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8427256 | ASSOCIAÇÃO CLÍNICA DA RESPOSTA DISFUNCIONAL AO DESMAME VENTILATÓRIO NOS TESTES DE RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. | Autores: Ingrid Regia Lopes Jerônimo ; Raphael Sotero ; Priscila Carvalho de Souza ; Rafael Oliveira Pitta Lopes |
Resumo: É necessário que o enfermeiro conheça a mecânica e modalidades ventilatórias,
parâmetros de volume corrente, frequência respiratória, e estratégias de
desmame. Do ponto de vista do desmame ventilatório, a Resposta Disfuncional ao
Desmame Ventilatório (RDDV) é um diagnóstico de enfermagem de relevância,
sendo definido como a incapacidade de ajustar-se a níveis diminuídos de
suporte ventilatório mecânico, interrompendo e prolongando o processo de
desmame1. A NANDA reconheceu a resposta disfuncional ao desmame ventilatório
como um diagnóstico pertinente à enfermagem, sendo, portanto, um dos
diagnósticos mais prevalentes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)2 .
Todavia, apesar da relevância clínica, observa-se reduzida publicação na
temática. Quanto ao ventilador, a equipe de enfermagem centraliza o cuidado
principalmente na atenção com os circuitos, umidificadores e filtros externos.
Contudo, mantém certo afastamento quanto a manutenção dos ajustes de
parâmetros com base na avaliação hemodinâmica. Geralmente, não participa da
definição da modalidade ventilatória, e talvez por isso limite a sua atuação
no controle dos parâmetros e ajustes dos alarmes3. Durante o processo de
desmame, uma das etapas de avaliação, consiste na interrupção da ventilação
mecânica, que é avaliada por meio do teste de respiração espontânea (TRE) e
que podem ou não ser elegíveis para a retirada do tubo oro/nasotraqueal. Na
execução do teste, o cliente deve ser colocado em Tubo T ou PSV de 5-7cm H20
durante 30 a 120minutos. O TRE, embora possa predizer as chances de sucesso no
desmame da ventilação mecânica (VM), de forma acurada, em torno de 15% dos
casos não são identificados por este ensaio4-5. Entretanto, apesar de se
apresentar como um teste mandatório na avaliação da interrupção da VM, não há
descrito na literatura a relação entre TRE e RDDV. O objetivo do estudo é
identificar a associação entre falha do TRE e a RDDV em adultos internados em
Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Metodologia: Estudo transversal,
quantitativo, com delineamento prospectivo. Desenvolvido na UTI de um hospital
universitário de referência, no Estado do Rio de Janeiro, na região sudeste do
Brasil. A coleta de dados ocorreu no período de março de 2016 a março de 2017
com os participantes que atendessem os seguintes critérios de elegibilidade:
adultos intubados e acoplados à prótese ventilatória por mais de 24 horas, sob
desmame ventilatório, elegíveis a realização do TRE. Os participantes foram
acompanhados durante o teste com a finalidade de verificar a ocorrência da
RDDV e verificar os seus desfechos de sucesso ou insucesso na interrupção da
ventilação. Durante o TRE, que durou cerca de 30 minutos, foi realizada a
coleta de dados por meio de um instrumento construído com base nas definições
conceituais e operacionais das características definidoras do diagnóstico. Na
presença de sinais de intolerância, o teste era suspenso e o paciente
reavaliado quanto as possíveis causas. Os sinais de intolerância foram
identificados por alterações hemodinâmicas, ventilatórias e laboratoriais:
taquipnéia, taquicardia, hipertensão, hipotensão, hipoxemia ou acidiose4. Para
a análise quantitativa das métricas de acurácia diagnóstica utilizou-se o
software estatístico DAG Stat®. Esta pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da instituição proponente e ao CEP do Hospital Universitário
na condição de instituição coparticipante por meio da Plataforma Brasil. A
aprovação se deu por meio de pareceres números: 1.447.514 e 1.455.672,
respectivamente, e consta da relação de projetos aprovados, disponível no
Sistema Nacional de Ética em Pesquisa (SISNEP). Resultados: Foram avaliados 42
participantes para a realização do TRE. A RDDV foi identificada em 13 casos,
representando 30,9% dos participantes. Já em relação a falha no TRE na amostra
estudada, foram identificados 10 casos, representando 23,8 % dos casos.
Utilizando a RDDV como teste para a identificação da falha no TRE, as medidas
de acurácia identificadas no estudo foram: sensibilidade com medida de 70%,
que mensurou a proporção de falhas no TRE nos pacientes que apresentaram a
RDDV; especificidade 80%, que mensurou a proporção de falhas no TRE em
pacientes que não resultaram em RDDV; valor preditivo positivo (VPP)
apresentou 53%, mensurou a fração de pacientes que apresentaram a RDDV e
falharam no TRE; valor preditivo negativo (VPN) apresentou 88%, representou a
fração de pacientes que não apresentaram a RDDV e conseguiram concluir o TRE.
A eficiência ou acurácia 77%, representou a proporção de acertos na amostra,
ou seja, o total de casos verdadeiros positivos e verdadeiros negativos na
amostra; razão de verossimilhança positiva 3,5%, que indicou maior
probabilidade de casos verdadeiros positivos a falso-positivos; razão de
verossimilhança negativa 0,37%, que indicou maior probabilidade de casos
verdadeiros negativos a falso-negativos e razão de chances diagnóstica 9,3%.
Conclusão: Obteve-se valores de alta sensibilidade, especificidade, VPN, razão
de verossimilhança positivo, negativo e razão de chances diagnóstica para a
RDDV. Estes dados indicam que a avaliação do enfermeiro e o seu julgamento
clínico da RDDV estão associados a falha no TRE de pacientes em terapia
intensiva em processo de desmame ventilatório nesta população. Desta forma, o
raciocínio clínico da RDDV pode ser aplicado nos contextos de interrupção da
VM para subsidiar as intervenções de enfermagem. Implicações para a
Enfermagem: Independentemente da área de atuação do enfermeiro que seja
centralizada na assistência ventilatória, abre-se um campo de atuação que não
guarda relação apenas com o ventilador, mas na experiência da pessoa que se
submete aos ajustes de um determinado parâmetro ventilatório.
Referências: 1. World Obesity Federation. About Obesity. Inglaterra, 2015. Disponível em: . Acesso em 26 de set 2017.
2. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Diretrizes brasileiras de obesidade. 4. ed. São Paulo;ABESO 2016
3 Lamboglia, C. M. G. F., Silva, V. T. B. L., Munguba, M. C., & Silva, C. A. B. (2016). “... Essa coisa começou a pegar!”–vivências cotidianas de homens obesos. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 29(1), 20-26.
4. Morais IC, Santos LFP, Sousa CA, Momesso GAC, Miranda RMVS, Brasilino MS. O papel de enfermeiros na equipe multidisciplinar frente ao sobrepeso/obesidade em ambiente de trabalho. Arch Health Invest. 2014; 3(3): 15-23 Disponível em em: . Acesso em: 06 mar 2018.
5. NANDA International, Inc. Nursing Diagnoses: Definitions & Classification 2015-2017. 10. ed. © 2014 NANDA International, Inc. 2014. |