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8346647 | AUTONEGLIGÊNCIA EM PACIENTES SUBMETIDOS À DIÁLISE PERITONEAL | Autores: Maria Karina Lima dos Santos ; Natália Ramos Costa Pessoa ; Katyuscia Morais Barros ; Danielle Dias Bezerra ; Cecilia Maria Farias de Queiroz Frazão |
Resumo: **Introdução:** A doença renal crônica representa um problema de saúde pública universal1, sendo observado o aumento da sua incidência e prevalência, acompanhado de elevação no número de indivíduos que requerem terapia renal substitutiva 2. A diálise peritoneal consiste numa das três terapias de substituição renal disponíveis, promovendo a remoção de líquidos e catabólitos através da membrana peritoneal. Esta terapia reúne várias vantagens, entre elas a melhoria da qualidade de vida do paciente. No entanto, é imprescindível a realização de treinamentos pelo enfermeiro para que o paciente realize o tratamento com autonomia, de forma segura e eficaz3. A fim de auxiliar o enfermeiro na sistematização da assistência prestada, o Processo de Enfermagem representa um instrumento metodológico que orienta o cuidado e a documentação das ações do profissional de enfermagem, estando organizado em cinco etapas interdependentes: histórico, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação. Dentre essas, a fase do Diagnóstico de Enfermagem representa uma etapa importante, uma vez que busca identificar problemas reais ou potenciais por meio da presença de características definidoras e fatores relacionados a fim de orientar a escolha das intervenções mais adequadas e alcançar os resultados esperados no contexto do cuidado sistematizado e de maior qualidade 4. No entanto, para assegurar ao Processo de Enfermagem um embasamento científico, o uso de teorias reconhecidas se faz necessário. No público de pacientes renais em diálise peritoneal, a Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem pode trazer muitos benefícios às ações do cuidar para melhorar a qualidade de vida do paciente5. Considerando o diagnóstico como condutor no planejamento das intervenções de enfermagem, este estudo propôs analisar o diagnóstico de enfermagem _Autonegligência_ em pacientes submetidos à diálise peritoneal. **Descrição metodológica**: Estudo exploratório, de corte transversal e natureza quantitativa. A amostra foi composta por 45 pacientes submetidos à diálise peritoneal em duas unidades de nefrologia localizadas no nordeste do Brasil. Os critérios de inclusão estabelecidos para o recrutamento da amostra foram: pacientes com diagnóstico de doença renal crônica dialítica, com no mínimo noventa dias de ingresso no programa de diálise peritoneal, de ambos os sexos, independente de faixa etária. Os usuários com lesão renal aguda e/ou em condições clínicas que impossibilitassem a participação foram excluídos do estudo. A coleta de dados se deu por aplicação de entrevistas, a fim de identificar a presença das características definidoras e fatores relacionados do diagnóstico de enfermagem _Autonegligência_ na amostra estudada. Após essa etapa, os dados foram enviados em planilhas para três especialistas em nefrologia e diagnósticos de enfermagem para inferência diagnóstica. Para tanto, os especialistas julgaram a presença ou ausência do diagnóstico _Autonegligência_ em cada paciente, mediante a presença ou ausência das características definidoras e fatores relacionados a esse diagnóstico. Os dados foram analisados através de estatística descritiva com o cálculo de médias, frequências relativas e absolutas. Para a análise da associação dos fatores relacionados e das características definidoras com o Diagnóstico de Enfermagem, utilizou estatística inferencial por meio do teste exato de Fisher. Foi adotado como significância estatística um nível de 5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o Certificado de Apresentação para Apreciação Ética de número 64083317.0.0000.5208. **Resultados**: o diagnóstico _Autonegligência_ esteve presente em 15,6% da amostra. Em relação às características definidoras, apenas três foram identificadas nos pacientes do estudo: “higiene ambiental insuficiente (0,156)”, “falta de adesão a atividades de saúde (0,003)” e “higiene pessoal insuficiente (0,006)”. Já os fatores relacionados observados na amostra estudada foram: “alteração na função cognitiva (0,131)”, “abuso de substância (0,156)”, “escolha do estilo de vida (0,002)” e “transtorno psiquiátrico (0,002)”. **Conclusão: **Conclui-se que o Diagnóstico de Enfermagem _Autonegligência _foi pouco prevalente entre os pacientes renais em diálise peritoneal nos cenários de estudo, mostrando associação estatística com a presença das características definidoras “falta de adesão a atividades de saúde” e “higiene pessoal insuficiente” e dos fatores relacionados “escolha do estilo de vida” e “transtorno psiquiátrico”. O enfermeiro, como profissional de destaque no cuidado ao paciente em diálise peritoneal, deve atentar para as características definidoras e fatores relacionados identificados neste estudo e associados à presença do diagnóstico de Enfermagem _Autonegligência_ a fim de subsidiar o planejamento do cuidado direcionado às suas necessidades de saúde afetadas. Dessa maneira, o estudo dos diagnósticos de enfermagem, considerando suas características definidoras e fatores relacionados, é indispensável, pois ele representa um instrumento útil no planejamento, aplicação e avaliação dos cuidados de enfermagem. **Implicações para a enfermagem:** Analisar um diagnóstico de enfermagem para uma clientela específica contribui para ratificar ou não se seu modelo teórico e conteúdo representam aquele construto diagnóstico em cenários reais de prática clínica e em diferentes populações supostamente expostas a ele. Ressalta-se, também, que a identificação de diagnósticos de enfermagem pode auxiliar os enfermeiros no cuidado direcionado a população dos pacientes renais em diálise peritoneal nos diferentes cenários de prática de atenção à saúde, promovendo, especialmente, melhora na sua qualidade de vida. Além disso, estudos que enfatizam a importância da prática do Processo de Enfermagem, ancorado numa Teoria como a do Autocuidado, auxiliam na consolidação da profissão com ciência.
Referências: 1 Korkes F, Carneiro A, Nasser F, Affonso BB, Galastri FL, Oliveira MB et al. Tratamento percutâneo da litíase biliar complexa intra-hepática com técnica endourológica e revisão da literatura. Rev Einstein [Internet]. 2015 [acesso em 2016 Jun 10]; 13(4):611-14. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v25n2/pt_0104-0707-tce-25-02-4640014.pdf
2 Ponsky LE, Geisinger MA, Ponsky JL, Streem SB. Contemporary urologic intervention in the pancreaticobiliary tree. Urology [Internet]. 2001 [acesso em 2016 Mai 19]; 57(1):21-5. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11164136
3 Petroianu A, Miranda ME, Oliveira RG. Blackbook cirurgia. Belo Horizonte: Blackbook Editora; 2008.
4 Marçal MVL, Thuler FPBM, Ferrari AP. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica pode ser realizada com segurança em caráter ambulatorial. Urology [Internet]. 2005 [acesso em 2016 Mai 10]; 42(1):4-8. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ag/v42n1/a03v42n1
5 Baillie J. Endoscopic therapy in acute recurrent pancreatitis. World J Gastroenterol [Internet]. 2008 [acesso em 2016 Jun 15]; 14(7):1034-37. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2689405/ |