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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 8699074

E-Pôster


8699074

INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO EM ARTROPLASTIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Autores:
Mayara Ana da Cunha Kersten ; Thalita Gomes do Carmo ; Rafaella Rebello

Resumo:
Introdução A infecção do sítio cirúrgico (ISC) representa hoje a terceira infecção mais frequente relacionada à assistência à saúde, responsável por aproximadamente 17% dentre todas as infecções em pacientes hospitalizados, com taxa de incidência de 11%. Estes números trazem consigo elevados gastos para as instituições e altas taxas de morbidade e mortalidade de pacientes. As ISC acresce em média de 7 a 10 dias de hospitalização, interferindo na dinâmica de leitos e nos custos que variam de acordo com o patógeno infeccioso e tipo de cirurgia¹. Entre os procedimentos cirúrgicos, as cirurgias ortopédicas que incluem próteses como a artroplastia do quadril e joelho são realizadas para o tratamento de dor a crônica, por lesões causadas por artrite reumatóide, necrose e fraturas e sua indicação é mais frequente para pacientes acima de 65 anos². As infecções de sítio cirúrgico em artroplastias de quadril e joelho são complicações temidas por causarem grandes impactos na qualidade de vida dos pacientes, trazendo consigo altas taxas de morbidade, mortalidade e custos assistenciais. A identificação dos fatores de risco para estes procedimentos se faz necessária para a adoção de medidas de planejamento e estratégias no controle e no monitoramento destas infecções, minimizando assim sua ocorrência e fortalecendo os princípios da segurança do paciente. Objetivos: ?identificar os aspectos epidemiológicos das infecções de sítio cirúrgico em cirurgias ortopédicas de artroplastia de quadril e joelho e descrever as medidas preventivas das infecções de sítio cirúrgico em cirurgias ortopédicas de artroplastia de quadril e joelho. Metodologia: ?o método ?utilizado foi a revisão integrativa da literatura científica em bases de dados na Biblioteca Virtual de Saúde, nas fontes LILACS, Medline e BDENF, no período de setembro de 2017, com critérios de inclusão e uso de descritores pré selecionados: estudos dos últimos 2 anos (de 2015 a 2017), envolvendo adultos e idosos, artigos científicos, textos disponíveis e atendendo aos descritores Infecção da Ferida Cirúrgica AND Artroplastia de Quadril AND Prevenção; Infecção da Ferida Cirúrgica AND Artroplastia de Joelho AND Prevenção. Nas fontes das bases eletrônicas citadas, a partir da definição dos descritores, foram encontrados 206 estudos com o descritor infecção de ferida cirúrgica, artroplastia de quadril e prevenção. Após aplicação dos filtros com os critérios de inclusão, este número foi reduzido para 26. No que confere ao descritor de infecção de ferida cirúrgica, artroplastia de joelho e prevenção foram encontrados 164 estudos e com a utilização dos filtros 29 estudos, totalizando 55 publicações. Na base de dados da Medline dos 49 estudos, 13 foram selecionados e na BDENF 01 estudo o qual seguiu para a busca dos artigos na íntegra e estava conforme segundo a análise do objetivo proposto.Os estudo foram enumerados (E01 a E14) para melhor citação no texto e em seguida foi extraído aspecto relevantes dos estudos e apresentados de forma descritiva. Resultados Percebe-se que a grande maioria dos estudos é de publicação norte americana, datadas no ano de 2015, indicando 14 artigos nos quais foram segmentados nas vertentes: medidas de prevenção de infecção pré operatórias (protocolos de descolonização de Staphylococcus Aureus e identificação de fatores de risco intrínsecos e extrínsecos), intra operatórias (preparo da pele, uso de antimicrobianos e técnica anestésica), pós operatórias (duração da antibioticoprofilaxia e curativos) e vigilância epidemiológica (busca ativa e monitoramento das infecções). No que confere aos fatores de risco intrínsecos do paciente, E06 cita a deficiência nutricional, a diabete mellitus não controlada e a obesidade como itens predisponentes ao elevado risco de infecção. A taxa de infecção em artroplastias de quadril ou joelho pode aumentar em até 4,66% nos pacientes com obesidade mórbida³. Outras estratégias são complementadas na literatura como a cessação do tabagismo e etilismo, melhorar o estado vascular e controle de outras infecções remotas ao sítio cirúrgico. Na colonização pré operatória por Staphylococcus aureus e o desenvolvimento de ISC foi demonstrada sobretudo após cirurgia ortopédica. Entretanto, há controvérsias a respeito da influência da descolonização nasal sobre o risco de infecção. Em relação ao banho, ainda não foi demonstrada uma clara associação entre banho pré-operatório com produto antisséptico e redução do risco de ISC. No âmbito da colonização de pele e preparo, E13 menciona o uso de uma cobertura impregnada de iodo nas incisões de artroplastias de joelho. Como discussão, há questionamentos quanto ao aumento nas taxas de recolonização bacteriana resultantes desta utilização, comprometendo o ambiente antisséptico durante a cirurgia. O resultado deste estudo randomizado aponta que cobrir a pele com a cobertura impregnada de iodo após o preparo da pele com clorexidina não aumentou a microbiota da pele quando comparado a preparação única com a clorexidina4. Em relação a profilaxia antimicrobiana, o uso da cefazolina é uma escolha comum em procedimentos ortopédicos. Este agente tem excelente atividade in vivo contra bactérias gram positivas comuns e certas bactérias aeróbias gram negativas, com meia vida longa e boa penetração nos tecidos. O estudo E06 complementa que o uso combinado de profilaxia com antibiótico sistêmico e cimento ósseo impregnado com antibiótico parece reduzir a taxa de infecção quando comparado ao uso de antimicrobianos sistêmicos isolados. Entretanto, há preocupações quando o aumento do custo da profilaxia e o potencial para o desenvolvimento secundário de bactérias resistentes. Para autores do E11, a gestão de antimicrobianos se faz necessária, e a prescrição dos mesmos de forma adicional, estendendo-se no pós operatório é questionável e não constitui-se de uma opção segura5. No que confere aos curativos no pós operatório, são necessários mais estudos aprofundados sobre a influência de técnicas diferenciadas de drenagem e proteção de feridas e infecções, considerando que há inúmeros aspectos a serem avaliados para a escolha de um curativo ideal. Conclusão Evidenciou-se que as boas práticas na prevenção de infecção de sítio cirúrgico em cirurgias de artroplastia de quadril e joelho podem ser generalistas ou específicas e que há a necessidade de realização de mais estudos prospectivos, randomizados e controlados para determinar a eficácia e o custo benefício de todas estas intervenções. No que condiz a epidemiologia das infecções, a vigilância nos traz um cenário multifacetado composto por perfis de pacientes e complexidades de instituições diferentes. Apesar deste cenário, há uma prevalência de maiores índices de infecção de sítio cirúrgico em artroplastias de joelho quando comparadas a de quadril. Implicações para a Enfermagem ?o Enfermeiro, como parte integrante da equipe de saúde, é um profissional qualificado no qual pode propiciar um cuidado seguro, identificando os procedimentos cirúrgicos de alto risco e de grande volume para serem alvos de vigilância, verificando e aplicando as recomendações dos processos pré operatórios, transoperatório e pós operatório. Partindo da identificação destes fatores de risco, pode-se viabilizar discussões a respeito de processos, com o intuito de minimizar riscos ou reavaliar condutas considerando a segurança do paciente cirúrgico


Referências:
1 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Vigitel-Brasil 2011: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília, 2012. 2- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022 / Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 160 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde). 3. BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doenças crônicas: diabetes mellitus [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. [Acesso em 20 jan. 2018]. Disponível em: http://bvsms. saude. gov.br/bvs/publicações/estrategias_cuidado_ pessoa_diabetes_mellitus_cab36.pdf 4- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil / Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 160 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) ISBN 978-85-334-1831-8. Disponível em http://portalms.saude.gov.br/component/tags/tag/vigitel. Acesso em 23 de fevereiro de 2018. 5- Oliveira, C., Palha, P.. Sistema de Informações HIPERDIA, 2002–2004, Adequação das Informações. Rev. Cogitare Enfermagem, América do Norte, 13, dez. 2008. Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/12992/8777. Acesso em: 02 fev. 2018.