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8405651 | ANÁLISE DO CONHECIMENTO E PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES SOBRE ALEITAMENTO MATERNO NA GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM: RELATO DE EXPERIÊNCIA | Autores: Larissa da Cunha Dias |
Resumo: **Introdução: **O aleitamento materno é considerado a melhor forma de nutrição para o recém-nascido, devendo ser seu único alimento nos primeiros seis meses de vida. Entretanto a prevalência do aleitamento materno no Brasil apresenta estagnação nos últimos anos, apesar das constantes iniciativas buscando seu aumento (1). Um dos motivos frequentes para a descontinuidade é o desconhecimento dos profissionais de saúde nas questões relacionadas ao manejo clínico do aleitamento materno e, muitas vezes, de questões básicas como a definição do tipo de aleitamento e tempo indicado de duração. O desconhecimento do profissional está diretamente ligado à sua formação, e as estratégias utilizadas para a abordagem do tema. Devido a atuação da Enfermagem na linha de frente na assistência ao aleitamento materno, estudos investigaram o nível de conhecimento dos estudantes na graduação em Enfermagem e encontraram diferença expressiva entre o nível de conhecimento no início e final do curso (2,3). Não havendo um consenso sobre o conhecimento em aleitamento materno na graduação em Enfermagem, buscou-se a investigação dos aspectos ligados a formação deste conhecimento, juntamente com outros fatores que pudessem ilustrar não somente o entendimento dos estudantes sobre a temática, como também a sua percepção em relação a prática da amamentação. **Objetivos:** Relatar a experiência da realização de pesquisa acadêmica com objetivo de analisar o conhecimento e a percepção dos estudantes de Enfermagem sobre aleitamento materno. **Descrição metodológica:** Utilizou-se de estudo com desenho observacional, transversal, exploratório de abordagem quantitativa para avaliar a evolução do conhecimento em aleitamento materno na graduação em Enfermagem, identificando as áreas de maior e menor compreensão, bem como as lacunas de ensino apresentadas sobre a temática. Buscou-se compreender como ocorre a construção do conhecimento no decorrer do curso e a percepção dos estudantes quanto ao tema. A amostra de acadêmicos foi delimitada de acordo com os períodos cursados, selecionando aqueles pertencentes ao 1º, 3º e 7º período e classificando-os em três grupos: fases iniciais, intermediárias e finais. Compuseram o grupo de fase inicial todos os estudantes matriculados no 1º período, no grupo de fases intermediárias todos aqueles que já haviam cursado o ciclo básico (referente as disciplinas de Anatomia e Fisiologia), mas ainda não haviam cursado as disciplinas de Saúde Materno Infantil. Por fim, compondo o grupo das fases finais, incluíram-se todos os estudantes que já haviam concluído as disciplinas referentes a Saúde Materno-Infantil, mas ainda não se encontravam em período de estágio obrigatório. Desta forma, avaliou-se o entendimento dos acadêmicos em três períodos distintos de formação acadêmica, no início da formação com uma visão cultural e não acadêmica sobre o tema, no decorrer do curso verificando a obtenção do conhecimento sobre o assunto a partir de matérias em que os aspectos básicos e fisiológicos da lactação poderiam ser abordados. E nas disciplinas relacionadas ao cuidado de Enfermagem na Saúde Materno-Infantil, nas fases finais do curso, nas quais questões como os benefícios e o manejo clínico do aleitamento seriam abordadas. Como instrumento de avalição foi utilizado questionário composto por 20 questões fechadas, objetivas e de múltipla-escolha e 7 questões tipo Likert-Scale. As questões objetivas foram utilizadas para análise do conhecimento do estudante em aleitamento materno, sendo classificadas em dois blocos por tipo de conhecimento: conhecimento básico e conhecimento em manejo clínico do aleitamento materno, com dez questões por bloco. No bloco de conhecimentos básicos abordou-se assuntos como: definição de amamentação exclusiva, duração da amamentação exclusiva, duração das mamadas, intervalo entre as mamadas, digestibilidade do leite materno, composição do leite materno, colostro, influência de chupetas e mamadeiras na amamentação e desmame precoce, benefícios da amamentação para a mãe e benefícios da amamentação para o bebê. No bloco de manejo clínico, abordaram-se: os hormônios da lactação, posicionamento e pega, fisiologia da lactação, medidas para aumento da produção láctea, tipos de mamilo e sua influência na amamentação, preparação das mamas, cuidados com ingurgitamento mamário, cuidado com traumas mamilares, fisiopatologia da mastite e identificação de candidíase mamária. As questões de escala tipo Likert foram escolhidas para avaliar a percepção do estudante em relação a prática da amamentação, sendo compostas por sete afirmações sobre amamentação seguidas por uma escala de intensidade de cinco pontos para verificação do grau de concordância do estudante em relação a afirmação exposta. As temáticas abordadas nas afirmativas para análise de percepção foram: existência de diferença entre o leite materno e a fórmula, introdução precoce de alimentos, interrupção da amamentação na gestação, idade de interrupção da amamentação, retorno ao trabalho e a permanência da amamentação, liberdade de amamentação em público e estímulo ao uso de chupetas e mamadeiras. Desse modo, buscou-se não apenas avaliar o nível de conhecimento do estudante, como também compreender sua visão a respeito da prática da amamentação e ao incentivo a sua manutenção, através dos aspectos que usualmente levam a indicação errônea de desmame. O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, parecer 1.503.956. **Resultados: **O estudo expôs que o conhecimento dos estudantes em aleitamento materno ainda está aquém do ideal, apesar de seu aumento no decorrer da graduação, exposto através do maior número de acertos nas fases intermediárias e finais. A análise conjunta do conhecimento e percepção dos alunos permitiu a identificação de correlação positiva entre estes elementos, ilustrando a necessidade da graduação não apenas disseminar o conhecimento a respeito dos benefícios ou habilidades de assistência necessárias ao manejo do aleitamento materno, mas também conhecer e intervir em visões errôneas e mal embasadas, elucidando os mitos a respeito da prática e permitindo que a construção do conhecimento se dê com base em evidências científicas. **Conclusão: **Os dados obtidos por meio deste estudo forneceram um panorama sobre o nível de domínio dos estudantes em aleitamento materno e a evolução no decorrer do curso, tornando possível verificar se na graduação os acadêmicos adquiriram os fundamentos para atuar no manejo de intercorrências comuns na lactação, à medida que possuem ou não as competências necessárias para atuação. Também foi possível identificar as lacunas de conhecimento específicas neste tema, possibilitando perceber as alterações necessárias em questão de currículo, abordagem em sala de aula e carga horária destinada ao tópico. Portanto, obteve-se as informações necessárias para a base de modificações que possibilitem o maior aprendizado dos acadêmicos em relação ao aleitamento materno. **Contribuições/implicações para a Enfermagem: ** O estudo fornece uma metodologia a ser utilizada para análise da aprendizagem relacionada ao aleitamento materno na graduação de Enfermagem, verificando a origem do conhecimento e seu embasamento em evidências cientificas, juntamente com a identificação da visão do estudante sobre a prática. Permitindo uma melhor abordagem da temática no curso de modo a formar profissionais com bagagem teórico prática suficiente para atuação na assistência à lactação, salientando a importância deste aprendizado na formação dos futuros profissionais e elucidando seu papel no aumento dos indicadores relacionados a prática da amamentação, à medida que os Enfermeiros são considerados essenciais nas ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno.
Referências: BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de adolescentes e jovens. Brasília, 2006. |