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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 8660029

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8660029

EFEITO DA INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM PLANO DE ALTA NO AUTOCUIDADO, CONHECIMENTO E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA HOSPITALIZADOS.

Autores:
Ana Carla Dantas Cavalcanti ; Evelyn Bracelos de Jesus ; Juliana de Melo Vellozo Pereira ; Tereza Cristina Felippe Guimarães ; Lyvia da Silva Figueiredo

Resumo:
**Introdução:** A insuficiência cardíaca (IC) é considerada hoje a principal causa de internação por doenças cardiovasculares no Brasil. A falta de autocuidado e conhecimento da doença continuam sendo os principais motivos de readmissão hospitalar dos pacientes com IC(1-3). O cuidado de transição, definido como uma estratégia destinada a assegurar e a continuidade dos cuidados em saúde à medida que os pacientes são transferidos do hospital para casa, vem sendo estudado e implementado nesta clientela(4). Relacionado a este contexto, a taxonomia de classificações de intervenções de enfermagem da NIC traz como proposta a intervenção denominada “Plano de alta (7370)”, conceituada como: preparo para transferência de um paciente de um nível de cuidado a outro, no âmbito da atual instituição de atendimento de saúde ou para outro local”. Não há estudos que tenham testado o efeito de um programa de Plano de alta baseado na NIC durante o período de hospitalização em pacientes com IC. **Objetivo:** Verificar o efeito da intervenção de enfermagem Plano de alta aplicado em pacientes com insuficiência cardíaca durante a hospitalização na qualidade de vida, autocuidado, conhecimento da doença e readmissão hospitalar em 30 dias, comparado ao acompanhamento hospitalar convencional. **Métodos:** Ensaio clínico randomizado cego. O grupo intervenção recebe acompanhamento do programa de Plano de alta de modo individualizado durante a internação, com duração de uma hora, em três encontros com intervalo de 24 horas, baseadas nas diretrizes brasileiras de insuficiência cardíaca atualizadas e na lista de atividades proposta pela NIC para a intervenção de enfermagem estudada. Os pacientes recebem no primeiro dia de intervenção uma balança graduada, um copo graduado, uma cartilha educativa e um diário para anotação do peso, sinais vitais, controle da ingestão de líquidos e identificação de possíveis sintomas de descompensação. O protocolo de intervenção também inclui uma consulta telefônica padronizada semanal entre cinco a 15 minutos por um mês e uma visita domiciliar pós alta com duração de uma hora. O grupo controle recebe o tratamento hospitalar convencional. Participam do estudo pacientes com idade a partir de 18 anos, história de IC prévia de acordo com os critérios de Boston e Framingham e internados com IC descompensada. São excluídos aqueles com sequelas neurológicas e/ou cognitivas e/ou que já estejam participando de estudos com intervenções educativas, com transferência planejada para outra unidade hospitalar ou IC com etiologia valvar (doenças cardíacas estruturais). Em relação aos desfechos avaliados, foram considerados: readmissão em 30 dias pós alta, além dos escores de autocuidado, qualidade de vida, conhecimento da doença, sintomas depressivos e escore clínico de congestão pela aplicação de questionários adaptados transculturalmente e validados no Brasil. O cálculo da amostra foi realizado de acordo com um estudo prévio(4) (160 pacientes; 80 pacientes para o grupo intervenção e 80 pacientes para o grupo controle). O recrutamento está sendo feito por uma equipe de avaliação, que verifica a adequabilidade dos sujeitos aos critérios de inclusão. A randomização foi feita pelo site [www.randomization.com](http://www.randomization.com/), considerando as variáveis gênero e escolaridade para evitar o risco de viés de seleção. O cegamento ocorreu pela formação de equipes distintas para avaliação, randomização e intervenção. Os dados estão sendo analisados pelo software _Statistical Package for Social Sciences (SPSS)_, versão 20.0 a partir dos testes T-Student ou Mann Whitney, considerando p-valor bivariado menor que 0,05. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética da Faculdade de Medicina (Universidade Federal Fluminense) sob o nº 1.624.699. **Resultados: **De 21 sujeitos incluídos até o momento, houve perda de 07 (05 óbitos e 02 por piora clínica). A amostra de 14 pacientes apresenta média de idade de 50,9±9,2 anos, sexo masculino (64,3%), 57,1% são negros, com 10,5±3,0 anos de estudo. Metade da amostra possui cuidador, é solteira ou divorciada e é aposentada (n=7). A etiologia da insuficiência cardíaca é isquêmica (35,7%), com perfil majoritariamente hipertenso (71,4%) e com doença coronariana prévia (35,7%). Há 05 pacientes alocados no grupo intervenção e 09 pacientes no grupo controle até o momento. Os escores iniciais dos questionários aplicados nos grupos controle e intervenção respectivamente, foram:42,1±14,9 _vs _45,7±15,0 (manutenção do autocuidado), 42,2±20,0 _vs_ 49,9±20,1 (manejo do autocuidado), 49,2±21,2 _vs_ 44,5±20,5 (confiança do autocuidado), 74,1±17,2 _vs_ 74,0±22,5 (qualidade de vida), 6,0±2,0 _vs_ 9,4±3,0 (conhecimento da doença), 18,2±6,1 _vs_ 19,0±2,6 (sintomas depressivos) e 10,1±2,2 _vs_ 9,1±2,6 (escore clínico de congestão). **Conclusão: **Este estudo encontra-se em andamento, com previsão de término para 2019. Os resultados iniciais comparados entre os grupos demonstram que os altos escores de qualidade de vida evidenciam, a princípio, prejuízo na capacidade funcional, social e emocional. Os baixos escores de conhecimento sobre a doença e capacidade para o autocuidado demonstram falta de entendimento dos pacientes sobre o processo de cuidar de si e dos aspectos referentes à sintomatologia e tratamento da IC. Os pacientes apresentam sintomas depressivos classificados como leves. **Contribuições/implicações para a enfermagem:** Trata-se de um estudo sobre uma intervenção comportamental em saúde de baixo custo em uma clientela de pacientes internados. Espera-se que a intervenção de enfermagem Plano de alta, implementada com acompanhamento do processo de internação, identificação e resolução de problemas e o gerenciamento do cuidado integral, com manejo educativo possa melhorar os escores dos desfechos descritos em até 30 dias pós-alta. Espera-se ainda que o paciente, desde a internação, desenvolva o interesse de conhecer a doença e de se autocuidar para melhorar sua qualidade de vida e diminuir o risco para reinternações por descompensação da insuficiência cardíaca.


Referências:
1. Lima APS, Chianca TCM, Tannure MC. Avaliação da assistência de enfermagem utilizando indicadores gerados por um software. Rev. Latino-Am. Enferm. 2015; 23(2):234-41. 2. Garcia TR, Nobrega MML. A terminologia CIPE® e a participação do Centro CIPE® brasileiro em seu desenvolvimento e disseminação. Rev Bras Enferm, 2013, v. 66, p. 142-150. 3. Garcia TR. CIPE®: uma terminologia padronizada para descrever a prática profissional da enfermagem. Rev Esc Enferm USP, 2016, v. 50, n. 3, p. 376-3773. 4. Lopes VJ, Carvalho DR, Lahm JV. KDD na avaliação da usabilidade do prontuário eletrônico do paciente por profissionais da enfermagem. Revista Brasileira de Inovação Tecnológica em Saúde, v. 6, n. 3 (2016). 5. Lanh JV, Carvalho DR. Prontuário eletrônico do paciente: avaliação de usabilidade pela equipe de enfermagem. Cogitare Enferm. 2015 Jan/Mar; 20(1):38-44.