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SENADEn - ISSN: 2316-3216 || SINADEn - ISSN: 2318-6518 • ISSN: 2318-6518
Resumo: 8649747

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8649747

DOR COMO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM MAIS UTILIZADO NO ATENDIMENTO À DEMANDA ESPONTÂNEA DE ADULTOS NO CENTRO DE SAÚDE MONTE CRISTO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores:
Guilherme Mortari Belaver ; Luciane Mara dos Santos

Resumo:
**Introdução**. Com a crescente discussão sobre os diagnósticos de enfermagem como etapa do Processo de Enfermagem e eixo estruturante na implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem no município de Florianópolis, veio à tona a importância do enfermeiro na ampliação do acesso junto à sua equipe de saúde. É privativo ao enfermeiro o diagnóstico de enfermagem, sendo este acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; bem como a prescrição das ações ou intervenções de enfermagem a serem realizadas, em face dessas respostas.¹ Com o objetivo de ampliar a clínica deste profissional no atendimento à população, a Comissão Permanente para a Sistematização da Enfermagem (CSAE) da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis criou protocolos para atendimento clínico por parte dos enfermeiros, tornando o cuidado de enfermagem padronizado em toda rede e proporcionando segurança para que os enfermeiros pudessem prestar atendimento de qualidade respaldados por um documento de acordo com a lei do exercício profissional. A Enfermagem no âmbito nacional é uma profissão regulamentada a partir da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, a qual cita no seu artigo 11 que o Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, sendo privativo a este profissional, a consulta de enfermagem e a prescrição da assistência de enfermagem entre outras prerrogativas.² O Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987 regulamenta a Lei nº 7.498/2016. Suas normas e princípios fundamentam-se pelo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, aprovado pela Resolução COFEN nº 311, de 08 de fevereiro de 2007. A Resolução COFEN 195/1997 resolve que o Enfermeiro pode solicitar exames de rotina e complementares¹. A Consulta de Enfermagem deve ocorrer no atendimento à demanda programada ou espontânea, na unidade de saúde, no domicílio ou em outros espaços do território. A mesma está prevista na Carteira de Serviços da Atenção Primária em Saúde de Florianópolis entre as atribuições mínimas do Enfermeiro, sendo ofertada a pessoas de todas as faixas etárias¹. Para cada protocolo foram criados diagnósticos de enfermagem relativos ao seu tema. Os diagnósticos de enfermagem foram embasados na Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®), buscando uma linguagem própria para os registros das atividades da equipe de enfermagem qualificando o atendimento. A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPEÒ) é um instrumento de informação que descreve e proporciona dados à representação da prática de enfermagem nos Sistemas de Informação em Saúde. No âmbito mundial, consolida-se como um sistema unificado da linguagem de enfermagem, capaz de comunicar e comparar dados entre diversos contextos, países e idiomas. Contém termos distribuídos em seus eixos para a composição de diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem, conforme a área de atuação do enfermeiro¹. Os diagnósticos de enfermagem foram elencados a partir de oficinas realizadas com os enfermeiros das Unidade Pilotos previamente escolhidas, buscando na CIPE® os mais condizentes com a realidade da Atenção Primária do município. Realizou-se duas oficinas, na primeira selecionando os diagnósticos de enfermagem relacionados ao protocolo de enfermagem que aborda a hipertensão, diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares, na segunda oficina levantou-se os diagnósticos de enfermagem relacionados ao protocolo de enfermagem que aborda as doenças sexualmente transmissíveis e outras doenças transmissíveis de interesse em saúde coletiva (Dengue e Tuberculose) além dos diagnósticos de enfermagem selecionados a partir do protocolo de saúde da mulher na atenção primária. Como forma de avaliar quais os diagnósticos de enfermagem mais frequentes na prática diária dos enfermeiros da rede, as unidades piloto escolhidas em todos os distritos sanitários realizaram esse levantamento. Essas unidades receberam os diagnósticos em planilhas e os enfermeiros as alimentavam diariamente. **Metodologia**. Trata-se de um relato de experiência em nosso Centro de Saúde, localizado no bairro Monte Cristo, região continental de Florianópolis, um dos escolhidas como piloto no levantamento dos diagnósticos de enfermagem mais utilizados no município. Todos os enfermeiros das cinco equipes de saúde da família da unidade foram orientados a alimentar a planilha de monitoramento e capacitados a utilizarem os protocolos de enfermagem instituídos no município. **Resultados.** O Centro de Saúde Monte Cristo destacou-se no Distrito Continente com o maior número de diagnósticos de enfermagem no período entre maio a outubro de 2016, totalizando 2618 diagnósticos³. No período de monitoramento o diagnóstico de enfermagem mais frequente foi dor, totalizando 660 registros, 22,9% do número total.³ Dor, desde os tempos mais remotos, é um dos sintomas mais relatados pelas pessoas. A dor conceitua-se como experiência sensitiva e emocional desagradável decorrente ou descrita em termos de lesões teciduais reais ou potenciais. A dor é algo subjetivo, ou seja, é relatada pelo indivíduo segundo a sua percepção, o que resulta em formas diferentes de descrevê-la ou sinalizá-la.4 Ao identificar esses diagnósticos de enfermagem como frequente na população atendida, foi possível criar novas estratégias para ampliar a clínica dos enfermeiros da rede em relação ao tema, como medidas farmacológicas para alívio da dor, além da expansão das medidas não farmacológicas,5 o que já era uma orientação costumeira por parte destes profissionais (terapias complementares, grupos de dor). Além dos protocolos de enfermagem já citados no presente estudo, cabe citar o último protocolo de enfermagem publicado que aborda a dor no atendimento à demanda espontânea do adulto. Obtivemos também como resultado a sensibilização dos enfermeiros como membro de fundamental importância na equipe, atuando na consulta de enfermagem e nas interconsultas com outros profissionais, como médicos, fisioterapeutas, educadores físicos, psicólogos, nutricionista e assistente social. **Conclusão.** Ter ferramentas que facilitem nossa atuação e que deem respaldo às condutas para alívio da dor melhora a qualidade do atendimento às pessoas que apresentam tal sintoma. Trata-se de uma temática atual e relevante para a enfermagem, que devido à sua importância jamais se esgotará enquanto possibilidade de pesquisa, inovação e desenvolvimento de novos conhecimentos. **Contribuições e Implicações para Enfermagem.** Os enfermeiros da rede demonstraram que podem contribuir para a resolutividade das situações mais corriqueiras encontradas na atenção primária, podendo trabalhar com autonomia e segurança, tanto para si quanto para as pessoas atendidas. Ao reconhecer a dor como situação mais comum entre a população, medidas puderam ser ampliadas para dar autonomia ao enfermeiro de resolvê-las. Ao utilizarmos os protocolos de enfermagem pudemos reconhecer sua eficácia no atendimento à população, demonstrado pela maior resolutividade por parte dos enfermeiros, ampliação do acesso e relatos de satisfação dos profissionais, além do maior reconhecimento do enfermeiro, pela população, como membro da equipe de saúde da família.


Referências:
1 Peres AM, Ciampone, MH. Gerência e competências gerais do enfermeiro. Texto Contexto Enferm. 2006; 15(3): 492-99. 2 Nunes, NJS. Competências gerenciais no processo de formação dos enfermeiros [dissertação]. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas; 2015. 3 Massaro, M, Chaves, LDP. A produção científica sobre gerenciamento em enfermagem hospitalar: uma pesquisa bibliográfica. Rev Cogitare enferm. 2009; 14(1): 150-58. 4 Vilela, PF, Souza, AC. Liderança: um desafio para o enfermeiro recém-formado. Rev enferm UERJ. 2010; 18(4): 591-97. 5 Amestoy, SC, Cestari, ME, Thofehm, MB, Milbrath, VM, Porto, AR. Características institucionais que interferem na liderança do enfermeiro. Rev gaúcha enferm. 2009; 30(12): 214-20.