir da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) para pessoas idosas com fratura de membros inferiores, com base no modelo teórico de Henderson. **Método: **Pesquisa metodológica resultante de uma dissertação de mestrado desenvolvida em 2014, cujos dados foram submetidos a uma revisão e análise em março de 2018. A pesquisa foi realizada nas unidades de internação geriátrica de um hospital público de nível terciário, de Fortaleza-CE. Desenvolvida com 133 idosos hospitalizados por fratura de membros inferiores, com aplicação de formulários e exame físico para identificação dos focos da prática de enfermagem, que subsidiaram a construção de enunciados de diagnósticos de enfermagem, e o mapeamento cruzado dos enunciados construídos com os constantes da CIPE®. O estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará e do Instituto Dr. José Frota. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. **Resultados: **Participaram do estudo 133 pessoas idosas com fratura de membros inferiores, com média de idade de 78,7 ± 9,9 anos, predomínio do sexo feminino (52,6%), aposentados (93,9%), provenientes do interior do estado (63,3%). Em relação ao arranjo de moradia, 35,7% residiam com o cônjuge, 34,1% com filhos e 11,6% residiam sozinhos. Quanto ao histórico de saúde e doença atual, 31,6% eram tabagistas, 21,8% eram etilistas, 78,6% faziam uso de medicamentos, 42,9% eram hipertensos, 19,5% eram diabéticos, 98,5% possuía déficit visual e 25,6% apresentavam déficit auditivo. 93,3% apresentaram uma única fratura, prevalecendo as fraturas de diáfise do fêmur (64,7%). Com relação à causa da lesão, constatou-se que 69,2% idosos sofreram fratura por queda da própria altura e 30,8% foram vítimas de acidentes de trânsito. Foram extraídos 239 focos da prática de enfermagem, sendo 184 categorizados nos componentes biológicos/fisiológicos, 41 nos componentes psicológicos, 7 nos componentes sociais e 7 nos componentes espirituais/morais. Foram elaborados 94 enunciados de diagnósticos de enfermagem, dos quais 77 foram classificados como constantes e 17 como não constantes na CIPE®. Os enunciados não constantes foram submetidos ao processo de análise de similaridade e abrangência, resultando em cinco enunciados similares que, adequados à terminologia, foram classificados como constantes na CIPE® versão 2017; nove enunciados considerados mais restritos; um mais abrangente; e dois sem concordância. Dessa forma, o estudo resultou em 82 enunciados constantes e 12 não constantes na CIPE® versão 2017, sendo 80 classificados nos componentes biológicos/fisiológicos, nove nos componentes psicológicos, dois nos componentes sociais e três nos componentes espirituais/morais. Os focos da prática de enfermagem apresentaram maior expressividade no componente biológico/fisiológico pois reúne o maior número de necessidades, consideradas básicas e indispensáveis à manutenção da saúde e da vida do ser humano, influenciando na satisfação das outras necessidades. Além disso, ressalta-se que as fraturas de membros inferiores representam importante fator de morbimortalidade na população idosa, devido a problemas decorrentes de complicações com manifestações fisiológicas e anatômicas, cujos indicadores empíricos estão concentrados nos componentes biológicos/fisiológicos, expressando-se em demandas de cuidados de enfermagem. Dentre os diagnósticos elaborados no estudo, destaca-se o diagnóstico Mobilidade física prejudicada, classificado na necessidade mover-se e manter a postura adequada, merece atenção. Sabe-se que a pessoa idosa está mais propensa à perda de mobilidade devido ao processo natural de envelhecimento, devido ao enfraquecimento musculoesquelético.Assim, a pessoa idosa que apresenta Mobilidade física prejudicada devido a fratura de membros inferiores pode apresentar risco aumentado de desenvolver demandas de cuidados em outras necessidades humanas fundamentais. Como exemplos, os diagnósticos de enfermagem Dor aguda, Dor musculoesquelética, Dor por fratura, Dor óssea, Risco de ansiedade, Risco de infecção, Risco de trombose venosa profunda, da necessidade evitar perigos; os diagnósticos Constipação, Defecação prejudicada, Impactação fecal, Micção prejudicada, da necessidade eliminar; Capacidade para transferência prejudicada, Mobilidade na cama prejudicada, da necessidade mover-se e manter a postura adequada; Risco de sono prejudicado, Sono prejudicado, Sonolência, da necessidade dormir e repousar; Capacidade para cuidar da aparência externa prejudicada, Capacidade de vestir-se prejudicada, Capacidade para tomar banho prejudicada, Déficit de autocuidado, Risco de integridade de pele prejudicada, Risco de lesão por pressãodentre outros. É de fundamental importância à prática clínica da enfermagem gerontogeriátrica um olhar voltado para a busca e manutenção da autonomia física e capacidade funcional da pessoa idosa com trauma musculoesquelético, ressaltando-se que o cuidado de enfermagem deve englobar as dimensões física, psíquica, social e/ou espiritual, uma vez que a dependência para a realização das atividades de vida diária ocasionada pela doença e pela hospitalização podem favorecer sentimentos desconfortáveis. Destarte, os componentes psicológicos, sociais e espirituais/morais também apresentaram-se relevantes no presente estudo, com a construção e/ou identificação de enunciados de diagnósticos categorizados nas necessidades de comunicar-se, aprender, distrair-se, trabalhar e realizar-se, e viver segundo crenças e valores. A fratura de membros inferiores acarreta, além de problemas de ordem física, consequências sociais, psicológicas e existenciais geradas a partir de uma situação de dependência, acentuando sentimentos de fragilidade, insegurança, solidão e tristeza, que predispõem o idoso a alterações cognitivas, comportamentais e emocionais com perda de sua autonomia e redução da qualidade de vida. **Contribuições para a área da enfermagem: **O presente estudo traz importante contribuição para o avanço no conhecimento científico de enfermagem, suscitando a discussão sobre as demandas de cuidados de enfermagem da população idosa com trauma musculoesquelético. Evidenciando, ainda, a necessidade de padronização da linguagem profissional e documentação da prática clínica por meio da CIPE® pelos enfermeiros, conferindo qualidade da assistência e maior visibilidade profissional.** Conclusão: **O presente estudo possibilitou a construção de diagnósticos de enfermagem para o cuidado dirigido à pessoa idosa hospitalizada com trauma de membros inferiores, sendo 82 enunciados constantes e 12 não constantes na CIPE®, categorizados segundo modelo de cuidados de enfermagem de Henderson.


Referências:
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