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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 8660163

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8660163

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ABORDAGEM INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER: EXPERIÊNCIA DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Autores:
Lisane Nery Freitas ; Nathalia Riegel Pereira Rodrigues ; Cristiane Lima dos Santos ; Sandra Maria Cezar Leal ; Vânia Celina Dezoti Micheletti

Resumo:
**INTRODUÇÃO: **a realização periódica do exame citopatológico é a principal estratégia para o rastreamento do câncer de colo uterino.1 No contexto da Atenção Primária em Saúde (APS) são realizadas várias ações voltadas à prevenção deste agravo, dentre as quais se destacam: ações de educação em saúde com abordagem individual e coletiva; vacinação contra o vírus HPV para os grupos indicados e detecção precoce do câncer e/ou suas lesões precursoras por meio do exame citopatológico nas mulheres que residem no território adscrito.1,2 O enfermeiro é o profissional que comumente realiza as coletas de citopatológico nas Unidades de Saúde da Família (USF), sendo um importante integrante da equipe multiprofissional. Atua na promoção da autonomia dos usuários por meio de consultas individuais de enfermagem, visitas domiciliares e/grupos, além de atuar na prevenção de doenças, recuperação e reabilitação do bem-estar 2. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) faz parte do processo de trabalho do enfermeiro, no qual o Processo de Enfermagem (PE) constitui-se em um instrumento metodológico para a organização desta assistência 3. Nesta perspectiva, as USF são potentes campos para profissionais de saúde, que buscam uma formação fundamentada na atenção integral, multiprofissional e interdisciplinar, características estas da Residência Multiprofissional em Saúde (RMS). As ações para a promoção do cuidado integral e a gestão de processos de trabalho, inerentes ao enfermeiro em APS, induzem para que o núcleo de enfermagem assuma esse importante papel nas RMS no contexto da APS 4. **OBJETIVO: **relatar a vivência de enfermeiros e residentes de enfermagem, que utilizam a SAE, no processo de cuidado em Saúde da Mulher na APS. **DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: **relato de experiência sobre a vivência de enfermeiros e residentes de enfermagem, que utilizam a SAE no processo de cuidar em Saúde da Mulher, no âmbito da APS, em uma USF de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. As referidas residentes estão incluídas no Programa de RMS em Saúde da Família e Comunidade. A Unidade tem sido campo de formação para residência em Enfermagem desde 2014, incluindo também outras profissões da RMS como Odontologia, Farmácia, Psicologia e Serviço Social. O território adscrito da USF está situado em uma região da periferia, caracterizada pela vulnerabilidade social, econômica e violência envolvendo tráfico de drogas, associado ao restrito acesso a equipamentos sociais como ensino e cultura.  A maioria da população atendida é de mulheres, sendo algumas mães muito jovens, outras em relações conjugais vivenciando situações de violência. A demanda é por busca de apoio para suas questões de saúde, físicas e emocionais.  Este estudo foi elaborado de acordo com os aspectos éticos em pesquisa. **RESULTADOS:** na atenção à Saúde da Mulher, os enfermeiros da USF em estudo (três) e residentes (três) possuem um importante papel no acompanhamento e atendimento das usuárias. A Consulta de Enfermagem em Saúde da Mulher é realizada sob a perspectiva da saúde integral, com escuta ativa e atenta, considerando as queixas referidas e abrindo espaço para que as usuárias expressem suas angústias e aflições, buscando de forma compartilhada pensar em estratégias de reconstrução da autoestima e com estímulo ao autocuidado. Em geral, após esta conversa (anamnese), a mulher sente-se mais à vontade para realizar o exame citopatológico. Nessa prática, observa-se que as mulheres compreendem e aceitam realizar o procedimento, principalmente, pelo cuidado do profissional durante o exame, explicando cada etapa e a importância das ações de promoção da saúde. Para o aprimoramento nos cuidados à Saúde da Mulher, enfermeiros desta USF e residentes de enfermagem buscam a melhor resolutividade para cada caso, com o respaldo de protocolos e diretrizes atuais. Também realizam discussão com a equipe de saúde envolvida no atendimento das usuárias. É importante destacar a contribuição das residentes de enfermagem para o avanço e qualificação das práticas na APS. As (re)construções são produzidas de forma compartilhada entre profissionais e residentes, tornando-os protagonistas nesse processo. Além do cuidado clínico à mulher, as residentes de enfermagem problematizam práticas cotidianas, ampliando a coleta de citopatológico como um espaço de cuidado integral, incluindo saúde mental e situações de violência, ambas impactantes na prevenção ao câncer de colo uterino. Assim, tendo em vista a complexidade desse atendimento, torna-se ainda mais importante a SAE, no contexto da APS. Nessa perspectiva, destaca-se que o enfermeiro é quem atende os programas prioritários como saúde da mulher, saúde da criança, entre outros. Diniz4 aponta que o atendimento à mulher (seja no consultório ou na visita domiciliar), pode ser realizado seguindo o modelo do PE: anamnese e exame físico para conhecer melhor a usuária e a partir desse ponto pensar em Diagnóstico de Enfermagem (DE) como exemplo “Disposição para melhora do autocuidado”, e a partir disso planejar e implementar os cuidados necessários, para posteriormente avaliá-los. Na prática, para as mulheres que tem boa adesão e vínculo com o serviço, as orientações e cuidados prestados na consulta de enfermagem impactam em maior cuidado da sua saúde, auxiliando na prevenção e diagnóstico precoce de doenças, como o câncer do colo de útero4.** CONCLUSÃO: **a atuação do enfermeiro na Saúde da Mulher é fundamental no âmbito da APS, por ser o profissional cujo olhar abrangente possibilita a atenção integral, tendo na consulta de enfermagem uma importante ferramenta para o planejamento e desenvolvimento de metas de forma compartilhada com a usuária. É importante o papel da residência de enfermagem no processo de implementação da SAE, na USF, ao questionar e instigar os profissionais contratados bem como propor de pensar o cuidado, buscando de forma conjunta as possibilidades de qualificação. **CONTRIBUIÇÕES/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: **este relato se propõe a estimular a reflexão sobre a atuação do enfermeiro na Saúde da Mulher em APS, considerando a SAE como uma forma de organizar o cuidado, respeitando as etapas do PE, que quando realizadas, resultam em uma atenção qualificada ao usuário. Destaca-se também que o residente de Enfermagem possui papel de destaque no fortalecimento da SAE e implantação do PE nos serviços de saúde, como um fator motivacional importante para as equipes que ainda possuem dificuldades com a SAE/PE.


Referências:
1. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2. ed. Rio de Janeiro: INCA; 2016. 2. Correio KDL, Ramos AIG, Santos RLG, Bushatsky M, Correio MBS. Controle do câncer do colo do útero: ações desenvolvidas pelo enfermeiro à luz do discurso do sujeito coletivo. J. res.: fundam care [internet]. 2015 [cited 2018 Fev 03]; 7(2):2425-2439. Available from: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/3780/pdf_1556 3. Diniz IA, Cavalcante RB, Otoni A, Mata LRF. Percepção dos enfermeiros gestores da atenção primária sobre o processo de enfermagem. Rev Bras Enferm. 2015; 68(2):206-13. 4. Ministério da Saúde (BR). Residência Multiprofissional em Saúde da Família. [internet] Brasília (DF): MS; 2015 [cited 2018 Mar 07]. Available from: http://dab.saude.gov.br/portaldab/residencia_multiprofissional.php. Acesso: março 2018.